Liliana António | C13
Aicep
Pequim | China
No cenário actual da crise económico-financeira, a China é um dos países mais atractivos para o investimento externo. Com efeito, nos últimos anos, a China tem tido um crescimento económico acentuado, sendo que os efeitos da crise económico-financeira mundial se resumem ao crescimento do PIB de “apenas” 9% em 2008. Para os próximos anos prevê-se abrandamento significativo mas, ainda assim, com fortes taxas de crescimento, em nada semelhantes às recessões projectadas para EUA, UE e Japão. Contudo, a acentuada burocracia e a constante alteração do enquadramento legal são factores que complicam o processo de entrada no mercado chinês. Acresce que o sistema legal Chinês apresenta algumas carências no que diz respeito à implementação e aplicação efectiva das leis e regulamentações, factor a que devemos adicionar as especificidades das normas estabelecidas a nível regional e local. A entrada no mercado chinês pode ser efectuada de uma das seguintes formas: escritório de representação, joint-venture e wholly-owned foreign enterprise (WOFE). Não é possível identificar uma entidade legal perfeita, sendo que cada um dos modelos tem vantagens e desvantagens, consoante o âmbito de negócio, bem como uma moldura legal diferente. O Escritório de Representação é a entidade legal mais simples, funcionando como elo de ligação entre a “empresa mãe” e o mercado chinês. Não é necessário um capital mínimo de investimento, contudo apenas poderá realizar estudos de mercado e desenvolver parcerias. Todas as transacções terão de ser oficialmente geridas e facturadas pela “empresa mãe”. Refira-se que os Escritórios de Representação não podem contratar colaboradores locais directamente, tendo, para o efeito, de recorrer aos serviços de agências de emprego autorizadas pelo governo. O Escritório de Representação é a opção mais indicada para empresas com reduzida experiência e conhecimentos sobre o mercado. As Joint Venture são empresas de capital misto (estrangeiro e chinês), sendo que, em algumas áreas de actividade é exigido que a maioria do capital seja chinês. As Joint Ventures têm responsabilidade limitada e prevêem a necessidade de acordo de todos os parceiros em caso de transferência de quotas. A distribuição de lucros e mais-valias provenientes da alienação de bens, bem como a representatividade no Conselho de Administração e a responsabilidade de cada um dos sócios dependem do tipo de Joint Venture (Equity Joint-Venture – considerando o montante investido por cada uma das partes ou Contractual Joint Venture – em que os direitos e obrigações são estabelecidos mediante acordo no momento da constituição da sociedade). Esta opção poderá ser vantajosa no caso de o know-how e condições de acesso ao mercado proporcionadas pelo parceiro local serem determinantes para o desenvolvimento do negócio. Em todo o caso, os empresários deverão prestar particular atenção ao acordo de parceria no processo de registo. As Wholly-Owned Foreign Enterprises são empresas cujo capital social é detido na totalidade por uma entidade estrangeira e cuja responsabilidade está limitada ao Capital Social registado. As WOFE podem realizar estudos de mercado, desenvolver parcerias, estabelecer trocas comerciais e recrutar colaboradores locais. Apenas é possível constituir WOFE em determinadas áreas de negócios. Contudo, o estado chinês tem vindo a permitir a constituição de WOFE em novos sectores de actividade em conformidade com os compromissos assumidos com a OMC. Em resultado, a preponderância das Joint Ventures, face às WOFE, tem vindo a decrescer ao longo dos últimos anos. Numa primeira abordagem ao mercado chinês, é necessário estabelecer uma estrutura básica de operações que possa conduzir todo o trabalho de pesquisa e preparação antes de estabelecer uma estrutura operacional autónoma na China. Em regra, o processo de estabelecimento de uma entidade legal na China é moroso e complexo, sendo altamente aconselhável que todo o processo seja conduzido com acompanhamento profissional de empresas especializadas. Legislação relevante: Company Law; Contract Law; Copyright Law Arbitration Law; Trademark Law Intellectual Property Law; Labor Law The Provisional Regulations on Value-Added Tax- The Provisional Regulations on Consumption Tax;The Provisional Regulations on Business Tax, and, other related laws and regulations; Insurance Law; Law of Chinese-Foreign Equity Joint Ventures and its implementation regulations; Law of Chinese-Foreign Contractual Joint Ventures and its implementation regulations; Law of Wholly-Owned Foreign Enterprise and its implementation regulations; Law of Foreign-invested enterprises, the income tax and its implementation regulation
Como repórter contacto tomei como opção entrevistar um colega de trabalho, sobre investimento no nosso Portugal. Quanto mais tempo passamos cá fora (neste caso nos EUA), melhor percebemos, que aí temos tudo para ter sucesso. Somos mais produtivos, trabalhamos melhor em equipa, e somos batalhadores por natureza, apenas nos falta um sentimento, generalizado a toda a sociedade, de “positivismo”. Pedi então, ao meu caro e estimado colega de trabalho, e também “contacteante”, o Dr. Frederico Brimbela Simões (formado em Gestão de Marketing pelo ISCTE) para se debruçar sucintamente sobre a sua ideia de investimento em terras lusas.
