Terça-feira, 11 de Agosto de 2009

A step ahead

Catarina de Oliveira | C13

 

IIT Research Institute

Chicago | EUA

 

O cancro assume-se actualmente como um grave problema de saúde pública, principalmente nos países industrializados.
Ainda que desde 1971, quando a administração Nixon declarou a War on Cancer, se tenham desenvolvido novos métodos de diagnóstico que têm conseguido melhorar o prognóstico de vários doentes, esta é ainda uma doença associada a uma grave diminuição da qualidade de vida, um longo processo de tratamento e muitas vezes uma sentença de morte precoce.


Os tratamentos convencionais, mais ou menos eficientes, acabam por tratar a consequência imediata, os tumores, sem atacarem a causa primeira destas doenças: a carcinogénese – a formação de células anormais capazes de multiplicar-se indefinidamente e de escapar ao nosso sistema imunitário.
Para tentar reverter este quadro, só nos Estados Unidos são gastos anualmente perto de 5 mil milhões de dólares dos cofres públicos em investigação no cancro, sendo que grosso modo se pode dividir este investimento em procura de novos tratamentos, novos métodos de diagnóstico, melhor entendimento da biologia do cancro e prevenção.


Entender a génese e a biologia do cancro sempre pareceu o caminho mais curto e aliciante para qualquer tentativa de o atacar. Conhecemos já situações em que algumas pessoas têm mais probabilidade que outras de ter um ou outro tipo de cancro, tais como a forte componente familiar de alguns tipos cancro da mama, a infecção por HPV no cancro do cólo do útero ou o papel do tabagismo no cancro do pulmão, mas como, quando e porquê essa maior probabilidade se traduz finalmente em cancro, é ainda, de uma forma geral, uma incógnita.
As dificuldades que esta aproximação tem encontrado prendem-se com o facto desta não ser apenas uma doença, mas uma infinitude de patologias, cuja causa primeira, depende e varia com o órgão afectado, o paciente, e muitas outras variáveis ainda deconhecidas.


Compreender as causas e o mecanismo exacto da carcinogénese, se alguma vez for possível,  poderá ajudar a desenvolver novos mecanismos de prevenção, que mais do que tentar encontrar uma cura para o cancro teriam como objectivo final a sua irradicação.


Cientistas em todo o mundo estudam diferentes formas de ajudar na prevenção, incluíndo, mudanças na alimentação e estilo de vida, métodos que permitam identificar lesões pré-cancerosas num estádio muito inicial e medicamentos quimiopreventivos (que tratem lesões pré-cancerosas ou que evitem a carcinogénese).
 
 O IIT Research Institute, onde me encontro actualmente a estagiar, é um instituto de investigação ligado a uma instituição de ensino superior: o Illinois Institute of Tecnology. São ambas instituições privadas,  sem fins lucrativos e contam com financiamento público e privado.

 

No panomarama da luta contra o cancro, o IITRI, através da Carcinogenesis and Chemoprevention Division e da Drug Discovery Division, visa desenvolver compostos quimiopreventivos, preferencialmente incorporáveis na dieta humana, que possam diminuir as probabilidades de desenvolvimento de vários tipos de cancro, quer em grupos de risco quer na população em geral, e compreender a fundo o seu mecanismo de acção. Nos últimos anos a investigação dos efeitos da Vitamina D nos cancros da mama e do tracto digestivo tem trazido bons resultados e publicações em revistas da especialidade, sendo de realçar um análogo desta Vitamina desenvolvido em parceria com a University of Illinois at Chicago, que entrou na fase de ensaios clínicos em 2006.
 
Ainda que haja um longo percurso pela frente até que este ou qualquer outro composto quimiopreventivo possa estar disponível para a população em geral, esperamos todos que, em breve, nos posicionemos finalmente um passo à frente do Cancro.

  

Referências:

www.cancer.gov

www.iitri.org

 

 

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Segunda-feira, 3 de Agosto de 2009

The Green Temple and the PowerLeap - Iniciativas verdes

Renato Silva | C13
 
VinoVisit.com
San Francisco | EUA
 
 
PowerLeap girls
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No passado mês de Abril, desloquei-me à cidade de Los Angeles para um fim de semana prolongado, onde tive a oportunidade de rever amigos de longa data e conhecer alguns dos espaços da cidade mais cinematográfica do mundo – Sunset Strip, Hollywood Boulevard, Venice Beach, Rodeo Drive...

Na viagem de regresso a San Francisco, após uma troca de lugares no avião, iniciei uma conversa informal com o passageiro do lado - Mike Zuckerman da Green Temple. Conversámos ininterruptamente durante toda a viagem e descobrimos que tínhamos uma paixão em comum – as tecnologias verdes. Discutimos várias iniciativas e trocámos conhecimentos e contactos. No final da viagem, ofereci-me, prontamente, para colaborar indirectamente com as suas iniciativas e espalhar a palavra na língua de Camões e, desde então, acompanhamo-nos mutuamente através do Twitter e, por vezes, encontramo-nos em alguns dos espaços onde foram implementadas algumas das suas iniciativas.

 

Mike Zuckerman, da Green Temple, é um jovem invulgar que vive num barco na baía de San Francisco e dedica-se à causa da sustentabilidade, dando palestras em todo o mundo, com o objectivo muito concreto de sensibilizar os grandes empresários a aderirem às suas medidas ecológicas contribuindo, em paralelo, para a diminuição dos seus custos operacionais. A Green Temple, está numa fase inicial e, actualmente, colabora directamente com o espaço de lazer - The Temple em San Francisco. Este espaço nocturno, do proprietário - Paul Hemming, tem como objectivo criar o primeiro espaço de lazer completamente verde, que permita o entretenimento, a cultura e a educação, aderindo à premissa: People, Profit and Planet.

