Domingo, 5 de Julho de 2009

Barack Obama – Savior or Puppet Edit

 

 
Telmo Agostinho | C13
 
Cisco Systems
Milpitas, CA | USA
 

Barack Hussein Obama foi eleito o 44º Presidente dos Estados Unidos da América a 4 de Novembro de 2008. É o primeiro presidente afro-americano da história americana e também o primeiro novato na política nacional americana a consegui-lo na primeira tentativa. Apelidado como o Salvador, a sua eleição veio, nesta altura de crise, encher os americanos, e também o resto do mundo, com esperança e crença num futuro melhor. Mas será ele o salvador que todos esperam, ou será apenas mais uma marioneta levada ao colo até ao poder por quem realmente manda no governo americano? A marioneta com uma cara carismática, o ar simpático e de confiança, que os americanos pediam nesta altura, em que o país estava à beira do colapso financeiro e de uma pseudo-revolução?

 

Em 1913, o poder monetário do país foi retirado do povo americano através da execução do Acto da Reserva Federal, dando assim ao Federal Reserve Bank (banco privado não controlado pelo governo americano) o poder de decidir qual o uso a dar ao dinheiro do país. Os actos executados pelo Federal Reserve Bank foram a principal causa das maiores crises financeiras do último século, assim como da Grande Depressão dos anos 30. A 4 de Junho de 1963, John Fitzgerald Kennedy, o então presidente dos Estados Unidos, tentou retirar esse poder monetário das mãos dos grandes banqueiros e devolvê-lo ao povo americano ao assinar a Executive Order 11110. Esta acção falhou depois da sua morte e muitos julgam ser esta a razão que levou ao seu assassinato. Desde então, nunca mais os Estados Unidos tiveram um verdadeiro presidente. Todos os que lhe sucederam foram apenas fantoches/marionetas, colocados no poder pelos líderes das grandes corporações que mandam no mercado financeiro mundial. E o actual presidente, será diferente?

 

Numa altura em que o Congresso Americano apresentava uma taxa de aprovação de 9%, surge  Barack Obama prometendo mudança. Mas ninguém disse que a mudança era para melhor, pelo menos para o povo americano não foi. O dinheiro que ele injectou no mercado foi direitinho para os cofres dos bancos principais, que o usaram depois para comprar, ao preço da chuva, os outros bancos, empresas e seguradoras que estavam à beira da falência. E é estranho, porque esse dinheiro veio do Federal Reserve Bank, que é comandado, na maioria, pelos donos desses grandes bancos. Ele prometeu retirar as tropas do Iraque mal começasse o seu mandato, depois adiou essa acção para 6 meses e depois para 16. Agora já diz que vai deixar 50 mil soldados no Iraque por tempo indeterminado e que vai mandar mais 30 mil para o Afeganistão (as guerras são sempre feitas para manter e não para acabar). Tudo isto só alimenta e enriquece todo o complexo militar industrial. Prometeu fechar a prisão de Guantanamo para depois assinar uma ordem executiva a dizer que estava a pensar em fechar a prisão mas que, até ver, não iria ser feita qualquer acção nesse âmbito, continuando assim o governo americano a praticar as Renditions. Prometeu, também, dar um período de espera de 5 dias entre a proposta de uma lei e a sua votação para dar tempo de análise ao Congresso e ao povo americano, e aprovou a injecção de dinheiro uma hora depois de a proposta ser apresentada, alegando urgência máxima. Prometeu ainda ter uma administração livre de lobbyists e doadores de dinheiro de campanha e fez o oposto, após ser eleito. A grande maioria do seu corpo administrativo é composto por lobbyists de Wall Street. Aliás, o actual Secretário da Tesouraria é o ex-presidente do Federal Reserve Bank de Nova Iorque. Além disto tudo, continua a apoiar o Patriot Act iniciado pelo George Bush e tem, ainda, a Directiva 51 que lhe dá um estatuto muito próximo de ditador se alguma vez for declarada uma emergência nacional catastrófica.

 

Numa sociedade mundial onde manda o imperialismo monetário e onde, cada vez menos, o povo é quem mais ordena, é difícil confiar nas acções políticas e sociais implementadas pelos líderes mundiais. Resta-nos analisar, por nós próprios, todos os factores e variáveis que nos rodeiam, tirar as nossas próprias conclusões e ver além do que nos mostram os media.

 

Carta de 1802 para Albert Gallatin (Secretário Nacional da Tesouraria):

“I believe that banking institutions are more dangerous to our liberties than standing armies. If the American people ever allow private banks to control the issue of their currency, first by inflation, then by deflation, the banks and corporations that will grow up around [the banks] will deprive the people of all property until their children wake-up homeless on the continent their fathers conquered. The issuing power should be taken from the banks and restored to the people, to whom it properly belongs.”

Thomas Jefferson
3º  presidente dos Estados Unidos da América (1743 - 1826)

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Segunda-feira, 22 de Junho de 2009

Parte do rosto de Portugal: Holanda

 

Ana Luísa Fonseca | C13
Aicep Portugal Global
Haia, Holanda

 

A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP Portugal Global) tem escritórios que representam o país em todo o mundo – daí a indicação Portugal Global. O grande valor desta realidade é o facto de Portugal se tornar globalmente presente, participando em eventos locais e conseguindo contactos que lhe abram portas para novos projectos. É aquilo que popularmente chamamos de estar no sítio certo à hora certa.
 
Se um holandês quiser importar um produto português, pode (à partida) ter dúvidas quanto ao produto ou relativamente à escolha mais acertada para o seu interesse. A título exemplar, e de grande importância nas relações comerciais entre Portugal e a Holanda, aparece-nos o vinho. Imaginando que um holandês pretende importar vinho português, surgem-lhe algumas perguntas; por exemplo: que vinho escolher, com quem contactar ou qual a legislação a ter em conta. Entrará, em princípio, em contacto com a Aicep, seja porque conhece as suas competências, seja porque para aí é orientado pelos serviços diplomáticos e consulares. A Aicep é, verdadeiramente, parte do rosto de Portugal para os holandeses.
 
A Aicep também apresenta iniciativas de captação de investimento, que se traduzem em dois modos de actuação:
 
- Antes de mais, a aproximação pode ser feita através de uma abordagem directa das empresas potenciais. Esta abordagem é feita após uma pesquisa exaustiva daquelas que são potenciais investidoras, através de alguns critérios como a dimensão da empresa, o facto de já investir no estrangeiro (ou de demonstrar interesse nesse sentido) e a dedicação a sectores que interessem a Portugal. Esta abordagem é feita, primeiramente por escrito e, eventualmente, de forma pessoal. Não podemos esquecer que tratando-se de empresas de grande dimensão, se torna muito complicado chegar a uma efectiva conversação com os responsáveis;
- Outro modo de acção possível é a representação de Portugal em eventos (por si  ou por outrem organizados) onde possam estar presentes potenciais empresas, para aí divulgar o país e as suas potencialidades e conseguir contactos que permitam desenvolver projectos futuros, em Portugal. Porém, para que isto aconteça são necessárias condições, principalmente, orçamentais. Sem estas participações ou mesmo a organização destes eventos, e ficando os pontos de rede confinados ao trabalho que vai aparecendo na secretária, a Aicep no mundo perde grande parte do seu potencial. Afinal, vivemos tempos dominados pela internet e pela informação à distância de um clique em que apenas a presença física das pessoas nos diversos eventos ainda vai sendo insubstituível.
 
Em relação à internacionalização do tecido empresarial português, podemos afirmar que, em fases críticas, como a que vivemos actualmente, sendo as verbas disponíveis muito inferiores ao que seria necessário para levar a cabo as boas intenções existentes, aquilo que a Aicep apresenta de fundamental e precioso é o know how dos seus funcionários. A mais-valia dos pontos de rede é, nas palavras de um deles, o conhecimento do mercado e a bagagem de contactos. Neste campo, grande parte do trabalho da Aicep passa pelo chamado lobby, que foi sendo construído através de campanhas de divulgação - organização de eventos, viagens a Portugal (nomeadamente para jornalistas), entre outros.
 
Hoje em dia, devido à escassez de verbas e consequente escassez de iniciativas promocionais da Aicep, este lobby vai, naturalmente, perdendo força. Muito do que ainda vai subsistindo deste lobby explica-se pelas iniciativas de outrora e pelas boas relações que foram ficando mas que também se vão perdendo (e a verdade é que, com estas perdas, muito perde o país). É importante não esquecer que os restantes países têm continuado a investir em campanhas de divulgação e, com estas, vão puxando para si preciosos contactos que procedem ao investimento e à promoção do país em causa.  
 