Marcos Gonçalo Guerra Santos | C12
Cisco Systems
San José | EUA
Frederico, gostaria de saber em primeiro lugar como está a correr o seu estágio na Cisco Systems nos EUA?
“Hoje posso afirmar com toda a certeza que foi a melhor opção que tomei. A nível pessoal conheci uma cultura semelhante à nossa, pessoas excepcionais, e o conceito do american dream foi finalmente desmistificado, para mim. Temos um país excepcional, onde apenas falta o sentimento de confiança e optimismo. A nível profissional, deparei-me com uma realidade bem diferente da portuguesa, a nível de dimensão tudo aqui é enorme, só na Cisco somos cerca de 60.000 pessoas. Estou a trabalhar com um dos responsáveis de Marketing da Cisco e a aprender bastante sobre o produto do futuro na área de Networking, o CVO (Cisco Virtual Office), neste momento devido a questões de confidencialidade, apenas posso referir que se trata, resumidamente, de trabalhar a partir de casa num ambiente “informaticamente seguro”, uma ideia simples que irá revolucionar o futuro.”
Em que consiste a sua visão de investimento nacional?
"A oportunidade de negócio que gostava de partilhar nesta breve entrevista é a criação de uma empresa que actua no sector dos transportes, que visa solucionar lacunas no serviço prestado aos passageiros dos aeroportos de Portugal. Inicialmente este negócio irá concentrar-se apenas no aeroporto de Lisboa e tem em conta o novo aeroporto.”
Como surgiu esta sua ideia de negócio? Será resultado das suas muitas viagens por esse mundo fora?
“Sem dúvida. Após algumas viagens pelo mundo e ter visto muitas coisas novas e muitas oportunidades houve uma que me chamou particularmente a atenção, após uma breve recolha de informação e posterior análise, comecei a achar que o negócio pode mesmo resultar em Portugal, o conceito é muito simples, diferenciador e assenta na ideia “transportes partilhados”.
O que torna esta ideia um investimento vitorioso?
“A oportunidade de criar uma empresa de raiz. Uma empresa dinâmica, com uma ideia central “Racionalidade” simples, eficiente e eficaz, com um conceito totalmente novo, inovador em Portugal.”
Fale-nos um pouco mais sobre o core business da empresa.
“O core business desta empresa é a sua especialização em transfers que realizam o transporte de pessoas desde o aeroporto até uma morada específica e vice-versa, até aqui nada que um táxi não faça, é um serviço “porta a porta” mas este negocio é diferenciador porque funciona como um transporte porta a porta, onde uma das portas é o aeroporto, o preço de cada transfer é fixo, previamente estabelecido e regulado, varia consoante a zona de destino (no caso dos transferes que saem do aeroporto de Lisboa – fluxo out) ou local de Pick-up (no caso dos transferes para o aeroporto de Lisboa – fluxo in), e é partilhado com mais pessoas (até 8) que fiquem a caminho do aeroporto ou a caminho da ultima porta.”
Não acha o projecto muito ambicioso para o nosso “pequenino” Portugal?
“De maneira alguma. Após presenciar varias empresas com este modelo de negocio, perguntei-me porque não em Portugal? Em Lisboa? Comecei por estudar as características do mercado e da concorrência, rapidamente percebi que não havia concorrência e que esta oportunidade era 100% inovadora em Portugal. Depois, passei à parte operacional, onde delineei toda uma estratégia de negócio. Desenvolvi um plano de acções onde constam as actividades, bem como o seu enquadramento, objectivos e calendarização. São estas mesmas actividades que constroem passo a passo uma operacionalização da estratégia a adoptar, tanto no mercado business to business, como no mercado business to consumer. Este projecto tem uma viabilidade económica positiva na Portela e uma viabilidade económica ainda maior no futuro aeroporto de Lisboa, devido à distância com o centro de Lisboa.”
Quais os pontos mais importantes a definir?
