Terça-feira, 4 de Agosto de 2009

Espanha: Uma proeminencia em Biotecnologia

 

Bárbara Amorim | C13

  

Proyecto Artemis

Madrid | Espanha

 

Quando o INOV Contacto me enviou para o Parque Cientifico de Madrid para um projecto de investigação em células estaminais fiquei sem palavras. Integrar uma equipa multicultural, com vasta experiência científica era mais do que aquilo que alguma vez tinha pedido.

Cá chegada comecei a absorver entusiasticamente todo o conhecimento transmitido no projecto onde me insiro. O Projecto Artemis – projecto europeu de investigação neurobiológica enquadrado no campo da biotecnologia aplicada – tem como objectivo a investigação e desenvolvimento de um sistema de análise in vitro capaz de melhorar os actuais sistemas de investigação animal através da criação de um tecido tridimensional constituído por redes de conexões sinápticas a partir de células estaminais. Ao estar integrada no mundo da ciência onde a imaginação e o conhecimento não têm limites, fui-me apercebendo que em Espanha, no espelho da diversidade cultural e social em que acontecem os desenvolvimentos, a biotecnologia emerge rapidamente do seu profundo sono (de há poucos anos) e encontra-se hoje em pleno processo de desenvolvimento. Embora na biotecnologia os ciclos dos seus produtos sejam extremamente longos, e as receitas só surjam por vezes ao fim de alguns anos as empresas biotecnológicas vão materializando-se sob formas de progresso ou retrocesso económico e social. A isto junta-se o facto de as empresas exigirem investimentos cada vez mais elevados, devido sobretudo aos custos do trabalho de I&D.

 

Um dos aspectos mais particulares da indústria biotecnológica é a sua necessidade de actuar em grandes mercados para poder rentabilizar o enorme esforço realizado na fase de investigação. As possibilidades de atrair investidores, aspecto crucial neste campo, aumentam proporcionalmente ao tamanho do mercado: é uma estratégia que o caracteriza. Embora esteja em crise, o mercado biotecnológico espanhol aproveita todas as oportunidades para conhecer as possibilidades oferecidas pela progressiva criação do mercado e acima de tudo para investir nelas. Através de parcerias com diversos países, incluindo Portugal, reconhece que o investimento feito no potencial tecnológico e científico é um factor estratégico e que permite criar a competitividade necessária, gerar emprego altamente qualificado e dinamizar as relações entre a indústria e as universidades.   Os dados mais significativos da indústria biotecnológica em Espanha demonstram que na actualidade existem 225 empresas, com um total de 24,808 trabalhadores, e uma facturação de 4,292 milhões de euros.

Quais as principais actividades destas empresas? O bolo reparte-se da seguinte forma: 40% agricultura; 22% saúde; 15% alimentação; 23% ambiente e outros. As principais regiões com actividade na biotecnologia são Madrid, Catalunha, Andaluzia e Valência. No campo da saúde a actividade de diagnóstico é a mais bem representada (46%); a seguir o campo da terapia (31%) e da prevenção (23%.) O sector agro-alimentar apresenta um número de actividades mais variado, com especial destaque para a criação de novas variedades (18%), melhoria da produção (18%), técnicas de cultivo (17%), fertilizantes e pesticidas (14%), e diagnóstico (14%.) Estes dois subsectores somam quase 90% dos lucros totais da indústria*.It is the only country in A estes investimentos junta-se o facto de este país ser o único nathe European Union to grow GMO maize commercially. União Europeia a fazer crescer milho OGM para comercialização.Moreover, the O mercado ibérico começa a afirmar-se positivamente no mercado da biotecnologia mundial, o que mostra a mente aberta de Espanha para este importante sector.

Bio-clusters  

O sector biotecnológico é difícil, complexo e exigente, mas ao mesmo tempo cativante e desafiante. Os espanhóis trabalham com gosto e fazem com que a vida não seja apenas trabalho e investimento, mas também diversão. Falo um pouco da cidade onde me encontro a viver nestes últimos 6 meses. À primeira vista, Madrid parece uma cidade europeia como outra qualquer: impressiona pelo confronto entre a modernidade e a história e pela beleza arquitectónica que revela a elegância e grandiosidade que consagrou o Império Espanhol ao longo dos séculos. Mas essa impressão inicial logo se desfaz. Madrid é mais! Com um ritmo incansável e uma arquitectura única, na capital de Espanha, podemos encontrar uma vasta selecção de museus, parques, monumentos e edifícios históricos, atracções culturais e belezas naturais que nos deixam sem fôlego. É o lugar para conhecer o Prado, o Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza. É uma cidade para se caminhar sem pressa pelas praças e avenidas largas, para parar num café e saborear umas tapas, beber umas cañas e no final pedir churros y chocolate. É uma cidade viva, com uma energia envolvente. Talvez seja da energia do povo espanhol ou da constante agitação das “calles”.

 

Seja qual for o motivo, Madrid é uma cidade para ser vivida e sentida com toda a intensidade!

 

* Antonio Viñal Menéndez-Ponte. A Biotecnologia em espanha e o desafi o Ibérico. Boletim de Biotecnologia. pp 23- 24. Acesso a 17 de Junho. Disponível em <http://deqb.ist.utl.pt/bbio/76/pdf/biotech%20espanha.pdf>

 

 

 
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Terça-feira, 14 de Julho de 2009

Estruturas de inovação espanholas

  Ana Sofia Esteves  l C13
 
   Parque Científico de Madrid
   Madrid l Espanha
 

As infraestruturas de suporte à inovação

          A transferencia de tecnologia 

                   A criação de valor entre tapas e cañas.