Em conclusão, Portugal é um país com grandes potencialidades e os estrangeiros que as conhecem, apostam nelas. O grande problema é que a maioria dos estrangeiros as desconhece, nomeadamente pela falta de divulgação de que padecem. A concorrência é grande demais para nos darmos ao luxo de esperar que os investidores venham ter connosco. Com a Aicep, temos o conhecimento dos mercados estrangeiros e os contactos ideiais dentro destes mercados. Isto leva-me a pensar: até onde iria Portugal se a Aicep tivesse verbas suficientes para investir? Com o reconhecimento estrangeiro da qualidade que temos, não cresceria apenas a economia mas também o orgulho e a motivação dos portugueses. O orgulho em ser português hoje, deixando de centrar tal orgulho nos feitos passados, e, por conseguinte, a motivação desejável para melhorar e aumentar as suas relações comerciais externas.

 

 

 

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Segunda-feira, 25 de Maio de 2009

Crise I: quais as oportunidades para as empresa nacionais na Bay Area californiana?

Carlos Marques | C13

Dassault Systemes Simulia Corporation

Fremont  | E.U.A

 

 As empresas nacionais que se insiram no perfil de criação de valor acrescentado através de tecnologias inovadoras e produtos diferenciados, terão sempre um espaço a ocupar no enorme mercado dos EUA e em particular na Califórnia, onde há exemplos concretos a comprová-lo.

Em áreas tão díspares como a concepção de software, passando pela produção de fibra óptica até às energias renováveis, há empresas portuguesas e empreendedores lusos a ter sucesso nas suas iniciativas de internacionalização na costa oeste dos Estados Unidos. É mesmo possível encontrar alguns deles no Little Portugal de San José a saborear deliciosos pratos da gastronomia lusa ao almoço na última quinta-feira de cada mês no insuspeito Trade Rite!

 

Contudo, há um reparo a fazer: falta sangue novo para impulsionar novas histórias de sucesso por estas bandas. Os exemplos citados referem-se a empreendedores pioneiros do século XX, profissionais que se instalaram em Silicon Valley há bem mais de vinte anos e que aqui constroem carreiras recheadas de êxito. Alguns deles foram inclusive “comprados” por concorrentes locais de maior dimensão, acabando por ser esta a melhor evidência da sua capacidade e do seu sucesso. Mas, é necessário que venha uma nova vaga lusa de empreendedores que traga consigo algo a oferecer e que aproveite as oportunidades que brotam na economia da Bay Area.

 

Outros sectores de actividade teriam condições para vencer, desde que devidamente apoiados e sustentados numa boa cadeia de distribuição e numa eficaz gestão da estrutura de custos. Falamos da gastronomia e restauração em geral e dos vinhos em particular.

Um longo caminho haverá com certeza a desbravar, principalmente no que diz respeito a algum proteccionismo vigente face aos produtos agrícolas nos Estados Unidos, mas o fundamental está nas nossas mãos: o saber fazer vinhos de qualidade com castas de enorme potencial. Temos ainda a vantagem de ter, no nosso vastíssimo catálogo de produtos vinícolas, alguns néctares bem semelhantes aos vinhos da Califórnia, em especial nos tintos maduros, o que se pode traduzir numa vantagem junto do consumidor que está fidelizado a este produto, uma vez que o vinho local é vendido a um preço  elevado ou muito elevado, dependendo do productor e do local de compra (ao contrário de outros estados, na Califórnia  é possivel comprar bebidas alcoólicas nos supermercados). Contudo, é necessário apostar muito mais na divulgacao junto dos profissionais e do consumidor final, o que felizmente comeca a suceder: dia 16 de Abril irá decorrer em San Francisco a 3ª Grande Prova de Vinhos de Portugal, organizada pela ViniPortugal.

 

Merecedor de atenção redobrada deverá ser o sector dos serviços, onde em algumas aplicações temos soluções tecnologicamente mais avançadas do que aquelas que se podem encontrar no oeste americano, como são os casos das portagens, serviço ATM e as telecomunicações, e que, por isso, poderiam perfeitamente procurar ocupar um papel de destaque face às características únicas que possuem, a competência do serviço e a eficiência da sua performance.

 

Em síntese, temos as competências e o know-how para competir aqui, faltando em alguns casos escala, experiência e vontade de correr riscos para avançar com uma entrada no mercado americano. Noutras situações, o puro desconhecimento e uma dose de ignorância impedem passos mais arrojados na direcção da internacionalização.

 

De qualquer forma, a solução passará por parcerias locais, totalmente conhecedoras das condições no terreno e possuidoras de redes de distribuição plenamente implantadas, deixando espaço e recursos libertos para as empresas lusas poderem trabalhar e aperfeiçoar os seus produtos.

 

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Crise II: quais as oportunidades que se apresentam aos americanos?

Carlos Marques | C13
 
Dassault Systemes Simulia Corporation
Fremont  | E.U.A

 

Ao lançar esta questão à minha recém-formada network californiana retive um certo receio no futuro que se avizinha, o que me surpreendeu, em virtude do espírito easy going típico destas paragens. Se há oportunidades a aparecer, este conjunto de californianos, por nascimento ou adopção, não as consegue divisar num horizonte próximo.

Um sentimento latente de algum pessimismo atravessa a amostra auscultada pelo autor: homens e mulheres, jovens e séniores, trabalhadores do sector público ou privado, nacionais ou estrangeiros. Ouvem-se, volta e meia, frases como “o pior ainda está para vir” ou “vão ser necessários dez anos para compôr o que se estragou em dez meses”.

 

Face às baixas taxas de juro actualmente praticadas pela FEDReserva Federal Americana – e a enorme quantidade de dinheiro que está a ser, e irá continuar a ser, injectado na economia dos EUA, o comum californiano está preocupado com um fenómeno de recrudescimento da inflação. Por outro lado, é verdade que com o dólar americano a enfraquecer nos mercados internacionais, os produtos “made in USA” serão mais competitivos face aos seus concorrentes e a porta das exportações estará aberta para permitir a entrada de dinheiro fresco nos abalados cofres das empresas norte-americanas, afectadas na sua generalidade pela desaceleração do consumo interno desde o terceiro trimestre de 2008.

Mas quem pensa assim desengane-se: o elevado valor da mão-de-obra nos EUA em comparação com os preços praticados na China, Índia e Sudoeste Asiático tornam a opção da manufacturação intensiva inviável para dar a volta a crise. A elevada percentagem de desempregados no estado da Califórnia, actualmente na casa dos dois dígitos, apenas vem sublinhar a situação difícil que se vive na costa do Pacífico. 

 

Assim, é preciso olhar para o outro topo da pirâmide e verificar que o investimento em produtos de elevado valor acrescentado, em particular de alta tecnologia, será a solução mais consensual para colocar os EUA de novo nos carris.

Para tal, um investimento forte deve ser canalizado para a formação de recursos humanos em áreas tecnológicas, e este representa o primeiro obstáculo a ser ultrapassado: os americanos que seguem para um curso superior universitário fazem-no maioritariamente nas áreas de leis e negócios. A apetência para as engenharias e matemáticas tem-se deteriorado dramaticamente ao longo das últimas décadas, chegando-se ao ponto de a grande maioria dos alunos de mestrado e doutoramento em ciências aplicadas nas universidades americanas serem estrangeiros. O próprio presidente Obama alertou recentemente para a necessidade do país formar mais gente em áreas técnicas, produtivas e criativas.

 

Isto também se reflecte na falta de confiança nos próprios produtos concebidos por marcas americanas. O exemplo mais gritante verifica-se na indústria automóvel, onde a crise dos três grandes – Chrysler, Ford e GM – é muito anterior à crise financeira despoletada no verão passado e centra-se na falta de qualidade de construção dos veículos americanos, em comparação com os congéneres europeus (leia-se alemães) e sobretudo asiáticos (Japão e Coreia), ao que se junta o desfasamento dos modelos propostos ao mercado no panorama actual de custos elevados nos preços de energia.

 

Todo este sentimento popular, as vicissitudes do momento, os problemas a enfrentar e as soluções a implementar assemelham-se em muitos pontos à realidade que actualmente vivemos no nosso país, onde encontramos uma sensação de pessimismo em relação aos tempos que vivemos e verificamos, ainda que em moldes distintos, um problema perene de formação e qualificação de parte substancial da nossa população.

 

Descontando os naturais factores de dimensão e escala, talvez a grande diferença entre estas duas realidades seja a de haver uma dinâmica para a mudança enraizada nos espírito americano, sem medos nem receios de abraçar um novo desafio se tal implicar a sobrevivência do seu próprio modelo de vida. E que não tardará a ser novamente demonstrada ao resto do mundo.

 

Como tal, vamos com certeza, assistir, a prazo, a um novo emergir dos EUA por acção das forças vivas que constituem a sua sociedade civil, baseado no respeito pela liberdade de acção de cada um, como agente económico, e na consciência de que para se alcançarem determinados objectivos é necessário sair da nossa zona de conforto, arregaçar as mangas e correr riscos em prol de um futuro melhor. Porque com esta mentalidade não é preciso pedir oportunidades a ninguém: cada um é capaz de criar a sua! 