 

Em Janeiro de 2007, o The Temple contratou Mike Zuckerman como director de sustentabilidade, iniciando um processo de transformação do espaço, através da implementação de medidas que visam a diminuição dos gastos energéticos, a transformação dos óleos alimentares em combustível e a reciclagem. Actualmente, no The Temple: 71% dos materiais utilizados são reciclados e/ ou biodigeridos, não são permitidos materiais à base de petróleo, como copos descartáveis ou palhinhas e todo o óleo utilizado na cozinha é doado para a GotGrease (www.gotgrease.org), para ser transformado em biocombustível.

As iniciativas propostas pela Green Temple, permitem, de facto, uma transição sustentável dos recursos nas suas vertentes ecológicas, económicas, sociais e culturais. Essas medidas são extremamente bem aceites pela comunidade empresarial, já que permitem a economia de gastos em tempos de crise e alteram positivamente a imagem das mesmas. Porém, o pensamente verde, é algo recente e pouco implementado na mentalidade da população do planeta. Alguns dos produtos ecologicamente correctos, têm um preço elevado devido à sua produção em pequena escala e estão ao alcance de poucos. Este paradigma altera-se a um passo acelerado e pode vir a transformar-se em verdadeiras oportunidades de negócio no mercado das tecnologias verdes, que propõem produtos realmente inovadores. Entre esses produtos, uma das propostas, com as quais tive a oportunidade de contactar através de um twitte da Green Temple, foi o POWER LEAP.

 

O Power Leap é um sistema energético que pode ser implementado no chão de qualquer edifício ou superfície horizontal, permitindo converter a energia do tráfego humano em electricidade. O sistema utiliza tecnologia piezoelétrica e circuitos para converter a força aplicada pela pressão do tráfego humano em energia. A piezoeléctricidade é um fenómeno que ocorre naturalmente em certos materiais que geram um campo magnético quando deformados. Estes materiais podem ser cristais, cerâmica ou polímeros. Nestes materiais, quando a força não é aplicada, a sua estrutura atómica mantém-se em equilíbrio, não produzindo electricidade. Porém, quando a força é aplicada, uma onda energética é criada, gerando uma voltagem ao longo do material que pode ser integrada num circuito produzindo uma corrente eléctrica. Os componentes que colectam a energia podem ser alojados numa base assente no chão, permitindo a sua aplicação em diferentes espaços, tais como: vias pedestres, terminais de aeroportos, estações de comboio, estádios, espaços de lazer, campus universitários ou empresarias, etc.

 

A Powerleap LLC é uma empresa de energias alternativas criada por Elizabeth Redmond em 2008, enquanto estudava na Universidade de Michigan. A empresa tem a sua sede em Chicago e encontra-se em processo de finalização do produto para uso comercial. O objectivo final, é a criação de um sistema robusto, eficiente e viável para a colecta de energia humana. Em 100 metros de uma passadeira pedestre de uma qualquer cidade do mundo, podem ser gerados pelos pedestres, 1 kW de electricidade a cada hora. A electricidade gerada pelo sistema piezoelétrico pode ter várias aplicações, mas quando aplicada ao sistema de iluminação podemos verificar uma poupança até 80%.

O horizonte do século XXI, apresenta-se com demasiados obstáculos e provações ao desenvolvimento humano, como meio de reconfigurar o paradigma civilizacional, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planeando e agindo de forma a atingir a proficiência na manutenção indefinida desses ideais.

 

A ideologia vigente num determinado momento histórico só pode ser alterada através de uma rotura ou mudança com os dogmas do passado. Para que tal aconteça, é necessário que pessoas abdiquem dos seus valores carnais e dediquem a sua vida em busca de soluções que permitam um Futuro para as gerações vindouras. Essas soluções podem ser contributos pequenos, como aqueles apresentados neste artigo, mas que, em conjunto, podem ser as medidas simples e economicamente viáveis que resultarão na mudança do paradigma actual para uma sustentabilidade real.

 

"We must invest in a clean energy economy that will lead to new jobs, new businesses and reduce our dependence on foreign oil," (...) "The steps I am announcing today help bring us closer to that goal. If we are to be a leader in the 21st century global economy, then we must lead the world in clean energy technology. Through American ingenuity and determination, we can and will succeed." , Barack Hussain Obama – Presidente dos Estados Unidos da América.

 

Contactos:
 
Green Temple (Twitter)- http://twitter.com/greentemple
The Temple (site) - www.templesf.com
Powerleap LCC- http://www.powerleap.net/
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Quarta-feira, 18 de Março de 2009

O sonho pode também ser Português

Helena Silva | C12

Cisco Systems

San Jose, E.U.A.

O meu contributo ou artigo de opinião, como lhe queiram chamar, é mais uma dissertação onde espero deixar os leitores a pensar no que fizemos, fazemos e estamos a pensar fazer.

A crise está instalada e quanto a isso não há qualquer dúvida mas será esse um motivo suficiente para «baixarmos os braços»?

A mensagem que quero passar é que já chega de nos desculparmos que somos “pequenos” e por isso não conseguimos chegar a lado nenhum. Recuso-me a utilizar esse argumento, porque “os pequeninos” chegam onde chegam “os grandes”. E nada melhor do que uma altura de crise para mostrarmos o que valemos!

Vamos olhar para os bons exemplos. Não é uma questão de copiar mas sim, de aprender com eles. O mercado em que estou inserida é a maior economia mundial, mas se o é hoje,  é porque já trabalhou muito para sê-lo e isso nota-se na cultura, nos valores e nos hábitos. Ora vejamos, neste momento em que a crise começa a chegar aos lares americanos:

Começando pela Comunicação Social, assiste-se a mensagens de incentivo, ou melhor, de ajuda em que desafiam as pessoas a utilizar as formas mais criativas para poupar dinheiro.

No que respeita ao Governo Americano, a minha percepção é que actua como entidade responsável pelos acontecimentos mas também educativa, no que se refere à sua população. Uma das medidas que tem vindo a insistir cada vez mais é o tão falado, teleworking. Este conceito sugere que as pessoas trabalhem a partir de casa e que desta forma, poupem dinheiro, nomeadamente em gasolina. Assim, não só os trabalhadores ficam a ganhar em termos monetários e de qualidade de vida, como também as empresas conseguem reduzir alguns dos seus custos variáveis imputados ao espaço que é destinado aos trabalhadores. A acrescer a tudo isto, o Governo consegue ainda reduzir o seu défice moral para com o ambiente. Este é naturalmente um pequeno exemplo, em muitos, mas que mostra qual a postura perante a crise. Não basta dizer que podemos poupar dinheiro, é também papel dos nossos governadores, sugerirem quais as melhores formas para alcançarmos esse  objectivo.

