João Geraldes | C12
Rotacional
Noordwijk | Holanda
Hugo Albuquerque - ESA, Darmstadt, Alemanha.
No meu primeiro dia de trabalho na Alemanha, por entre a papelada que qualquer trainee recebe ao chegar à ESA, estava um convite para o aniversário dos 40 anos do ESOC (European Space Operation Center). À data pouco ou nada sabia sobre o ESOC, para além do nome, e de que iria ser o meu local estágio. Com todo o entusiasmo e envolvência que rodeava o evento acabei inevitavelmente por aprender um pouco sobre a história do ESOC. De imediato se tornou evidente que o nome de Portugal era raramente mencionado, e, de facto, havíamos aderido à Agência Espacial Europeia apenas em Novembro de 2000. Decidi então precisar a presença portuguesa no ESOC desde então, e tentar enquadrá-la nos seus 40 anos de existência.
Há quarenta anos atrás, a 8 de Setembro de 1967, foi oficialmente inaugurado o ESOC, na cidade de Darmstadt, Alemanha. O seu objectivo era providenciar um centro de controlo de satélites para a European Space Research Organization, hoje conhecida como ESA (European Space Agency). Contextualizando este acontecimento na curta vida da era espacial, o ESOC nasceu uma década após o lançamento do primeiro satélite artificial, em 1957 – o histórico satélite soviético Sputnik 1.
A história do ESOC escreveu-se não apenas repleta, mas somente de sucessos, e é hoje aliás (re)conhecida por nunca ter falhado uma missão. Entre as mais sonantes, encontram-se a SMART 1, primeiro satélite europeu a orbitar a Lua; e a Cassini-Huygens, famosa missão interplanetária que aterrou em Titão, a maior lua de Saturno. Hoje, com mais de 50 missões volvidas, o ESOC opera simultaneamente 10 missões espaciais, e prepara outras 11. Das presentes missões, destacam-se a Mars Express, primeira missão europeia a Marte; a Rosetta, que após 10 anos de viagem orbitará um cometa em 2014; e a Envisat, o maior satélite de observação da Terra construído até hoje, destinado a observar e monotorizar a poluição atmosférica, a camada do ozono, o degelo polar, e os desastres naturais.
A questão surge naturalmente: Qual a quota-parte portuguesa nestes 40 anos de sucesso europeu? Em 1967, o ESOC contava com 90 staffs, nenhum português. Quarenta anos depois o ESOC conta com cerca de 250 staffs, 500 contractors, e 20 trainees. Portugal aderiu à ESA apenas no ano 2000. Somos hoje 21 portugueses a trabalhar no ESOC, 9 dos quais começaram a partir do programa INOV Contacto. Se tivermos em conta que o primeiro português a trabalhar no ESOC chegou há apenas 5 anos atrás (também ele através do Contacto, na altura da Edição 6), apercebemo-nos do quão atrasados começámos esta “missão”, mas ao mesmo tempo do muito que alcançámos em tão pouco tempo.
A contribuição do programa INOV Contacto para estes números é clara, e reflecte a importância e o valor do programa no aparecimento e desenvolvimento da Língua Portuguesa neste centro espacial europeu. Resta-nos assim a nós, presentes e futuros Contactos no ESOC, trabalhar para que os próximos 40 anos sejam de tanto ou maior sucesso, não só europeu, mas agora também português.
Miguel Lordelo - ESA, Darmstadt, Alemanha.
Concorri ao InovContacto na expectativa de trabalhar fora da Europa. Tendo sido colocado na Alemanha alcançou o espaço trabalhando na Agência Espacial Europeia (ESA). O meu estágio na ESA dá-me a oportunidade de conhecer as novas tecnologias usadas e trabalhar numa equipa internacional.
Parti para a ESA, recém-licenciado e sem experiência profissional, tendo sido confrontado com uma cultura de grande exigência profissional e rigor científico. O ESOC – European Space Operations Center- é um dos pólos da ESA, também conhecido como o Houston europeu.
É no ESOC que são controlados os satélites ao longo da sua vida no espaço.
