Sábado, 15 de Agosto de 2009

Mercado de Carbono , um negócio ambiental

Susana Pereira | C13

 

Nemorus Securities

Florianópolis | Brasil

 

Estou actualmente a trabalhar no sul do Brasil, no estado de Santa Catarina, numa empresa de serviços financeiros ambientais, a Nemorus Securities (NS) . A NS é uma pequena empresa que nasceu em 2008 para se dedicar ao mercado de carbono.

 

O mercado de carbono funciona sob as regras do Protocolo de Quioto (PQ), que apresenta mecanismos de flexibilização para auxiliar na redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE). Um destes mecanismos é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite que empresas e governos de países ricos invistam em projectos de energia limpa nos países em desenvolvimento. Em troca, eles recebem créditos de carbono (em forma de Certificados de Redução - CREs), que podem ser vendidos ou usados para cumprir as metas de reduções de emissões estabelecidas no PQ. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2. Ou seja, a cada tonelada de carbono (ou outro gás em medida equivalente), economizada por esses projectos de desenvolvimento limpo dos países em desenvolvimento, é emitido um certificado. Os países desenvolvidos podem utilizar esse mecanismo para compensar no máximo 1% de suas emissões, multiplicado por cinco. O resto das reduções deve ser promovido nos próprios países.

 

A geração e transação dos citados CERs, enquadram-se no denominado mercado regulado de carbono. Porém, existem também mercados voluntários a operar paralelamente e que preconizam os mesmos objectivos da UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change), a estabilização dos gases de efeito de estufa no sistema climático.

 

A NS é uma empresa que proporciona serviços a clientes que queiram desenvolver projectos que se enquadrem em ambos os mercados, regulado e voluntário.  

 

Os projectos são voltados para a mitigação dos GEE e podem abranger as seguintes áreas de actuação:

- Agricultura;

- Emissões fugitivas do consumo de combustíveis, Hexafluoreto de Enxofre e Hidrocarbonetos Halogenados;

- Energia (produção e eficiência energética);

- Florestamento e reflorestamento;

- Gestão e destino final de resíduos;

- Indústria;

- Transportes;

- Uso de Solventes.

 

Além do MDL, o mercado de carbono conta ainda com outros dois mecanismos previstos no PQ:

- Joint Implementation: permite que países desenvolvidos invistam em projectos em nações do Leste Europeu;

- Comércio de Permissões: permite aos signatários negociar unidades de permissão de emissões extras. Ou seja, se um país tem créditos sobrando, pode vendê-lo a outro país que precise.

Actualmente, o MDL configura-se como o principal mecanismo para a redução das emissões de carbono no planeta.

Dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) do Brasil mostram que em 2008  o Brasil foi o terceiro país do mundo com maior número de projectos de MDL, depois da China e da Índia, em primeiro e segundo lugares respectivamente. Do total desses projectos no Brasil, 67% estão relacionados com o dióxido de carbono, 32% o metano e, 1%, o óxido nitroso.

 

O papel do Brasil deve ser de emissor e vendedor de créditos, já que não tem metas de redução, mas pode criar projectos para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa e vender os créditos aos países desenvolvidos, para que estes cumpram suas metas.

 

Em 2008, começou a contagem do tempo para o cumprimento das metas acordadas em Quioto. Os países que se comprometeram em reduzir as emissões de gás carbónico (países do Anexo-1, os desenvolvidos) têm até 2012 para diminuir em 5,2% suas emissões de carbono em relação aos níveis de 1990.

 

 

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Segunda-feira, 3 de Agosto de 2009

The Green Temple and the PowerLeap - Iniciativas verdes

Renato Silva | C13
 
VinoVisit.com
San Francisco | EUA
 
 
PowerLeap girls
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No passado mês de Abril, desloquei-me à cidade de Los Angeles para um fim de semana prolongado, onde tive a oportunidade de rever amigos de longa data e conhecer alguns dos espaços da cidade mais cinematográfica do mundo – Sunset Strip, Hollywood Boulevard, Venice Beach, Rodeo Drive...

Na viagem de regresso a San Francisco, após uma troca de lugares no avião, iniciei uma conversa informal com o passageiro do lado - Mike Zuckerman da Green Temple. Conversámos ininterruptamente durante toda a viagem e descobrimos que tínhamos uma paixão em comum – as tecnologias verdes. Discutimos várias iniciativas e trocámos conhecimentos e contactos. No final da viagem, ofereci-me, prontamente, para colaborar indirectamente com as suas iniciativas e espalhar a palavra na língua de Camões e, desde então, acompanhamo-nos mutuamente através do Twitter e, por vezes, encontramo-nos em alguns dos espaços onde foram implementadas algumas das suas iniciativas.

 

Mike Zuckerman, da Green Temple, é um jovem invulgar que vive num barco na baía de San Francisco e dedica-se à causa da sustentabilidade, dando palestras em todo o mundo, com o objectivo muito concreto de sensibilizar os grandes empresários a aderirem às suas medidas ecológicas contribuindo, em paralelo, para a diminuição dos seus custos operacionais. A Green Temple, está numa fase inicial e, actualmente, colabora directamente com o espaço de lazer - The Temple em San Francisco. Este espaço nocturno, do proprietário - Paul Hemming, tem como objectivo criar o primeiro espaço de lazer completamente verde, que permita o entretenimento, a cultura e a educação, aderindo à premissa: People, Profit and Planet.

 

Em Janeiro de 2007, o The Temple contratou Mike Zuckerman como director de sustentabilidade, iniciando um processo de transformação do espaço, através da implementação de medidas que visam a diminuição dos gastos energéticos, a transformação dos óleos alimentares em combustível e a reciclagem. Actualmente, no The Temple: 71% dos materiais utilizados são reciclados e/ ou biodigeridos, não são permitidos materiais à base de petróleo, como copos descartáveis ou palhinhas e todo o óleo utilizado na cozinha é doado para a GotGrease (www.gotgrease.org), para ser transformado em biocombustível.

As iniciativas propostas pela Green Temple, permitem, de facto, uma transição sustentável dos recursos nas suas vertentes ecológicas, económicas, sociais e culturais. Essas medidas são extremamente bem aceites pela comunidade empresarial, já que permitem a economia de gastos em tempos de crise e alteram positivamente a imagem das mesmas. Porém, o pensamente verde, é algo recente e pouco implementado na mentalidade da população do planeta. Alguns dos produtos ecologicamente correctos, têm um preço elevado devido à sua produção em pequena escala e estão ao alcance de poucos. Este paradigma altera-se a um passo acelerado e pode vir a transformar-se em verdadeiras oportunidades de negócio no mercado das tecnologias verdes, que propõem produtos realmente inovadores. Entre esses produtos, uma das propostas, com as quais tive a oportunidade de contactar através de um twitte da Green Temple, foi o POWER LEAP.

 

O Power Leap é um sistema energético que pode ser implementado no chão de qualquer edifício ou superfície horizontal, permitindo converter a energia do tráfego humano em electricidade. O sistema utiliza tecnologia piezoelétrica e circuitos para converter a força aplicada pela pressão do tráfego humano em energia. A piezoeléctricidade é um fenómeno que ocorre naturalmente em certos materiais que geram um campo magnético quando deformados. Estes materiais podem ser cristais, cerâmica ou polímeros. Nestes materiais, quando a força não é aplicada, a sua estrutura atómica mantém-se em equilíbrio, não produzindo electricidade. Porém, quando a força é aplicada, uma onda energética é criada, gerando uma voltagem ao longo do material que pode ser integrada num circuito produzindo uma corrente eléctrica. Os componentes que colectam a energia podem ser alojados numa base assente no chão, permitindo a sua aplicação em diferentes espaços, tais como: vias pedestres, terminais de aeroportos, estações de comboio, estádios, espaços de lazer, campus universitários ou empresarias, etc.

 

A Powerleap LLC é uma empresa de energias alternativas criada por Elizabeth Redmond em 2008, enquanto estudava na Universidade de Michigan. A empresa tem a sua sede em Chicago e encontra-se em processo de finalização do produto para uso comercial. O objectivo final, é a criação de um sistema robusto, eficiente e viável para a colecta de energia humana. Em 100 metros de uma passadeira pedestre de uma qualquer cidade do mundo, podem ser gerados pelos pedestres, 1 kW de electricidade a cada hora. A electricidade gerada pelo sistema piezoelétrico pode ter várias aplicações, mas quando aplicada ao sistema de iluminação podemos verificar uma poupança até 80%.

O horizonte do século XXI, apresenta-se com demasiados obstáculos e provações ao desenvolvimento humano, como meio de reconfigurar o paradigma civilizacional, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planeando e agindo de forma a atingir a proficiência na manutenção indefinida desses ideais.

 

A ideologia vigente num determinado momento histórico só pode ser alterada através de uma rotura ou mudança com os dogmas do passado. Para que tal aconteça, é necessário que pessoas abdiquem dos seus valores carnais e dediquem a sua vida em busca de soluções que permitam um Futuro para as gerações vindouras. Essas soluções podem ser contributos pequenos, como aqueles apresentados neste artigo, mas que, em conjunto, podem ser as medidas simples e economicamente viáveis que resultarão na mudança do paradigma actual para uma sustentabilidade real.

 

"We must invest in a clean energy economy that will lead to new jobs, new businesses and reduce our dependence on foreign oil," (...) "The steps I am announcing today help bring us closer to that goal. If we are to be a leader in the 21st century global economy, then we must lead the world in clean energy technology. Through American ingenuity and determination, we can and will succeed." , Barack Hussain Obama – Presidente dos Estados Unidos da América.