“Este projecto apresenta uma forte densidade logística pela gestão e planeamento das rotas, bem como pela definição de zonas e preços de utilização. Nesta oportunidade é extremamente necessária uma forte gestão de recursos humanos, de marketing (para a comunicação e estratégias), definição de políticas integradas e coesas, que respeitam a identidade da marca. Finalmente, surge o plano financeiro, essencial no plano de negócios, as directrizes estratégicas e planos de contingência.”
Qual o mais importante factor de sucesso?
“Para o sucesso deste negócio, e tendo em conta a dimensão do mercado português, a criação de parcerias com as companhias aéreas, agência de viagens, empresas multinacionais e cadeias de hotéis são essenciais. As parcerias constituem um factor crítico de sucesso para a obtenção e fidelização dos nossos clientes."
Por,
Marcos Gonçalo Guerra Santos
Caros leitores,
Quantas pessoas conhecemos, e mesmo nós próprios, que querem ter o seu próprio negócio, em vez de trabalharem por conta de outrem? Esta é uma questão que todos os dias passa pela cabeça da grande maioria das pessoas por um variadíssimo número de razões, embora estas sejam na maior parte dos casos o facto de não gostarem do que fazem ou o facto de pensarem que conseguiam melhores resultados financeiros sendo patrões deles próprios num determinado tipo de actividade.
Mas com isto surgem sempre dois problemas. O primeiro prende-se com “que negócio?” e o segundo “onde vou buscar o financiamento?”. Ora é sobre o primeiro que gostaria de partilhar com vocês o pouco que aprendi com esta minha vivência no exterior.
As pessoas procuram, ou criar um negócio que já exista, mas que pensam fazer diferente/melhor que a concorrência, ou criar algo inovador, algo que não exista no seu mercado alvo e que tenha potencial para ser um sucesso.
Em qualquer das situações supracitadas, viajar é sempre um pilar fundamental. No primeiro caso para ver como se fazem as coisas noutras realidades e daí retirar ideias para melhorar o negócio. No segundo caso, ao viajarmos, apercebemo-nos de que há uma infinidade de coisas que não existem no nosso país e que poderiam resultar. Assim, só nos resta seleccionar as diferentes opções que temos em nosso redor com o “filtro cultural” e ver qual delas se adaptaria à nossa cultura, gostos, costumes e em qual gostaríamos mais de trabalhar. A partir daí há que vencer a barreira do financiamento e trabalhar no sentido de fazer com que as coisas corram o melhor possível.
Ainda assim existe um pequeno pormenor que é preciso ter em conta. Quando as pessoas têm o seu próprio negócio passam a ter que trabalhar, provavelmente, o dobro daquilo que trabalhariam, passam a ter mais problemas e mais responsabilidades, mas têm a contrapartida de terem uma coisa delas e, acima de tudo, fazerem uma coisa de que gostam.
Ricardo Rolhas | C12
Cisco Systems
Milpitas | USA
No dia 25 de Julho, 3 semanas depois de cá chegarmos, fomos presenteados com um “meeting” com um empreendedor Português do Silicon Valley, designado neste texto como “o vale”.
Armando José Nascimento Álvares Pereira, saiu de Ponta Delgada, com visto de visitante, a 9 de Agosto de 1978, não só em busca de uma melhor vida, de uma nova vida, de uma oportunidade, mas sobretudo por causa da instabilidade vivida no nosso país naqueles tempos pós 25 de Abril. Quando chegou, “o vale” era pouco mais que hortas e árvores de fruto. Cidades como Mountain View, ou Sunnyvale, cidade onde até há bem pouco tempo residi desde que cheguei, eram a NASA e árvores de fruto “all over the place”. Os seus tempos de liceu acabaram por ser conturbados, não por dificuldades de adaptação, mas porque simplesmente tirou notas tão boas, que a razão que lhe terão dado para o retirar do liceu foi que iria ser difícil explicar o porquê das suas notas serem tão acima das dos restantes alunos americanos. Que pensar disto? Apenas que naquela altura os portugueses teriam uma educação dura, mas de qualidade e da qual não havia motivos de embaraço.