Passando agora para a população geral, estaria a mentir se dissesse que se nota uma diferença radical nos hábitos, mas a verdade é que as pessoas com quem tenho contacto mostram preocupação com a crise e tomam medidas para reduzir os seus gastos habituais, como por exemplo, mudar de casa como forma de reduzir o custo suportado com a renda. À parte disso, tendem a fazer um esforço maior a nível profissional, uma vez que sabem que em períodos como este, os postos de trabalho são substancialmente mais vulneráveis. No entanto, não estão constantemente a falar sobre o assunto nem têm uma atitude mais pessimista perante a vida porque o país, ou o Mundo, está em crise.

O que quero com isto dizer, é que Portugal tem mentes brilhantes, muito boas ideias, muitos bons projectos que já mudaram o mundo, e acima de tudo profissionais competentes e trabalhadores, apesar dos estudos relativos à má produtividade que a comunicação social publica recorrentemente. Temos apenas pouca confiança e uma baixa auto estima. Penso que não vale a pena referir novamente todos os “bons-feitores” na divulgação do nome do nosso país, nem os projectos com enorme sucesso além fronteiras, nem tão pouco as inúmeras empresas portuguesas que têm presença internacional em vários mercados.

 

O facto de vir trabalhar para o estrangeiro só fez com que reiterasse a minha opinião quanto ao nosso país e à nossa cultura. Temos todos os ingredientes para fazer um bom trabalho, falta-nos apenas mudar mentalidades. Sair da casca! Porque o American Dream pode ser também o Sonho Português...

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Sexta-feira, 13 de Março de 2009

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Rui Cabrita | C12
 
Critical Links
 
EUA
 

Redução da Dependência Energética como Solução

O receio económico generalizado tomou conta das vidas não só dos portugueses como de todo o Mundo. Repetidamente, ouve-se e lê-se que vivemos numa era global e sem fronteiras e, assim sendo, teremos de viver com tudo o que de positivo e negativo tal modelo económico e social acarreta. Antes de tentarmos arranjar soluções para esta crise há muito anunciada, e que terá o seu auge em 2009, temos de tentar perceber o porquê destas quebras económicas tão repentinas e acentuadas que levam, todo o mundo, a indicadores de depressão dramáticos.

Muitos se perguntam ou, simplesmente, já não se recordam de onde surgiu esta crise financeira mundial. A crise teve início no país que muitos apelidam de super potência mundial – E.U.A.!

 Com a crise das empresas dotcom o mercado de imóveis aqueceu e o FED (Banco Central Americano) resolveu baixar os juros para que as pessoas passassem a financiar e fazer empréstimos. A iniciativa deu certo.

O mercado imobiliário viu que o financiamento era uma boa maneira de ganhar dinheiro e, em 2003, houve um aumento na procura pelo crédito, já que os juros no sector chegaram a 1% ao ano, o menor em 50 anos nos EUA. Comprar imóveis era um dos melhores investimentos e a prática de hipotecar, comum nos EUA, aumentou consideravelmente.

O problema maior começou quando essas empresas que hipotecavam, “descobriram” o subprime, um tipo de crédito para pessoas de baixos rendimentos. Como o risco, neste tipo de negociação é mais alto, já que as garantias de recebimento são pequenas, os lucros que incidem nestes créditos são maiores. (ex.: Uma pessoa hipoteca a sua casa por 100 mil euros paga à hipotecária 100 mensalidades de 2mil euros. Lucro de 100%).

As hipotecárias passaram a vender esses títulos a bancos e fundos de pensão, alegando altos ganhos. A empresa que pagou 100 mil ao proprietário do imóvel, repassa para os bancos por 150 mil, mas o imóvel no fim vale 200 mil. Um bom negócio se não fosse o risco final. Como as pessoas que aderiram a esse crédito eram de baixos rendimentos, elas passaram a não pagar as mensalidades e o mercado começou a temer o subprime.

Um ano mais tarde, o valor dos imóveis atingiu o seu máximo e começou a cair. O FED passou a aumentar os juros na tentativa de conter a inflação. Isso encareceu os créditos e naturalmente afastou os compradores. Com isso, aumentou consideravelmente o número de imóveis à venda, fazendo com que os valores destes imóveis despencassem e o número de pessoas que não pagavam aumentasse cada vez mais pois, com os juros mais altos, as pessoas não conseguiam pagar as suas dívidas. Com menos crédito, menor o poder de compra e menos dinheiro passou a circular no mercado, gerando um problema de liquidez. Para se ter uma noção dos efeitos devastadores desta crise... quase dois milhões de americanos perderam o emprego no ano transacto.

Este factor conjugado com a volatilidade que se verificou com o preço do petróleo a atingir sistematicamente preços máximos históricos ao longo dos dois últimos anos, deu origem à maior crise financeira dos últimos 70 anos. Resumindo, a causa principal de toda esta crise é... dos ESPECULADORES!

Uma das soluções para contrariar ou amenizar esta crise é tornar a economia dos países menos vulnerável a tais “bichos papões”.

No caso específico de Portugal, a sua dependência energética é das mais acentuadas de todos os países da U.E. Para se ter uma noção, a taxa de dependência energética em 2007 era de 83,1%, muito acima da média europeia (54%). Isto implica um elevado custo na importação de energia, principalmente petróleo, sujeita a variações do mercado internacional. As soluções são complexas mas incluem o aumento da eficiência energética (1), a diminuição dos consumos (2) e a aposta em novas formas de energia (3), nomeadamente as energias renováveis.