 

Contactos:
 
Green Temple (Twitter)- http://twitter.com/greentemple
The Temple (site) - www.templesf.com
Powerleap LCC- http://www.powerleap.net/
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Sábado, 20 de Junho de 2009

A Energia Eólica e os mitos na Polónia

 
 
 
Patrícia Silva | C13
 
Martifer Energy Systems
 
Gliwice | Polónia
 
 

O desenvolvimento actual da energia eólica na Polónia face ao desenvolvimento Europeu

 

Muitos países decidiram fixar metas quantitativas ambiciosas para a quota de energia eólica no seu cabaz energético. Actualmente, a geração eólica cobre mais de 20% do sector doméstico de energia na Dinamarca e quase 9% em Espanha, sendo que a demanda coberta pela energia gerada a partir do vento na UE - 25 é de 3,3%.

 

A Alemanha, líder no sector, tem uma capacidade total instalada que excede os 20.600MW; a esta segue-se a Espanha, com mais de 11.500MW. No território da Europa, totalizando, existem turbinas eólicas que perfazem uma capacidade maior que 48.500MW, valor este que tem aumentado consideravelmente a cada ano.

 

A utilização de energia eólica na Polónia ainda se encontra numa fase inicial, sendo ainda um dos países com menor densidade da Europa (capacidade instalada per capita 0,0037 kW, e 0,45 kW/km2).

 

Neste território, actualmente, existem cerca de 142 turbinas, perfazendo uma capacidade de geração de energia total de 463MW no passado mês de Fevereiro. A utilização desta energia no consumo doméstico de energia eléctrica tem vindo a aumentar, como esperado: em 2004 assumia o valor de 0,1% e, em 2008, já conta com 0,51%.

 

De momento ainda não existem projectos de parques eólicos realizados offshore na Polónia, enquanto em países como a Grã-Bretanha, Dinamarca ou Holanda, este investimento offshore é o principal foco no desenvolvimento do sector.

 

 

 

 

Parques eólicos na Polónia

[Imagem: Os parques eólicos distribuem-se mais pela secção Norte, Centro e Sul do país, sendo que as regiões a Este e Sudoeste estão ainda por investir]

 

 

Subsídios para produção de energia eólica na Polónia

 

Actualmente na Polónia, investidores de parques eólicos podem solicitar apoio para a realização dos investimentos da construção destes parques do Fundo da Defesa Nacional de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Poucos parques têm este apoio, pois as regras de concessão de empréstimos e amortização e concessão das garantias, créditos e doações de recursos deste fundo não são especialmente favoráveis para a energia eólica. No entanto, os investidores interessados no financiamento de projectos neste sector podem também inscrever-se nos fundos Europeus 2007-2013, que oferecem a oportunidade de co-financiar projectos em fontes de energia renováveis.

 

Perspectivas de desenvolvimento

 

A necessidade de aumentar a utilização de fontes de energia renovável resulta nas obrigações internacionais da Polónia respeitantes à União Europeia. A adesão à EU e respectivas directivas relativamente a fontes de energia renovável, impõem sobre a Polónia a obrigação de estas participarem com 7,5% no consumo energético nacional bruto em 1010. Por cima de tal valor, está a decisão do Ministério da Economia Polaco, onde consta o aumento desta meta para 10,4% (estes planos dizem respeito à instalação de 2000MW de energia eólica e 2,3% das quotas de produção desta no consumo energético nacional).

 

Futuro mais longínquo

 

Outros objectivos, a longo prazo, após o de 2010, também já estão em curso: a Polónia, à semelhança de outros países membros, trabalha actualmente mediante a determinação de objectivos no âmbito da utilização de energias renováveis para 2020, aprovando (a criação e, consequentemente, negociação com a Comissão Europeia) metas nacionais obrigatórias no âmbito da quota das energias renováveis no cabaz energético até 2020, o que será essencial para o desenvolvimento das FER nos próximos anos.

Apesar de a Polónia estar ainda muito atrás dos grandes (Alemanha, E.U.A., Espanha, Dinamarca...), este país tem um potencial de desenvolvimento significativo. Empresas como a Martifer Energy Systems, Iberdrola Renewables, Invenergy entre outras, estão a apostar nesta região para expandir o seu mercado.

 

Mitos

 

O cidadão comum ainda traz consigo alguns mitos sobre a energia eólica, por exemplo, no que respeita a impactos negativos como o barulho e influência nos pássaros. Claramente, como todas as aplicações técnicas, o funcionamento de uma torre eólica liberta algum ruído (devido à rotação das pás, cada uma podendo chegar aos 45m), mas este, quando as turbinas estão devidamente localizadas, é absorvido pelos arredores (árvores e plantas ao moverem-se com o vento). Estando localizado a 350m de uma turbina em funcionamento, o volume desta poderá chegar aos 40dB. Este valor, comparado com as emissões sonoras do dia-a-dia, é um valor muito reduzido:

Tráfego nas cidades – 80dB

Ar condicionado – 60dB

Restaurante cheio – 70dB

Criança a chorar – 115dB

Aspirador – 70dB

Máquina de lavar – 78dB

 

Por outro lado, existe também o mito de que as torres eólicas em funcionamento são responsáveis pela morte de aves numa grande quantidade. É certo que as turbinas eólicas são um obstáculo para as aves. No entanto, na maioria dos casos as aves conseguem visualizar as torres e adaptar a sua passagem por estes. Também é de ter em conta que as usuais rotas de aves ocorrem a uma altura superior à das turbinas eólicas (150m). De realçar, também, que a influência da energia eólica na mortalidade de aves é ínfima em comparação com outras formas de actividade humana. Em cada 10000 casos, a mortalidade dos pássaros relaciona-se com as seguintes actividades:

Turbinas eólicas - <1

Torres de telecomunicação – 250

Pesticidas - 700

Veículos – 700

Linhas de alta voltagem – 880

Outras formas de actividade humana - 1000

Gatos – 1000

Edifícios – 5500

 

http://www.pnoconsultants.com/http://www.cleantech.com/

http://www.governo.gov.pt/

 

 

http://www.pwea.pl/

 

 

 

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Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

Kilohertz of energy

António Neves da Silva | C13

 

Dalkia

Wakefield | United Kingdom

 

 

Kilohertz is not a unit of energy it’s a unit of frequency. It’s the frequency we’ve been hearing the word energy everyday. Megahertz is the frequency the word crisis comes up and Gigahertz is the frequency we hear nonsense, many times related with energy and crisis.

Don’t believe the truth! It’s necessary to be critical about what we read, what we hear and what we buy. Now in Portugal there’s a polemical issue that we can read on the news regarding certain thermodynamic panels that work also during the night and they have been advertised as solar panels. It seems nonsense! The panels effectively also work during the night but definitely not on solar energy, unless we want to consider wind and wave energy as solar energy as well, just because they derived from the sun. And tide energy? Is it solar energy? For that we need to thank the sun, the moon and the earth’s gravitational force. Anyway, there is a big investment of the Portuguese government in solar thermal energy. Since March this year, people can acquire solar thermal systems for heating water and central heating that are financed up to more than 50%. This seems like a positive step forward and considering a household of 4-5 people, the payback of the investment can go to 3 to 4 years. This appears to be a great achievement for the government and might be great deal for the customers, considering that the equipment can be used for approximately 20 years.

While in Portugal we have been talking more about renewable energies, in the UK we’ve been hearing more about new coal plants in the country. Ed Miliband, the Secretary of State for Energy and Climate Change said that Britain planned to lead the world in clean coal technology. He also announced that the new coal plants can only be built if they capture 100% of greenhouse gases by 2025. The idea is to collect carbon emissions from the coal power stations and transport them out to sea, where they will be buried in redundant oil and gas fields. CCS (Carbon Capture and Storage) can also be done through other technologies and mechanisms, but these solutions are not cheap, haven’t been proved to be reliable and will certainly increase the cost of energy.

 

 

 

 

Centralised or decentralised energy production?

Portugal and United Kingdom are betting on both. Regarding centralised power, both countries have been growing on wind power capacity. UK became the world leader in offshore power generation in 2008 and Portugal increased its electricity generation from wind in 42% over the last year.

In Portugal we hear more about the Government planning to build new biomass plants for centralised power generation, while here in the UK we also hear about building more biomass plants for decentralised energy production. These are called CHP (Combined Heat & Power) plants or cogeneration plants. The advantage is that the heat emitted by the generation of electricity can be used either for district heating or for industrial processes involving steam and hot water.

In the UK there is a big heat requirement for residential buildings and we can see large CHP plants associated with them, while in Portugal large CHP plants normally exist in industrial facilities and Hospitals. Recently due to micro-generation legislation in Portugal it is profitable to have micro-cogeneration (MCHP) plants where there’s a constant heat demand, because electrical energy can be sold to the grid at attractive prices. These MCHP plants are used in smaller industrial facilities and also in small hospitals and healthcare centres.

There is also an interesting project that both countries worked together, called Pelamis. The first commercial scale wave power generation park in the world was develop by a British company and installed in the Atlantic coast of Portugal.  

Since the biggest percentage of renewable power comes from Hydro energy, an idea of a dam over the English Channel (La Manche) has certainly been on the minds of many people. The Channel is 33 kilometers in its narrowest section (the Strait of Dover).  The potential capacity of power generation is enormous and since they have been developing technologies to keep fish away from the turbines there’s a bigger possibility this idea is considered more seriously in the future. Similar to wind farms, tidal turbine towers can be placed in the bottom of a river or of the sea and the environmental impact could be diminished by avoiding the construction of a dam.

