Domingo, 24 de Maio de 2009

Nada se cria, tudo se copia

Raul Paes | C13

 

AICEP Portugal

Noruega

 

O programa Inov contacto é um programa de estágios internacionais promovido pelo Ministério da Economia e da Inovação, apoiado pela União Europeia através de fundos comunitários, cabendo à AICEP Portugal Global a sua gestão.

Para mim, jovem estagiário do Inov 13, este programa apresenta-se como uma das melhores iniciativas de apoio aos jovens licenciados, permitindo-lhes, por um lado, uma visão abrangente do mundo, por outro, a possibilidade de aquisição de novos conhecimentos, com a consequente valorização pessoal, o que naturalmente se traduz numa mais valia para Portugal

 

 Nesta minha abordagem do Mercado Norueguês, dado que estou a estagiar nos escritórios da AICEP, e não tendo por isso um contacto directo com as empresas locais, parece-me importante explicar o sucesso do caso norueguês através daquilo que chamarei o modelo de pessoa (conceito pouco ouvido em Portugal), em vez do modelo de empresa. Isto porque acredito que são as pessoas que fazem o sucesso de um país ou empresa e não o contrário. Assim sendo, e tendo presente o modelo nórdico, destacarei como parte do seu sucesso duas grandes qualidades: a " organização" e o "planeamento". É a partir daquelas que toda e qualquer empresa é pensada e todo ou qualquer investimento é realizado.

 

A título de exemplo de como a forma de ser de um povo pode influenciar a sua organização produtiva, permito-me apresentar o caso concreto do investimento. Neste caso, são seleccionados todos os possíveis cenários, sendo cada um deles apoiado por um plano de emergência, com respectivos planos de apoio. Assim, e dentro de uma certa previsibilidade, todos os cenários são pensados ao detalhe. Esta forma de trabalhar, evidentemente que não exclui o erro, mas diminui-o em grande percentagem.

 

Um exemplo desta organização ficou bem expresso aquando do naufrágio do ferry  Estónia, a 28 de Setembro de 1994, numa travessia da Estónia para a Suécia que provocou 852 mortos. A peritagem técnica concluiu, então, que a tragédia podia ter sido evitada ou largamente minimizada se o ferry tivesse sido equipado com separadores no porão. Os separadores teriam impedido que a água que inundou o deck, onde estavam os automóveis, circulasse livremente pelo porão, evitando-se assim a capotagem e afundamento do barco. As autoridades norueguesas ordenaram a instalação de separadores em todos os ferrys que usassem portos noruegueses num prazo de 3 meses, apesar da oposição das empresas de armadores. A Suécia, por seu lado, levou até 2 anos para implementação desta medida, instaurada em 3 meses pela Noruega. Na restante Europa, foram necessários 8 anos para que este sector implementasse as referidas medidas de segurança, devido à resistência dos armadores, relutantes em verem seus custos acrescidos.

 

Face a isto não será caso para perguntar " serão os noruegueses mais inteligentes que os seus vizinhos europeus?” Quero acreditar que não. O que me parece óbvio é que, ao cometerem erros, os noruegueses têm maior capacidade de resposta e aproveitam erros cometidos para deles extraírem uma aprendizagem para o futuro, devido, designadamente, à sua postura perante a vida e, em especial, a forma como estão organizados

 

Mas, então porque é que os portugueses não seguem este modelo? Engana-se quem pensa que toda a “riqueza” (incluindo o capital humano) norueguesa vem do petróleo. Façamos como dizia o poeta " Nada se cria tudo se copia". (Claro que, salvaguardando, as devidas adaptações, tendo em conta a natureza e realidade portuguesas).

 

 

publicado por visaocontacto às 17:08
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Segunda-feira, 31 de Março de 2008

Impulso Renovável

  

 

Ao atravessar a maior ponte rodoviária e ferroviária (combinados) da Europa, ponte de Øresund, uma fantástica obra de engenharia que liga a cidade Dinamarquesa Copenhaga com a vizinha sueca Malmo, não passa despercebido a ninguém a imponência de um dos maiores parques eólicos existentes em mar (The Middelgrunden Offshore Wind Farm). Mais recentemente, como parte de um enorme projecto do Governo Dinamarquês para a produção de energias renováveis em grande escala, foi concluída a construção do maior parque eólico em mar de todo o mundo, na costa oeste da Península de Jutland na Dinamarca, constituído por 80 turbinas localizadas 14 a 20km para o interior do Mar do Norte (The Horns Rev offshore wind farm). Estes exemplos, para além de vários outros espalhados por todo o país, demonstram o nível de desenvolvimento e qualidade de vida quase inerentes aos países Nórdicos, e reforçam esta ideia sempre presente na mentalidade do povo Português.

