Vera Gomes da Silva | C13
Consulgal
Cabo Verde
Cabo Verde é dos Países com um bom desenvolvimento a nível social, cultural e principalmente económico, fruto da grande abertura e do ambiente de paz e estabilidade. Recentemente com a adesão à Organização Mundial do Comércio, Cabo Verde conseguiu a elevação à categoria de País de rendimento médio e à parceria especial com a União Europeia.
O sector da Construção Civil é, actualmente, um dos maiores em Cabo Verde pela forte necessidade de infra-estruturação do País - estradas, portos, aeroportos, escolas, hospitais, água e electricidade, saneamento básico. Actualmente, existem numerosos investimentos a nível de infra-estruturas e transportes - a modernização e expansão portuária em todas as ilhas, bem como a aposta na construção e/ou remodelação dos aeroportos é uma mais valia para Cabo Verde tirar partido da sua excelente localização geográfica, podendo transformar-se num importante centro de transportes marítimos e aéreos no corredor do Atlântico.
As estradas continuam a ser construídas e/ou reabilitadas num ritmo sem precedentes, de forma a melhorar as acessibilidades para facilitar o comércio e o acesso aos serviços, através de uma rede rodoviária funcional e mantida de forma sustentada, criando condições de competitividade.
A cooperação e solidariedade entre Portugal e Cabo Verde continuam bem patentes, Portugal irá aumentar as linhas de crédito para apoiar projectos de construção de infra-estruturas públicas integrados no Programa Nacional de Desenvolvimento da República de Cabo Verde, a executar por empresas portuguesas e criar uma nova linha dedicada a projectos nas áreas das energias renováveis e ambiente. As energias renováveis são outro ponto crucial de investimento em Cabo Verde devido ao crescimento exponencial em termos de necessidades energéticas, a ser consumidas principalmente pelos grandes empreendimentos turísticos que estão a surgir nos quatro principais centros de consumo - Santiago, São Vicente, Sal e Boavista. O governo cabo-verdiano vai instalar, até 2009, parques eólicos nas referidas ilhas de forma a gerar cerca de 18% do total da produção energética. Esta aposta irá passar primeiramente pelo desenvolvimento massivo das energias eólica, solar e também das ondas do mar.
A tendência futura é, sem dúvida, o investimento imobiliário pois, devido à saturação de outros destinos turísticos, procuram-se novas ofertas. O clima ameno, muito sol, boas praias, segurança e hospitalidade natural fazem deste País um excelente destino turístico. Por outro lado, o governo tem apoiado de forma especial os investimentos no mercado imobiliário e turístico com incentivos fiscais: - Isenção fiscal total durante os 5 primeiros anos;
- Diminuição em 50% da taxa de imposto sobre rendimentos, durante os 10 anos seguintes;
- Dedução de impostos sobre lucros reinvestidos em actividades similares;
- Isenção de Impostos sobre o Património;
- Dedução na matéria colectável de despesas incorridas com a formação de trabalhadores caboverdeanos;
Existe também isenção de direitos aduaneiros na importação de materiais destinados à construção e exploração de hotéis e estâncias turísticas bem como o acesso ao Fundo de Desenvolvimento do Turismo (bonificação de juros, garantias, avales).
Além da procura de casa, no arquipélago, por parte da comunidade cabo-verdiana na diáspora, o investimento do turismo residencial realizado por novos mercados emissores com maior poder de compra possibilitará também maior dinamização do mercado imobiliário. A fama de Cabo Verde ultrapassou fronteiras, conquistando a atenção de investidores italianos, ingleses e irlandeses. Só em 2006, foram investidos no país mais de 400 milhões de euros, e o futuro é animador.
Segundo a Agência Cabo-verdiana de Promoção do Investimento (ACPI), são esperados 23 mil milhões de euros de investimento em novos projectos turísticos, nos próximos anos, o que poderá levar Cabo Verde a consolidar-se como um país emergente.
Sofia Barata Cardoso | C13
Efectivo Business – Consultoria e Investimento SA.,
Cabo Verde
Cabo Verde é considerado um mercado economicamente estável, resultado da gestão macroeconómica efectuada nos últimos anos. O elevado grau de Investimento Estrangeiro e as relações que são mantidas com o mercado Português, conduz a que sejamos o maior parceiro comercial de Cabo Verde. Aliás, segundo as estatísticas, Cabo Verde é o décimo oitavo mercado para a exportação portuguesa, em termos gerais, e o sétimo fora da Europa.