Conclusion

It seems, as far as thermal energy, UK and Portugal can continue to invest on the same solutions for the Industrial sector, like CHP plants, but for the residential, solar thermal is a decentralised solution that fits Portugal better and district heating is a decentralised solution more adequate for the UK.  

Concerning power, both countries still look more into centralised solutions for the future, like coal, gas, oil, hydro, wave energy, tidal energy, biomass and nuclear.

 

www.agencialusa.com.br

www.construir.pt

www.dalkia.co.uk

www.dgge.pt

www.energiasrenovaveis.com

www.wikipedia.com

 

Sources
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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Depois da tempestade, a mudança

António Luís Silva | C13
OECD/OCDE
Paris | França
 

A tempestade perfeita

 

A Tempestade Perfeita, título de um livro de Sebastian Junger (1997), retrata um conjunto de circunstâncias climatéricas que raramente ocorrem em conjunto mas que, quando conjugadas, provocam um efeito devastador. A actual crise económica tem todos os ingredientes de uma tempestade perfeita. Se, por um lado, temos uma tendência de sub consumo que se tem arrastado ao longo dos últimos anos, mas que se manteve imperceptível devido à dinâmica imprimida pelo sector financeiro através da concessão de crédito que permitiu o consumo, por outro lado temos a crise financeira que advém do facto de o sistema ter criado produtos altamente sofisticados, complexos e perigosos que funcionassem como resposta à tendência de sub consumo.

 

Para a tempestade ser perfeita temos ainda a crise tecnológica.  

Nos ciclos de crescimento de Kondratieff, a fase ascendente costuma ser associada a grandes inovações tecnológicas que modificam os sistemas de produção e os estilos de consumo e, se a década dos anos 90 foi atravessada por grandes inovações na informática, biotecnologia e novos materiais, o fim da primeira década do século XXI está a ser marcado por uma estagnação tecnológica que está a levar ao declínio do actual modelo de crescimento económico. Daí ser necessário um novo paradigma tecnológico para a economia global entrar num novo ciclo de crescimento.

 

Green growth economy

 

O plano de relançamento da economia americana coloca as tecnologias limpas como prioridade, propondo-se criar entre 3 a 4 milhões de empregos. No ambicioso plano estão previstos: benefícios fiscais, investimentos em investigação, modernização das linhas de transmissão de energia, novos projectos em energias renováveis, aumento da eficiência energética, investimentos em transportes e combustíveis verdes, etc. Assim, o presidente Obama, relança a economia e garante a liderança dos EUA para a Conferência de Copenhaga sobre alterações climatéricas que se realizará em Dezembro de 2009.

 

No recente fórum National Clean Energy Project: Building the New Economy, realizado em Washington, personalidades como Bill Clinton, Al Gore e altos representantes da administração Obama debateram saídas para a crise da economia americana e criticaram os indicadores económicos, porque omitem os custos ambientais.

 

Estamos perto do momento em que inventários de carbono serão exigidos nos balanços das empresas e em que o fluxo de carbono determinará a remuneração dos accionistas e dos novos executivos, interessados em lucrar com as actividades ligadas à descarbonização.

 

Provavelmente o próprio sistema financeiro criará produtos em que a rendibilidade dos mesmos estará associada ao baixo nível de emissão de carbono, que  será um indicador de competitividade!

 

Sinais dos tempos

 

A Google está a desenvolver um software que fornecerá aos consumidores formas mais inteligentes de gestão de energia.

 

Em Abu Dhabi está a ser construída a primeira cidade carbono neutro do mundo em pleno deserto, Masdar. Ocupando uma área de 6 km2, com 50 mil habitantes e 80% da água reciclada, não usará petróleo nem gás e o lixo será transformado em energia e adubo.

 

Podemos concluir que estamos a entrar numa nova fase da evolução humana, onde o lucro a curto prazo será substituído pela sustentabilidade económica, social e ambiental.

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Sexta-feira, 13 de Março de 2009

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Rui Cabrita | C12
 
Critical Links
 
EUA
 

Redução da Dependência Energética como Solução

O receio económico generalizado tomou conta das vidas não só dos portugueses como de todo o Mundo. Repetidamente, ouve-se e lê-se que vivemos numa era global e sem fronteiras e, assim sendo, teremos de viver com tudo o que de positivo e negativo tal modelo económico e social acarreta. Antes de tentarmos arranjar soluções para esta crise há muito anunciada, e que terá o seu auge em 2009, temos de tentar perceber o porquê destas quebras económicas tão repentinas e acentuadas que levam, todo o mundo, a indicadores de depressão dramáticos.

Muitos se perguntam ou, simplesmente, já não se recordam de onde surgiu esta crise financeira mundial. A crise teve início no país que muitos apelidam de super potência mundial – E.U.A.!

 Com a crise das empresas dotcom o mercado de imóveis aqueceu e o FED (Banco Central Americano) resolveu baixar os juros para que as pessoas passassem a financiar e fazer empréstimos. A iniciativa deu certo.

O mercado imobiliário viu que o financiamento era uma boa maneira de ganhar dinheiro e, em 2003, houve um aumento na procura pelo crédito, já que os juros no sector chegaram a 1% ao ano, o menor em 50 anos nos EUA. Comprar imóveis era um dos melhores investimentos e a prática de hipotecar, comum nos EUA, aumentou consideravelmente.

O problema maior começou quando essas empresas que hipotecavam, “descobriram” o subprime, um tipo de crédito para pessoas de baixos rendimentos. Como o risco, neste tipo de negociação é mais alto, já que as garantias de recebimento são pequenas, os lucros que incidem nestes créditos são maiores. (ex.: Uma pessoa hipoteca a sua casa por 100 mil euros paga à hipotecária 100 mensalidades de 2mil euros. Lucro de 100%).

As hipotecárias passaram a vender esses títulos a bancos e fundos de pensão, alegando altos ganhos. A empresa que pagou 100 mil ao proprietário do imóvel, repassa para os bancos por 150 mil, mas o imóvel no fim vale 200 mil. Um bom negócio se não fosse o risco final. Como as pessoas que aderiram a esse crédito eram de baixos rendimentos, elas passaram a não pagar as mensalidades e o mercado começou a temer o subprime.

Um ano mais tarde, o valor dos imóveis atingiu o seu máximo e começou a cair. O FED passou a aumentar os juros na tentativa de conter a inflação. Isso encareceu os créditos e naturalmente afastou os compradores. Com isso, aumentou consideravelmente o número de imóveis à venda, fazendo com que os valores destes imóveis despencassem e o número de pessoas que não pagavam aumentasse cada vez mais pois, com os juros mais altos, as pessoas não conseguiam pagar as suas dívidas. Com menos crédito, menor o poder de compra e menos dinheiro passou a circular no mercado, gerando um problema de liquidez. Para se ter uma noção dos efeitos devastadores desta crise... quase dois milhões de americanos perderam o emprego no ano transacto.

Este factor conjugado com a volatilidade que se verificou com o preço do petróleo a atingir sistematicamente preços máximos históricos ao longo dos dois últimos anos, deu origem à maior crise financeira dos últimos 70 anos. Resumindo, a causa principal de toda esta crise é... dos ESPECULADORES!

Uma das soluções para contrariar ou amenizar esta crise é tornar a economia dos países menos vulnerável a tais “bichos papões”.

No caso específico de Portugal, a sua dependência energética é das mais acentuadas de todos os países da U.E. Para se ter uma noção, a taxa de dependência energética em 2007 era de 83,1%, muito acima da média europeia (54%). Isto implica um elevado custo na importação de energia, principalmente petróleo, sujeita a variações do mercado internacional. As soluções são complexas mas incluem o aumento da eficiência energética (1), a diminuição dos consumos (2) e a aposta em novas formas de energia (3), nomeadamente as energias renováveis.

1 - A optimização do consumo de energia deverá abranger todo o processo de produção, distribuição e consumo dessa mesma energia. Assim, em relação à produção será necessária a aposta em energias “amigas do ambiente” em que, no processo de transformação de energia, sejam produzidos o mínimo de desperdícios possíveis, por exemplo, a descentralização com produção de energia mais perto da zona de consumo, diminuindo as perdas energéticas no transporte (políticas de sustentabilidade e eficiência energética).

Relativamente ao consumo de energia, a eficiência depende da sua utilização mais racional, quer a nível doméstico (equipamentos mais eficazes, menor consumo), quer a nível industrial.

2 - Em 2007, do total de energia final para consumo, 36,57% foi utilizada em transportes (o sector onde mais se gasta energia), sendo que 89,98% se destinava a transportes rodoviários.  O sector doméstico constituiu 16,75% dos gastos de energia, tendo a electricidade um peso de 36,04% dos gastos.  

Desta forma, é essencial a diminuição da utilização do automóvel particular, promovendo melhores redes de transportes públicos, a criação de redes ferroviária e marítima europeias, para transporte de pessoas e mercadorias.

Em relação aos edifícios, a promoção da arquitectura bio climática, assim como a reconversão do parque habitacional e de escritórios para a produção de energia e calor, generalizando a micro geração e co-geração, são algumas hipóteses.

3 - As alternativas energéticas incluem as energias renováveis: eólica, foto voltaica, solar térmica, bio massa, bio gás, mini-hídricas, geotermia, ondas, etc. Estas diferentes tecnologias são soluções complementares e nenhuma delas por si só é a solução para as nossas necessidades energéticas.

Este tipo de energia, se adequadamente desenvolvido, permitiria a diminuição da utilização de combustíveis fósseis, reduzindo assim a importação de energia e a dependência de Portugal a nível energético, assim como seria um contributo importante para a diminuição da emissão de gases de efeito de estufa (GEE). 