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Domingo, 24 de Maio de 2009

Nada se cria, tudo se copia

Raul Paes | C13

 

AICEP Portugal

Noruega

 

O programa Inov contacto é um programa de estágios internacionais promovido pelo Ministério da Economia e da Inovação, apoiado pela União Europeia através de fundos comunitários, cabendo à AICEP Portugal Global a sua gestão.

Para mim, jovem estagiário do Inov 13, este programa apresenta-se como uma das melhores iniciativas de apoio aos jovens licenciados, permitindo-lhes, por um lado, uma visão abrangente do mundo, por outro, a possibilidade de aquisição de novos conhecimentos, com a consequente valorização pessoal, o que naturalmente se traduz numa mais valia para Portugal

 

 Nesta minha abordagem do Mercado Norueguês, dado que estou a estagiar nos escritórios da AICEP, e não tendo por isso um contacto directo com as empresas locais, parece-me importante explicar o sucesso do caso norueguês através daquilo que chamarei o modelo de pessoa (conceito pouco ouvido em Portugal), em vez do modelo de empresa. Isto porque acredito que são as pessoas que fazem o sucesso de um país ou empresa e não o contrário. Assim sendo, e tendo presente o modelo nórdico, destacarei como parte do seu sucesso duas grandes qualidades: a " organização" e o "planeamento". É a partir daquelas que toda e qualquer empresa é pensada e todo ou qualquer investimento é realizado.

 

A título de exemplo de como a forma de ser de um povo pode influenciar a sua organização produtiva, permito-me apresentar o caso concreto do investimento. Neste caso, são seleccionados todos os possíveis cenários, sendo cada um deles apoiado por um plano de emergência, com respectivos planos de apoio. Assim, e dentro de uma certa previsibilidade, todos os cenários são pensados ao detalhe. Esta forma de trabalhar, evidentemente que não exclui o erro, mas diminui-o em grande percentagem.

 

Um exemplo desta organização ficou bem expresso aquando do naufrágio do ferry  Estónia, a 28 de Setembro de 1994, numa travessia da Estónia para a Suécia que provocou 852 mortos. A peritagem técnica concluiu, então, que a tragédia podia ter sido evitada ou largamente minimizada se o ferry tivesse sido equipado com separadores no porão. Os separadores teriam impedido que a água que inundou o deck, onde estavam os automóveis, circulasse livremente pelo porão, evitando-se assim a capotagem e afundamento do barco. As autoridades norueguesas ordenaram a instalação de separadores em todos os ferrys que usassem portos noruegueses num prazo de 3 meses, apesar da oposição das empresas de armadores. A Suécia, por seu lado, levou até 2 anos para implementação desta medida, instaurada em 3 meses pela Noruega. Na restante Europa, foram necessários 8 anos para que este sector implementasse as referidas medidas de segurança, devido à resistência dos armadores, relutantes em verem seus custos acrescidos.

 

Face a isto não será caso para perguntar " serão os noruegueses mais inteligentes que os seus vizinhos europeus?” Quero acreditar que não. O que me parece óbvio é que, ao cometerem erros, os noruegueses têm maior capacidade de resposta e aproveitam erros cometidos para deles extraírem uma aprendizagem para o futuro, devido, designadamente, à sua postura perante a vida e, em especial, a forma como estão organizados

 

Mas, então porque é que os portugueses não seguem este modelo? Engana-se quem pensa que toda a “riqueza” (incluindo o capital humano) norueguesa vem do petróleo. Façamos como dizia o poeta " Nada se cria tudo se copia". (Claro que, salvaguardando, as devidas adaptações, tendo em conta a natureza e realidade portuguesas).

 

 

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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Depois da tempestade, a mudança

António Luís Silva | C13
OECD/OCDE
Paris | França
 

A tempestade perfeita

 

A Tempestade Perfeita, título de um livro de Sebastian Junger (1997), retrata um conjunto de circunstâncias climatéricas que raramente ocorrem em conjunto mas que, quando conjugadas, provocam um efeito devastador. A actual crise económica tem todos os ingredientes de uma tempestade perfeita. Se, por um lado, temos uma tendência de sub consumo que se tem arrastado ao longo dos últimos anos, mas que se manteve imperceptível devido à dinâmica imprimida pelo sector financeiro através da concessão de crédito que permitiu o consumo, por outro lado temos a crise financeira que advém do facto de o sistema ter criado produtos altamente sofisticados, complexos e perigosos que funcionassem como resposta à tendência de sub consumo.

 

Para a tempestade ser perfeita temos ainda a crise tecnológica.  

Nos ciclos de crescimento de Kondratieff, a fase ascendente costuma ser associada a grandes inovações tecnológicas que modificam os sistemas de produção e os estilos de consumo e, se a década dos anos 90 foi atravessada por grandes inovações na informática, biotecnologia e novos materiais, o fim da primeira década do século XXI está a ser marcado por uma estagnação tecnológica que está a levar ao declínio do actual modelo de crescimento económico. Daí ser necessário um novo paradigma tecnológico para a economia global entrar num novo ciclo de crescimento.

 

Green growth economy

 

O plano de relançamento da economia americana coloca as tecnologias limpas como prioridade, propondo-se criar entre 3 a 4 milhões de empregos. No ambicioso plano estão previstos: benefícios fiscais, investimentos em investigação, modernização das linhas de transmissão de energia, novos projectos em energias renováveis, aumento da eficiência energética, investimentos em transportes e combustíveis verdes, etc. Assim, o presidente Obama, relança a economia e garante a liderança dos EUA para a Conferência de Copenhaga sobre alterações climatéricas que se realizará em Dezembro de 2009.

 

No recente fórum National Clean Energy Project: Building the New Economy, realizado em Washington, personalidades como Bill Clinton, Al Gore e altos representantes da administração Obama debateram saídas para a crise da economia americana e criticaram os indicadores económicos, porque omitem os custos ambientais.

 

Estamos perto do momento em que inventários de carbono serão exigidos nos balanços das empresas e em que o fluxo de carbono determinará a remuneração dos accionistas e dos novos executivos, interessados em lucrar com as actividades ligadas à descarbonização.

 

Provavelmente o próprio sistema financeiro criará produtos em que a rendibilidade dos mesmos estará associada ao baixo nível de emissão de carbono, que  será um indicador de competitividade!

 

Sinais dos tempos

 

A Google está a desenvolver um software que fornecerá aos consumidores formas mais inteligentes de gestão de energia.

 

Em Abu Dhabi está a ser construída a primeira cidade carbono neutro do mundo em pleno deserto, Masdar. Ocupando uma área de 6 km2, com 50 mil habitantes e 80% da água reciclada, não usará petróleo nem gás e o lixo será transformado em energia e adubo.

 

Podemos concluir que estamos a entrar numa nova fase da evolução humana, onde o lucro a curto prazo será substituído pela sustentabilidade económica, social e ambiental.

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Sexta-feira, 17 de Abril de 2009

O Brasil e a Crise

 

 

 

 

César Moreira | C13
 
Piracicaba
 
Sao Paulo | Brasil
 
Quando se pensa no impacto da crise económica mundial no Brasil, de imediato surge a ideia de que o Brasil passa à margem desta. De facto, é a opinião de vários especialistas, de que apesar de a crise se fazer sentir globalmente, o Brasil terá a potencialidade de a superar mais facilmente. Não só o Brasil é visto como uma rara oportunidade de investimento, quer em acções, quer em títulos de empresas e do governo, como também está dotado de um regime económico de metas de inflação com cerca de 10 anos de existência, o que potencia o consumo interno.
Deste modo, o facto de o Brasil ser relativamente fechado (exporta e importa pouco em relação ao seu PIB) e dono da quinta maior população e do oitavo mercado mundial, é visto neste momento como uma vantagem, pois a economia pode continuar a crescer, impulsionada pelo mercado interno.
 
O pilar mais sólido
 
Desde 1999 que o Brasil adoptou um regime de metas de inflação. Testado durante várias crises e culminando com a actual, o sistema tem-se provado como um instrumento decisivo, sendo considerado por muitos como o mais sólido pilar macroeconómico brasileiro, garantindo estabilidade e resistência a choques externos. Entretanto, vários governos no mundo, estão a lançar pacotes fiscais para tentar estimular a economia, mas o caso brasileiro tem algumas particularidades. Com gastos na ordem dos 40% do PIB no sector público, tem pouco espaço de manobra para aumentos significativos da despesa pública, sendo, assim, ainda mais importante a diferença que pode fazer a política monetária administrada.
 
No entanto o sistema de metas de inflação funciona na companhia de dois elementos preponderantes, que é o câmbio flutuante e a responsabilidade fiscal. O câmbio flutuante permite que o país reaja com eficiência à volatilidade externa. A responsabilidade fiscal garante o equilíbrio das contas públicas. O governo tem gerado o excesso das receitas sobre as despesas públicas primárias consistentes, dando ao Banco Central o espaço necessário para administrar os juros sem que estes causem um impacto insuportável na dívida pública do país. Naturalmente, a decisão sobre os juros é a principal ferramenta de um banco central para manter a moeda estável e preservar o poder de compra da população. Por isso mesmo, a adopção do regime de metas é muito mais do que uma decisão técnica.
 