Então e Nós? Como se encontra Portugal ao nível desta área de produção de energias renováveis? Graças a um quase inconsciente e constante espírito crítico de visão negativa a tudo aquilo que tem o carimbo nacional, somos quase sempre obrigados a dizer que Portugal está mal em relação a tudo e a todos. Mas será que isso é verdade nesta área de desenvolvimento? Por vezes a ausência física do nosso País permite-nos fugir destas ideias pré estabelecidas e dar o justo valor à realidade. Ora vejamos:

 

Estamos a desenvolver em pleno Alentejo, mais precisamente em Moura, a maior central de energia fotovoltaica do mundo, 12 vezes maior do que a actual presente em Leipzig, Alemanha, e produzirá energia suficiente para abastecer 21000 habitações. Encontra-se já em funcionamento a central energética de Serpa, que é neste momento uma das maiores da Europa.

 

Em pleno Alto Minho, na região de Bragança encontra-se em curso a construção daquele que será o maior parque eólico da Europa, constituído por 120 turbinas, que será suficiente para "alimentar entre 15 a 20 cidades" como Bragança, que tem cerca de 20 mil habitantes.

 

Tirando partindo da longa região costeira, um projecto inovador a nível mundial, posto em prática em Aguçadora na região Norte, permite actualmente a obtenção eficiente de energia eléctrica a partir da energia das ondas, tornando Portugal o líder mundial no recurso a esta nova fonte de energia renovável.

 

Tudo isto demonstra a forma como Portugal se empenhou na área da renovação energética, tornando-se actualmente num dos líderes europeus, obtendo 39% da sua electricidade a partir de fontes renováveis, enquanto que em países como o Reino Unido, este valor fica-se pelos 5%. Os objectivos do governo português passam por atingir o valor de 45% até 2010, com a meta de 60% em vista até 2020.

 

Para além de todo o impulso tecnológico e desenvolvimento social aderente a este investimento, especialmente nas áreas menos desenvolvidas em que estes projectos estão a ser realizados e que levarão à criação de novos postos de trabalho e novas oportunidades de negócio é de realçar o avanço e atitude deste nosso pequeno País numa área cada vez mais importante para o desenvolvimento sustentável futuro do nosso planeta. Pena é que muitas vezes seja necessário que todo este desenvolvimento e inovação sejam primeiro reconhecidos pelos estrangeiros, antes de nós próprios, enquanto cidadãos portugueses, darmos conta da importância dos mesmos .

Hugo Fernandes

Fluxome Sciencies

Lingby 

Dinamarca

publicado por visaocontacto às 12:00
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Domingo, 23 de Março de 2008

Um paraíso para a biotecnologia

Inês Martins - Fluxome Sciences - Lyngby - Dinamarca.

 

 A Dinamarca tem mais de 150 anos de história a nível da Biotecnologia. Iniciada em 1847 com a Carlsberg e seguida da Chr. Hansen, em 1874, registou um sucesso continuado e expandido mundialmente por empresas como a Novo Nordisk, Novozymes, Danisco, H. Lundbeck e Leo-Pharma. São elas que têm contribuído para o importante status mundial dinamarquês nas indústrias de enzimas, ingredientes alimentares, tratamento da diabetes e investigação do cancro.  

 

Este país, com o maior investimento de capitais de risco da Europa em biotecnologia (percentagem do PIB - OCDE 2006) é, ao nível do número de trabalhadores nesta área científica, o segundo maior país europeu (OCDE 2006) e o terceiro maior mercado de capitalização de empresas biotecnológicas na Europa (Ernst & Young 2007). É considerado pela Comissão Europeia (2007) um de quatro países com melhor “performance” em biotecnologia.

 

A Dinamarca possui uma série de universidades, centros de investigação, empresas privadas de investigação de diferentes dimensões, trabalhando todos na vanguarda. Existe uma estrita colaboração entre as universidades e a indústria, onde estudantes de mestrado e de doutoramento frequentemente desenvolvem as suas teses e onde, igualmente, se desenvolvem muitas empresas “spin-off” a partir das universidades.