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Quinta-feira, 5 de Março de 2009

Viver para o Amanhã: The swedish way of life

Lígia Fernandes | C12, Suécia

Montez Champalimaud

Malmö | Suécia

 

Uma cultura onde a liberdade é individual mas o pensamento colectivo.

A necessidade da bicicleta, e a inevitabilidade dos transportes públicos.

Directores sem carro.

O silêncio causado pela ausência de trânsito.

A pesca do salmão nos canais do centro da cidade de Estocolmo.

 

A luta diária para conseguir separar o saco de lixo numa infinidade de contentores que vão desde vidro de diferentes cores a papel de jornal, passando por lâmpadas de vários formatos, várias densidades de papel e plástico, pilhas e lixo orgânico e inorgânico.

 

Um ritmo, uma atitude, marcados por um compasso mais lento, o tempo suficiente para reflectir antes de agir. O “swedish way of life”

 

Aqui, vive-se diferentemente. Vive-se para o amanhã.

 

A febre verde

Este ano, a Suécia está no terceiro lugar do Índice de Performance Ambiental da Universidade de Yale e da Universidade da Colúmbia. Mas a história “verde” remonta a tempos mais antigos, uma vez que a Suécia tem sido pioneira em termos ambientais.

Há quase 40 anos, em 1972, Estocolmo recebeu a primeira conferência das Nações Unidas sobre o ambiente, onde foram ditadas as linhas de política ambiental internacional. E desde 1990 foi adoptada uma política de taxas virada para a eficiência energética. Resultado: a economia cresceu 44% enquanto as emissões de gazes de estufa diminuíram 9%.

 

Hoje a Suécia é assim:

 

- Cidades e Vilas: As cidades e vilas auto sustentáveis, planeadas para consumir metade da energia e água são o espelho da nova Suécia. Danderyd, nos arredores de Estocolmo, e a zona do “Western Harbour”, em Malmö, são apenas alguns exemplos. E Växjö é considerada a cidade mais “verde”. Painéis solares no topo dos edifícios recolhem energia. Num dos países mais frios do mundo, o aquecimento é livre de emissões de carbono.

Transportes: Nas cidades, os autocarros de cor verde são movidos a bio diesel. Os carros “verdes” (ecologicamente eficientes) possuem vários descontos e benefícios (Resultado: constituem 36% dos novos carros registados em Janeiro de 2008). E durante o Verão, carreiras especiais de “autocarros da Natureza” levam as gentes a vários pontos do campo onde podem realizar diferentes actividades e caminhada.

- Sistema de separação do lixo e reciclagem incrivelmente eficiente. A recolha de lixo é o ex libris: um sistema automatizado subterrâneo transporta o lixo através de vácuo para as centrais onde é tratado.

-Bicicletas: Não interessa a idade, não importa a temperatura fria ou a distância. Toda a população usa bicicletas, e as cidades estão preparadas para a sua circulação

-Energias alternativas: Em 2003, introduziu-se um certificado de “electricidade verde”, baseada em energias renováveis eólicas e hidráulicas. Por toda a Suécia, os moinhos eólicos marcam a paisagem

-Um lifestyle verde: Ser “verde” também é atitude, moda. Reflecte-se nos produtos ecológicos e biológicos espalhados pelas prateleiras dos supermercados, nas escolhas alimentares saudáveis e prática de exercício, ou na participação em seminários e associações ecológicas, nos festivais e todos os acontecimentos municipais planeados ecologicamente.

 

E as límpidas águas de Estocolmo, segundo dizem, são o melhor local para a pesca de salmão. Bem no centro da cidade, junto ao palácio real.

 

Um futuro ainda melhor?

E, porque quem ambiciona nunca se contenta, eis próximos objectivos para o futuro:

- Um orçamento de Estado definido em 3 biliões de coroas para ambiente e energia       

-Aumentar a percentagem de energias renováveis de 40 para 49% (meta definida pela EU para a Suécia). (Esta seria a maior percentagem do mundo).

-Um objectivo de, em 15 anos, tornar-se independente do petróleo.     

-Interesse crescente em companhias “amigas do ambiente”.

 

Uma ponte com Portugal

Mas para quem olha para o nosso país com olhos mais cinzentos é necessário não se iludir. As oportunidades são muitas. E Portugal segue a Suécia na “revolução” das energias renováveis. Em Maio de 2008 ocorreu, no Museu da Electricidade, o simpósio sobre energias renováveis na Suécia e em Portugal, por ocasião da visita de Estado dos reis da Suécia a território português, onde foram discutidas oportunidades de investimento entre os dois países. Provindos de passados diferentes, estes dois extremos da Europa começam a encontrar caminhos paralelos.

O amanhã vive aqui.

 

 Fontes:

 

http://www.businessweek.com/globalbiz/content/jan2009/gb20090115_287438.htm?campaign_id=rss_daily

 

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Sábado, 31 de Janeiro de 2009

Legislação ambiental na Catalunha

Sara Taveira | C12

URS España S.L.

Barcelona | Espanha

Genericamente falando, a legislação ambiental é inicialmente “cozinhada” em Bruxelas nas instituições da União Europeia. Ali nascem as normativas e directivas a aplicar nos estados membros. As normativas são de implementação obrigatória dentro de todos os países da União Europeia, no prazo predeterminado. Por outro lado, as directivas são legislação que estabelece as bases gerais a aplicar, sendo que cada país tem autonomia para definir parâmetros mais específicos dentro das directivas, consoante a sua própria realidade.

Em Espanha, esta situação é ainda mais particular tendo em conta que está dividida em dezassete comunidades autónomas, após a Constituição de 1978. Uma comunidade autónoma é uma entidade territorial que possui autonomia legislativa e competências executivas, assim como a capacidade de se administrar mediante representantes próprios. As comunidades autónomas ditam leis e decretos autonómicos e os municípios ordenanças municipais que regulam questões muito variadas, inclusive no campo/ meio ambiental.

Assim sendo, a Catalunha é uma das comunidades autónomas do nosso país vizinho que usufrui deste sistema. Na área do meio ambiente é considerada e conhecida por ser bastante mais exigente e severa na aplicação das normativas europeias (por exemplo, aplicação das normativas referentes a: licença ambiental, valores permitidos de poluição atmosférica, sonora e residual, etc.).

A Catalunha tem uma razão bastante particular para justificar a sua estrita aplicação de leis ambientais. É uma razão que ultrapassa já a consciência ambiental desenvolvida mundialmente nas últimas décadas. É uma razão histórica, que deixou a sua “mancha”. A Catalunha foi um dos territórios espanhóis que mais sofreu com a revolução industrial e continua a sofrer as suas consequências em termos de poluição (contaminação de solos, água, atmosfera, etc.). Há certas povoações que demonstram ter um elevado índice de doenças cancerígenas que se admite ser provocado pelos níveis elevados de poluição atmosférica.

Isto pode traduzir-se em problemas económicos a curto prazo. Ou seja, potenciais indústrias que tencionem localizar-se neste território autónomo terão de enfrentar rígidas normativas para obterem licença ambiental. Logo à partida este pode ser um factor altamente desmotivante para o empreendedor. O mesmo se aplica para indústrias já existentes no território, que encaram auditorias ambientais difíceis e dispendiosas. Consequentemente, unidades industriais já existentes e/ou potenciais empreendedores poderão simplesmente optar por estabelecer-se num outro local fora deste território, numa das outras dezassete comunidades autónomas de Espanha ou até mesmo noutro país, com normativas ambientais mais acessíveis. As empresas que permanecem são as que investem numa contínua actualização ambiental interna, cumprindo com os níveis exigidos. Pode assim entender-se a importância deste factor na selecção das empresas existentes na Catalunha.

É de notar a motivação e, certamente, de aplaudir a ousadia desta região autónoma de introduzir meios de mudança profundos. Certamente que, a médio/longo prazo, surgirão benefícios económicos, sociais e ambientais à custa destas medidas.

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Quinta-feira, 20 de Novembro de 2008

The Green crusade

Vitor Hugo  l  C12
 
Elan Pharmaceuticals
San Francisco l USA
 

Há um hábito muito português de tudo nos parecer qualquer coisa, de nos fazer lembrar algo de muito parecido ou então igualzinho a isto ou aquilo. Neste preciso instante, aposto que haverá alguém a dizer que esta introdução é igualzinha a uma outra que terá lido algures.

Pois bem,  eu posso dizer-vos  que aquilo que encontrei na cidade de São Francisco não me faz lembrar outro sítio qualquer e assim, é impossível imitá-la ou dizer que já se viu algo de semelhante.

Hoje, depois de acordar e lavar a cara dei por mim com uma visceral vontade de partilhar com vocês a notícia: a Califórnia está a mudar o mundo. Aposto que neste momento, muitas pessoas que estão a ler este texto involuntariamente processaram no cérebro uma equação matemática ao ler a palavra Califórnia. Algo parecido com:

 

California = Sun + Sand + Surf x Fun

 

Passados que estão quatro meses desde a minha chegada a este estado norte-americano, que muitos gostam de denominar como a land of dreams and dreamers, eu reescrevo a equação mais nestes termos:

California = Sun + Sand + Surf + Fun x Ethnic and racial mix

      Youth culture inventing itself before your eyes

 

Daí que não seja de estranhar que a Califórnia esteja a mudar o mundo. E perguntam vocês mas o que andará esta “menina” a fazer assim de tão especial. Pois bem, este foi o primeiro estado norte-americano a declarar guerra contra o aquecimento global. Agora uma pergunta: mas então não são os USA um dos países que mais contribui para o agravar da situação? Querem saber a resposta? Pois aqui vai: São, sim senhor. Este país produz um quarto do total dos gases responsáveis pelo efeito estufa e é um dos que não rectificou o acórdão de Quioto em 1997, chegando mesmo a abandonar a mesa de negociações quando decorria o ano de 2001. Apesar de isto ser verdade e de parecer que na guerra contra o aquecimento global os USA não estão a lutar, ou até por vezes que o estão a fazer,  mas do lado errado da barricada, a notícia que aqui vos divulguei umas linhas acima não era brincadeira.