1 - A optimização do consumo de energia deverá abranger todo o processo de produção, distribuição e consumo dessa mesma energia. Assim, em relação à produção será necessária a aposta em energias “amigas do ambiente” em que, no processo de transformação de energia, sejam produzidos o mínimo de desperdícios possíveis, por exemplo, a descentralização com produção de energia mais perto da zona de consumo, diminuindo as perdas energéticas no transporte (políticas de sustentabilidade e eficiência energética).

Relativamente ao consumo de energia, a eficiência depende da sua utilização mais racional, quer a nível doméstico (equipamentos mais eficazes, menor consumo), quer a nível industrial.

2 - Em 2007, do total de energia final para consumo, 36,57% foi utilizada em transportes (o sector onde mais se gasta energia), sendo que 89,98% se destinava a transportes rodoviários.  O sector doméstico constituiu 16,75% dos gastos de energia, tendo a electricidade um peso de 36,04% dos gastos.  

Desta forma, é essencial a diminuição da utilização do automóvel particular, promovendo melhores redes de transportes públicos, a criação de redes ferroviária e marítima europeias, para transporte de pessoas e mercadorias.

Em relação aos edifícios, a promoção da arquitectura bio climática, assim como a reconversão do parque habitacional e de escritórios para a produção de energia e calor, generalizando a micro geração e co-geração, são algumas hipóteses.

3 - As alternativas energéticas incluem as energias renováveis: eólica, foto voltaica, solar térmica, bio massa, bio gás, mini-hídricas, geotermia, ondas, etc. Estas diferentes tecnologias são soluções complementares e nenhuma delas por si só é a solução para as nossas necessidades energéticas.

Este tipo de energia, se adequadamente desenvolvido, permitiria a diminuição da utilização de combustíveis fósseis, reduzindo assim a importação de energia e a dependência de Portugal a nível energético, assim como seria um contributo importante para a diminuição da emissão de gases de efeito de estufa (GEE). 

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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009

Obama | Obama

Verónica Leitão | C12
Companhia das Quintas
Newark | USA 
 

Sem dúvida que Barack Obama é definido como a pessoa e/ou produto out of the box mais marcante dos últimos tempos.

 

 Desde que cá cheguei em Julho, que ainda estava no ar quem seria o próximo candidato pelos democratas para a presidência dos Estados Unidos da América. No que diz respeito ao contexto social dos E.U.A., Obama conseguiu unir as massas, devolver a esperança já esquecida em tempos de crise, não só financeira, como também uma profunda crise de valores. Esperança para as comunidades afro-americanas, de demonstrar como é um país de oportunidades, de criar a hipótese de um senador afro-americano ser eleito como presidente de uma potência mundial. Estas eleições tiveram um impacto gigantesco para quem cá está. Ninguém é indiferente às constantes formas de marketing utilizadas pelos dois partidos. Em Julho não estava ainda definido quem seria o candidato democrata. Estava mais que decidido que seria Hillary Clinton, quando, do nada, Barack Obama é escolhido. Porquê? Puro Marketing. Marketing “viral” tomou novas proporções nestas eleições. Websites como Facebook, Youtube e MySpace tornaram-se ferramentas vitais de comunicação e propagação de ideais, de crenças e de aproximação entre um candidato e o segmento jovem.

 

Segundo Webster, Marketing pode ser definido como o processo ou técnica de promoção, venda e distribuição de um produto ou serviço. Barack Obama é tanto um produto como um serviço. A genialidade de definir Obama como uma marca, foi um ponto estratégico para a sua vitória esmagadora.

 

Sem dúvida alguma que Clinton tinha um budget superior em comparação com Obama, mas a estratégia deste último foi pioneira em focar-se em nichos de mercado, em lugar de gastar recursos a tentar atingir o mercado no seu todo. Após ter assegurado a nomeação democrata, Obama teve que contrariar uma América conservadora, agarrada às suas tradições, tão representativas do que McCain garantia. Enquanto este último demonstrava, através da sua idade e do facto de ser um prisioneiro de guerra, que as tradições se devem manter, Obama tentou uma vez mais mostrar que existe uma contínua crise de valores, de descrença no poder e que essa tendência deve ser contrariada. Apostou em publicidade on-line direccionada para segmentos tão diferentes como os gays, estudantes, desportistas ou mulheres.

        

 

Segundo dados fornecidos pela Nielsen Online, em Julho de 2008 a campanha McCain tinha 15.1 milhões de sponsored link impressions- o número de vezes que é feito o download de um anúncio do ecrã de um computador, em comparação com 1.2 milhões alcançados por Obama. Por outro lado, a Campanha Obama focou-se em gastar o seu budget em publicidade de displays. Dessa forma atingiu 416.7 milhões de image-based ad impressions em contraste com os 16. 5 milhões de ad impressions de McCain.

 

Outra estratégia fundamental para o confirmado sucesso de Obama foi o marketing boca-a-boca. Esta estratégia, alinhada com o marketing “viral”, foi utilizada de uma forma nunca antes vista. Figuras públicas deram a cara a uma definição de politica, fosse por que partido fosse. Ambos os lados usaram e abusaram dos média e despenderam em TV., somas nunca antes imaginadas. TNS Media Intelligence estimou que os candidatos gastaram mais de 7 milhões de dólares em publicidade on-line e 300 milhões de dólares em TV desde Fevereiro de 2007.

 

Embora estejamos na véspera de ver história a ser escrita, o buzz não padeceu com a vitória de Barack Obama. Todos os seus movimentos foram analisados á lupa. O título de “President Elect” nunca antes tomara tamanhas proporções. Desde as decisões de quem pertenceria á sua equipa, ao cão escolhido pela família, tudo girou em volta da marca Obama.

 

Palavras como Change, Hope ou mesmo a frase mais marcante de todo o percurso de Obama – Yes We Can ficarão para sempre na história. Qualquer pessoa que coloque estas palavras nos parâmetros de busca do Youtube, encontrará uma série de vídeos, resultados perfeitos de marketing “viral”.
 
Se estas eleições nos ensinaram alguma coisa, foi que qualquer pessoa, desde que siga o rumo certo, e com uma brilhante estratégia de marketing, pode ser o próximo Presidente dos Estados Unidos da América.
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Quarta-feira, 18 de Junho de 2008

Recessão Americana: realidades e oportunidades

 Nelson Peneirol

 

 Mota e Engil

 

 Miami

 

 E.U.A.