No próximo dia 31 de Maio, vai ser lançado o satélite GOCE - Gravity field and steady state Ocean Circulation Explorer, no qual eu participo. A missão europeia GOCE é uma das peças essenciais do programa Living Planet, da ESA, e vai permitir uma medição exacta do campo gravítico terrestre, bem como um traçado mais rigoroso da geóide da Terra, na qual se vai obter um modelo físico da Terra. A geóide é uma súperfície definida pelo campo gravítico, e que define pontos de igual potencial gravítico. O conhecimento da geóide vai permitir toda uma evolução em outros estudos, como por exemplo a dinâmica dos gelos, alterações na altura dos oceanos e sua circulação na superfície terrestre, o que levará, por exemplo, a uma melhor quantificação dos efeitos do aquecimento global. A revelação de possíveis anomalias no campo gravítico irá também ajudar a compreender melhor o interior da Terra, no campo dos sismos e vulcanismo.
A minha função na ESOC é dar Software Support ao simulador desta missão. O OPS-GDA (Applications Mission Data System Section) é o nome da secção no qual tou integrado, dá supporte técnico aos utilizadores que vão “pilotar” o satélite: a FCT (Flight Control Team).
O objectivo do simulador é imitar um processo ou operação real. Desta forma é possível simular a maior parte das componentes do satélite e o ambiente onde está integrado. Todos os dados, como temperaturas do espaço, a luminosidade do Sol, a orbita, comunicação entre satélite e a Mission Control são simulados. Antes do lançamento do satélite há uma campanha de simulação de três meses (SIM Campaign), no qual as equipas (como os Project and Industry Support Teams) são treinadas para trabalhar com o MCS (Mission Control System) treinando os vários cenários de simulação.
Portugal participa nesta e outras missões não apenas como financiador, mas também contribui com capital humano (eu sou o exemplo). Existem algumas empresas portuguesas a trabalhar directamente com a ESA, mas é necessario abrir horizontes e apostar mais nas novas tecnologias e ciências no nosso país. Acredito que será possivel sermos um líder em engenharia e ciencias a nível europeu ou mundial. Para isso temos de esquecer a nostalgia dos tempos de descobrimentos do seculo XV e tornar esse sentimento num sonho para o nosso futuro, apostando e acreditando em nós proprios. Talvez no futuro teremos uma PSA – Portuguese Space Agency.
GOCE – teste de vaccum e termico.
http://www.iapg.bv.tum.de/8832--~goce~Fotogalerie~index.html
A validação e avaliação do "software" utilizado nas missões da Agência Espacial Europeia (ESA), é feita por dois portugueses, Ricardo Marvão e Nuno Sebastião, ambos estagiários do Programa Contacto - edições 6 e 7 respectivamente - que em 2004, criaram a Oristeba com cinco mil euros de investimento inicial.
A Oristeba, sedeada no centro de operações da ESA (ESOC), em Darmstadt, Alemanha, a empresa actua quer ao nível das infra-estruturas (desde estações de terra a missões no espaço), como também no segmento dos simuladores e sistemas de controlo das missões de observação da Terra ou nas missões ciêntíficas.
Ricardo Marvão realizou o seu estágio na ESA e é com ele que vamos conhecer um pouco mais a Oristeba.
VC - Como nasceu a ideia de criar a Oristeba?
ORTB - Simples. Dois portugueses sentaram-se à mesa para comer um bacalhau assado. Começam a conversar: "Olha, o teu chefe acaba de me dizer que quer que fiques aqui na ESA. A sério? Excelente! Acho que temos que conversar. Tenho uma ideia mas comporta um sério risco. Parece-me que hoje e' um bom dia para arriscar." E o resto é Historia.
VC - Que razões estratégicas, abordagens, motivações o levaram a constituir a empresa?
ORTB - Ser um nicho de Mercado, o risco, o querer saber se éramos capazes, o estar numa posição privilegiada como empresa portuguesa num Organismo onde Portugal tinha acabado de entrar. No final: Adrenalina, pura adrenalina.