Posso  adiantar-vos que o rosto desta revolução verde foi um famoso culturista transformado em herói de Hollywood que por sua vez renasceu em governador da Califórnia. Desde que foi eleito, há 5 anos atrás, que Schwarzenegger está a empurrar o seu estado governativo e o seu país adoptivo para a linha da frente adoptando leis efectivas para a redução de emissões de CO2 e assinando acordos com o Canadá, o México e as Nações Unidas para a cooperação no desenvolvimento das designadas tecnologias verdes. Dito assim não parece grande coisa, mas se vos disser que 19 dos 50 estados norte-americanos se preparam para seguir as medidas adoptadas aqui neste pedaço de terra da costa oeste acho que já começam a perceber o seu impacto. E a prova de que não vos estou aqui a “cantar a canção do bandido” é um estudo da Universidade de Berkeley, recentemente divulgado, que conclui que as medidas já implementadas na Califórnia vão estimular o crescimento económico e criar 17'000 novos postos de trabalho em novas clean tech start-ups.

Todavia, há ainda tanto a fazer em relação a estas matérias que todos nós nem sabemos por onde começar. Tal como naqueles dias em que é tal a quantidade de tarefas que temos delineada que optamos, por não fazer nenhuma. Não que não o queiramos, queremos pois, o que não sabemos é por onde começar. E é este o problema.

Para a aprovação de novas políticas ambientais é como se o mundo fosse um objecto muito grande de difícil transporte, sem lugar para pôr as mãos. Diz-se "Rapaziada, venham aqui ajudar-me a carregar o mundo que eu não consigo! E é certinho que alguém diga "Chefe, eu até ajudava, mas isto não tem sítio por onde se lhe pegue! Olhe para isto, não tem sítio para pôr as mãos, como quer que eu faça? Mas, se alguém porventura levantar o mundo nem que seja por um bocadinho de um dos lados, e arranjar sítio onde pôr as mãos, de maneira a que outros a seguir o possam ajudar, pode ser que o mundo afinal até tenha ponta por onde se lhe pegue.

Quem aqui vive, costuma dizer a brincar, que o que acontece hoje na Califórnia vai passar a acontecer no resto do mundo daqui por alguns anos. Eu gostava que assim fosse, e neste processo acho até que o orgulho americano é um factor chave. Os americanos não gostam nada de perder “guerras” quer elas sejam a construção de caminhos-de-ferro ou corridas espaciais. O que interessa é ganhar. E nesta em particular, podem ainda recuperar o tempo perdido e ser aqueles que vão conseguir ser o factor impulsionador para que outras grandes potências mundiais, como a China e a Índia, adoptem medidas semelhantes.

No entanto, todos a quem eu digo isto, apontam para mim um dos seus braços e riem-se como se eu tivesse acabado de contar uma piada das boas. As pessoas não acreditam que se pode mudar o mundo e ao revelarmos que nos associamos a esta intenção, mais depressa somos confundidos com um qualquer louco em vez de alguém que está em posse de todas as suas faculdades mentais e determinado a fazer parte. A mudar o mundo. E eu estou, desde esta manhã, após ter lavado a cara.

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Domingo, 16 de Novembro de 2008

Alterações Climáticas…e agora?

Teresa Armas   |   C12

 
IT Power
Pequim   |   China

O ambiente é um tema muito vasto e importante. Cada vez mais se fala do Ambiente; os media invadem-nos com informação de todo o mundo, como um rio está poluído, como uma floresta foi queimada, como um ar se tornou irrespirável. O maior foco actual é sobre as emissões de gases com efeito de estufa e das suas consequências no clima do planeta. Uma das formas de contrariar a emissão destes gases, adoptada pelo mundo, foi investir nas energias renováveis; abordagem crescente de ano para ano.

A potência de electricidade por fontes renováveis atingiu em 2007 os 240GW, representando um aumento de 50% desde 2004. As energias renováveis representam 5% da capacidade e 3,4% da potência global gerada actualmente, excluindo as grandes hídricas (estas por si só já representam 15% da potência global)1.

O investimento mundial nas energias renováveis tem aumentado de ano para ano. Em 2007 os maiores “bolos” foram para as energias eólica (43%), solar (24%) e bio fuel (17%)2.

A energia renovável com maior potência global instalada é a eólica, tendo crescido 28% em 2007, alcançando uma capacidade estimada em 95GW. A fonte renovável com mais rápido crescimento global está a ser a solar conectada à rede, tendo tido um aumento de 50% quer em 2006 quer 2007 até estimadas 7,7GW de potência1.

PORTUGAL

Em Portugal temos um enorme potencial em termos de renováveis, particularmente solar e ondas/ marés, visto sermos um país “à beira mar plantado”. Portugal tem investido nas energias renováveis e estas apostas já estão a dar frutos: as energias renováveis representam 40,7% do total de electricidade consumida no país, tendo já ultrapassado a meta europeia para 2010 de 39%. A energia eólica garantiu a Portugal a maior taxa de crescimento em 2005-2006 (potência instalada em 2 anos aumentou 4 vezes).

Os planos futuros também são promissores, focando-se não apenas em energia proveniente de fontes hídricas mas também bio massa (meta para 2010 aumentada para 100MW), solar (já com 3 centrais: Moura, Serpa e MARL) e das ondas3.

CHINA

A china surge com particular interesse em termos do Ambiente por diversas razões, entre as quais a sua dimensão (país e população), o seu veloz crescimento económico e consequente o aumento da necessidade energética além de abranger 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo. As energias limpas na China estão a emergir rapidamente desde 2005, ano em que adoptou medidas governamentais de combate aos gases com efeito de estufa e apelou ao uso das renováveis4 (pouco depois de ratificar o protocolo de Quioto em 2002).

A China foi recentemente identificada como um dos líderes mundiais produtores de energia de fontes renováveis; na China o investimento como percentagem do PIB nas energias renováveis está quase equiparado ao da Alemanha (líder mundial). Em 2006 a maior fonte de electricidade chinesa eram os combustíveis fosseis (83%), as energias renováveis representavam apenas 15% (incluindo as grandes hídricas)5.

O crescimento das energias renováveis na China tem sido notável; ambas as energias, eólica e solar, duplicaram as potências instaladas de 2006 para 20075.

O FUTURO

De uma forma geral podemos dizer que o protocolo de Quioto veio ajudar a melhorar o Mundo e que o seu saldo foi positivo, mas melhorias deverão ser feitas.

As recomendações para o pós-2012 poderão formular uma nova forma de combater as alterações climáticas, impondo limites mais estreitos em futuras emissões e formulando uma estratégia global colectiva de acções com diferentes participações para cada país. Ao estipular novas metas e objectivos e reforçando a cooperação internacional a estratégia iria englobar as emissões do planeta e não apenas de um terço do mesmo, atingindo melhorias ambientais e um desenvolvimento sustentável.

Em Dezembro de 2007 várias nações reuniram-se em Bali para conferenciar o novo percurso do ataque às alterações climáticas e ao desenvolvimento sustentável do mundo; deste encontro diversas conclusões foram tiradas quanto ao procedimento a tomar pós-2012:

  • Será eficiente apenas se incorporar compromissos de todas as grandes potências económicas mundiais (incluindo os EUA);
  • Grandes potências económicas deveriam ter limites mais rigorosos, dando o exemplo aos outros países;
  • Compromissos deverão ser adequados a cada país (países industrializados, em desenvolvimento ou economias em transição) podendo ser:
    • Compromissos económicos: manter o protocolo de Quioto como base, metas estabelecidas tendo em conta o estado económico do país e manter sistemas de troca de emissões de gases de estufa (CER, ERU) entre os países;
    • Compromissos políticos: os países seguiriam políticas nacionais que visam regular ou reduzir as suas emissões, sem estas estarem ligadas à economia, os países em desenvolvimento (como a China e Índia) poderiam estipular metas para energias renováveis ou outras.
    • Acordos sectoriais: países em desenvolvimento ou industrializados formulariam metas para sectores específicos (por exemplo sectores dependentes de combustíveis fosseis), podendo desta forma atingir uma paridade no mercado mundial nestes sectores;
    • Compromissos tecnológicos: metas a atingir em sectores específicos, promover a investigação internacional, comprometer governos a criar certos fundos, criar propriedades internacionais, ajudando à divulgação de resultados e consequentemente possibilitando o avanço tecnológico em países menos desenvolvidos;
    • Compromissos na assistência e apoio a países em desenvolvimento: providenciar meios de assistência na adaptação às alterações climáticas para os países subdesenvolvidos; países industrializados devem cometer-se em ajudar países menos desenvolvidos a criar estratégias nacionais em diversos sectores e providenciar assistência aos mais pobres e vulneráveis nas suas adaptações urgentes. 

1. Renewables 2007 global state report – REN21.

2. Global trends in sustainable investment 2008 – New Energy Finance.

3. Ministério da Economia e Inovação.

4. Leadership Business Consulting.

5. China’s Clean Revolution – The Climate Group.

 

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Sábado, 15 de Novembro de 2008

Benckmarketing Ambiental

Marisa Vitória | C12
 
ENVIRON Iberia
Madrid | Espanha
                              

Cada vez mais se nota uma nova maneira de pensar o negócio, cada vez mais se entende que o sucesso de uma empresa depende das pessoas – trabalhadores, clientes, fornecedores e parceiros e por isso mesmo, deve haver um enfoque na inovação contínua, necessária à sobrevivência e à luta numa economia global extremamente competitiva.