 

 

 

A economia mais poderosa do mundo entrou, de forma mais visível, em recessão no último ano. As tendências negativas fazem parte do crescimento de qualquer economia, no entanto, os reveses de 1990-91 e 2001 diferenciam-se do cenário actual, em extensão e em profundidade. A crise do subprime foi assim apelidada por ter origem nos créditos de risco com o mesmo nome, que se expandiram com a bolha da construção residencial, iniciada no final do século XX.

Até à década de 80 o sector bancário dos EUA era muito regulado e fragmentado. Bancos regionais e de pequena dimensão eram utilizados pelas diversas comunidades para depósitos e empréstimos para habitação, geralmente de longo prazo e com taxas fixas. Com a desregulamentação e a subida das taxas estes bancos não atraiam depósitos e geraram enormes perdas entrando em bancarrota. Esta crise ficou conhecida como Savings & Loans.

O departamento do Tesouro decidiu intervir para evitar as perturbações que estas falências provocaram assumindo os seus créditos, num volume total de $400 mil milhões. Sem haver um comprador único para este “embrulho” optou-se pela titularização destes activos, ou seja, combinavam-se empréstimos em pacotes que os bancos podiam comprar e vender. Este mercado tornou-se bem sucedido e expandiu-se, o que possibilitou à banca a diversificação das suas carteiras de empréstimos.

Nos anos 90, com o crédito em expansão, tornou-se possível conceder empréstimos a grupos de maior risco. Assim se criou o denominado mercado subprime. Imagine-se um casal jovem e de carreiras promissoras que quer comprar casa, ou uma família de meia-idade que faz uma hipoteca para financiar a montagem de um negócio ou investir em novos imóveis. Conseguiam obter um contrato a longo prazo, tipicamente a 30 anos, em que nos primeiros as taxas eram baixas, devido ao facto de necessitarem de liquidez, subindo os juros consideravelmente nos restantes anos para compensar o risco. Não são imprudentes estes empréstimos, mas são com certeza arriscados.

A sobrevalorização de vários mercados imobiliários, nomeadamente Florida, Califórnia, Arizona, Havai e Nevada, onde se registavam crescimentos recordes dos preços, promoveu a expansão do mercado subprime. Os projectos multiplicavam-se e o imobiliário tornou-se um bom investimento. Os imóveis valorizavam rapidamente e poder-se-ia em poucos anos renegociar com o banco e pedir novos créditos com base na hipoteca, sobretudo para reinvestir em novas propriedades.

No caso de quem pede o crédito não conseguir melhorar o seu emprego ou de a empresa criada não ser bem sucedida, criam-se situações de incumprimento. Esta taxa per si já é elevada neste tipo de crédito. Se ao mesmo tempo o mercado começa a corrigir do efeito de bolha e o boom habitacional pára, as taxas de incumprimento escalam.

O mercado arrefece, as vendas diminuem, o preço das casas baixam repentinamente e os agentes do crédito subprime começam a abrir falência. O facto de este tipo de crédito ter conseguido uma representação significativa na economia e existirem muitos Bancos a nível mundial cujos portfolios e fundos de investimento estavam assegurados pelos empréstimos subprime, faz com que a liquidez dos bancos reduza muito originado um credit crunch. Sem crédito não há possibilidade de acontecer a iniciativa privada com a mesma intensidade e a economia entra em recessão.

O mercado da Construção em específico, tal como na maioria dos países desenvolvidos, é nos EUA robusto e contribui com uma parte significativa da riqueza nacional. Esta situação de crise vinda do mercado da habitação desencadeou em termos globais uma mudança de investimento privado do sector residencial para o não-residencial, desde edifícios de escritórios a hotéis. Paralelamente o investimento público tem sido incrementado como medida anti-cíclica, o que se prevê que se mantenha crescente. Contundo, este sector não está a passar imune ao estado de recessão.

Outro aspecto sui generis da actual crise é o de que as economias em desenvolvimento não foram arrastadas. Economias como a Chinesa, Indiana, Brasileira ou Russa mantêm os seus rumos económicos de crescimento. Há sobretudo no Médio Oriente e na China classes médias emergentes a investir em infra-estruturas e na produção de bens, o que em retorno está a consumir os recursos, matérias-primas e serviços do resto do mundo.

A Reserva Federal Americana actuou com a baixa das taxas de juro, desvalorizou o dólar, de forma a incrementar a entrada de moeda estrangeira, através de investimento e exportações. Este cenário tem sido visto como uma oportunidade para essas mesmas economias, mais ricas e mais independentes, e que assim investem capital nos EUA numa perspectiva de médio a longo prazo.

Em termos de riqueza global e estabilidade a longo prazo, parece ser um cenário favorável a mudança da estrutura económica mundial. Mas no curto prazo o estilo de vida Americano parece estar ameaçado pelo preço elevado do petróleo e dos bens de primeira necessidade, pela moeda enfraquecida, pela redução drástica de acesso ao crédito e pela falta de dinheiro para consumo.

O grande trunfo histórico da sociedade Americana será provavelmente a rápida capacidade de mudança. Começam agora a surgir novos passos, por exemplo, na política ambiental face às mudanças climáticas e no aumento da produção de energia de forma sustentável. Go Green torna-se o lema do momento. Robert F. Kennedy Jr. referiu num artigo intitulado “The Next President’s First Task [A Manifesto]”, que a mudança de paradigma energético é essencial e deverá favorecer a economia, tal como à 200 anos a abolição da escravatura permitiu acabar com as ineficiências do trabalho a custo zero e dar início à Revolução Industrial na Grã-Bretanha, com enorme crescimento económico.