A visita do 1º Ministro, José Sócrates, à cidade da Praia, onde me encontro a estagiar, decorreu entre os dias 12 e 14 de Março e veio reforçar as oportunidades para futuros investimentos e cooperação entre os dois países. Com um leque de razões para novas oportunidades de Investimento – como a estabilidade económica e financeira já referida, a situação geográfica privilegiada e a quantidade de mão-de-obra disponível (com um nível de produtividade significativo) – Cabo Verde é considerado um mercado aliciante. Durante esta visita deslocaram-se à cidade da Praia vários representantes de grandes grupos empresariais Portugueses, tais como o grupo Portugal Telecom, Caixa Geral de Depósitos, Efacec, Sumol, entre outros. Apesar de já existir um elevado número de empresas Portuguesas neste mercado, a vontade de crescimento e de cooperação económica e empresarial é significativa. Exemplo disso é o caso da PT que está presente em Cabo Verde há 13 anos, através da participação efectiva de 40% do capital social da Cabo Verde Telecom (empresa operadora de telecomunicações públicas que presta serviço telefónico e móvel, nacional e internacional em Cabo Verde), que até agora já investiu um total de 140 milhões de euros, pretendendo ainda investir 50 milhões de dólares na construção de um cabo submarino de fibra óptica. O meu estágio decorre na Efectivo Business – Consultoria e Investimento SA., empresa que desenvolve projectos na área da consultoria e contabilidade. Presente em Cabo Verde desde 2006, possui um vasto conhecimento do mercado e do seu funcionamento, factor que me tem permitido alargar a minha experiência no mundo empresarial, numa realidade bastante diferente que de, outra maneira, não seria possível. Neste mercado, os sectores com maior índice de investimento e novas oportunidades são os da construção, transportes e comunicações. No entanto, o sector dos serviços financeiros e bancários tem vindo a apresentar maiores índices de crescimento, o que pode ser verificado pelo aumento dos activos líquidos do sistema bancário de Cabo Verde nos últimos anos. Tendo em conta todos estes factores, Cabo Verde é considerado um exemplo de sucesso e sinto-me privilegiada por assistir à celebração de novos acordos de cooperação entre Portugal e o País que me acolhe nesta edição do Inov Contacto!! Fontes: Jornal A Semana Jornal Expresso das Ilhas Banco de Cabo Verde Portal do Sistema Estatístico Nacional de Cabo Verde
Sónia Sousa | C13
Consulgal
Cidade da Praia | Cabo Verde
Há tempos, num concerto de um conhecido artista local dizia ele, entre músicas, que Cabo Verde era tão bom que nem a crise cá chegava.
O que pode soar como uma piada ou senso comum tem, na realidade, fundamento a nível económico.
O facto é que, apesar de o mundo inteiro viver tempos conturbados a nível económico, Cabo Verde tem contrariado esta tendência e encontra-se numa trajectória de crescimento.
A economia de Cabo Verde tem vindo a prosperar nos últimos anos, resultado de uma conjuntura externa favorável, de políticas económicas adequadas e do crescimento do investimento estrangeiro.
Não leva muito tempo a perceber que, apesar deste crescimento, ainda muita coisa falta ou falha no país.
O fenómeno da globalização trouxe consigo profundas mudanças económicas e sociais, levando a que se encarassem novos problemas e desafios.
Vivemos, indubitavelmente, numa economia baseada no conhecimento, com cada vez mais competitividade e com tendência para o regionalismo, ao invés da especialização sectorial.
Para uma região sobreviver e se desenvolver neste contexto, é necessário que as fraquezas e as ameaças sejam transformadas em oportunidades.
Assim, cada uma das lacunas que existem em Cabo Verde é passível de se tornar uma oportunidade de negócio para alguém com espírito empreendedor e capacidade de investimento.
A falta ocasional de luz (derivada da total dependência do exterior quanto a fontes de energia primária), a precariedade dos sistemas de distribuição de água e tratamento das águas residuais, a falta de infra-estruturas de transporte, ou mesmo, o fraco nível de Serviços Bancários (existindo cerca de 1 balcão para 8775 habitantes) indicam a necessidade de reforçar estes serviços no país.
Além destas, muitas mais situações podem ser referidas.
A nível da indústria, existem diversas oportunidades: desde o ramo das confecções e do calçado até aos produtos alimentares.