Do seu percurso profissional destaque-se o facto de ter decidido abandonar a National Semiconductor. Segundo o que nos disse não queria mais ser 1 em 30 000, ou mais, e saiu para uma empresa de menores dimensões, onde era 1 em 170, pensando que veria o seu trabalho reconhecido. E a sua teoria tornou-se realidade quando em 7 anos de empresa foi de mero desenhador a vice-presidente de engenharia. E tu o que queres ser, reconhecido pelo teu valor ou “apenas mais um”? Quando acabou o seu MBA, a capa da “Time” trazia a público o excesso de MBA’s no país. Decidiu despedir-se e esteve entre múltiplas empresas entre 1991 e 1995. Fez questão de frisar que não devemos apenas ver a instabilidade, devemos, isso sim, ver o outro lado da moeda... a OPORTUNIDADE que espreita. Algo que, diz, em Portugal não existe, que o país não proporciona as oportunidades que poderia proporcionar, sobretudo porque um primeiro desaire é a garantia da bancarrota. No “vale”, muitos dos “falhados” do passado são hoje pessoas de sucesso, que superaram um ou outro desaire, fosse este, por exemplo, por falta de fundos ou uma fraca reacção do mercado...No fundo nenhuma destas razões deveria ser motivo para baixar os braços e desistir, parar de lutar ou abdicar da ambição, mas sim para voltar a ser corajoso.
Talvez por isso o “cable modem” que muitos de nós temos em casa tenha sido, numa primeira versão, de alta velocidade e assimétrico, desenvolvido, demonstrado e patenteado pela primeira vez pela empresa Hybrid Networks, fundada por um açoriano. O próprio Armando era o presidente da Alloptic, empresa que lançou a fibra “GPON”, com suporte para maiores “bit rates”, melhorias a nível de segurança e possibilidade de escolha de suporte de camada 2 (ATM, GEM, Ethernet). No Japão é usada esta forma de acesso residencial por fibra óptica.
No fundo, é preciso saber apreciar o primeiro cheque, como um sinal de independência. Mas também é necessário, em caso de despedimento e vários meses depois, ser capaz de reconhecer: “ainda estou vivo” e continuar a lutar.
Hoje tem uma empresa de “venture capital”, sendo o ponto de apoio de empresas que despertam, que sem apoios não poderiam nunca dar o primeiro passo, arriscar a sua sorte. Afinal de contas, o crescimento do PIB deve-se à multiplicidade de PME’s. Da realidade que me rodeia, destaco que neste ambiente multicultural com Indianos, Iranianos, Asiáticos (só para referir alguns) que são perfeitamente capazes de trabalhar em conjunto na busca do seu futuro, pura e simplesmente não se misturam, não convivem no final do dia de trabalho, separados pelas suas diferentes culturas.
Querem criar uma empresa que vos garanta um futuro risonho? Identifiquem na área de empresas como a Cisco, a Google ou a Microsoft uma lacuna, uma falha, ou mesmo uma necessidade nas suas tecnologias ou aplicações. Tenham é consciência que anda meio mundo a tentar fazer o mesmo!
O ESTEC conta com mais de 2000 especialistas distribuídos por entre os variados projectos que se encontram em curso, sendo a maior das infra-estruturas da ESA, e reconhecido como o coração da Organização. Aliás, 90% do orçamento da ESA é usado em contratos com a indústria, o que resulta na criação de, aproximadamente, 1000 contratos com companhias europeias e canadianas todos os anos. Estes contratos geram mais de 30 000 postos de trabalho qualificados, o que contabiliza receitas anuais entre 5-6 biliões de Euros. Todos estes factores fazem da ESA o mais importante cliente da indústria espacial europeia.
Um dos elementos fundamentais da ESA é o princípio do retorno geográfico: ou seja, os contratos são feitos num determinado país, consoante a participação desse país para o orçamento da ESA. Alguns programas implicam, obrigatoriamente, uma contribuição dos estados membros, de acordo com o seu produto nacional bruto (PNB). Todavia, existem outros programas onde cada estado membro decide, individualmente, até que nível deseja participar, tentando a ESA garantir, às empresas e instituições dos estados membros, uma igualdade de oportunidade de negócio. Estas oportunidades de negócio estão dispostas como Invitation To Tender (ITT) e encontram-se disponíveis para consulta no Sistema EMITS (http://emits.esa.int).
A ESA contribui também para o desenvolvimento da indústria europeia com o Technology Transfer Programme Office (TTPO). Neste caso, a sua principal função é demonstrar aos cidadãos europeus alguns dos benefícios do programa espacial europeu e fortalecer a competitividade da indústria europeia. Este fortalecimento é obtido encorajando o potencial comercial de tecnologia espacial para aplicações não-espaciais que, por seu lado, resultam em produtos inovadores e na geração de novos empregos na Europa, actuando na premissa de que muita da tecnologia desenvolvida sobre programas espaciais pode ser transferida para novas aplicações terrestres, designadamente, aplicações que melhoram o nosso dia-a-dia.