 

 

Fontes:

FLOYD NORRIS, A Construction Sector, Once Robust, Now Falters, The New York Times, 8 Março 08

RICARDO REIS, Explicando a crise do ‘subprime’, Diário Económico, 18 Agosto 07

ROBERT F. KENNEDY JR., The Next President’s First Task [A Manifesto], Vanity Fair, Maio 08

ROBERT B. REICH, The American Recession and the World's Emerging Economies, 11 Março 08

The Great American Slowdown, The Economist, Leaders print edition section, 10 Abril 08

 

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Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

gLife

   Ana Luísa Silva - Genentech, São Francisco - E.U.A.

Não será difícil de imaginar que, para alguém com formação em biotecnologia, ter a oportunidade de vir trabalhar para a cidade berço da biotecnologia e numa empresa com a importância e dimensão da Genentech, é quase um sonho tornado realidade.

E foi com esse espírito que embarquei nesta aventura e aterrei em São Francisco, disposta a viver esta cidade fantástica que é feita para as pessoas, e desfrutar tudo o que tem para oferecer: a cultura, as Beautiful Ladies, os restaurantes, a variedade da gente e dos bairros, a Mission ou Castro, Haight and Ashbury, Noe Valley, o comércio de rua, a Happy Hour, as colinas, os parques, os concertos, a ponte, a praia, o Sunday brunch. Não esquecendo o dia a dia na Genentech, claro.

A Genentech nasceu em 1976 pelas mãos de um dos pais da tecnologia de DNA recombinante, Herbert Boyer, bioquímico da University of California San Francisco (UCSF), e o jovem venture capitalist Robert Swanson. Swanson, entusiasmado com o potencial industrial da recém descoberta, contactou Boyer para marcar uma reunião, tendo-lhe este concedido dez minutos do seu tempo. Diz-se que, contagiado pelas ideias do jovem empreendedor, deixou que os dez minutos se transformassem em três horas, das quais saiu a Genentech.

Em 1977, a Genentech produz a primeira proteína humana recombinante num microrganismo, a somastatina. Em 1978 é sintetizada a insulina e em 1979 a hormona de crescimento humano. Em 1982 é finalmente comercializada a insulina humana, a primeira proteína recombinante no mercado. Desde então, mais de uma dezena de moléculas foram comercializadas e a empresa cresceu para se tornar uma das mais proeminentes na sua área, contando com cerca de 10 000 trabalhadores e instalações em Vacaville, Oceanside, Espanha e Singapura.

Tendo uma cultura própria, em que a individualidade e diversidade são encorajadas num ambiente de trabalho informal, nos últimos 10 anos tem sido consecutivamente nomeada pela Fortune como uma das melhores empresas para se trabalhar. Não é por acaso: a Genentech mantém os seus trabalhadores contentes, oferecendo-lhes inúmeros benefícios e qualidade de vida no trabalho. Desde transporte entre as principais estações de comboio ou metro e a empresa; às cantinas excelentes, onde a escolha vai de pasta a sushi a preços quase simbólicos; ou ao ginásio, que os empregados podem frequentar gratuitamente, quase nada é deixado de fora. E se a empresa tudo faz para melhorar as condições de trabalho dos seus trabalhadores, que melhor forma de retribuir senão com a excelência no trabalho?

Apesar das regalias, a exigência é alta, e todos os trabalhadores são sujeitos a várias entrevistas e um rigoroso processo de selecção, mesmo como estagiários. E aqui entra a minha experiência pessoal na empresa, mais precisamente em Process Development, grupo em que estou inserida. Este faz a ponte entre a investigação e a manufactura, levando os processos da escala laboratorial à industrial, e assegurando o desenvolvimento de processos de produção e purificação optimizados que correspondam aos padrões de qualidade e pureza exigidos para cada molécula terapêutica.

O sub-grupo a que pertenço, Late Stage Purification, é maioritariamente constituído por engenheiros, e bastante jovem, sendo que cerca de metade tem menos de 25 anos. Como estagiária, foi-me atribuído um projecto e objectivos a alcançar, sem condescendências ou facilitismos. Após umas semanas de trabalho em conjunto com a pessoa que fui substituir, tornei-me totalmente autónoma no meu trabalho, responsável por resolver os problemas que me forem surgindo no caminho. Tenho reuniões semanais com a minha supervisora, para discutir os resultados obtidos e estratégias a seguir mas, fora isso, estou por minha conta. E é nesse aspecto que a diferença é maior relativamente ao que estava habituada, a enorme independência e responsabilidade delegada em cada um, incentivando-nos a pensar pela nossa cabeça e procurar soluções, em vez de esperar que nos digam o que fazer. E é neste ponto que a experiência tem sido mais enriquecedora, embora nem sempre fácil.

Fontes:

Russo, E., Special Report: The birth of biotechnology, Nature, 421, 456-457 (23 January 2003)

www.gene.com

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Sexta-feira, 28 de Março de 2008

Ainda há esperança.

Carlos Silva

Elan Pharmaceuticals

São Francisco

E.U.A.

Descrita por Hipócrates como melancolia, tristeza, indiferença e falta de vontade de viver a realidade do dia-a-dia, podendo eventualmente conduzir ao suicídio, a Doença de Parkinson é uma doença depressiva conhecida da medicina há mais de 2000 anos.

Actualmente consideram-se múltiplas formas de depressão. Na população em geral, a doença depressiva está estimada em valores na ordem dos 40%, no entanto torna-se difícil  perceber esta incidência pois existem formas de reagir às contrariedades da vida que, sendo essencialmente depressivas, não constituem doença que necessite tratamento. Estas formas de depressão surgem, em geral, como resultado de um desgosto, mas podem ser igualmente relacionadas com o surgir de outras doenças. É natural verificar-se uma reacção negativa em alguém que esteja de boa saúde e de repente adoeça, o que se verifica no caso da doença de Parkinson.