É fácil perceber esta necessidade quando são comuns as queixas de que para comprar alguma peça de roupa todos os caminhos vão dar ao Mercado de Rua do Sucupira, ou quando de repente se tem de mudar o menu do jantar por falta de ingredientes específicos.
O sector da construção, em franco desenvolvimento, também carece da produção interna dos materiais utilizados, tendo de recorrer a importações para tal (o que encarece o preço das habitações).
Também ao nível dos serviços se verificam vastíssimas oportunidades: actividades de apoio ao turismo e à indústria, zonas francas comerciais, transportes colectivos de passageiros, serviços de apoio às diferentes áreas de negócio e muito mais.
No entanto, uma das oportunidades que mais destaco relaciona-se com as energias renováveis. Tendo em conta o clima do país (com sol durante o ano inteiro e, em certas alturas, ventoso) e a urgência em arranjar soluções que colmatem as falhas energéticas, é de lastimar que não se aproveite, ainda, o potencial do país em termos de energias renováveis.
A taxa de crescimento nacional do consumo de energia é de cerca de 12%. Para fazer face ao consumo energético e garantir uma margem de segurança operacional, a capacidade instalada teria que aumentar a uma taxa de 20% ao ano.
A concessionária nacional não será, a curto prazo, capaz de responder com um plano de investimentos que cubra um aumento pronunciado do consumo. A concessionária detém o monopólio da distribuição de energia e água, mas a produção está aberta à concorrência.
Assim, seja através de energias renováveis ou de outras hipóteses alternativas, esta é uma questão premente no que diz respeito às necessidades de fornecimento.
A economia cabo-verdiana oferece cada vez mais e mais variadas oportunidades de negócios, em sectores cada vez mais diversos.
É importante também realçar que, além de existirem essas oportunidades, o próprio país tem condições favoráveis à sua materialização: regista um elevado crescimento demográfico, tem uma situação geográfica privilegiada, estabilidade política e social, liberdade económica e parcerias económicas importantes que levam ao acesso preferencial a alguns mercados e diversos incentivos ao IDE.
Esta conjuntura de oportunidades e incentivos tem levado a que cada vez mais países olhem para Cabo Verde como um Mercado promissor e a apostar: no presente e no futuro.
Cabo Verde é Sabi! Alguns de nós já o descobriram. E você? Está à espera de quê?
A economia cabo-verdiana tem progressivamente apresentado melhorias, associadas a conjunturas extremamente favoráveis, tanto externas como internas.
Com as economias desenvolvidas em crise, economias em desenvolvimento, como Cabo Verde, o interesse de investimento é acrescido. Não somente a conjuntura económica externa faz deste país um destino atractivo como internamente existe um conjunto de factores igualmente atraentes: demograficamente, a população é jovem, cerca de 60%, apresentando ainda um IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – (elemento de riqueza humano) elevado, estando no 3º lugar do ranking africano; a sua localização geoestratégica, situada no Atlântico, entre a Europa, as Américas e África, permite um acesso privilegiado e facilitado a mercados externos; por último o contexto político e social (elemento de extrema relevância) é estável, possuindo políticas económicas adequadas – estabelecendo acordos de acesso preferencial a mercados externos (UE – Acordo de Cotonou; CEDEAO – Tratado da CEDEAO; EUA – Acordos SGP e AGOA, e Canadá Nova Iniciativa para África) e ainda políticas de incentivo ao investimento externo – isenções fiscais e aduaneiras, transferência em divisas para o exterior de dividendos e lucros, garantias geradoras de confiança e de segurança na economia.
Esta convergência criou diversas oportunidades de negócio, nomeadamente em sectores imperativos ao desenvolvimento como: a Energia, Águas, Infra-estruturas de Transportes, Turismo e Banca.