O Technology Transfer and Promotion Office, agora chamado Technology Transfer Programme Office (estabelecido em 1990), facilita a transferência entre as tecnologias espacial e terrestre, apoiando o desenvolvimento e comercialização destas aplicações. Um dos métodos de implementação deste apoio é a incubadora de negócios (European Space Incubador), onde empresas em início de actividade dispõem de serviços operacionais e “know-how” num ambiente “altamente tecnológico” e fácil acesso a especialistas técnicos, da ESA, e outros. Entre os apoios fornecidos destacam-se: financiamento; acesso a suporte de engenharia por parte de especialistas da ESA, acesso a outros recursos da ESA (nomeadamente laboratórios e workshops), desenvolvimento de negócio e aconselhamento; acesso a parcerias estratégicas, “networking” e escritórios em ambiente de negócio.
Todas estes pontos fazem da “incubadora de negócios” da ESA um exemplo a seguir, com bastantes casos de sucesso na criação/ desenvolvimento de indústrias tecnológicas europeias.
Por outro lado, a ESA contribui para a formação de jovens quadros com o seu programa Young Graduate Trainees (IGT's). Este programa encontra-se maioritariamente orientado para as áreas de engenharia/ ciência, consistindo num estágio de um ano com o objectivo de fornecer ao jovem licenciado uma valiosa experiência de trabalho e preparação para futuro emprego na indústria/ pesquisa cientifica espacial. Todas estas razões contribuem para que a ESA assegure uma forte contribuição para o desenvolvimento, em variadas áreas, possibilitando, por um lado a criação e/ou desenvolvimento de indústrias através das possibilidades de negócio e apoios, e por outro a integração de jovens profissionais no mercado de trabalho, através de um ambiente de “alta aprendizagem” e criação de contactos, algo imprescindível para o futuro de um jovem empreendedor.
Excerto do trabalho de análise ao modelo de negócios do grupo californiano Sequoia Capital, realizado por André Fonseca - C9 (20006).
As universidades norte americanas têm-se revelado um “ninho” fértil para a emergência de novos conceitos e ideias através de uma política de incentivo à iniciativa e à criatividade individual que caracteriza a cultura norte-americana. São muitos os que apostam no mundo dos negócios, quer adquirindo experiência profissional, quer criando a sua própria empresa (Startup’s). Muitas das mais famosas empresas dos nossos dias surgiram da mistura de jovens com ideias, de muita vontade, perícia, know how e algum génio. No início, algumas dessas pequenas empresas tiveram como primeira sede uma garagem ou a própria casa dos fundadores, mas rapidamente se tornaram empresas mundialmente conhecidas. Contudo, tudo isto só foi e é possível com uma fonte de capital que dê forma aos sonhos mais ambiciosos. Na retaguarda deste sucesso, estiveram grupos financeiros ou outras empresas, que forneceram não apenas o financiamento mas também aconselhamento e orientação. Uma destas empresas “fornecedoras” é a Sequoia Capital. Empresas de renome internacional como a Google, Apple, E-bay entre outras, são alguns exemplos de empresas que floresceram graças, também, ao investimento e orientação da Sequoia Capital.
O que concluir acerca dos motivos que levaram a Sequoia Capital a investir em projectos como estes? É possível observar que em todas a empresa descritas, os fundadores, revelam grande empreendedorismo. Todas estas empresas, tentaram responder a uma necessidade que se manifestava no mercado, e que os seus fundadores concluíram poder ser atendida. Todas elas, são bastante claras, nos seus objectivos, a Google tinha por objectivo a criação de um motor de busca mais rápido, a Apple a de fornecer computadores pessoais ao público comum, a eBay de descobrir as implicações de um página de leilões de Internet, e a Electronic Arts a criação de jogos de computadores, etc..
“As universidades norte americanas têm-se revelado um “ninho” fértil para a emergência de novos conceitos e ideias “
Estes factores correspondem, a alguns dos critérios que se impõem como factores de decisão para o financiamento da Sequoia Capital. Mas há ainda outro ponto que merece reflexão ao analisar-mos um pouco melhor estes critérios - todas estas empresas tiveram um início bastante humilde e de parcos recursos humanos e financeiros - no entanto, graças ao esforço e trabalho inicial, conseguiram singrar e vir a ser um ponto de referência no mercado em que actuam.
Os critérios de selecção da Sequoia Capital, são um factor crítico do seu sucesso. De facto, poderíamos mesmo dizer, que o que dita o sucesso de uma empresa de Venture Capital ou de Business Angel são os seus critérios de financiamento, pois o sucesso das empresas financiadas acaba por ser um reflexo da empresa investidora
Luís Resende - Pfizer, Inc., Sandwich, U.K.