O sentimento dominante é o de revolta. A sensação de injustiça por parte da natureza por ter sido escolhido para ter essa doença leva o doente a ser dominado por ansiedade, insónias e irritabilidade que afecta as suas relações com a família. Esta reacção depressiva estende-se ao agregado familiar pois uma doença crónica numa família é igualmente uma doença da estrutura social que é a família. A lentidão de movimentos, a súbita paralisia muscular e a perda de expressão facial surgem como primeiros sintomas e que podem ser confundidos, inicialmente, com falta de iniciativa, sendo que o doente pode ser erradamente diagnosticado como depressivo sem o estar. As modificações químicas resultantes do processo degenerativo que é a doença de Parkinson não só afectam regiões motoras, como também afectam regiões cerebrais implicadas na génese dos sintomas depressivos, portanto é importante tratar ambas as situações, pois uma melhoria na condição motora conduz naturalmente a uma melhoria na condição psicológica do doente, recorrendo a uma medicação eficaz.

Basicamente, é a formação de agregados de proteínas que está na génese das doenças degenerativas como a doença de Parkinson.  O objectivo torna-se, então, em produzir fármacos que actuem de forma a evitar a formação destes agregados.

Encontro-me em San Francisco a realizar o meu estágio na empresa Elan Pharmaceuticals, cujo alvo de estudo de investigação são as doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer, a Esclerose Múltipla e a doença de Parkinson. No mercado farmacêutico existem já à venda produtos desenvolvidos por esta empresa, sendo os mais conhecidos: “Tysabri” – utilizado para tratamento de certas formas de Esclerose múltipla; e “PRIALT” – analgésico eficaz para alívio da dor aguda em doenças crónicas. O meu projecto de investigação na empresa relaciona-se directamente com o estudo da doença de Parkinson e os mecanismos que conduzem a esta doença, realizando experiências com determinadas proteínas que estão directamente envolvidas com a formação de agregados em que a sua acumulação conduz as respostas celulares como a degeneração de determinados tipos de neurónios (dopaminérgicos).

A experiência de trabalhar numa empresa fora do país tem um valor sem precedentes, pois adquirem-se métodos de trabalho que normalmente não se adoptariam. Por muito boa que seja a formação académica, acaba por ser insuficiente comparativamente à formação que se obtém após engrenar num ambiente empresarial e industrial com objectivos que levam à criação de produtos de utilidade pública.

publicado por visaocontacto às 12:00
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Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

Presidência da UE vista do outro lado do Atlântico

   Guilherme Sousa, Delegação Nova Iorque, E.U.A

 

 

No próximo dia 1 de Julho, Portugal assume a presidência da União Europeia, este facto é importante para o nosso País, mas qual a relevância para o resto do mundo? Há questões importantes a resolver, sendo provavelmente a mais mediática a constituição Europeia. Na agenda, estão ainda, as relações comerciais com o norte de África, as oportunidades comerciais com os BRIC (em particular Brasil e as difíceis relações com a Rússia), além da sempre complicada questão da Turquia.

 

Estes são temas relevantes, seguidos com atenção, em todo o mundo, particularmente em Nova Iorque. Nesta cidade as pessoas têm “sede” de informação! Os nova-iorquinos interessam-se pelo que se passa no mundo, algo estranho para aqueles que têm a imagem do Americano ignorante, que só come Hamburgers e conduz a sua “pick-up”. Contudo, Nova Iorque não é a América, é o best of America.

 

A Europa é um mercado seguido atentamente, em particular quando as economias europeias começam de novo a dar sinais de crescimento. Na realidade, as grandes multinacionais Norte-Americanas (com destaque para o sector financeiro) estão a deslocar dirigentes e centros de decisão para a Europa e Ásia. Londres parece já ter destronado Nova Iorque como centro financeiro mundial.

 

Neste contexto, a visibilidade é provavelmente o aspecto mais relevante desta Presidência (relativamente a Nova-Iorque e aos EUA). Portugal será mencionado regularmente nos jornais e entrará nas discussões sobre a U.E.. O País ganhará visibilidade e é importante deixar boa imagem, uma imagem que deverá ser promovida, com uma estratégia, posicionando a nossa Marca e tirando partido desta oportunidade.

 

Contudo, parece faltar uma estratégia abrangente! Não se vislumbram iniciativas de promoção associadas a esta presidência, assim parece que vamos perder uma oportunidade para gerar buzz junto da comunidade nova-iorquina, e por consequência nos EUA.

 

Actualmente, Portugal não é um nome relevante em Nova Iorque, embora reconhecido, há poucas referências!

É surpreendente, mas a marca Magellan (Magalhães), com origem no navegador Português, tem presença em sectores tão variados como artigos desportivos, aparelhos de GPS, hotéis e agências de viagens, mas estas empresas não têm ligação ao nosso país.

 

Durante estes meses em Nova-Iorque, apercebi-me que Itália, França, Espanha e Reino Unido (entre outros), são marcas com valor neste mercado e provavelmente em todo o mundo. O seu reconhecimento permite vender, por vezes, sem grande esforço.

A Marca Itália, hoje, vende por si! Os Wines of Italy, fazem pouco em termos de promoção, mas isso não impede que os seus vinhos sejam os primeiros em volume e valor de importação.

A Espanha, tem vindo a construir uma marca neste país, com uma estratégia coerente e investimento contínuo, apontando para resultados de médio e longo prazo. Actualmente, os produtos Espanhóis verificam um reconhecimento crescente.

Assim, compreende-se que é fundamental transmitir uma ideia/emoção, ter uma Marca! Neste mercado, as empresas e países investem milhões em campanhas de marketing, de forma a transmitir uma mensagem clara, aproveitando todas as oportunidades de promoção.

 

As constantes mudanças de direcção e estratégia fazem-nos perder tempo, energia e recursos! Seguramente há intenção de tomar a opção mais correcta, mas os resultados não são imediatos, a promoção e comunicação têm de ser feitas de forma contínua, visando efeitos de longo prazo.

 

A questão da Marca, e acima de tudo, a comunicação da mesma, não são temas novos nestas newsletters, contudo sabemos que os nossos produtos e serviços têm qualidade, e não podemos deixar de explorar os motivos do nosso insucesso.

Este não é o único problema no nosso País: falta organização, formação e empreendedorismo, contudo os Italianos não são um modelo de organização e, no entanto, VENDEM!

publicado por visaocontacto às 18:06
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Do Banco Mundial para a Europa

   Sara Pais, Banco Mundial, Washington, E.U.A.