Numa visão geral:
- A Energia possui uma grande dependência face ao exterior, em energias primárias (i.e. o petróleo), no entanto existem já projectos para colmatar esta lacuna através do aumento dos parques eólicos, assim como na criação de plataformas de energia solar, com metas de produção de 25% e 2%, respectivamente, numa fase inicial;
- As Águas, igualmente deficitárias, pela fraca percentagem de pluviosidade, pelo défice de distribuição, funcionando ainda em sistema de fontanários públicos e por último pela drenagem e tratamento de águas residuais ser somente efectuado em dois centros urbanos, Mindelo (S. Vicente) e Praia (Santiago). É pretendido duplicar a produção de água dessanalizada, até 2010, procurando para tal parcerias público/privadas;
- O sector bancário, com pouca expressão até há cerca de 3 a 4 anos, desde 2006 que apresenta uma elevada liquidez, justificada pelo crescimento continuado do PIB, de acordos económicos criados, a abertura de novas empresas estrangeiras e nacionais, assim como ao aumento de utilização de produtos bancários da população;
- Especificamente no Turismo (área de formação), assiste-se a um aumento tanto ao nível do turismo de lazer;
Em 2007 Cabo Verde albergou cerca de 312.880 turistas (dos quais 45.692 internos) repartidos entre portugueses (19%), que procuram Cabo Verde no Verão, fim-de-ano e Páscoa; britânicos (14.9%) – uma recente origem – italianos (14.8%), que visitam o arquipélago ao longo de todo o ano; alemães (10%); franceses (7.6%), sobretudo no Outono/Inverno; espanhóis (2.8%), que apresentam tendência de crescimento significativa; holandeses e belgas (2.5%); americanos (1.6%); suíços (1%) e outros (25.8%), no entanto as infra-estruturas hoteleiras ainda se mostravam muito aquém da procura.
Como destino maioritariamente procurado para turismo de lazer é a Ilha do Sal que representa a maior percentagem de entradas de turistas por ilhas cerca de 61.4%, onde o valor abaixo mais significativo é representado pela Ilha de Santiago, muito justificado pela forte presença do turista de negócios e por a capital estar aí situada -19.4% (São Vicente: 7.8%; Boavista: 5%; Santo Antão: 2.4%; Fogo: 2.1%; Maio: 0.8%; São Nicolau: 0.6%; Brava: 0.5%).
Atende-se no entanto à reabilitação das estradas existentes, bem como a modernização e extensão da rede de estradas do país; sendo dado um especial enfoque à melhoria das acessibilidades rodoviárias em Santiago, Fogo, S. Antão, Brava e S. Nicolau de forma a potenciar o turismo rural nessas ilhas.
Relativamente às vias de transporte marítimo, estas são uma variável estruturante do turismo, permitindo a unificação da rede de ilhas do país no transporte de passageiros e carga, assim como aumentar o tempo de estada e a diversidade de destinos dos turistas. Deste modo, existem projectos para construções de portos em todas as ilhas (prioridade à ilha da Boavista, do Sal e do Maio devido às necessidades de transporte de carga e de passageiros, bem como o abastecimento dos estabelecimentos hoteleiros aí existentes).
Através destas medidas pretende-se uma diversificação do produto turístico, complementando o conhecido sol/praia, aproveitando a morfologia geográfica variada e o património histórico e arquitectónico, para a exploração do potencial do turismo de natureza, do turismo de circuitos (históricos e religiosos), turismo cultural e do turismo de negócios.
O objectivo é atingir 500 mil turistas até 2012 e 1 milhão até 2020, atraindo novos mercados, como os países nórdicos (Suécia, Dinamarca e Noruega) e Leste europeu (Polónia, República Checa e Rússia).
Nesta perspectiva, o Governo aposta no turismo residencial aproveitando as vantagens competitivas que Cabo Verde apresenta face a outras regiões estrangeiras, como o clima, a segurança, a acessibilidade dos preços dos lotes na costa e a hospitalidade natural. São exemplos de projectos neste segmento o Vila Verde Resort (Sal) e o Ponta da Bicuda (Santiago).
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A Ilha do Sal representa para o arquipélago de Cabo Verde um importante motor económico. É nesta ilha que se desenvolve a maior parte da actividade turística, fundamental para o balanço financeiro do país, pobre em recursos naturais e com agricultura quase vestigial.
O turismo que se tem desenvolvido no Sal é predominantemente um turismo de massas do tipo Sol e Mar.
As características da ilha do Sal que atraem o turismo são as condições climatéricas – a temperatura amena durante todo o ano – o mar de águas quentes e cristalinas e as praias. Aliás, é sabido que a beleza do destino turístico é um factor importante na sua atractividade (Holden, 2008). Ou seja, a qualidade do ambiente é um factor decisivo para a existência de turismo. Em concordância com este facto, o governo cabo-verdiano estipulou que o desenvolvimento do turismo em Cabo Verde deve ser feito de um modo sustentável.