Bio-empreendedorismo
- A liderança britânica e o panorama português -
Durante a minha curta experiência profissional como cientista tive o privilégio de contactar directamente com duas realidades bem diferentes: a portuguesa e britânica. O Reino Unido assume-se como o líder europeu no sector das biotecnologias e indústrias farmacêuticas e segundo mundial, apenas ultrapassado pelos USA.
A liderança europeia do Reino Unido assenta numa elevada maturidade do sector, construída pelos seus centros universitários de excelência, associada a uma transferência do conhecimento gerado por estes na criação de empresas. Com duas universidades no top cinco mundial, as terras britânicas são uma fonte extraordinária de graduados, sendo um local atractivo para a instalação de unidades de investigação e desenvolvimento das empresas. Existem actualmente mais de quatro centenas de empresas de biotecnologia concentradas à volta destes centros de excelência e as dez maiores farmacêuticas do mundo têm todas uma presença significativa no Reino Unido, com vários centros de investigação e desenvolvimento.
Observando o perfil português do sector biotecnológico, vemos que estamos bem atrás do Reino Unido, embora nos últimos anos se tenha vindo a verificar um grande crescimento. Enquanto em 1996 existiam apenas quatro empresas de biotecnologia portuguesas, no presente, são mais de meia centena.
Julgo que este crescimento tem de continuar, pois temos institutos de investigação com reputação mundial, com estudos publicados regularmente nas revistas científicas de maior impacto, bem como cientistas com vastos currículos prémios internacionais de mérito. Falta assim empreendedorismo aliado a este conhecimento. Existe ainda um claro hiato entre o know-how produzido e a sua concretização em negócios reais. É este portanto, na minha opinião, o maior desafio português na área das ciências da vida para o futuro próximo: rentabilizar o vasto know-how científico e tecnológico gerado por diversas instituições de investigação. É um investimento vital para a Economia portuguesa, uma vez que a Biotecnologia é o sector que, segundo economistas e gestores, terá mais retorno financeiro nos próximos anos.
Alguns passos estão a ser dados para a concretização deste objectivo através da criação de parques científicos e de centros incubadores de empresas dedicados à área da Biotecnologia.
É neste contexto que nasce, em 2005, em Cantanhede, o primeiro parque biotecnológico português: Biocant. Nele se encontram várias empresas já instaladas, como por exemplo a Crioestaminal S.A e a STAB VIDA.
O seu lançamento felizmente não foi um acto isolado. No início do próximo ano, mais um parque científico de dimensão considerável e onde as ciências da vida são o ponto forte vai ser inaugurado no Minho: o Avepark. Este é parte integrante do protocolo assinado entre o estado português e a Universidade do Texas, onde está confirmada a instalação de dez empresas biotecnológicas, prevendo-se que, num prazo de dez a quinze anos, este número cresça para as duas centenas e sejam criados quatro mil empregos. Esta vai ser a casa do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, o primeiro centro de excelência em terras lusas. O mérito vai para o Grupo de Investigação 3B`s - Biomateriais, Materiais Biodegradáveis, autor da candidatura vencedora do projecto disputado por 19 países pertencentes à UE.
No Porto o grupo de empresas Biocodex, parceria do Grupo Lena e Inov Capital, merece também nota de destaque pelo seu apoio na incubação de empresas de biotecnologia.
Estas e outras apostas deixam-me optimista em relação ao futuro português no sector biotecnológico.
A Biologia será “a ciência do séc. XXI”. O impacto das descobertas nesta área transformará a nossa sociedade de uma forma comparável ao modo como os avanços informáticos moldaram o séc. XX. Assim sendo, é imperativo apostar de uma forma clara e competitiva. O futuro constrói-se agora!
A validação e avaliação do "software" utilizado nas missões da Agência Espacial Europeia (ESA), é feita por dois portugueses, Ricardo Marvão e Nuno Sebastião, ambos estagiários do Programa Contacto - edições 6 e 7 respectivamente - que em 2004, criaram a Oristeba com cinco mil euros de investimento inicial.
A Oristeba, sedeada no centro de operações da ESA (ESOC), em Darmstadt, Alemanha, a empresa actua quer ao nível das infra-estruturas (desde estações de terra a missões no espaço), como também no segmento dos simuladores e sistemas de controlo das missões de observação da Terra ou nas missões ciêntíficas.
Ricardo Marvão realizou o seu estágio na ESA e é com ele que vamos conhecer um pouco mais a Oristeba.
VC - Como nasceu a ideia de criar a Oristeba?