 

 

 

Pessoalmente considero este tema muito interessante, não só pela sua pertinência, como também pela sua actualidade. O facto de estar a realizar o meu estágio no Banco Mundial, serviu-me de inspiração para abordar este assunto tendo em conta esta realidade.

Tendo por base as várias alternativas propostas e a liberdade concedida para explorar o tema, da forma que achássemos mais conveniente, decidi reunir com Nuno Mota Pinto, Alternate Executive Director do grupo de países onde se insere Portugal, para ouvir as suas opiniões sobre a presidência portuguesa da UE e de que forma irá influenciar o papel de Portugal dentro do Banco Mundial.

As representações dos países no Banco Mundial são organizadas da seguinte forma: Os EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, China, Arábia Saudita e Rússia têm representação própria dentro do Banco. Cada um destes países tem um Executive Director e um Alternate Executice Director. Os restantes países accionistas do Banco, que possuam percentagens de capital relativamente mais pequenas, estão organizados por grupos e dentro desses grupos existe um Executive e um Alternate Executive Director. Portugal está no grupo com a Itália, Grécia, Albânia, Malta, San Marino e Timor-Leste.

 

Segundo Nuno Mota Pinto, está em curso um processo de coordenação entre representantes europeus, que passará pela produção de declarações conjuntas no conselho de administração do Banco que representem o consenso dos países europeus. Por outro lado, a UE gostaria que houvesse uma unificação da sua representação nas instituições internacionais, isto é, deveria existir um representante da UE e não um representante para cada país da UE.

 

Esta mudança não se apresenta fácil e é ainda um processo em curso que irá originar alguma controvérsia já que certos países poderão vir a perder a sua posição “privilegiada” pois a sua quota, de uma forma ou de outra, diminuirá. Paralelamente, o processo de construção de um consenso, em relação à unificação da representação da UE no Conselho do Banco, tentando conciliar 27 vozes, será bastante difícil.

Para além disso, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional estão a sofrer uma reestruturação e enquanto este processo não terminar, mudanças a nível de representação de países no conselho de administração do Banco não acontecerão.

 

No que respeita à agenda da presidência portuguesa da UE existem vários pontos que serão muito importantes, tendo em conta a presença de Portugal no Banco Mundial, nomeadamente as cimeiras UE-Africa, UE-Brasil, UE-Índia e UE-China. Todas estas cimeiras não só irão estreitar relações entre as economias, como também irão potenciar novas oportunidades de colaboração.

 

Um outro ponto importante é que, apesar de Portugal deter uma percentagem relativamente pequena do capital do Banco Mundial, a presidência portuguesa da UE permitirá não só uma maior visibilidade, já que dentro do Banco seremos vistos como representantes da voz dos países europeus, como também uma maior participação no processo de decisão.

 

Nuno Mota Pinto acrescentou ainda que, na segunda metade do semestre da presidência portuguesa da UE, irá haver uma grande iniciativa em Lisboa, em parceria com o IFC (International Finance Corporation, World Bank http://www.ifc.org/) e com o BEI (Banco Europeu de Investimento http://www.eib.org/), que visará explorar oportunidades no sector privado.

 

Um outro acontecimento de relevância que irá ter lugar na segunda metade deste ano será o fecho da 15ª negociação com a IDA (International Development Association), que é um dos maiores fundos multilaterais de ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres do Mundo, em que Portugal, enquanto na presidência da UE, terá um papel preponderante na definição de política.

 

publicado por visaocontacto às 17:43
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Portugal, a porta entre a União Europeia e África

   Bruno da Costa, BID, Washington, E.U.A.

 

 

 

Como é do conhecimento geral, Portugal assume a Presidência do Conselho da União Europeia 2007 no dia 1 de Julho, cargo este que desempenha um papel primordial na organização dos trabalhos da instituição e que vai trazer, inevitavelmente, maior visibilidade ao nosso país.

A "Flor azul", logótipo da Presidência neste segundo trimestre de 2007, constitui um símbolo de contemporaneidade portuguesa: modernidade, harmonia, mar, transparência e abertura ao futuro, as pétalas, agregadas livremente numa disposição concêntrica, assinalam o contributo singular de cada Estado Membro numa missão conjunta de construção europeia. A possibilidade do símbolo adoptar a combinação de cores de cada bandeira, confere à Presidência Portuguesa uma imagem construtiva, de abertura e cooperação com todos os Estados Membros da União Europeia.

 

A presidência portuguesa da União Europeia vai ser extremamente rica em cimeiras bilaterais das quais se destaca a cimeira UE-União Africana a realizar em Dezembro de 2007. Portugal terá assim um papel preponderante, aproveitando a sua influência nos países africanos, com os quais detém fortes e antigos laços, em particular nas suas ex-colónias, na tentativa de canalizar ajudas comunitárias, e não apenas bilaterais, para o - por muitos visto como -  abandonado continente.

Esta circunstância histórica dá credibilidade ao nosso país quando, na cada vez mais alargada Europa Comunitária, se debatem diversos temas relacionados com o continente africano, nomeadamente a pressão demográfica dos países mais a Norte, os inúmeros conflitos armados despoletados nos últimos anos, as doenças resultantes da falta de investimento na área da saúde e higiene, constantes desrespeitos pelos direitos humanos e liberdades fundamentais, segurança alimentar, entre outros.

 

A Europa tem responsabilidades especiais para com África, sendo legítimo esperar que a próxima cimeira UE-África durante a presidência portuguesa da União seja bem preparada e obtenha resultados eficazes e duradouros, devolvendo ao continente africano alguma da alma e identidade perdida.

 

O perfeito entendimento entre o Governo, o Presidente da República português e o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, demonstrado na sua visita oficial no passado dia 15 de Junho trará com certeza grandes mais-valias a todos os africanos, como afirma o próprio António Guterres - "Temos muita esperança de que em domínios como a protecção internacional de pessoas, em relação às quais a Europa tem que continuar a ser um continente de asilo, a presidência portuguesa dê passos muito significativos".

 

publicado por visaocontacto às 17:17
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