No entanto, nem sempre é fácil conciliar o turismo e a preservação do ambiente natural. Isto torna-se ainda mais verdadeiro quando se verifica, no terreno, que o desenvolvimento turístico é feito, principalmente, através de construção desenfreada de hotéis, nomeadamente resorts, e de empreendimentos urbanísticos, cujos apartamentos se destinam à venda, como segunda residência, ou ao aluguer a estrangeiros. Não é notório o consequente desenvolvimento de infra-estruturas que permitam aumentar a capacidade da carga humana na ilha. Por exemplo, o abastecimento de electricidade na Ilha do Sal é feito através da queima de combustíveis fósseis. Se existe um pico de consumo de energia que o sistema não suporte (o que é frequente), há quebras no fornecimento de energia. Hotéis e restaurantes colmatam essas falhas utilizando geradores a gasóleo, que se revelam indispensáveis para a manutenção da actividade. Outra questão importante é a inexistência de água potável na ilha: toda a água provém de dessalinização de água do mar, o que, naturalmente, requer muita energia.
À luz da recente crise financeira mundial é já notório o abrandamento, tanto a nível da construção (por falta de financiamento), como a nível da operação hoteleira (por falta de clientes). Esta é, portanto, a altura certa para investir no melhoramento de infra-estruturas e serviços que optimizem um desenvolvimento sustentável e que garantam o apelo de Cabo Verde nos mercados dos países desenvolvidos. Serviços como o tratamento de águas residuais e a remoção de resíduos sólidos, dessalinização de água do mar e produção de energia são absolutamente indispensáveis.
A aposta nas energias renováveis é óbvia, tendo em conta o panorama actual no que diz respeito aos produtos petrolíferos e à emissão de gases de estufa. Aliás, desde os anos 60 que estudos apontam essa solução para resolver os problemas energéticos de Cabo Verde (Fonseca, 1960). O aproveitamento do vento e do sol para a produção de energia permitiria a utilização dos recursos abundantes na ilha, pois vento e sol estão disponíveis 365 dias por ano.
A vantagem na ilha do Sal, em relação às restantes ilhas, está na existência de complexos turísticos de tamanho considerável com elevadas exigências em termos energéticos. Assim, as hipóteses de investimento são várias, desde a venda de equipamento directamente aos operadores turísticos (por exemplo painéis para aquecimento de águas), passando pela produção de energia para venda directa à rede.
Só com desenvolvimento sustentável, que tenha em conta o meio ambiente, será possível a sobrevivência do turismo em Cabo Verde. As empresas que decidirem dar os primeiros passos nesse sentido encontrarão uma boa oportunidade de investimento e estarão a contribuir para a preservação de um bem que não poderá ser substituído – o mar de Cabo Verde.
- Fonseca, Humberto (1960) Considerações sobre a problemática das crises em Cabo Verde. Revista da Junta de Investigações do Ultramar.
- Holden, Andrew (2008) 2ª ed. Environment and Tourism, Routledge, Oxon, UK.
Diogo Costa | C13
Mota-Engil Engenharia e Construção, S.A.
Cabo Verde
O arquipélago de Cabo Verde, situado na zona saheliana, região palco de longos períodos de seca, levou á criação nas Nações Unidas, do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, após, entre 1968 e 1974, se terem vivido nesta região situações de extrema fome.
Constituído por 10 ilhas, Cabo-verde é conhecido pelas suas bonitas praias e elevadas temperaturas, condições excelentes e fundamentais para a promoção de uma das suas principais actividades económicas, o turismo.
As estações do ano, que são fundamentalmente duas, as-águas, com pluviosidades geralmente fracas e irregulares, e as secas ou tempos de brisa, muito atractivas para os visitantes, traduzem uma realidade bem diferente nas populações locais que, para além de terem que lidar com a escassez de água, vivem em condições de alguma ou mesmo extrema pobreza e isolamento, sendo assim incapazes de criar, sozinhos, mecanismos de combate ou mitigação deste problema.
Os problemas provocados pelas chuvas têm levado à necessidade de estudar e arranjar soluções sustentáveis e integradas para lidar com os diferentes problemas relacionados com a água. De facto, a irregularidade da duração do período das chuvas, conjugada com os picos de precipitação particularmente fortes, leva à existência de dois âmbitos distintos de actuação. Se, por um lado, existe a necessidade de reter e armazenar as águas, numa perspectiva de criação de reservas estratégicas de água para fins agrícolas e/ou domésticos, não menos importante é também a necessidade de controlar a erosão, através de medidas de controlo da intensidade e violência dos caudais gerados na época das chuvas.