Entretanto, o Banco Central surpreendeu o mercado com um corte agressivo dos juros recentemente, que se pode repetir, novamente, nos próximos meses. A inflação consolidou-se em patamares considerados “civilizados” permitindo que o PIB crescesse à taxa de 3,5%, contra os pouco mais de 2% nas décadas anteriores, resultando numa acumulação nas reservas do país de cerca de 200 bilhões de dólares. O princípio das metas de inflação está na administração das expectativas quanto ao comportamento dos preços pelo Banco Central, que age para a inflação não sair dos valores predeterminados, ajustando a taxa de juro básica da economia.
E, é justamente numa conjuntura como a actual, que se deve ponderar a importância do sistema de metas para um país pois, efectivamente, o Brasil é um exemplo de sucesso.
É um país que acaba de obter uma linha de crédito de 30 bilhões de dólares do governo americano, algo impensável para muitos países.
 
O impacto da Crise
 
Passados seis meses, já é possível visualizar alguns factos no meio da neblina que ainda obscurece o cenário global. Um dos factos é que, realmente, o Brasil não escapou da crise (nem seria razoável esperar o contrário). Um outro facto é que, paradoxalmente, a crise pode até acentuar a ascensão brasileira. No resto do mundo, e especialmente na Europa e Estado Unidos, o cenário continua sendo de quase depressão. Estima-se que o gasto total das famílias americanas tenha caído 5% no último ano, com previsões ainda piores. Resultados igualmente sombrios são recorrentes em quase todas as áreas ricas do mundo.
 
No Brasil, o mercado consumidor não apenas permanece robusto (o crescimento do consumo interno foi de quase 6% no último ano) como se tem vindo a transformar no principal alicerce da economia brasileira neste difícil ano de 2009. Esse mesmo mercado pode ser também o factor primordial para colocar o Brasil no pelotão de frente quando os “bons ventos voltarem a soprar”.
 
Todavia, o Brasil não esta sozinho no mundo, e existe fundamentalmente um impacto da crise nas importações e exportações. Apesar de o consumo interno se manter estável, as exportações sofreram uma desaceleração considerável.
 
Porém, é opinião generalizada da maioria dos grandes investidores estrangeiros que, apesar das dúvidas existentes, a melhor opção para aplicação de investimentos é nos mercados emergentes, sendo o Brasil alvo preferencial, pois o centro da crise continua a ser o mundo desenvolvido.
 
publicado por visaocontacto às 17:33
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Quarta-feira, 15 de Abril de 2009

As questões do desenvolvimento Cabo-verdiano

Diogo Costa | C13

 

Mota-Engil Engenharia e Construção, S.A.

 

Cabo Verde

 

O arquipélago de Cabo Verde, situado na zona saheliana, região palco de longos períodos de seca, levou á criação nas Nações Unidas, do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, após, entre 1968 e 1974, se terem vivido nesta região situações de extrema fome.

 

Constituído por 10 ilhas, Cabo-verde é conhecido pelas suas bonitas praias e elevadas temperaturas, condições excelentes e fundamentais para a promoção de uma das suas principais actividades económicas, o turismo.

As estações do ano, que são fundamentalmente duas, as-águas, com pluviosidades geralmente fracas e irregulares, e as secas ou tempos de brisa, muito atractivas para os visitantes, traduzem uma realidade bem diferente nas populações locais que, para além de terem que lidar com a escassez de água, vivem em condições de alguma ou mesmo extrema pobreza e isolamento, sendo assim incapazes de criar, sozinhos, mecanismos de combate ou mitigação deste problema.

Os problemas provocados pelas chuvas têm levado à necessidade de estudar e arranjar soluções sustentáveis e integradas para lidar com os diferentes problemas relacionados com a água. De facto, a irregularidade da duração do período das chuvas, conjugada com os picos de precipitação particularmente fortes, leva à existência de dois âmbitos distintos de actuação. Se, por um lado, existe a necessidade de reter e armazenar as águas, numa perspectiva de criação de reservas estratégicas de água para fins agrícolas e/ou domésticos, não menos importante é também a necessidade de controlar a erosão, através de medidas de controlo da intensidade e violência dos caudais gerados na época das chuvas.

Neste âmbito, existem já alguns projectos em curso financiados por diversas instituições estrangeiras ou internacionais, com especial referência para o Banco Africano de Desenvolvimento, coordenados por diferentes Ministérios, com o objectivo de levar a cabo a construção de diques para corrigir o escoamento, diminuindo a erosão e estabilizando os terrenos; e diques de captação de água, com o objectivo da criação de reservas.

 Devido ao carácter específico deste bem comum e vital, aliado á escassez e morosidade de financiamentos,  estratégias de desenvolvimento a longo prazo, deverão ser pensados de uma forma mais integrada, sustentável e adaptada à realidade específica urgente e local das populações.

Assim, o envolvimento mais activo das populações locais, quer nas fases de ante-projecto (fase fundamental para definição de necessidade e prioridades) e execução, quer nas fases posteriores de manutenção dos equipamentos, poderá ser uma boa aposta de negócio, ou melhor ainda, de negócio com objectivos sociais. De facto, as populações mais isoladas e dispersas, com especial ênfase nas residentes nas zonas das ribeiras, são populações humildes e pobres. Pondo em prática uma ideia bastante actual, que assenta no princípio de dar poder de decisão e de cooperação às populações, através de uma participação pública activa, seria possível responder às necessidades mais básicas e urgentes das mesmas, através de projectos de dimensão mais local, e por isso mais adaptados á realidade. A ideia base da iniciativa seria o envolvimento da comunidade local, nomeadamente escolas, universidades, centros de formação, associações de Munícipes, entre outras, a custo zero ou muito reduzido, para a construção de infra-estruturas para beneficiar a mesma.

 Para além disso, envolvendo as entidades com poder de decisão na gestão dos recursos hídricos da região, promover-se-ia o sentido de cooperação - união, no sentido do bem comum.

Não podemos, no entanto, ignorar o contexto cultural do país, com fortes raízes na Africa Continental, e onde a escala/raio de relacionamento do individuo, não vai muitas das vezes além da comunidade onde vive. Para além disso, os baixos níveis de educação, em especial das populações mais isoladas,  poderão apresentar alguma resistência a este conceito de cooperação. Assim, não seria de esperar uma aceitação imediata do conceito, podendo demorar bastante tempo até que houvesse abertura ao mesmo, não só por parte das populações, mas também das entidades com poder de decisão na gestão dos recursos hídricos.

Por estas razões, a aposta nesta actividade/negócio teria que ser conduzida por uma empresa já com alguma capacidade de investimento a longo prazo, também numa perspectiva de responsabilidade social.

Com iniciativas deste género, seria possível combater um pouco um fenómeno que tem vindo a acontecer em vários países em desenvolvimento, nomeadamente, o desenvolvimento de projectos completamente desenquadrados da realidade local, desproporcionados. Da mesma forma, potenciar-se-ia a redução da morosidade dos financiamentos e criar-se-ia, na comunidade, um sentimento de pertença, protecção e estima do equipamento construído.

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Terça-feira, 14 de Abril de 2009

Patriotismo norueguês

Pedro Oliveira | C13

NDrive

Oslo | Noruega

Quando falamos do mercado Norueguês estamos a falar de um mercado relativamente pequeno (aproximadamente 4,7 milhões de habitantes), porém com um elevado poder de compra.

A minha experiência até agora prende-se mais com produtos electrónicos, mais concretamente aparelhos de navegação.

Este é um sector já muito maduro na Noruega, logo a taxa de penetração de novas marcas e, ainda por cima, desconhecidas é muito difícil.

Para que se consiga ter uma boa aceitação inicial há que ter uma diferenciação face às restantes marcas já estabelecidas no mercado. Não adianta chegar aqui com uma nova marca, que faz exactamente o mesmo que as outras e, uma vez havendo elevado poder de compra, essa diferenciação não adianta ser de preço baixo, porque os retalhistas não apostam já que não têm margens.

Essa diferenciação tem que ser percebida e valorizada pelo consumidor final - quem dita as regras.

Uma boa estratégia será realizar parcerias estratégicas com marcas locais reconhecidas, de modo a adequar o produto ao mercado local. Desta maneira a nova marca diferencia-se pelo esforço em adaptar-se ao novo mercado, criando assim uma empatia com os consumidores.

É exactamente isso que a NDrive está a fazer com o seu sistema de navegação, inseriu a base de dados da empresa Gule Sider (comparativamente a Portugal será a Páginas Amarelas) de modo a ter no GPS mais Pontos de Interesse locais (restaurantes, bares, lojas, embaixadas, etc. …). Até agora ainda não é possível quantificar com exactidão se está a ter sucesso, porém as reacções até ao momento têm sido positivas.

