Sexta-feira, 17 de Abril de 2009

O Brasil e a Crise

 

 

 

 

César Moreira | C13
 
Piracicaba
 
Sao Paulo | Brasil
 
Quando se pensa no impacto da crise económica mundial no Brasil, de imediato surge a ideia de que o Brasil passa à margem desta. De facto, é a opinião de vários especialistas, de que apesar de a crise se fazer sentir globalmente, o Brasil terá a potencialidade de a superar mais facilmente. Não só o Brasil é visto como uma rara oportunidade de investimento, quer em acções, quer em títulos de empresas e do governo, como também está dotado de um regime económico de metas de inflação com cerca de 10 anos de existência, o que potencia o consumo interno.
Deste modo, o facto de o Brasil ser relativamente fechado (exporta e importa pouco em relação ao seu PIB) e dono da quinta maior população e do oitavo mercado mundial, é visto neste momento como uma vantagem, pois a economia pode continuar a crescer, impulsionada pelo mercado interno.
 
O pilar mais sólido
 
Desde 1999 que o Brasil adoptou um regime de metas de inflação. Testado durante várias crises e culminando com a actual, o sistema tem-se provado como um instrumento decisivo, sendo considerado por muitos como o mais sólido pilar macroeconómico brasileiro, garantindo estabilidade e resistência a choques externos. Entretanto, vários governos no mundo, estão a lançar pacotes fiscais para tentar estimular a economia, mas o caso brasileiro tem algumas particularidades. Com gastos na ordem dos 40% do PIB no sector público, tem pouco espaço de manobra para aumentos significativos da despesa pública, sendo, assim, ainda mais importante a diferença que pode fazer a política monetária administrada.
 
No entanto o sistema de metas de inflação funciona na companhia de dois elementos preponderantes, que é o câmbio flutuante e a responsabilidade fiscal. O câmbio flutuante permite que o país reaja com eficiência à volatilidade externa. A responsabilidade fiscal garante o equilíbrio das contas públicas. O governo tem gerado o excesso das receitas sobre as despesas públicas primárias consistentes, dando ao Banco Central o espaço necessário para administrar os juros sem que estes causem um impacto insuportável na dívida pública do país. Naturalmente, a decisão sobre os juros é a principal ferramenta de um banco central para manter a moeda estável e preservar o poder de compra da população. Por isso mesmo, a adopção do regime de metas é muito mais do que uma decisão técnica.
 
Entretanto, o Banco Central surpreendeu o mercado com um corte agressivo dos juros recentemente, que se pode repetir, novamente, nos próximos meses. A inflação consolidou-se em patamares considerados “civilizados” permitindo que o PIB crescesse à taxa de 3,5%, contra os pouco mais de 2% nas décadas anteriores, resultando numa acumulação nas reservas do país de cerca de 200 bilhões de dólares. O princípio das metas de inflação está na administração das expectativas quanto ao comportamento dos preços pelo Banco Central, que age para a inflação não sair dos valores predeterminados, ajustando a taxa de juro básica da economia.
E, é justamente numa conjuntura como a actual, que se deve ponderar a importância do sistema de metas para um país pois, efectivamente, o Brasil é um exemplo de sucesso.
É um país que acaba de obter uma linha de crédito de 30 bilhões de dólares do governo americano, algo impensável para muitos países.
 
O impacto da Crise
 
Passados seis meses, já é possível visualizar alguns factos no meio da neblina que ainda obscurece o cenário global. Um dos factos é que, realmente, o Brasil não escapou da crise (nem seria razoável esperar o contrário). Um outro facto é que, paradoxalmente, a crise pode até acentuar a ascensão brasileira. No resto do mundo, e especialmente na Europa e Estado Unidos, o cenário continua sendo de quase depressão. Estima-se que o gasto total das famílias americanas tenha caído 5% no último ano, com previsões ainda piores. Resultados igualmente sombrios são recorrentes em quase todas as áreas ricas do mundo.
 
No Brasil, o mercado consumidor não apenas permanece robusto (o crescimento do consumo interno foi de quase 6% no último ano) como se tem vindo a transformar no principal alicerce da economia brasileira neste difícil ano de 2009. Esse mesmo mercado pode ser também o factor primordial para colocar o Brasil no pelotão de frente quando os “bons ventos voltarem a soprar”.
 
Todavia, o Brasil não esta sozinho no mundo, e existe fundamentalmente um impacto da crise nas importações e exportações. Apesar de o consumo interno se manter estável, as exportações sofreram uma desaceleração considerável.
 
Porém, é opinião generalizada da maioria dos grandes investidores estrangeiros que, apesar das dúvidas existentes, a melhor opção para aplicação de investimentos é nos mercados emergentes, sendo o Brasil alvo preferencial, pois o centro da crise continua a ser o mundo desenvolvido.
 
publicado por visaocontacto às 17:33
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