Neste âmbito, existem já alguns projectos em curso financiados por diversas instituições estrangeiras ou internacionais, com especial referência para o Banco Africano de Desenvolvimento, coordenados por diferentes Ministérios, com o objectivo de levar a cabo a construção de diques para corrigir o escoamento, diminuindo a erosão e estabilizando os terrenos; e diques de captação de água, com o objectivo da criação de reservas.
Devido ao carácter específico deste bem comum e vital, aliado á escassez e morosidade de financiamentos, estratégias de desenvolvimento a longo prazo, deverão ser pensados de uma forma mais integrada, sustentável e adaptada à realidade específica urgente e local das populações.
Assim, o envolvimento mais activo das populações locais, quer nas fases de ante-projecto (fase fundamental para definição de necessidade e prioridades) e execução, quer nas fases posteriores de manutenção dos equipamentos, poderá ser uma boa aposta de negócio, ou melhor ainda, de negócio com objectivos sociais. De facto, as populações mais isoladas e dispersas, com especial ênfase nas residentes nas zonas das ribeiras, são populações humildes e pobres. Pondo em prática uma ideia bastante actual, que assenta no princípio de dar poder de decisão e de cooperação às populações, através de uma participação pública activa, seria possível responder às necessidades mais básicas e urgentes das mesmas, através de projectos de dimensão mais local, e por isso mais adaptados á realidade. A ideia base da iniciativa seria o envolvimento da comunidade local, nomeadamente escolas, universidades, centros de formação, associações de Munícipes, entre outras, a custo zero ou muito reduzido, para a construção de infra-estruturas para beneficiar a mesma.
Para além disso, envolvendo as entidades com poder de decisão na gestão dos recursos hídricos da região, promover-se-ia o sentido de cooperação - união, no sentido do bem comum.
Não podemos, no entanto, ignorar o contexto cultural do país, com fortes raízes na Africa Continental, e onde a escala/raio de relacionamento do individuo, não vai muitas das vezes além da comunidade onde vive. Para além disso, os baixos níveis de educação, em especial das populações mais isoladas, poderão apresentar alguma resistência a este conceito de cooperação. Assim, não seria de esperar uma aceitação imediata do conceito, podendo demorar bastante tempo até que houvesse abertura ao mesmo, não só por parte das populações, mas também das entidades com poder de decisão na gestão dos recursos hídricos.
Por estas razões, a aposta nesta actividade/negócio teria que ser conduzida por uma empresa já com alguma capacidade de investimento a longo prazo, também numa perspectiva de responsabilidade social.
Com iniciativas deste género, seria possível combater um pouco um fenómeno que tem vindo a acontecer em vários países em desenvolvimento, nomeadamente, o desenvolvimento de projectos completamente desenquadrados da realidade local, desproporcionados. Da mesma forma, potenciar-se-ia a redução da morosidade dos financiamentos e criar-se-ia, na comunidade, um sentimento de pertença, protecção e estima do equipamento construído.
Bruna Galante Santos | C12
Efectivo Consultoria e Investimentos
Cabo Verde
O potencial de Cabo Verde para o desenvolvimento do Turismo, está directamente ligado às boas condições geográficas, humanas, culturais, climatéricas e paisagísticas, associadas à ausência de conflitos políticos e étnicos ou religiosos.
O actual Plano Nacional de Desenvolvimento considera o Turismo como uma das prioridades do Governo, e tem como objectivo criar uma imagem de marca forte e competitiva.
A procura de Cabo Verde como destino turístico aumentou 11,2% em 2007, face ao ano anterior (INE). Entraram nos estabelecimentos hoteleiros de Cabo Verde 312,880 hóspedes, contra os 280,582 de 2006, totalizando 1.432,746 dormidas, mais 4,7% do que em 2006. Sendo certamente o mercado da Macaronésia com mais possibilidades de crescimento, a diversidade do seu território, oferece conjuntamente; Turismo de Sol e Mar, Turismo Cultural e Turismo de Montanha, tornando este pais africano numa enorme e prometedora potência turística.
O Turismo é já considerado o “Petróleo” de Cabo Verde, pelo que se torna imperativo tornar esse “petróleo” renovável, e para isso é imprescindível que se adopte uma estratégia turística sustentável, que envolva responsabilidade social, e um forte comprometimento com o meio ambiente, integrando a população local.
A promoção deverá adoptar uma perspectiva de longo prazo, assente numa estratégia turística ecologicamente equilibrada, numa eficiência económica e numa equidade social. A problemática do ambiente, deverá ser entendida no seu sentido mais amplo, englobando tanto a perspectiva preservacionista como a do desenvolvimento sustentável.