A um nível mais geral, uma característica que encontro, aqui na Noruega, é um nacionalismo a nível empresarial. Passo a explicar, aqui não encontramos nenhuma Fnac, MediaMarkt ou El Corte Inglés. A cadeia de lojas líder do mercado electrónico é a Elkjop que, embora presentemente faça parte do grupo britânico Dixons Store Group (DSG), mantém o nome original. A segunda maior cadeia, a Expert, também é norueguesa.

O mesmo se passa com a restauração. Nos restaurantes de fast food, por exemplo, é claro que a mega cadeia McDonalds está presente, mas não se vê uma única PizzaHutt; no lugar delas existe a cadeia norueguesa Peppes Pizza, sendo a líder incontestável, no mercado das pizzarias. No que toca a cafés, não se vê nenhum Starbucks, que agora começam a invadir Portugal, mas sim as cadeias norueguesas Kaffebrenneiret e Deli de Luca. Como podem ver há um grande número de marcas norueguesas que importam os conceitos e têm muito sucesso.

Por que é que em Portugal esperamos que nos venham explorar em vez de sermos nós a tomar iniciativa?

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Quarta-feira, 8 de Abril de 2009

O interesse do Perú: Potencialidades e Recursos

Vasco Filipe | C13

Mota-Engil (Translei S.A.)

Lima | Peru

Num momento em que a crise afecta todo o mundo, parecem ser os países menos desenvolvidos os menos afectados. O Peru apresentou um crescimento económico contínuo durante 87 meses, sendo ultimamente de 6,4% e a inflação a rondar os 1,6%.

É a estabilidade política e económica que se vive actualmente no Peru que permite que exista uma grande confiança para fazer investimentos, nomeadamente em áreas relacionadas com a construção.

Neste momento, Peru é um dos países com melhor clima económico para investimento na América Latina, pelo que não é de estranhar que países como a China, Estados Unidos, Canadá ou mesmo os vizinho chilenos apresentem interesses em investir nesta zona do globo. Por um lado, o Peru é um país repleto de recursos, desde a zona costeira - na actividade pesqueira é um dos maiores produtores mundiais, a zona da cordilheira dos Andes que atravessa todo o país contendo minerais como ouro, cobre, prata, zinco, estanho, etc. e cuja exploração se encontra no topo a nível mundial, até à selva amazónica, uma zona onde se começa explorar a possível extracção de petróleo. Por outro lado, é um país incapaz de os aproveitar correctamente devido à falta de mecanismos e de investidores nacionais. A presença do terrorismo nas últimas décadas, um governo semi ditatorial e talvez a sua colonização durante quase 300 anos levaram a que os capitalistas nacionais se reprimam e, por outro lado, levaram à pobreza do povo, cerca de 50% da população e a uma taxa de desemprego demasiado elevada. Desta forma, são as grandes economias que aproveitam esse facto e investem nestas áreas.

É possível sentir que o Peru, com um maior desenvolvimento a nível de infra-estruturas e um maior crescimento de empresas nacionais, poderia ver as suas receitas exponencialmente aumentadas com a exploração das referidas áreas como a extracção mineira, extracção petrolífera, construção, turismo, etc. No entanto, para nós portugueses, é interessante saber que existem empresas multinacionais portuguesas a investir, no Peru, nestas áreas e a querer aumentar os seus volumes de negócios, certamente um sinal de uma aposta ganha.

 

 

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Quarta-feira, 18 de Março de 2009

O sonho pode também ser Português

Helena Silva | C12

Cisco Systems

San Jose, E.U.A.

O meu contributo ou artigo de opinião, como lhe queiram chamar, é mais uma dissertação onde espero deixar os leitores a pensar no que fizemos, fazemos e estamos a pensar fazer.

A crise está instalada e quanto a isso não há qualquer dúvida mas será esse um motivo suficiente para «baixarmos os braços»?

A mensagem que quero passar é que já chega de nos desculparmos que somos “pequenos” e por isso não conseguimos chegar a lado nenhum. Recuso-me a utilizar esse argumento, porque “os pequeninos” chegam onde chegam “os grandes”. E nada melhor do que uma altura de crise para mostrarmos o que valemos!

Vamos olhar para os bons exemplos. Não é uma questão de copiar mas sim, de aprender com eles. O mercado em que estou inserida é a maior economia mundial, mas se o é hoje,  é porque já trabalhou muito para sê-lo e isso nota-se na cultura, nos valores e nos hábitos. Ora vejamos, neste momento em que a crise começa a chegar aos lares americanos:

Começando pela Comunicação Social, assiste-se a mensagens de incentivo, ou melhor, de ajuda em que desafiam as pessoas a utilizar as formas mais criativas para poupar dinheiro.

No que respeita ao Governo Americano, a minha percepção é que actua como entidade responsável pelos acontecimentos mas também educativa, no que se refere à sua população. Uma das medidas que tem vindo a insistir cada vez mais é o tão falado, teleworking. Este conceito sugere que as pessoas trabalhem a partir de casa e que desta forma, poupem dinheiro, nomeadamente em gasolina. Assim, não só os trabalhadores ficam a ganhar em termos monetários e de qualidade de vida, como também as empresas conseguem reduzir alguns dos seus custos variáveis imputados ao espaço que é destinado aos trabalhadores. A acrescer a tudo isto, o Governo consegue ainda reduzir o seu défice moral para com o ambiente. Este é naturalmente um pequeno exemplo, em muitos, mas que mostra qual a postura perante a crise. Não basta dizer que podemos poupar dinheiro, é também papel dos nossos governadores, sugerirem quais as melhores formas para alcançarmos esse  objectivo.

Passando agora para a população geral, estaria a mentir se dissesse que se nota uma diferença radical nos hábitos, mas a verdade é que as pessoas com quem tenho contacto mostram preocupação com a crise e tomam medidas para reduzir os seus gastos habituais, como por exemplo, mudar de casa como forma de reduzir o custo suportado com a renda. À parte disso, tendem a fazer um esforço maior a nível profissional, uma vez que sabem que em períodos como este, os postos de trabalho são substancialmente mais vulneráveis. No entanto, não estão constantemente a falar sobre o assunto nem têm uma atitude mais pessimista perante a vida porque o país, ou o Mundo, está em crise.

O que quero com isto dizer, é que Portugal tem mentes brilhantes, muito boas ideias, muitos bons projectos que já mudaram o mundo, e acima de tudo profissionais competentes e trabalhadores, apesar dos estudos relativos à má produtividade que a comunicação social publica recorrentemente. Temos apenas pouca confiança e uma baixa auto estima. Penso que não vale a pena referir novamente todos os “bons-feitores” na divulgação do nome do nosso país, nem os projectos com enorme sucesso além fronteiras, nem tão pouco as inúmeras empresas portuguesas que têm presença internacional em vários mercados.

 

O facto de vir trabalhar para o estrangeiro só fez com que reiterasse a minha opinião quanto ao nosso país e à nossa cultura. Temos todos os ingredientes para fazer um bom trabalho, falta-nos apenas mudar mentalidades. Sair da casca! Porque o American Dream pode ser também o Sonho Português...

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Terça-feira, 10 de Março de 2009

Funcionar apesar da crise

Vera Magalhães | C12
BES
França
 

Os especialistas económicos não estão muito optimistas: o ano 2009 anuncia-se como sendo um ano mau, no emprego, na indústria, no comércio... mas não para todos! Apesar da crise existente, e que segundo os analistas, veio para ficar, existem novas tendências de consumo, conjunturais e estruturais, e empresas, produtos, serviços e nichos de mercado, irão encontrar uma forma de prosperar.

 

Pode afirmar-se que toda a crise traz muitas oportunidades a curto e a longo prazo. Os períodos de tensão levam a modificações comportamentais e sócio-culturais profundas nos consumidores. No mercado francês, estas alterações são já visíveis: um francês em cada dois, já modificou a sua forma de consumo como resposta à crise. O factor preço, cada vez mais, aparece como o primeiro factor de escolha dos diferentes bens – Hard-discounts, grandes distribuidores, empresas low-cost têm crescido a olhos vistos e são cada vez mais uma presença constante na vida dos consumidores. Um estudo recente mostra que em França a procura de promoções aumentou em cerca de 16%. Este fenómeno, que inicialmente estaria principalmente interligado ao sector alimentar, tem-se também reflectido noutros sectores. As empresas low-cost têm começado a conquistar progressivamente todos os sectores de actividades, desde o cabeleireiro ao fitness, ao aluguer de skis, e até à alta tecnologia. Prevê-se que no final do corrente ano, já terão conquistado cerca de 10% da quota de mercado.

 

O mercado francês apresenta várias “boas notícias” para contrariar o pessimismo associado à crise, e a lista que se segue demonstra claramente esse pensamento. Estes são alguns dos sectores/empresas out of the box que durante o ano de 2009 apresentarão crescimento em todos os sentidos.

