Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

Flash Back

Coreia do Sul

Em 2000, Nuno Fonseca - C3, escrevia sobre a Coreia do Sul. Um olhar diferente, um ano diferente, um país e cultura diferentes. Ao longo das onze edições do programa, não foram muitos os que tiveram o privilégio de conhecer por dentro esta cultura tão diferente da nossa.

 

Já são poucos os Coreanos que se lembram de uma portuguesa chamada Rosa Mota que, um dia, ganhou a medalha de ouro da maratona nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Mas, foi mais uma vez o desporto a despertar o interesse do povo Coreano nesse país que lhes fica tão distante chamado Portugal. No Verão de 2000, não havia um único Coreano fã de desporto que não soubesse pronunciar nomes como Figo, Nuno Gomes ou Sérgio Conceição, resultado da boa prestação da selecção nacional no Campeonato Europeu de Futebol. Mais uma vez, como em tantas outras ocasiões, o futebol, paixão do povo Português, foi o nosso embaixador em terras tão distantes como a Coreia do Sul. Cada vez que me apresentava como Português, a reacção era invariavelmente a mesma: "Portugal? You play good football! Figo is a great player!". Quanto mais não seja, as nossas vitórias futebolísticas despertavam a curiosidade Coreana para saber mais coisas sobre o nosso pequeno rectângulo plantado no Sul da Europa.

 

Uma das características que os Coreanos associam ao "ser português" é a ideia de tristeza e nostalgia, muito por via de algum sucesso que o Fado obtém e que é das poucas expressões culturais portuguesas a que a Coreia do Sul vai tendo acesso. Não é, pois, de estranhar que para um Coreano seja estranho que afinal os Portugueses sejam um povo que gosta de se divertir e, especialmente os Portugueses mais jovens, passem noites inteiras em bares e discotecas. Em suma, os Coreanos ouvem Madredeus ou Dulce Pontes e generalizam, idealizando um povo Português que passa a maior parte do seu tempo, triste.

 

Existem, porém, Coreanos que conhecem muito bem Portugal e que têm a sua própria ideia do "ser português". Refiro-me aos cerca de 500 estudantes Coreanos que se dedicam à aprendizagem da língua de Camões. Alguns, para além dos anos de estudo na Coreia, tiveram breves passagens por cidades como Lisboa, Coimbra ou Porto, com o objectivo de aprimorarem ainda mais o seu domínio da língua Portuguesa. Esta situação só não se tornou mais estranha, pois desde cedo contei entre as minhas amizades com alguns deles, cuja fluência na nossa língua chega a níveis elevados. Para estes, o Português é uma pessoa simpática, extrovertida e que gosta do seu país e de o mostrar a quem o desconhece. Não devemos confundir esta ideia com um patriotismo exacerbado, algo que está bem mais próximo da realidade Coreana.

 

Creio poder afirmar que tanto o povo Português como o Coreano se desconhecem mutuamente, mas provavelmente há mais curiosidade da nossa parte do que da deles

 

publicado por visaocontacto às 18:00
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Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

Aspectos relevantes de uma presidência portuguesa. Desafios e oportunidades.

   João Ramalheira, Delegação Seul, Coreia do Sul.

 

 

 

Com uma População de 49 milhões de habitantes, a Coreia do Sul é a 12ª maior economia do mundo (3ª maior da Ásia logo atrás da China e do Japão). Desde 1945, após a 2ª Guerra Mundial, a Península da Coreia ganhou a sua independência face ao Japão, ficando a parte Norte sob um regime comunista apoiado pela União Soviética, e a parte Sul apoiada pelo Estados Unidos da América. Isto resultou na Guerra da Coreia de 1950 a 1953. Nesse ano foi assinado um armistício, ficando a Coreia dividida em duas partes, considerando a linha imaginária do paralelo 38.

 

Depois de atingida alguma estabilização, a Coreia do Sul alcançou um rápido crescimento económico, atingindo a sua população um elevado nível de literacia, traduzido pela percentagem de 98%, e cujos utilizadores de Internet já ultrapassam os 35 milhões, dando bem uma ideia do potencial intelectual do país.

Com um sistema semi-presidencialista, e integrando o chamado clube dos Tigres Asiáticos, o forte crescimento económico sul coreano em muito se deveu à exportação de produtos manufacturados, contribuindo bastante para esse facto a normalização das relações com o Japão, um dos seus principais clientes, em 1965.