VC - Quais são os objectivos da Oristeba, qual a sua área de actividade, principais clientes?
ORTB - A curto prazo, diria que crescer no domínio dos Serviços de Verificação e Validação de Software em Sistemas para o sector Aeroespacial e Aeronáutico, e continuar a crescer no domínio da ESA e da EUMETSAT.
VC - Quanto tempo levou da idealização ao arranque da empresa?
ORTB - 6 Meses de muito trabalho, muitas noites sem dormir, muita vontade de conseguir.
VC - Como avaliou as oportunidades em termos dos factores críticos de sucesso? Da competição? E do Mercado?
ORTB - Fizemos uma enorme analise do Mercado e sabíamos que sem um primeiro grande contrato que não conseguiríamos sequer dizer ao Mundo que existíamos. Analisamos que apoios que conseguiríamos e atacamos as propostas de contrato que melhor sabíamos fazer. No final conseguimos um contrato de 5 anos com a ESA onde a nossa proposta foi a melhor classificada pela Agencia Espacial Europeia no meio de 12 propostas apresentadas. E onde apenas as duas primeiras foram aceites.
VC - Que dificuldades em entrar no Mercado?
ORTB - As dificuldades foram enormes, demoramos quase ano e meio a conseguir o nosso primeiro grande contrato. E' um Mercado muito fechado onde apenas entram alguns players e só de vez em quando a porta se abre para novas empresas. Devo admitir que não é só trabalho, trabalho, trabalho, há que ter também uma estrelinha da sorte que por acaso nos tocou na altura certa e no momento mais oportuno.
VC - Que características acha que os empreendedores devem ter?
ORTB - Visão, mente aberta, nunca desistir, tentar o impossível e ver que afinal as vezes sempre é possível, e é algo de extremamente satisfatório. E sobretudo ter uma experiência internacional.
VC - Pretende manter a actividade? Expandir?
ORTB - A expansão é um dado mais que certo. E' algo que acompanha a Oristeba desde a sua fundação. Não digo que seja algo fácil, mas como me diz sempre o meu pai "Se não fosse difícil depois não tinha piada nenhuma".
E desde já lanço aqui um convite a todos aqueles que se sintam atraídos por este Mercado que é o Espaço e que queiram participar nesta aventura, que nos enviem um e-mail ou nos contactem pois estamos sempre à procura de novas pessoas.
VC - Quais as 3 lições mais importantes que aprendeu enquanto empreendedor?
ORTB - Que o risco tem de estar sempre presente nas nossas mentes para bem avaliar as situações.
Que o stress mata e deturpa a visão clara da mente. É que existe sempre uma solução. Já o meu avo dizia que " a única coisa que não tem solução é a morte de Homem".
VC - Como teve conhecimento da existência do Programa Contacto?
ORTB - Duas amigas tinham participado no programa em anos anteriores e tinham-me explicado a filosofia. Pareceu-me interessante e resolvi inscrever-me.
VC - Acha uma boa iniciativa?
ORTB - Excelente. A experiência internacional e' extremamente importante na carreira dos jovens para melhor avaliar e conhecer as varias diferenças e formas de ser neste mundo, seja na cultura, no trabalho, na vivência e assim adaptar melhor 'a aldeia global em que vivemos hoje. Na minha opinião devia ser algo ate que começasse já nas universidades, algo que fosse encorajado pela sociedade.
VC - Quais as vantagens que o Programa Contacto trouxe à sua empresa?
ORTB - Uma preciosa ajuda inicial em contactos com o Governo, o próprio apoio por parte do ICEP e suporte 'a ideia da Oristeba aquando da sua apresentação à Agencia Espacial Europeia. E mais recentemente, novos trabalhadores incorporados, vindos do Programa. Neste momento já empregamos 5 engenheiros do Programa Contacto.
VC - Em que é que o Programa Contacto o ajudou a tornar-se empreendedor?
ORTB - Melhor gestão de problemas e situações num domínio internacional creio que foi a maior lição retirada.
. ORISTEBA - Empreendedores...