ORTB - Simples. Dois portugueses sentaram-se à mesa para comer um bacalhau assado. Começam a conversar: "Olha, o teu chefe acaba de me dizer que quer que fiques aqui na ESA. A sério? Excelente! Acho que temos que conversar. Tenho uma ideia mas comporta um sério risco. Parece-me que hoje e' um bom dia para arriscar." E o resto é Historia.
VC - Que razões estratégicas, abordagens, motivações o levaram a constituir a empresa?
ORTB - Ser um nicho de Mercado, o risco, o querer saber se éramos capazes, o estar numa posição privilegiada como empresa portuguesa num Organismo onde Portugal tinha acabado de entrar. No final: Adrenalina, pura adrenalina.
VC - Quais são os objectivos da Oristeba, qual a sua área de actividade, principais clientes?
ORTB - A curto prazo, diria que crescer no domínio dos Serviços de Verificação e Validação de Software em Sistemas para o sector Aeroespacial e Aeronáutico, e continuar a crescer no domínio da ESA e da EUMETSAT.
VC - Quanto tempo levou da idealização ao arranque da empresa?
ORTB - 6 Meses de muito trabalho, muitas noites sem dormir, muita vontade de conseguir.
VC - Como avaliou as oportunidades em termos dos factores críticos de sucesso? Da competição? E do Mercado?
ORTB - Fizemos uma enorme analise do Mercado e sabíamos que sem um primeiro grande contrato que não conseguiríamos sequer dizer ao Mundo que existíamos. Analisamos que apoios que conseguiríamos e atacamos as propostas de contrato que melhor sabíamos fazer. No final conseguimos um contrato de 5 anos com a ESA onde a nossa proposta foi a melhor classificada pela Agencia Espacial Europeia no meio de 12 propostas apresentadas. E onde apenas as duas primeiras foram aceites.
VC - Que dificuldades em entrar no Mercado?
ORTB - As dificuldades foram enormes, demoramos quase ano e meio a conseguir o nosso primeiro grande contrato. E' um Mercado muito fechado onde apenas entram alguns players e só de vez em quando a porta se abre para novas empresas. Devo admitir que não é só trabalho, trabalho, trabalho, há que ter também uma estrelinha da sorte que por acaso nos tocou na altura certa e no momento mais oportuno.
VC - Que características acha que os empreendedores devem ter?
ORTB - Visão, mente aberta, nunca desistir, tentar o impossível e ver que afinal as vezes sempre é possível, e é algo de extremamente satisfatório. E sobretudo ter uma experiência internacional.
VC - Pretende manter a actividade? Expandir?
ORTB - A expansão é um dado mais que certo. E' algo que acompanha a Oristeba desde a sua fundação. Não digo que seja algo fácil, mas como me diz sempre o meu pai "Se não fosse difícil depois não tinha piada nenhuma".
E desde já lanço aqui um convite a todos aqueles que se sintam atraídos por este Mercado que é o Espaço e que queiram participar nesta aventura, que nos enviem um e-mail ou nos contactem pois estamos sempre à procura de novas pessoas.
VC - Quais as 3 lições mais importantes que aprendeu enquanto empreendedor?
ORTB - Que o risco tem de estar sempre presente nas nossas mentes para bem avaliar as situações.
Que o stress mata e deturpa a visão clara da mente. É que existe sempre uma solução. Já o meu avo dizia que " a única coisa que não tem solução é a morte de Homem".
VC - Como teve conhecimento da existência do Programa Contacto?
ORTB - Duas amigas tinham participado no programa em anos anteriores e tinham-me explicado a filosofia. Pareceu-me interessante e resolvi inscrever-me.
VC - Acha uma boa iniciativa?
ORTB - Excelente. A experiência internacional e' extremamente importante na carreira dos jovens para melhor avaliar e conhecer as varias diferenças e formas de ser neste mundo, seja na cultura, no trabalho, na vivência e assim adaptar melhor 'a aldeia global em que vivemos hoje. Na minha opinião devia ser algo ate que começasse já nas universidades, algo que fosse encorajado pela sociedade.
VC - Quais as vantagens que o Programa Contacto trouxe à sua empresa?
ORTB - Uma preciosa ajuda inicial em contactos com o Governo, o próprio apoio por parte do ICEP e suporte 'a ideia da Oristeba aquando da sua apresentação à Agencia Espacial Europeia. E mais recentemente, novos trabalhadores incorporados, vindos do Programa. Neste momento já empregamos 5 engenheiros do Programa Contacto.
VC - Em que é que o Programa Contacto o ajudou a tornar-se empreendedor?
ORTB - Melhor gestão de problemas e situações num domínio internacional creio que foi a maior lição retirada.
Este é um projecto fundado por uma estagiária da 5.ª edição do Programa. Rita Godinho, realizou o seu estágio em França.