É objectivo de qualquer empresa alcançar a “lucratividade” máxima,: maximizando os recursos, melhorando a produtividade e implantando modernas formas de administração, entre as quais, por exemplo, qualidade total e benchmarking ambiental.

A criação de redes de relacionamentos e principalmente de cooperação inter-empresarial surge como necessidade de aumentar a eficiência do processo de negócio, e especialmente de reduzir incertezas, aumentando flexibilidade e adaptação às mudanças e maximizando a utilização de recursos.

Existem actualmente empresas (ex: Consultoria Ambiental) que se encarregam de satisfazer as necessidades de empresas particulares ao integrar o meio ambiente nas suas acções e projectos. Das várias áreas ambientais exercidas por estas empresas uma das que reforça os benefícios e eficiências a nível organizacional , é o tema da gestão energética.

A estratégia da maioria das empresas de Consultoria Ambiental, para que a gestão de energia optimize o investimento de uma organização para obter o máximo benefício é, frequentemente, produzir poupanças de energia de 20% ou mais e um excelente ritmo de retorno do investimento.

A maioria dos estudos existentes centra-se na identificação de oportunidades de poupança energética com períodos de retorno de investimento entre 1 e 3 anos. Os estudos incluem frequentemente os seguintes passos:

-Conhecer a situação energética actual do local e da instalação, com a finalidade de poder determinar o seu estado, funcionamento e possibilidade de aproveitamento de recursos renováveis e eficiência energética das instalações e do equipamento;

- Diagnosticar e inventariar os principais equipamentos energéticos;

- Fazer um levantamento das infra-estruturas e recursos existentes que resultem necessários para a implementação de sistemas mais eficientes e menos nocivos para o meio ambiente;

-Determinar melhorias que possam dar lugar a poupanças energéticas interessantes e que possam ser realizadas em sucessivas fases de acção;

- Realizar uma análise económica das possíveis melhorias, indicando os custos do investimento, benefícios quantificados e a possibilidade financeira da sua aplicação, comparando a situação actual com a que resultaria da realização das melhorias, com o objectivo de valorizar a sua rentabilidade e o período de retorno de investimento.

Quando os valores máximos de emissões e os sistemas de troca estiverem implementados, as companhias com um plano de gestão de energia eficaz vão estar em vantagem nas vendas de créditos de carbono enquanto minimizam os riscos financeiros da aquisição desses mesmos créditos de carbono e os custos associados à verificação de emissões.

Assim, estas podem dar assistência a organizações com estudos de “benchmarking” para monitorizar práticas de consumo gerais, estudando comparativamente o consumo de energia de um largo número de locais. Esta aproximação provou ser uma ferramenta eficaz para a monitorização e gestão de energia em hotéis e cadeias de supermercados, grupos de centros de leitura e também para corporações industriais em vários locais.

O objectivo destes estudos é identificar locais com o maior consumo médio de energia e/ou água, por metro quadrado, ou por trabalhador/visitante. Estes locais podem ser subsequentemente referências para auditorias detalhadas para identificar opções de poupança de energia/água.

Devem considerar-se todos os tipos de energia utilizados nos estabelecimentos (electricidade, gás, carbono, gasóleo, etc.).

A conjugação do melhor desempenho ambiental com uma maior competitividade no mercado só é possível com mudanças tecnológicas e administrativas. Daí a importância da adopção do Benchmarking Ambiental para a melhoria contínua das boas práticas ambientais encontradas nos Sistemas de Gestão Ambiental das Empresas.

O Benchmarking Ambiental é, assim, uma ferramenta essencial de gestão que actualiza e ao mesmo tempo aprimora o processo técnico-administrativo por ser uma acção de melhoria contínua, e que proporciona:

- o auto-conhecimento empresarial numa comparação real com o mercado;

- a construção de um conhecimento empresarial colectivo no momento da geração e partilha de informações;

- a criação e aperfeiçoamento de novas práticas de excelência por meio da inovação e da criatividade;

- rapidez e resultados comprovados por uma metodologia que queima etapas e atinge metas;

- e, por fim, um saudável exercício empresarial que troca, soma, reconhece, gera vínculos e integra sectores e, principalmente, cria o hábito das relações.

Neste sentido existe uma necessidade crescente de sensibilizar as empresas, e promover o conceito de cooperação inter-empresarial como um instrumento de reposicionamento estratégico e potencialmente indutor de ganhos de competitividade.

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Sexta-feira, 7 de Novembro de 2008

Pormenores na Vanguarda Ambiental

Rita Figueiredo l C12
 
Sonae Sierra
Alemanha l Düsseldorf
 

 

 

A Sonae Sierra, empresa na qual me encontro a estagiar, juntou-se ao programa INOV Contacto em 2000 e desde então 23 estagiários, dos quais 9 posteriormente assinaram contrato, tiveram a oportunidade de percorrer os corredores da Sonae Sierra integrando os mais diversos departamentos.

 

O Departamento de Comunicação e Ambiente, no qual estou inserida, é responsável pela abordagem ambiental da Sonae Sierra. Baseia-se na implementação do seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA), certificado em conformidade com a norma ISO 14001. O SGA abrange todas as actividades de negócio e aplica-se em todos os países onde a empresa opera. Destina-se a aumentar a eco-eficiência e a promover o controlo dos impactes ambientais significativos resultantes das suas actividades de negócio, dando continuidade, aos compromissos assumidos na Política de Ambiente.

 

O SGA da Sonae Sierra possui duas importantes fases, uma respeitante aos centros em fase de projecto/construção e outra aos centros já em operação. Na primeira fase a certificação do sistema termina no dia em que a obra é dada por concluída. Seguidamente os esforços são direccionados para a manutenção da certificação do centro comercial em operação. Dos 48 centros em operação 27 possuem certificação de acordo com a ISO14001.

 

Para além dos centros geridos pela Sonae Sierra também os seus escritórios têm que respeitar e cumprir com as melhores práticas ambientais. Assim ao ser destacada para a Alemanha e ter o meu posto de trabalho nos escritórios de Düsseldorf achei que ia encontrar um local onde os meus colegas seriam de uma extrema consciência ambiental, não tivesse a Alemanha a fama que tem em relação a estas questões. Descobri no entanto que os Alemães apenas se preocupam com um dos 3R´s – Reciclar! Infelizmente o Reduzir e Reutilizar ainda não fazem parte da sua cultura ambiental. “Reutilizar? Isso dá muito trabalho. Coloca-se tudo para reciclar e já está! ” – Afirmou uma das minhas colegas de trabalho quando lhe sugeri que reutilizasse o verso de folhas inutilizadas para fazer blocos de notas.

 

No entanto não posso deixar de afirmar que a Alemanha é sem dúvida um país na vanguarda ambiental. Eis alguns exemplos:

 

Num fim-de-semana desloquei-me de carro com alguns amigos até Colónia. Numa das zonas da cidade fomos multados por o nosso carro não ter o “autocolante ambiental”.

Pois é, desde o início do corrente ano que a cidade de Colónia (tal como Berlim, Hannover e muitas outras - http://www.umwelt-plakette.de) possuem zonas ambientais, onde os veículos automóveis têm que ser portadores de um autocolante certificativo da sua aceitabilidade em termos de emissões atmosféricas. O autocolante identifica o carro com uma cor: verde para veiculo ambientalmente aceitável, amarelo para pouco aceitável e vermelho para muito pouco aceitável. Dependendo da especificação da zona o carro poderá ou não circular nela.

 

Numa outra situação um amigo espanhol, sabendo da minha área de formação em Engenharia do Ambiente, veio muito feliz ter comigo mostrando-me que tinha alugado uma casa com certificado energético. Grande parte do consumo energético na Alemanha é gasto no aquecimento das casas e da água, como tal esta é uma importante factura a ter em conta aquando do aluguer ou compra de uma casa. Devido à falta de informação sobre este assunto foi criado um certificado energético que permite uma maior transparência na escolha dos imóveis.

  
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Quinta-feira, 6 de Novembro de 2008

No caminho da sustentabilidade energética

José Carlos Couto | C12

 

URS

Madrid | Espanha

 

 

 

 

 

 A cidade de Madrid é um centro importante de negócios, pessoas, culturas, mundos que se cruzam neste ponto da Península Ibérica. Que trocam experiências. Que evoluem… Neste centro com quase 6 milhões de habitantes no qual eu também participo, vejo-me envolvido num desafio no domínio da engenharia, das ciências do ambiente proporcionado pela empresa URS, uma consultora de engenharia com um notável conjunto de profissionais e um trabalho de mérito desenvolvido em diversos países neste mundo. Neste mundo em que a sustentabilidade do uso dos nossos recursos deve tomar cada vez mais uma palavra de ordem e traduzir-se em actos de responsabilidade…

 O trabalho que desenvolvo vai ao encontro desta premissa focando-se na certificação energética de edifícios e o seu uso sustentável. Tradicionalmente, ao longo das últimas décadas, os países do Mediterrâneo nos quais se incluem Espanha e Portugal, tendo condições de clima menos adversos, adoptaram modelos de construção que não aproveitaram as condições climáticas da região. Deste modo, os edifícios apresentavam na generalidade um baixo índice de eficiência energética contribuindo para um consumo excessivo de energia e gerando uma economia  com forte dependência dos recursos fósseis, provocando todos os efeitos negativos que daí advêm. Com um parque edificado relativamente recente e bem conservado, a região metropolitana de Madrid, não obstante, necessita de reformas no seu edificado, quer na reabilitação, quer nas futuras  construções de forma a melhorar o seu consumo de energia e o seu desempenho ambiental.