O modelo de encorajar o crescimento de grandes companhias a nível internacional através de financiamento fácil e de bons incentivos fiscais, levou à criação de grandes conglomerados familiares, também conhecidos como Chaebol, em que alguns se tornaram grandes potências internacionais, como é o caso de empresas como a Hyundai, Samsung, LG e Daewoo.

Em simultâneo, verificava-se a expansão não só da indústria pesada, mas também a da alta tecnologia, tornando o país fortemente competitivo em sectores como a electrónica, telecomunicações, indústria automóvel, indústria química, construção naval e indústria do aço.

Como um país 75% montanhoso, e cuja única fronteira terrestre, se situa a norte, precisamente com a Coreia do Norte, a Coreia do Sul foi obrigada a desenvolver uma forte indústria portuária, que faz com que este país possua um dos portos mais avançados e desenvolvidos do mundo, referindo como principais, Busan e Incheon. Em Incheon de resto, é onde também se localiza o aeroporto mais importante do país, e um dos mais modernos e movimentados do mundo.

Gozando de uma total democracia moderna, e ultrapassada a crise que enfrentou no final da década de 90, o cenário económico actual caracteriza-se por uma inflação moderada, baixo nível de desemprego e um saldo excedentário da balança comercial derivado das suas elevadas exportações.

Por tudo isto, a Coreia do Sul, é sem dúvida um mercado que não deve ser de todo descurado, como tem acontecido mais recentemente, em que todas as atenções se têm virado para a China. Os consumidores sul coreanos, possuem um apetite formidável para tudo o que é novidade e que alcançou sucesso no mundo ocidental. Habituados a terem o vizinho Japão sempre um passo mais à frente, no que respeita ao sector do luxo, a classe média-alta e classe alta coreanas não se inibe quando tem de comprar um produto luxuoso e que lhe permite atingir um estatuto social mais elevado.

 

Portugal tem vindo, ao longo dos últimos anos, a exportar produtos de bastante qualidade para a Coreia do Sul, seja no sector dos vinhos, calçado, têxtil, cortiça, tapeçaria, produtos alimentares, entre muitos outros, por vezes bem melhores do que os produtos dos nossos vizinhos e concorrentes europeus como Espanha, França, Itália ou Alemanha. O único grande problema em que Portugal perde para estes países é a nível do marketing. Estes países, através de exposições, eventos e acções de marketing bem conseguidas, conseguem aquilo que é factor capital para este mercado, a notoriedade.

Conseguir captar a atenção dos consumidores coreanos, é factor crucial para alcançar o sucesso porque, para os consumidores, um produto que é bem promovido, que goza de estatuto, e que tem sucesso nos mercados ocidentais, é um produto que eles vão querer por certo adquirir. Porém, um produto que até seja de melhor qualidade, mas que não seja promovido, nunca conseguirá atingir o sucesso pretendido.

 

Deste modo, o facto de Portugal assumir a presidência da União Europeia nos próximos 6 meses, é um factor que pode ser usado como um meio extraordinário de publicitar o nosso país, a nossa indústria e o nosso comércio, pelos inúmeros eventos nos quais Portugal vai participar e que se traduzirá em mais tempo de antena, sendo uma óptima oportunidade para proceder a uma série de eventos promocionais das marcas portuguesas.

Se nos meios políticos e económicos este facto é conhecido, a população em geral desconhece esse facto. Seja em grandes ou pequenas delegações, espalhadas por esse mundo fora, o importante é efectuar eventos promocionais e, neste caso particular da Coreia do Sul, ganhar entre os consumidores com grande apetite consumista, um pequena quota de mercado pela notoriedade da qualidade dos produtos portugueses, porque percepção da marca Portugal já eles têm, citando por exemplo, o futebol, factor esse que poderia também ser usado pelas marcas como forma de introdução ou de expansão de produtos no muito desenvolvido e próspero mercado sul coreano.

A Presidência Portuguesa é uma oportunidade para uma promoção em massa do país, porque, e usando um ditado popular, “quem não é lembrado, não é falado.”

É tudo uma questão de marketing!

               

                                               

 

 

 

 

publicado por visaocontacto às 17:02
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