Cabo Verde criou um código de Conduta do Turismo Sustentável, definindo objectivos na Gestão de Recursos e na competitividade do sector. Mas para além da criação de legislação, será necessário que haja capacidade de execução e de fiscalização, bem como um compromisso moral e ético que vá além das leis que regulam esta actividade.
Não se deve esquecer que o turismo é muito mais que uma indústria de serviços, trata-se de um fenómeno com repercussões significativas no meio natural e construído e também no bem-estar cultural das populações receptoras.
A aposta no Turismo Sustentável é, claramente vantajosa para Cabo Verde, tanto para o ambiente como para as populações, pois para além de fomentar a compreensão do impacto do Turismo, também evidência a necessidade de adopção de estratégias de planeamento e ecoturismo, nomeadamente a nível das infra-estruturas.
A utilização sustentável dos recursos associada a uma política racional de conservação desses mesmos recursos, são pré-requisitos essenciais à sua plena exploração. No caso particular do turismo, é essencial apostar num desenvolvimento sustentável.
Entre as medidas mais urgentes estão: a economia da água e a sua reutilização, gestão de recursos energéticos, exploração das energias renováveis, tratamento de resíduos sólidos e líquidos, optimização dos recursos ambientais e naturalmente a consciencialização da população.
Pesquisas recentes demonstram que os turistas escolhem os seus destinos de férias sobretudo com base no Clima, segurança, acessibilidade e preço, porém critérios éticos como a consciência ambiental e as condições de trabalho assumem cada vez mais importância nessa decisão. A tendência é que esses critérios ganhem cada vez mais importância, pelo que a oferta turística deverá adaptar-se a estas novas premissas.
De acordo com a ONOTUR – Câmara de Turismo de Cabo Verde, que se assume como entidade promotora de um turismo sustentável, “os critérios éticos, sociais e ambientais são cada vez mais um factor de decisão para os consumidores do Turismo, em especial os mais esclarecidos, que buscam a qualidade nas suas múltiplas facetas”.
Cabo Verde encontra-se actualmente no momento em que pólos de atracção turística como as Canárias, se encontravam á 20 anos.
Será Cabo Verde capaz de atingir os limiares do exponencial turístico sem incorrer nos mesmos erros que assolam actualmente as Canárias?
Será Cabo Verde capaz de aproveitar a oportunidade de aprender com as fragilidades do Passado? Com os erros de outros? Será Cabo Verde capaz de avançar com uma proposta real e eficaz, salvaguardando o turismo sustentável? Será que todas as ilhas irão sofrer a descaracterização que sofreu o Sal, nomeadamente a Vila de Santa Maria?
A população local deveria ser a primeira a usufruir do Turismo, com a melhoria das suas condições de vida através da criação de instalações de saúde, educação, arborização, estradas, emprego, etc. Isto seria parte dos “dividendos” de um turismo sustentável. Será que é isto que se passa na Ilha do Sal, a mais turística do Pais? Será isto que se irá passar na Ilha da Boa Vista? Será que a Ilha da Boa Vista irá seguir o modelo de turismo massificado, desordenado, descaracterizado e Insustentável do Sal?
Mais alarmante que isso, será que a Ilha da Boa Vista já não está a seguir esse modelo? Infelizmente, tudo indica que sim. Muito em breve irá ser inaugurado mais um MEGA Hotel, que no Pico do Verão terá diariamente quase metade da população da Boa Vista, o que somado aos hóspedes dos restantes hotéis da ilha, irá totalizar mais turistas que residentes.
Teoricamente até seria bom para a economia local, mas na prática as receitas provenientes do turismo quase nem chegam a sair do hotel, já que à semelhança do que acontece em muitos dos hotéis do Sal, este irá funcionar em regime de “all inclusive”.
Lamentavelmente o impacto que uma infra-estrutura destas proporções terá na vida local, será devastador, não só a nível ambiental, como também a nível social.
O Hotel irá situar-se na primeira linha costeira, destruindo Dunas que deveriam ser intocáveis. Como acontece no Sal, também aqui não há qualquer tipo de preocupação ecológica. A Boa Vista é o local procurado por centenas de Tartarugas Marinhas para a desova. Estas Tartarugas encontram-se actualmente em vias de extinção. Será que este tipo de Turismo não irá ter consequências também neste campo? Seria mais vantajoso para Cabo Verde a adopção de um Turismo de Qualidade em detrimento do actual modelo virado para o turismo de massas, de quantidade.