Portugal, que tão bem tem apostado no recurso às energias renováveis, apresenta um parque edificado degradado, especialmente no centro das grandes urbes, onde está uma grande percentagem da nossa população. Com o mercado da reabilitação cada vez mais à vista, este deverá ser um importante desafio para incorporar novas técnicas de construção, design e funcionalidade, que aumentem a performance energética dos nossos edifícios, reduzindo em certo modo, a dependência com a qual ainda nos deparamos em relação aos combustíveis fósseis.

 

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Sábado, 11 de Outubro de 2008

Romanian Waste Management Business

 

Joana Monteiro da Silva   |   C12

 

Sierra Corporate Services

Roménia

 

 

 

Waste is generated by almost all economic activities: extraction of resources, production and manufacturing activities, distribution and transport, consumption or even management of the waste itself. Waste generation and disposal represent a loss of natural resources and off-course loss of money. In recent years, waste has increasingly been seen not only as an environmental problem, but as a potential economic resource whose recovery can bring significant economic benefits. This paradigm change is partly driven by the European legislation and partly by market forces. In Romania, the companies are starting to realize that waste is a valuable resource and the “waste management business” will be a new and very profitable opportunity for all.

In Romania, during the communist regime (1947 – 1989) was generated large amounts of waste but these failed to be managed in an appropriate manner. Significant amounts of radioactive waste, chemical weapons, toxic missile fuel and other hazardous waste were stored in mines and at industrial and military facilities. Almost all municipal waste was disposed in city dumps which lacked basic sanitary and environmental provisions. With the accession of Romania to the European Union (the 1st of January, 2007), the country implemented a number of reforms in order to adapt several European Directives and Decision into National legislation system, namely the Environmental “framework” of EU regulations.

Although some steps are being made for improving waste management in Romania, the situation is far from European standards. The amount of municipal waste generated per person in Romania is around 400 kg per capita, lower than the EU-27 (500 kg per capita), although in the future this situation will change with the increasing share of plastic and packaging waste. The collection of household waste is not generalized at country level. In 2005, the municipal councils and the sanitation operators have collected household waste from 83.1% of the urban area population and 11.79% from the rural area population, that is, at a national level, an average of 49.85%. In Romania, depositing represents the main option of municipal waste disposal and there aren’t any incinerators for thermal treatment of municipal solid waste. At the end of 2006, 243 dumps functioned for municipal waste, out of which:

·          20 waste dumps (landfill) in compliance with Directive no. 1999/31/CE;

·          223 dumps not complying with Directive no. 1999/31/CE and these ones will suspend the disposal, by stages, until the 16th of July 2017.

The recycling rate is very low (20%). The separated municipal waste collection in order to value the recyclable materials from the waste (paper, cardboard, glass, metal, plastic material), is not practiced very much. Due to the low percentage of selective collection of waste from the population, the recyclable components from the household waste (paper, cardboard, glass, plastic materials, metals) aren´t recover, losing the value of the materials.

The activity of some recycling companies that slowly started to exist on the Romanian market has registered considerable growths recently, due to the closing of the illegal dumps, the great demand coming from the iron and steel plants. The raising of prices on raw materials and the fact that European Union legislation imposes some standards of quantities of the materials that should be recycled by each inhabitant, also contribute to an increasing number of companies in the market.

Waste recovering and recycling, of any origin, represent one of the most important activities for the world’s economy, taking into consideration the more and more obvious diminishing aspect of the natural resources of raw materials. The Romanian market is not an exception and the investors have discovered not only that waste should not be thrown out, but they could also make good money out of it.

 

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Sexta-feira, 26 de Setembro de 2008

O desafio de um Turismo Sustentável Vs A ameaça de um Turismo INsustentável

   Bruna Galante Santos   |   C12

 

  

 

   Efectivo Consultoria e Investimentos

 

  Cabo Verde

 

 

 

O potencial de Cabo Verde para o desenvolvimento do Turismo, está directamente ligado às boas condições geográficas, humanas, culturais, climatéricas e paisagísticas, associadas à ausência de conflitos políticos e étnicos ou religiosos.

O actual Plano Nacional de Desenvolvimento considera o Turismo como uma das prioridades do Governo, e tem como objectivo criar uma imagem de marca forte e competitiva.

A procura de Cabo Verde como destino turístico aumentou 11,2% em 2007, face ao ano anterior (INE). Entraram nos estabelecimentos hoteleiros de Cabo Verde 312,880 hóspedes, contra os 280,582 de 2006, totalizando 1.432,746 dormidas, mais 4,7% do que em 2006. Sendo certamente o mercado da Macaronésia com mais possibilidades de crescimento, a diversidade do seu território, oferece conjuntamente; Turismo de Sol e Mar, Turismo Cultural e Turismo de Montanha, tornando este pais africano numa enorme e prometedora potência turística.

O Turismo é já considerado o “Petróleo” de Cabo Verde, pelo que se torna imperativo tornar esse “petróleo” renovável, e para isso é imprescindível que se adopte uma estratégia turística sustentável, que envolva responsabilidade social, e um forte comprometimento com o meio ambiente, integrando a população local.

A promoção deverá adoptar uma perspectiva de longo prazo, assente numa estratégia turística ecologicamente equilibrada, numa eficiência económica e numa equidade social. A problemática do ambiente, deverá ser entendida no seu sentido mais amplo, englobando tanto a perspectiva preservacionista como a do desenvolvimento sustentável.

Cabo Verde criou um código de Conduta do Turismo Sustentável, definindo objectivos na Gestão de Recursos e na competitividade do sector. Mas para além da criação de legislação, será necessário que haja capacidade de execução e de fiscalização, bem como um compromisso moral e ético que vá além das leis que regulam esta actividade.

Não se deve esquecer que o turismo é muito mais que uma indústria de serviços, trata-se de um fenómeno com repercussões significativas no meio natural e construído e também no bem-estar cultural das populações receptoras.

A aposta no Turismo Sustentável é, claramente vantajosa para Cabo Verde, tanto para o ambiente como para as populações, pois para além de fomentar a compreensão do impacto do Turismo, também evidência a necessidade de adopção de estratégias de planeamento e ecoturismo, nomeadamente a nível das infra-estruturas.

A utilização sustentável dos recursos associada a uma política racional de conservação desses mesmos recursos, são pré-requisitos essenciais à sua plena exploração. No caso particular do turismo, é essencial apostar num desenvolvimento sustentável.

Entre as medidas mais urgentes estão: a economia da água e a sua reutilização, gestão de recursos energéticos, exploração das energias renováveis, tratamento de resíduos sólidos e líquidos, optimização dos recursos ambientais e naturalmente a consciencialização da população.

Pesquisas recentes demonstram que os turistas escolhem os seus destinos de férias sobretudo com base no Clima, segurança, acessibilidade e preço, porém critérios éticos como a consciência ambiental e as condições de trabalho assumem cada vez mais importância nessa decisão. A tendência é que esses critérios ganhem cada vez mais importância, pelo que a oferta turística deverá adaptar-se a estas novas premissas.

De acordo com a ONOTUR – Câmara de Turismo de Cabo Verde, que se assume como entidade promotora de um turismo sustentável, “os critérios éticos, sociais e ambientais são cada vez mais um factor de decisão para os consumidores do Turismo, em especial os mais esclarecidos, que buscam a qualidade nas suas múltiplas facetas”.

Cabo Verde encontra-se actualmente no momento em que pólos de atracção turística como as Canárias, se encontravam á 20 anos.

Será Cabo Verde capaz de atingir os limiares do exponencial turístico sem incorrer nos mesmos erros que assolam actualmente as Canárias?

Será Cabo Verde capaz de aproveitar a oportunidade de aprender com as fragilidades do Passado? Com os erros de outros? Será Cabo Verde capaz de avançar com uma proposta real e eficaz, salvaguardando o turismo sustentável? Será que todas as ilhas irão sofrer a descaracterização que sofreu o Sal, nomeadamente a Vila de Santa Maria?

A população local deveria ser a primeira a usufruir do Turismo, com a melhoria das suas condições de vida através da criação de instalações de saúde, educação, arborização, estradas, emprego, etc. Isto seria parte dos “dividendos” de um turismo sustentável. Será que é isto que se passa na Ilha do Sal, a mais turística do Pais? Será isto que se irá passar na Ilha da Boa Vista? Será que a Ilha da Boa Vista irá seguir o modelo de turismo massificado, desordenado, descaracterizado e Insustentável do Sal?

Mais alarmante que isso, será que a Ilha da Boa Vista já não está a seguir esse modelo? Infelizmente, tudo indica que sim. Muito em breve irá ser inaugurado mais um MEGA Hotel, que no Pico do Verão terá diariamente quase metade da população da Boa Vista, o que somado aos hóspedes dos restantes hotéis da ilha, irá totalizar mais turistas que residentes.

Teoricamente até seria bom para a economia local, mas na prática as receitas provenientes do turismo quase nem chegam a sair do hotel, já que à semelhança do que acontece em muitos dos hotéis do Sal, este irá funcionar em regime de “all inclusive”.

Lamentavelmente o impacto que uma infra-estrutura destas proporções terá na vida local, será devastador, não só a nível ambiental, como também a nível social.