 

Comércio On-line – para o ano de 2009, prevê-se um crescimento de 22% e de 17% para 2010. Com ou sem crise, o comércio via Internet tem-se desenvolvido, aliado ao aumento do factor confiança nas transacções realizadas on-line. Com a crise e com a mudança de comportamento dos consumidores em resposta à mesma, as compras antes realizadas nas lojas, começaram a ser transferidas para a Internet, permitindo ao consumidor limitar as viagens de automóvel, aceder a preços mais atractivos (descontos, promoções, preços de revenda) e a oferta variada. Um destes exemplos é a empresa francesa on-lineventeprivee.com. Em quatro anos o volume de negócios da empresa aumentou cerca de 230% e tornou-se o primeiro site de vendas on-line na Europa. A empresa conta já com 1.000 empregados e prevê para o ano de 2009 um aumento de 300 postos de trabalho.

 

Farmácia – O sindicato profissional farmacêutico francês – Gemme – prevê um crescimento de 10 a 12% para os medicamentos genéricos reembolsáveis em França. Em 2008 este mercado atingiu um record em termos de facturação (2 mil milhões de euros) e este ano, devido à comercialização de novos medicamentos genéricos e à existência de contratos a encorajar os médicos a prescreverem genéricos em três grandes classes de medicamentos, permitirá abrir um mercado potencial suplementar e incrementar o nível de facturação em cerca de 1,3 mil milhões de euros.

 

Energia Solar e energias renováveis – a empresa PME Solairedirect aumentou o capital social em 20 milhões de euros no final de 2008. Criada em 2006 é uma das principais operadoras de energia solar em França. O presidente e fundador da empresa anunciou uma previsão de 160 milhões de euros de volume de negócios para o corrente ano. O sector em questão não está a ser directamente afectado pela crise, dado estarmos a falar de uma energia que influencia o crescimento sustentável e também pelo facto dos principais fornecedores de painéis solares estarem a baixar os preços dos mesmos, em consequência do grande crescimento do mercado espanhol. No âmbito das energias renováveis, devido às preocupações ambientais, a produção de energias, infra-estruturas de transportes colectivos, isolamento de edifícios, entre outros, não conhecerão a crise, estando já prevista a criação de 440 000 postos de trabalho até 2012.

 

Tecnologia – no universo dos telemóveis no mercado francês, os smartphones têm mostrado a sua preponderância. Para o ano de 2009 prevê-se a venda de 2,8 milhões smartphones, o que representa cerca de 11% na venda total de telemóveis. A esta preferência está associada a ergonomia do telemóvel – ecrãs tácteis e o fácil acesso à internet.

 

Luxo – a pastelaria de gama alta Pierre Hermé abriu o seu 4º ponto de venda em Paris, em plenos Champs-Elisées, uma das ruas mais caras e mediáticas da capital francesa. É caso de pensar, “serão os chocolates anti-depressivos?” Nada melhor do que perguntar aos traders de Wall Street quando estes experimentarem as especialidades de La Maison du chocolat que abriu em Novembro em Nova Iorque, em pleno anúncio do FMI de forte recessão mundial. A empresa que apresenta um crescimento de dois dígitos, pretende abrir outro ponto de venda no aeroporto Charles de Gaulle em Janeiro.

 

Em conclusão, apesar da crise que se faz sentir em inúmeros sectores da actividade económica francesa, existem outros, e algumas empresas em particular, que têm conseguido manter em pleno os seus níveis de actividade e até encontrar oportunidades de negócio de forma a potenciarem o seu crescimento.

 

É caso para dizer que “apesar da crise, há sectores que ainda funcionam”.
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

A Crise Mundial... em África

 

 

Marisa Freire | C12

Banco Africano de Desenvolvimento

Tunis | Tunisia

 

Praticamente, todos os dias ouvimos falar na crise financeira a nível mundial. No entanto, penso que todos nós percebemos que os seus efeitos ou consequências não são iguais em todo o mundo… a realização do meu estágio INOV Contacto no Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) possibilitou-me “abrir os olhos” para o modo como esta crise afecta os países africanos.

Um amigo disse-me, há dias, que "em crise, está África há muitos anos". Mas na realidade, a crise de que se fala hoje em dia, não teve (até ao momento) um impacto tão dramático e directo nas economias dos países africanos como aconteceu nos EUA ou na Europa. Isto porque os pressupostos que estiveram na base da crise financeira mundial não são tão evidentes em África: o mercado imobiliário funciona menos à base de empréstimos (e isto quando podemos falar em mercado imobiliário, porque em alguns países, o direito de propriedade ainda não está bem assegurado), e os sistemas financeiros não são tão sofisticados como noutros continentes (por vezes, onde existem, as bolsas funcionam de forma quase isolada).

Não quero dizer com isto que África seja apenas um espectador. A crise chegou também ao continente africano, num momento crítico para alguns países (que se encontravam num dos melhores períodos de crescimento desde a chegada do novo milénio), tendo como principais consequências: a redução do investimento directo estrangeiro (com muitos países doadores preocupados em utilizarem verbas internamente, para sanearem a sua situação); o impacto nas exportações de matérias-primas (como por exemplo, a redução drástica do preço do barril do petróleo) e na indústria do turismo (confrontados com a possibilidade de perda de parte das suas poupanças ou o agravamento das suas condições de vida, menos turistas procuram visitar África); e redução das remessas dos emigrantes.

A preocupação com esta realidade levou já diversas instituições a organizar vários encontros/discussões, sendo que eu vou destacar a Conferência Económica Africana (organizada pelo BAD e pela Comissão Económica das Nações Unidas para África), na qual estive presente e que decorreu em Tunis entre 12 e 14 de Novembro, subordinada ao tema "Globalização, Instituições e Desenvolvimento Económico de África". E um dos sub temas em destaque foi a crise financeira mundial, enfatizado, aliás, pela Conferência Ministerial entre Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais de países africanos que decorreu em paralelo. Das conclusões obtidas no final da Conferência Económica Africana, fica claro o papel dos governos de países africanos, dos doadores externos e das organizações multilaterais (e do BAD, em particular) na tentativa de minimizar os efeitos da crise no continente africano, nomeadamente através do esforço conjunto para evitar a redução de verbas para apoio ao desenvolvimento e para definir programas de desenvolvimento que reflictam a situação actual, de modo a não colocar em causa ganhos económicos recentes e a possibilitar o cumprimento de objectivos já definidos.

Não esqueçamos que um dos maiores perigos para os países africanos é o adiamento (por tempo indefinido) de projectos essenciais para o continente, nomeadamente de infra-estruturas ou no sector da Agricultura, bem como de programas para melhorias nos sectores da Saúde, Educação ou Água e Saneamento Básico... e é neste enquadramento que as organizações multilaterais podem fazer a diferença...

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Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009

A ascensão da Décima Segunda Província

 
Alexandre Matoso | C12

Aerosoles, SoftShoes S.A.

Luxemburgo

 

É preciso transpor o álcool para saborear o vinho. Aproveito para começar assim já que o Luxemburgo tem a maior taxa de consumo de álcool do mundo. Começo também por dizer: vamos transpor este facto por uns instantes (o pouco tempo que demora a ler este texto). Vamos também ignorar que os luxemburgueses tratam os cães como pessoas, ignorar que por vezes parece que estamos a caminhar por Viseu em pleno Luxemburgo, ignorar que o país tem uma das mais elevadas taxas de suicídio, que é o último Grão-Ducado do mundo (e por sinal o Grão Duque está envolvido com a antiga presidente da câmara da cidade de Luxemburgo, mas vamos ignorar isto também, já que toda a gente sabe), ignoremos também que, se tomarmos a rua errada, poderemos estar já na Bélgica ou na Alemanha ou em França.

 

Passemos a outros factos e, caso passem despercebidos, vou pôr a negrito dois tamanhos acima:

-         Segundo maior PIB per capita do mundo. Ou seja, melhor...só no Qatar (!);

-         Quarto lugar em qualidade de vida (The Economist 2005);

-         Terceiro em liberdade económica (The Wall Street Journal and Heritage Foundation’s 2005 Index of Economic Freedom world survey);

-         Primeiro em “Lugar com menos risco para fazer negócio” (World's Markets Research Center).

 

É verdade, esqueci-me de dizer que, há não menos de 100 anos, o Luxemburgo era um imenso prado verde, com agricultores aqui e ali e o luxemburguês emigrava por natureza. Ainda há quem lhe chame “ O coração verde da Europa”. Quanto ao exercício de ignorar? Esta foi a última vez.