VC - Como nasceu a ideia de criar a CarpeVinum?
CP - A ideia começou a crescer enquanto trabalhei em França, onde fiz um Curso de Iniciação à Prova de Vinhos e algumas viagens de enoturismo. Nessa altura começaram a surgir ideias para criar um tipo de negócio que não estava muito desenvolvido em Portugal: ensinar as pessoas como provar o vinho, identificar aromas, sabores, combinações com a comida e criar um conceito de visitas organizadas de forma a poder-se aproveitar a Rota dos Vinhos, mas só passados dois anos e já em Portugal, decidi criar a CarpeVinum.
VC - Qual é a estrutura de capital e a sua participação nele?
CP - É uma Unipessoal Lda., da qual sou a única Sócia, com uma participação a 100%.
VC - Qual a sua área de actividade, principais clientes?
CP - A CarpeVinum é uma empresa de organização de eventos, que tem por um lado os clientes individuais particulares, para os quais realiza, com uma periodicidade mensal, actividades em torno da cultura do vinho como Cursos de Iniciação à Prova, Workshops e Provas de Vinhos, bem como visitas a quintas e adegas em todo o país, e por outro lado temos as Carpe Vinum’Soluções Corporate para os clientes empresariais, que são um conjunto de soluções criativas para as acções de comunicação, marketing, conferências, Team-building, lançamentos de produtos das mesmas.
VC - Que razões estratégicas, abordagens, motivações a levaram a constituir a empresa?
CP - A falta de empresas no ramo, e o nicho de mercado que estava por explorar.
VC - Quais são os objectivos da CarpeVinum?
CP - Criar momentos de lazer e convívio, numa descoberta de segredos e mistérios de texturas, aromas e sabores numa oportunidade de estar lado a lado com a cultura do vinho por um lado e a organização de eventos emocionantes cheios de aroma e muito charme.
VC - Da ideia ao início de actividade, quanto tempo foi necessário?
CP - Quando realmente pensei em criar a empresa, penso que foi necessário um ano, para criação da empresa, estruturação, criação de produtos....
VC - Como avaliou as oportunidades em termos dos factores críticos de sucesso? Da competição? E do Mercado?
CP - Na organização de eventos procura-se cada vez mais a inovação, a surpresa e a qualidade nos serviços prestados, a CarpeVinum desde o início se apresentou com produtos diferentes, com uma equipa profissional extremamente motivada, o que nos leva a conseguir criar momentos e sugestões que agradam os nossos clientes, é esse o nosso sucesso e a nossa forma de competir.
VC - Quais as principais dificuldades em entrar no mercado?
CP - No inicio, enquanto não fomos conhecidos, enquanto não fizemos os nossos primeiros eventos, foi um pouco mais difícil conseguir passar a imagem de uma empresa com a diversidade e qualidade ao nível de todos os produtos, mas os primeiros eventos começaram a surgir, e o “passa-palavra” é o nosso melhor Marketing.
VC - Que características acha que os empreendedores devem ter?
CP - Ser empreendedores...Devem ser pessoas pró-activas, com linhas estratégicas e objectivos bem definidos e principalmente nunca parar, querendo sempre mais e melhor.
VC - Pretende manter a actividade? Expandir? Diversificar?
CP - A CarpeVinum é para manter e crescer, vamos crescendo todos os dias de acordo com a nossa dimensão, e estamos sempre à procura, criando soluções diferentes e criativas. Como já trabalhamos a nível nacional e em qualquer parte do país a expansão será em termos de novos produtos, apesar de já termos uma diversidade de produtos bastante significativa.
VC - Quais as 3 lições mais importantes que aprendeu enquanto empreendedora?
CP - Passei a contar mais com as falhas ao nível do sistema burocrático, passei a estar disponível 24 h/dia durante 365 dias e que devemos querer crescer sempre à medida da nossa dimensão.
VC - Acha uma boa iniciativa, o Programa Contacto?
CP - Penso que é uma iniciativa, que no meu caso foi totalmente de encontro às expectativas: uma experiência profissional ao nível internacional, o conhecimento de novas culturas organizacionais e o alargar a novos horizontes. É uma iniciativa que bem aplicada se torna numa mais valia, num valor acrescentado ao Currículum Vitae profissional e pessoal de cada interveniente.
VC - De que modo é que o Programa Contacto o ajudou a tornar-se empreendedor?
CP - No caso do Programa Contacto, foi a oportunidade de ter estado em contacto com uma cultura diferente, como a Francesa, onde no fundo a ideia começou a nascer.
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