 

A qualidade de investigação realizada nas universidades e o sucesso das grandes empresas dinamarquesas ao nível mundial, têm sido fonte de inspiração para a formação de pequenas e médias empresas em Biotecnologia. Assim, actualmente, observa-se um denso agrupamento de universidades, hospitais e empresas de biotecnologia, tecnologia médica e farmacêutica, muitas das quais possuem investigação e desenvolvimento, na grande área de Copenhaga, na Dinamarca, e de Skåne, na Suécia, constituindo o Medicon Valley, um dos mais fortes “clusters” em ciências da vida na Europa.

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Quarta-feira, 3 de Outubro de 2007

Dinamarca - Uma cultura de sucesso.

   Teresa Rita - AICEP, Copenhaga, Dinamarca.

 

 

A Dinamarca é apontada como um dos países mais ricos do mundo, e de entre os vários factores que podem ser avançados como causa, o elevado nível de produtividade é, sem dúvida, um dos que encabeça a lista. Uma cultura muito positiva e auto--favorecedora que se expande às organizações, explica parte do fenómeno.

 

Com uma economia francamente saudável, crescendo anualmente quase sempre a um ritmo superior ao dos restantes países da União Europeia, este país tem um dos PIB per capita mais elevados, a contrastar com o cenário português.

Menos concreto, mas igualmente indicador de sucesso, é o 1º lugar que a Dinamarca ocupa no ranking de povos que se auto--classificam como os mais felizes do mundo, pelo que a cultura merece um foco especial, numa referência ao país.

 

A formar mais um contraste com as características lusas, desta feita cultural, os dinamarqueses, em traços gerais, são confiantes, não se prendem por convenções sociais, são fortes defensores do que constroem e dão primazia ao produto dinamarquês, vêm a vida pelo lado prático e sabem viver. Donos de uma mentalidade que os beneficia, os dinamarqueses no trabalho são, além de produtivos, muito rigorosos, altamente profissionais e sustentam uma fortíssima noção de gestão de pessoas. Um conceito que parece indispensável e absolutamente enraizado na Dinamarca está ainda na fase da teoria em Portugal, com grande défice de valorização e aplicação prática.

Na cultura organizacional típica dinamarquesa, gerir pessoas é sinónimo de desenvolver potenciais, com a perfeita consciência de que o profissional e o ser humano são indissociáveis. A componente da vida pessoal é, antes, altamente valorizada e entendida como mais um vector em estreita ligação com a produtividade. Todo o sistema coopera a favor do bem-estar no trabalho e fora dele, sendo o processo de responsabilização feito pela via da liberdade e confiança, o que é perfeitamente integrável num povo altamente focado no cumprimento de regras, respeitador, e com um forte sentido de honestidade.

Em benefício da qualidade de vida, o horário de saída na Dinamarca em média não vai além das 16h30, e não só é suposto, como é natural que seja respeitado. A carga de trabalho é adequada à carga horária que, por regra, ronda as 7 horas por dia, com cerca de meia hora de almoço, atingindo níveis de produtividade altamente satisfatórios.

O tempo é muito valorizado, e 5 minutos de atraso sem aviso prévio podem ser suficientes para o cancelamento de uma reunião neste país. O rigor não é descurado e está a favor de um profissionalismo levado à letra, sendo o conceito relativo do “mais ou menos”, ao jeito português, pouco tolerado na Dinamarca.

 

 

O conceito de motivação está, por arrasto, muito desenvolvido, e não passa apenas pela componente salarial. Boas condições de trabalho e a noção da necessidade de evolução, formação, e valorização permanente de cada membro, estão na base de níveis de desempenho altamente satisfatórios. A teoria dinamarquesa advoga que os recursos humanos só encontram condições de atingir o seu potencial e desenvolver-se positivamente quando bem geridos. Inserido está, ainda, o conceito absoluto de valorização pelo mérito, em que os bons resultados são estrategicamente enaltecidos, numa cultura pró-competência, informal e completamente anti-doutores.

Outros tantos elementos culturais, ao serviço do sucesso do país, poderiam ainda ser apresentados.

 

Seguindo o exemplo da Dinamarca, ou de outros, é indispensável a Portugal uma viragem cultural, que se arraste não só às organizações, como à mentalidade geral de um povo, ainda pouco consciente do seu papel em prol do país. É também nas novas gerações e muito nas que se aventuram por experiências além fronteiras, ganhando uma visão mais abrangente e mais completa do país, que está parte da matéria que pode fazer uma viragem de postura, de mentalidade e de cultura em Portugal.

 

publicado por visaocontacto às 12:30
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