 

The Big Picture – A ascensão de Luxemburgo

Aqui vai, fast and loose, como o Paul Newman em The Hustler

 

Os anos antes da Primeira Grande Guerra Mundial

A construção de minas aproveitando as reservas de ferro deu lugar a um crescimento sustentado da indústria do aço nos anos anteriores à Primeira Grande Guerra Mundial. Perto dela, já 60% do emprego industrial pertencia ao aço, tudo acompanhado por um aumento em flecha da população. Primeiro vieram os alemães e logo a seguir os italianos. A proporção de estrangeiros praticamente duplicou em 20 anos. Para cimentar este sector, em 1911 foi criado o ARBED (Aciéries de Burbach, Eich, Dudelange), um dos maiores produtores de aço da Europa na altura e actualmente pertencente ao maior grupo de aço do mundo ARCELOR.

 

Entre 1913 e 1951

A economia luxemburguesa sofreu grandes variações causadas por duas guerras mundiais e a Grande Depressão. As minas de ferro começaram a esgotar-se progressivamente, de 60% de uso de ferro interno na indústria nos anos 20 passou-se para o uso de apenas de 30% nos anos 70. Em 1981 a última mina acabou por fechar.

 

Os trinta gloriosos anos

No entanto, até à década de 70, o sector do aço contribuiu largamente para determinar o crescimento da economia luxemburguesa. A reconstrução económica após a Segunda Grande Guerra Mundial resultou num crescimento excepcional até aos anos 50. Depois, até aos 70, abrandou para um ritmo mais modesto. A produção industrial de aço neste espaço de tempo praticamente triplicou e 16% de todo o emprego era-lhe devida na década de 70.

Ao mesmo tempo houve uma tentativa de diversificar a indústria e promovê-la no estrangeiro: 50 novas empresas criaram fábricas em Luxemburgo, como a Goodyear.

O sector terciário começou também a crescer ao mesmo tempo que a proporção de emprego na agricultura começou a diminuir (de 30% para 8%).

Só com o apoio em mão-de-obra estrangeira foi possível responder ao aumento da procura de trabalhadores.

É também essencial dar atenção à participação activa de Luxemburgo no processo de integração europeu. Foi membro fundador da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (1951) e da Comunidade Económica Europeia (1957).

 

A Crise Económica Mundial de 1975 a 1985

A primeira e a segunda crise petrolífera tiveram um profundo impacto na economia luxemburguesa. Em 1985 a indústria do aço empregava metade dos trabalhadores empregados dez anos antes. Houve um esforço conjunto notável para assegurar a sobrevivência da indústria do aço, com cerca de 5% do orçamento de estado devoto a essa causa, tal como um aumento da produtividade técnica dos trabalhadores.

No entanto, o Luxemburgo deu a volta à crise. Como? Ao mesmo tempo que a indústria do aço estava em declínio houve um boom nos serviços financeiros. A política de diversificação económica entrou também em acção por essa altura. Por último, houve uma flexibilização dos salários.

 

Desenvolvimento Económico Recente

Da década de 80 ao novo milénio a taxa média de crescimento do PIB ultrapassou os 5% ultrapassando largamente os outros países europeus, excepto a Irlanda. Este crescimento acelerado sustentou um apoio cada vez mais importante nos emigrantes e trabalhadores transfronteiriços. Os próprios luxemburgueses em 2001 representavam apenas 40% da população activa, ou por outras palavras, os emigrantes e transfronteiriços representam uns retumbantes 60% da população activa (com os portugueses a formarem o maior grupo de emigrantes).

 

E quais são os principais factores por detrás deste desenvolvimento incrível?

-         Crescimento non-stop do sector financeiro;

-         Desenvolvimento favorável de diferentes sectores económicos, como os de serviços prestados a empresas, serviços de IT e também os de transportes e comunicações;

-         Sector industrial competitivo e produtivo embora com uma menor participação na economia;

-         Taxas elevadas e crescentes de investimento;

-         Deduções salariais baixas;

-         Taxa global de impostos e segurança social e diminuição de gastos públicos em relação ao PIB.

 

Vou voltar às letras a negrito e dois tamanhos acima:

 

-         Segundo maior centro de fundos de investimento (depois dos Estados-Unidos);

-         O mais importante centro na zona euro de Private Banking;

-         Líder europeu como centro de companhias de Reinsurance (ou seja, onde as companhias de seguros vão fazer os seus seguros).

 

Mas quais são os principais factores competitivos?

 

-         Localização Geográfica (melhor é impossível);

-         Força de trabalho especializada internacional;

-         Elevado retorno ao investimento;

-         Neutralidade (e não é que um luxemburguês fala em média 4 línguas?);

-         Acesso fácil a entidades governamentais;

-         Estrutura de impostos estável e atractiva;

-         Politicamente estável (partido cristão no poder há 30 anos).

 

Conclusão

A taxa de consumo de álcool de Luxemburgo é a mais elevada do mundo porque os belgas, os alemães e os franceses vêm a Luxemburgo para comprá-lo mais barato. É vê-los em fila.

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Terça-feira, 23 de Dezembro de 2008

Pervasive Media

João Soares | C12
 
Hewlett-Packard
 
Bristol | UK
 

O conceito de Pervasive Media já existe há mais de uma década e significa a mudança de um modelo centrado na computação para um modelo centrado em multimédia, no qual, com a ajuda de diferentes tecnologias, se interage com o meio, expandindo, assim, os nossos sentidos. Para isso, combina-se software com equipamentos digitais, que fazem uso de processamento de sinal e de redes de computadores para apresentarem conteúdo multimédia, permitindo interagir com o meio que nos rodeia.

No sentido de explorar as potencialidades da Pervasive Media, em 2002 a Hewlett-Packard, empresa onde estou a estagiar, em colaboração com a Universidade de Bristol, Reino Unido, criou o programa Mobile Bristol, de forma a estudar como se podia associar dispositivos móveis e tecnologia de informação “pervasive” para melhorar a experiência de interacção com o meio, em espaços públicos. Deste projecto, resultou a plataforma de desenvolvimento Mscape.

A plataforma permite o desenvolvimento de media scapes (jogos, guias, histórias), que, com a utilização de um equipamento móvel com GPS, conseguem criar ao utilizador uma experiência interactiva, com texto, vídeo e som, à medida que o utilizador se aproxima das coordenadas definidas no media scape.

De modo a serem desenvolvidas mais aplicações que utilizam esta plataforma, foi criada uma comunidade, que conta já com cerca de 280 media scapes. Qualquer pessoa pode inscrever-se e partilhar os seus media scapes ou descarregar qualquer um dos já existentes e instalá-lo num dispositivo compatível.

De forma a desenvolver tecnologias relacionadas com Pervasive Media, incluindo esta ferramenta, a HP decidiu financiar um espaço em Bristol, o Pervasive Media Studio, onde são dados workshops, eventos públicos, espaço para empresas criativas se instalarem e desenvolverem os seu projectos, etc. Este espaço permite fazer uma associação entre Indústrias Criativas e Indústrias de Tecnologias de Informação, dando à HP a possibilidade de desenvolver tecnologias de Pervasive Media.

No futuro, prevê-se uma utilização cada vez maior deste tipo de ferramentas, combinando um grande número de tecnologias, tais como GPS, Bluetooth, câmara de filmar, redes celulares, em que as indústrias criativas, mais concretamente as indústrias de videojogos, têm um papel central. Por exemplo, poderão ser criados jogos que utilizaem a conjugação de tecnologia de posicionamento global, como o GPS, com tecnologia de captação de imagem que, através de técnicas de processamento de imagem, fazem a sobreposição com informação relevante sobre um determinado objecto ou mesmo outro jogador.

Este tipo de plataformas promovem a criação de novos dispositivos, a utilização de espaço de alojamento, o aumento de tráfego de redes, sendo, por conseguinte, de todo o interesse da HP o desenvolvimento destas tecnologias, de modo a potenciar a venda de dispositivos electrónicos, servidores e equipamentos de rede.

Sem dúvida, o desenvolvimento da Pervasive Media criará grandes oportunidades para diferentes tipos de indústrias e trará ao utilizador final experiências ricas de interacção com o ambiente que o rodeia.

Vídeo "Roku's Reward" (HP)

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Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008

A Força das TI no Celtic Tiger

Daniel Melão | C12

 

IBM

Dublin | Rep. Irlanda

 

 

Celtic Tiger foi o nome dado à República da Irlanda aquando do seu enorme crescimento económico, que teve início nos primeiros anos da década de 90. Em pouco mais de 10 anos, a República da Irlanda passou de um país com graves problemas sociais e económicos para um dos países mais ricos e pujantes da Europa. De acordo com dados de 2007, divulgados pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, a República da Irlanda apresenta um PIB per capita dos mais elevados do mundo, 5.ª e 4.ª posições respectivamente. Muitos chamaram-lhe o milagre económico irlandês.

Várias causas são apontadas para este milagre e estão longe de ser consensuais. Todavia, alguns factores como, por exemplo, a parceria social entre patrões, sindicatos e governos, as várias décadas de investimento no ensino superior irlandês, o criar de condições atractivas para o investimento estrangeiro através da baixa de impostos para empresas e a adesão à União Europeia são motivos que contribuíram para o “boom” irlandês.