O Turismo Sustentável é uma excelente fonte de receitas e desenvolvimento, Cabo Verde não deve desperdiçar todo o seu potencial num turismo que beneficia unicamente um grupo restrito de indivíduos e grupos económicos.
Relembrando a conhecida equação do Eco-desenvolvimento discutida no âmbito da conferência de Estocolmo, trata-se de reafirmar a pertinência do triângulo “economia”, “ambiente” e “sociedade”, ou seja, na adopção de uma política de Turismo Sustentável, deverão ser implementadas estratégias de desenvolvimento economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente justas.
Márcia Marques
Consulgal
Cabo Verde
Cabo Verde, arquipélago de 10 ilhas de clima subtropical e, com uma situação geográfica estrategicamente favorável, depara-se com problemas ambientais graves por resolver.
Este arquipélago, de uma maneira geral, é caracterizado por ter pobre flora e fauna, pois cerca de metade das espécies aqui presentes, foram introduzidas pelo Homem. Apesar da grande diversidade estrutural, que as várias ilhas apresentam entre si, pode dizer-se que ao nível de recursos imediatos, Cabo Verde é pobre.
Na cidade da Praia, sita na ilha de Santiago e capital do País, onde me encontro, os problemas de resíduos são evidentes e uma preocupação constante. Um factor notório é a falta de educação, que se evidencia a cada passo que se dá nos passeios da cidade, é o lixo que se acumula por todo o sitio, sem qualquer tipo de cuidado de deposição. Um grave problema se depara desde logo neste primeiro item, pois não existe qualquer cultura a nível de deposição do lixo no contentor. Claro está que, tendo este cenário, a separação de resíduos em ecoponto ainda é uma miragem pois também não existe qualquer tipo de infra-estruturas para que possam suportar essa politica de separação (falo de aterros, incineradoras, unidades de transformação de resíduos, etc.).
Outro problema grave é relativo à escassez de água e à má politica de gestão de recursos hídricos. País com muito pouca pluviosidade e sem qualquer tipo de reserva aquífera, vê-se obrigado a recorrer à dessalizinação da água. No entanto o abastecimento continua a ser pobre e não adequado às necessidades da população. É comum, nos meses de maior movimento, algumas localidades da capital, ficarem sem água vários dias seguidos. Apesar da limitada pluviosidade é possível fazer o armazenamento quando esta ocorre. Certamente diminuiria a necessidade de recorrer à dessalinização e compensar as faltas de água que existem.
Enumero também, o problema da intervenção costeira sem qualquer tipo de proibição. Vários empreendimentos turísticos e particulares, se podem ver em cima da encosta a escassos metros do Mar. Apesar de não existirem aqui ecossistemas moveis como é o caso das dunas, problemas de suporte, poderão sentir-se, visto que areia que em tempos existiu na praia, tem vindo a ser extraída para construção de casas pelas mãos do povo. Aliado a este facto temos o DESordenamento do território. A construção é desmesurada, sem qualquer tipo de planeamento e adequação ao local onde se encontra. É verdade que a Cidade da Praia é uma cidade em desenvolvimento e o spot dos empresários que muito têm investido em Cabo verde, mas o caminho que leva a construção, tornará esta cidade completamente descaracterizada das suas raízes e realidade.
A energia e grande dependência de electricidade importada, faz com que seja um dos grandes pesos do Governo Cabo-verdiano. A factura é de tal maneira alta que muitas instituições públicas têm dívidas à operadora eléctrica “Electra”. Assim, sendo este também um problema, dever-se-ia pensar em energias alternativas para abastecimento da ilhas. Energias alternativas e renováveis são o caminho comum de um mundo mais sustentável e Cabo Verde terá de investir. Energia eólica, energia de marés, deverão ser temas da ordem do dia e que deverão ser e rapidamente implementadas. A grande despesa energética do estado e consequentemente do povo, desceria drasticamente e a nível ambiental seria uma intervenção louvável.
Estes, são alguns dos problemas ambientais com que este País se depara. É harmonia social, económica e ambiental que caracterizam a SUSTENTABILIDADE. Cabo Verde, rapidamente terá de pensar e agir e potenciar-se no mundo como um destino agradável, sem lixo, sem falhas de luz e água e com identidade. Turismo sustentável, consciencialização ambiental e EDUCAÇÃO, terão de ser promovidos, com toda a força.
Só assim Cabo Verde continuará a fazer jus à cor do seu nome.
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