O Hotel irá situar-se na primeira linha costeira, destruindo Dunas que deveriam ser intocáveis. Como acontece no Sal, também aqui não há qualquer tipo de preocupação ecológica. A Boa Vista é o local procurado por centenas de Tartarugas Marinhas para a desova. Estas Tartarugas encontram-se actualmente em vias de extinção. Será que este tipo de Turismo não irá ter consequências também neste campo? Seria mais vantajoso para Cabo Verde a adopção de um Turismo de Qualidade em detrimento do actual modelo virado para o turismo de massas, de quantidade.

O Turismo Sustentável é uma excelente fonte de receitas e desenvolvimento, Cabo Verde não deve desperdiçar todo o seu potencial num turismo que beneficia unicamente um grupo restrito de indivíduos e grupos económicos.

Relembrando a conhecida equação do Eco-desenvolvimento discutida no âmbito da conferência de Estocolmo, trata-se de reafirmar a pertinência do triângulo “economia”, “ambiente” e “sociedade”, ou seja, na adopção de uma política de Turismo Sustentável, deverão ser implementadas estratégias de desenvolvimento economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente justas.

 

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Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008

Cabo Verde, verde?

Márcia Marques

 

Consulgal

Cabo Verde

 

Cabo Verde, arquipélago de 10 ilhas de clima subtropical e, com uma situação geográfica estrategicamente favorável, depara-se com problemas ambientais graves por resolver.

Este arquipélago, de uma maneira geral, é caracterizado por ter pobre flora e fauna, pois cerca de metade das espécies aqui presentes, foram introduzidas pelo Homem. Apesar da grande diversidade estrutural, que as várias ilhas apresentam entre si, pode dizer-se que ao nível de recursos imediatos, Cabo Verde é pobre.

Na cidade da Praia, sita na ilha de Santiago e capital do País, onde me encontro, os problemas de resíduos são evidentes e uma preocupação constante. Um factor notório é a falta de educação, que se evidencia a cada passo que se dá nos passeios da cidade, é o lixo que se acumula por todo o sitio, sem qualquer tipo de cuidado de deposição. Um grave problema se depara desde logo neste primeiro item, pois não existe qualquer cultura a nível de deposição do lixo no contentor. Claro está que, tendo este cenário, a separação de resíduos em ecoponto ainda é uma miragem pois também não existe qualquer tipo de infra-estruturas para que possam suportar essa politica de separação (falo de aterros, incineradoras, unidades de transformação de resíduos, etc.).

Outro problema grave é relativo à escassez de água e à má politica de gestão de recursos hídricos. País com muito pouca pluviosidade e sem qualquer tipo de reserva aquífera, vê-se obrigado a recorrer à dessalizinação da água. No entanto o abastecimento continua a ser pobre e não adequado às necessidades da população. É comum, nos meses de maior movimento, algumas localidades da capital, ficarem sem água vários dias seguidos. Apesar da limitada pluviosidade é possível fazer o armazenamento quando esta ocorre. Certamente diminuiria a necessidade de recorrer à dessalinização e compensar as faltas de água que existem.

Enumero também, o problema da intervenção costeira sem qualquer tipo de proibição. Vários empreendimentos turísticos e particulares, se podem ver em cima da encosta a escassos metros do Mar. Apesar de não existirem aqui ecossistemas moveis como é o caso das dunas, problemas de suporte, poderão sentir-se, visto que areia que em tempos existiu na praia, tem vindo a ser extraída para construção de casas pelas mãos do povo. Aliado a este facto temos o DESordenamento do território. A construção é desmesurada, sem qualquer tipo de planeamento e adequação ao local onde se encontra. É verdade que a Cidade da Praia é uma cidade em desenvolvimento e o spot dos empresários que muito têm investido em Cabo verde, mas o caminho que leva a construção, tornará esta cidade completamente descaracterizada das suas raízes e realidade.

A energia e grande dependência de electricidade importada, faz com que seja um dos grandes pesos do Governo Cabo-verdiano. A factura é de tal maneira alta que muitas instituições públicas têm dívidas à operadora eléctrica “Electra”. Assim, sendo este também um problema, dever-se-ia pensar em energias alternativas para abastecimento da ilhas. Energias alternativas e renováveis são o caminho comum de um mundo mais sustentável e Cabo Verde terá de investir. Energia eólica, energia de marés, deverão ser temas da ordem do dia e que deverão ser e rapidamente implementadas. A grande despesa energética do estado e consequentemente do povo, desceria drasticamente e a nível ambiental seria uma intervenção louvável.

Estes, são alguns dos problemas ambientais com que este País se depara. É harmonia social, económica e ambiental que caracterizam a SUSTENTABILIDADE. Cabo Verde, rapidamente terá de pensar e agir e potenciar-se no mundo como um destino agradável, sem lixo, sem falhas de luz e água e com identidade. Turismo sustentável, consciencialização ambiental e EDUCAÇÃO, terão de ser promovidos, com toda a força.

Só assim Cabo Verde continuará a fazer jus à cor do seu nome.

 

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Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

Transportes mais ecológicos, um dilema logístico.

António Borges Cruz (C11) 

Vicaima,

Swindon - Reino Unido.

 

 

 

A consciência ambiental global começou nos últimos anos a ganhar forma e força. Por todo o lado se multiplicam as soluções para reduzir as emissões de carbono e pela utilização de energias mais ‘limpas’.

 

O grande ponto de viragem relativo à consciência ambiental global poderá ter acontecido em 2007 com a atribuição do prémio Nobel da paz ao antigo Vice-Presidente Americano Al Gore (em conjunto com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU).

É inegável que a visibilidade mediática de Al Gore, aliada ao aumento do preço dos combustíveis fósseis influenciou, irremediavelmente, a consciência global para a necessidade de redução de consumo de energias fósseis e correspondentes emissões de carbono, coisa que, por exemplo, o protocolo de Quioto não terá conseguido.

Por todo o lado parece haver uma tendência a procurar bens e tecnologias mais eficientes, mais limpas, mais sustentáveis e mais económicas.

 

As soluções vão sendo encontradas, um pouco por todo o lado, sendo que, por exemplo, na utilização de produtos derivados da Madeira existem algumas entidades que garantem a certificação e sustentabilidade das florestas assim como dos produtos finais a que estas matérias-primas estão associadas. É o caso dos produtos certificados pelo FSC (Forest Stewardship Council). A procura para este tipo de produtos tem vindo a aumentar, assim como as pressões sociais e políticas para o consumo de produtos mais ‘verdes’. Pode dizer-se que existem agora clientes mais exigentes ecologicamente e que não se importam de pagar mais pelo próprio produto, se este for certificado.

No entanto, a preocupação ambiental dos consumidores, normalmente, centra-se no produto em si, e não na forma como chegou até si. O local de produção, a forma de transporte e os gastos de energia associados, são em regra, esquecidos pelos consumidores.

 

Numa perspectiva ecológica, o ideal seria consumir bens produzidos num raio de 50 km do ponto de consumo e evitar transportes pouco eficientes como, por exemplo, o transporte rodoviário de mercadorias.

Contudo, na actual envolvente económica mundial com matérias-primas e bens a viajarem por todo o mundo antes de chegarem ao consumidor final, a procura de matérias-primas ou mesmo produção de bens ao nível local apresenta-se como uma solução pouco económica, e até mesmo utópica tendo em conta os padrões de consumo existentes.

 

É, então, importante reflectir sobre o transporte a usar. O uso de contentores marítimos que facilmente se descarregam e se colocam em linhas ferroviárias que sirvam os mercados de destino seria a opção ecologicamente mais correcta. É aqui que surge um dilema logístico.

Ao nível Europeu, para matérias-primas e bens produzidos na Europa, é comum utilizar-se o transporte rodoviário que em 3 ou 4 dias consegue chegar praticamente a qualquer destino, permitindo tempos de entrega reduzidos e satisfazendo clientes mais exigentes.

O transporte marítimo, demora em regra mais tempo, estando as mercadorias sujeitas às rotas dos navios, e ao tempo de parque nos portos. Apesar de económica e ambientalmente mais vantajoso, o prazo de entrega é afectado, por vezes, em algumas semanas.

O dilema é então: o factor ‘tempo de entrega’ é o mais importante na qualidade do serviço? Ou o modo de transporte usado é considerado quando na procura de um produto ‘verde’.

 

Segundo o Relatório ‘Climate Change And Shipping’ da ECSA (European Community Shipowners' Associations) o transporte rodoviário emite 6.25 mais vezes CO2 que o transporte marítimo e como tal é menos vantajoso do ponto de vista ambiental. Fará então sentido exigir produtos certificados ambientalmente e depois não garantir o seu transporte do modo mais ecológico? Por outro lado, será que os clientes estão dispostos a esperar, ou irão procurar produtos substitutos noutro fornecedor com melhor tempo de entrega?

 

A vantagem competitiva que uma empresa pretende ter com uma imagem e produtos ‘amigos do ambiente’, pode esbarrar no embaraço de não conseguir ser coerente para entregar o produto no tempo ideal.

Talvez a noção de cliente exigente, possa um dia alterar o actual paradigma, e que o nível de serviço não seja medido somente através do tempo de entrega, mas principalmente na forma de entrega. Um cliente mais sofisticado e com percepção do mundo enquanto ecossistema em equilíbrio terá com certeza maior abertura para maiores prazos de entrega sem que isso prejudique o nome do fornecedor.

 

Finalizando, e em forma de opinião, penso que poderá ser também uma oportunidade, certificar os produtos ambientalmente, não só quanto à sua origem, mas também quanto ao seu transporte.

 

Fonte:

http://www.ecsa.be/publications/082.pdf

publicado por visaocontacto às 12:00
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