Atraídos por estas medidas, mas principalmente pelo regime fiscal do país, um dos mais competitivos do mundo, onde a taxa de imposto cobrada sobre os lucros das empresas se situa pouco acima dos 10%, grandes gigantes das tecnologias de informação como a Microsoft, Dell, Intel, Google, IBM, HP, etc., têm investido, ao longo da última década, fortemente na República da Irlanda, país que é já responsável pela produção de 25% de todos os PC's que circulam na Europa e tornou-se, nos últimos anos, um dos maiores exportadores de software do mundo. Todas estas multinacionais têm importantes centros de decisão e produção aqui instalados que, em vários casos, são responsáveis por toda a operação da empresa na Europa e não só, tornando a República da Irlanda um verdadeiro “hub” para estas multinacionais. A Google e a Microsoft são dois dos exemplos que espelham bem esta realidade.

As instalações da Google em Dublin são já as maiores fora dos Estados Unidos, incluindo escritórios de atendimento ao cliente, publicidade, vendas, finanças, desenvolvimento e outras operações com trabalhadores de 35 nações, onde se falam 17 línguas.

Em relação à Microsoft, esta implementou na República da Irlanda dois importantes centros que suportam as actividades da empresa para toda a Europa, Médio Oriente e África. O Microsoft European Development Centre (EDC) é um importante centro de desenvolvimento e manutenção dos produtos Microsoft e trabalha em estreita colaboração com os outros três centros do género que estão na Dinamarca, Índia e China.

 O Microsoft EMEA Operations Centre é responsável pelas vendas, atendimento ao cliente, entre outras funções, para 85 países espalhados pela Europa, Africa e Médio Oriente. Porém, o investimento da Microsoft na República da Irlanda não parece estar a esmorecer, já que a companhia anunciou, em 2007, o projecto de implementar neste país o seu primeiro Windows Live EMEA Data Center num investimento de 500 milhões de dólares.

Michael Dell, fundador e CEO da gigante informática norte-americana Dell, empresa que tem em Limerick o seu principal centro de produção de computadores para a Europa, afirmou em 2002, na Universidade de Limerick:

I don’t think it’s coincidence that Ireland and Dell share the same character and connection. Every success we’ve achieved around the world has been due to the old Irish recipe of big dreams, hard work and strong relationships.”

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Terça-feira, 13 de Novembro de 2007

O papel da investigação no desenvolvimento de um país e na qualidade dos seus produtos e serviços

     Luis Monteiro - Pfizer; Sandwich; U.K.

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O conhecimento científico e tecnológico é consensualmente apontado como um dos principais pilares das dinâmicas de desenvolvimento económico, social e cultural das sociedades. A evolução do mesmo ao longo da história da Humanidade confunde-se e é até certo ponto indissociável da evolução do próprio Homem. A identidade que nos atribuímos, no início do terceiro milénio, enquanto parte da comunidade mundial, de um determinado povo ou mesmo como indivíduos, está intrinsecamente marcada por séculos de pesquisas e avanços nas diversas áreas da ciência. Do objecto mais banal do nosso quotidiano à percepção que temos do mundo e da vida, tudo resulta ou deriva dessa enorme corrente de conhecimentos que se renova e supera a um ritmo diário.

O impacto da investigação científica na vida das populações é tido pela comunidade pública como um acontecimento que teve sobretudo lugar sobretudo no século XX. Esta ideia, deve-se principalmente, ao enorme progresso tecnológico verificado nesse período, mas também ao aparecimento dos meios de comunicação e produção de massas, que permitiram às pessoas um acompanhamento mais próximo do que ia sendo descoberto nos vários domínios. Mas a inovação com base em fundamentos teóricos (investigação científica) passou a ser preponderante no desenvolvimento económico e social das nações pós Revolução Industrial. A união entre a ciência e a técnica (que veio suceder ao “aprender fazendo” do início daquele período histórico) veio permitir o estabelecimento das sociedades como as conhecemos (cidades, valores morais,...) e inaugurou uma era de “crescimento económico moderno”. E os países que estiveram na origem do aparecimento desta combinação foram os que assumiram (e continuam a assumir, de uma maneira geral) a predominância mundial em quase todos os aspectos, devido à vasta aplicação dos produtos e serviços resultantes da pesquisa científica.

Este enquadramento histórico serve apenas para realçar a importância da investigação no desenvolvimento dos Estados modernos, contrariando a ideia de que é um tema recente. O que estamos a assistir hoje em dia é uma tentativa de um número cada vez maior de países, em que Portugal se insere, de recuperar em relação às nações que foram pioneiras neste campo, no valor atribuído ao papel do conhecimento científico e à sua aplicação prática como impulsionador do crescimento. Se no passado já foi essencial, no futuro apresenta-se como vital e as denominadas Novas Tecnologias e (principalmente) a Biotecnologia são unanimemente consideradas como as chaves para o sucesso económico deste século.

Actualmente são os Estados Unidos, a maior economia mundial, que estão na vanguarda da invenção e inovação tecnológica (tendo ultrapassado na segunda metade do século XX as posições ocupadas pela França, Reino Unido e Alemanha até então). Para além de demonstrar inequivocamente a estreita relação entre conhecimento e desenvolvimento, é importante tentar perceber as causas que levam os americanos a liderar o sector da investigação e desenvolvimento (I&D). Em primeiro lugar, a proporção de investigadores em relação à população é de quinze em cada mil, enquanto que na Europa o número fica pelos dez por milhar de habitantes. Mas o principal factor de diferenciação reside no facto de que as actividades associadas à ciência e tecnologia norte-americanas não estão circunscritas ao mundo académico. Antes pelo contrário, apenas 20% dos investigadores exercem funções na universidade, enquanto que os restantes 80% estão ligados ao sector industrial (na Europa o número de investigadores está distribuído igualmente entre as universidades e a indústria). Isto traduz-se numa capacidade ímpar para conseguir a transferência de tecnologia da ciência para a indústria, criando um grande impacto económico-social e enraizando a proximidade das universidades às comunidades em que se inserem e, num plano mais abrangente, às preocupações e ambições nacionais.

 

É importante que Portugal se sirva do exemplo dos Estados Unidos para tentar aumentar a competitividade do país e das empresas nacionais. Sem querer que a cultura americana seja adoptada sem critério, é preciso aprender com ela e adaptá-la à nossa realidade. E o caminho passa por um forte e sustentado aumento do financiamento público para a I&D. Apesar de ser um investimento cujos retornos económicos manifestar-se-ão apenas a longo prazo, só assim é possível incentivar as empresas portuguesas a aumentar as despesas em investigação. É a investigação realizada nas e pelas empresas que mais directamente se relaciona com o aparecimento de novos produtos e processos, contribuindo para o crescimento da produtividade. Mas não é suficiente despender mais capital. São necessários os recursos humanos qualificados indispensáveis às actividades de I&D. Em Portugal, para além de haver uma proporção reduzida de pessoas ligadas a esta área (apenas três investigadores por cada mil habitantes), há uma fraca absorção dos graduados no sector empresarial. De facto, 90% destes elementos exercem funções nas universidades, número bastante distante da média europeia, já para não falar da norte-americana, que é quase a oposta. E a capacidade dos pesquisadores e cientistas portugueses não fica atrás dos das restantes nacionalidades. Para o provar basta o registo do número crescente de protocolos e parcerias entre empresas e centros de investigação estrangeiros com empresas, instituições e governo portugueses. É o reconhecimento da qualidade humana existente, que infelizmente é obrigada a prosseguir a carreira no estrangeiro por falta de oportunidades em território nacional.

A vantagem do conhecimento num mercado livre e altamente concorrencial onde as exigências dos consumidores, a optimização dos processos e redução dos custos fazem com que os próprios custos dessa investigação sejam compensados pelos benefícios que dela advém. Tornou-se indiscutível que será através do investimento na área da ciência e tecnologia que um país poderá apresentar um desenvolvimento coerente no futuro, tanto no aspecto económico como na qualidade dos seus produtos e serviços. E é importante que Portugal tente acompanhar esta tendência quase obrigatória, para que construa bases sólidas de crescimento e para não ser apenas conotado com a produção de vinhos, produção têxtil e turismo. E não consigo imaginar melhor promoção para o país do que a conclusão de um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre Portugal que culminou com a assinatura de um protocolo de colaboração entre o governo nacional e aquela instituição “...a excelência da investigação encontrada nos centros de investigação portugueses ao longo do exercício de avaliação recomenda que o MIT fomente projectos de colaboração com as instituições portuguesas. Além disso, o empenho do governo português em reforçar a ciência e a tecnologia e em promover a colaboração internacional nos âmbitos do ensino superior e da ciência e tecnologia torna Portugal um país interessante para se fazer investigação e um parceiro relevante para futuros projectos de colaboração numa economia emergente globalizada e baseada no conhecimento.”

publicado por visaocontacto às 17:06
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