 

As primeiras infra-estruturas de suporte à inovação surgiram nos princípios do seculo XX, para preencher a falha existente entre o desenvolvimento científico e a aplicação comercial, bem como para auxiliar as empresas que dificilmente conseguiam assumir isoladamente os custos de criação e manutenção de instalações técnicas que se apresentavam cada vez mais complexas.

 

No ano de 1998 surgem em Espanha os primeiros Parques Cientícos – um novo modelo de parque que se caracteriza por um tamanho menor, pela predominância de actividades de I+D e que se especializam na criação de empresas de base tecnológica.

 

Neste momento, existem em Espanha 80 Parques Científicos e Tecnológicos (número de parques membros da Associação de Parques Científicos e Tecnologicos de Espanha no final de 2008), sendo que 3% dos sectores de actividade das suas empresas pertencem às  áreas de agro-alimentação e biotecnologia (disciplinas que apresentam uma grande exigência a nível de financimento). Dentro destes, encontramos o Parque Científico de Madrid (PCM), que conta neste momento com 125 empresas associadas, (representando este valor uma taxa de ocupação de 98%). Dentro das empresas associadas encontra-se  uma predominância nas áreas das novas tecnologias de informação e comunicação - 47% do total - e da biotecnologia - 32% do total.

 

Um dos pontos fulcrais para o sucesso dos Parques Científicos e Tecnológicos, em geral, centra-se na criação de infraestruturas de apoio e desenvolvimento de estudos de transferência de tecnologia e suas aplicações às empresas associadas, enfocando a criação de valor.

Esta é uma prioridade notada no PCM, e o meu estágio nesta organização permitiu-me uma consciencialização da importância das estruturas referidas, já que este Parque Científico apresenta um notável esforço nestas áreas, onde a criação de valor assenta em alicerces como uma sólida transferência de tecnologia e uma visão visando a internacionalização.

 

Para isto o PCM conta com unidades próprias, como o Departamento de Transfêrencia de Tecnologia, bem como com sedes de importantes redes de transferência de tecnologia, como o MADRI+D ou a Enterprise Europe Network.

 

Recorrendo a uma das definições dadas a parque tecnólogico ou científico, estes são considerados como organizações, cujo objectivo principal é promover e aumentar a riqueza da comunidade onde se inserem, por via da promoção da cultura da inovação e da competitividade, dos negócios e das instituições baseadas em conhecimento a ela associadas.

 

Na “Espanha tecnológica” melhoram-se as estruturas de inovação, aposta-se fortemente na transferência de tecnologia e reconhece-se o potencial da ciência e tecnologia na criação de valor.

 

Em terras de “nuestros hermanos”, onde a curta distância nos proporciona várias semelhanças culturais, podem também destacar-se algumas diferenças na forma de ser e de estar que se repercrutem no dia-a-dia laboral.

As habituais cañas y tapas pós-laborais e a jornada mais curta de los viernes, propiciam uma cultura mais sociável, bem como um ambiente mais descontraído (onde se omite o tratamento formal a que estamos habituados).

Neste ambiente, tudo tem o seu tempo e poderá ser feito com calma, apesar de não se verificar decréscimo do nível de exigencia.

 

Apesar de a Espanha, tal como já foi referido, se encontrar aberta a grandes apostas de internacionalização dos seus produtos, as suas fronteiras encontraram-se mais fechadas quando o mercado português as tenta atravessar e aproveitar estes recursos e know-how, trazendo o seu conhecimento.

 

A Espanha aposta no produto nacional, e porque “O Que é Nacional é Bom”, esta será uma aposta vantajosa para este país vizinho. A maioria das empresas desenvolve uma cultura de defesa do produto nacional, o que apesar das suas vantagens, pode também tornar-se prejudicial para o espírito de um empreendedor, que necessita de saber abandonar um projecto, sendo que por vezes sair a perder é mais importante que uma vitória.

 

E porque em tempos de crise nunca é de mais insistir na importancia das Novas Empresas de Base Tecnológica (NEBTS), dentro deste panorama, aproveito para frisar que:

Constituindo as PME´s e, dentro destas, as NEBT`s, um dos grandes motores de crescimento da economia, estas representam oportunidade em tempos de crise e porque a Crise e as Oportunidade estão intrinsecamente associadas, cabe a cada um optar entre a acomodação ou o investimento sustentado nos tempos que correm.

 

Porque só um tempo é o nosso e o tempo é hoje!

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Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

Uma Viagem entre a Andaluzia e Portugal

Tânia Maia Machado | C13
Turismo de Portugal I.P. - AICEP Portugal Global
Madrid | Espanha
 

Espanha é um país sábio na actividade turística, não sendo por acaso um dos Países mais visitados do Mundo, e que mais receitas gera.

 

A oferta diversificada dos produtos turísticos, a criatividade dos produtos complementares, tal como a Animação Turística, satisfazem as diversas motivações de um turista. Estes, ainda são surpreendidos pela capacidade de improvisação e adaptação do mercado, face à global conjuntura económica.

 

Actualmente a Criatividade e a Inovação são Factores Críticos de Sucesso perante a conjuntura económica. E como o velho ditado diz: “Há males que vêm por bem ”. A crise é uma mudança benéfica que desperta a monotonia do sector, reinventando-se e afirmando-se como nunca antes. É uma luta constante, mas não feroz, na actividade promocional. Os espanhóis não prescindem das férias, dos momentos de evasão, procuram alternativas low cost e experiências nunca antes vividas. Abram alas à imaginação…

Vamos conhecer um pouco a realidade de Espanha, e concretamente da Andaluzia, para descobrir em que pontos Portugal pode aumentar a sua vantagem competitiva como destino turístico por excelência, perante a actual situação económica, aproveitando a proximidade geográfica e virtual.

 

ESPANHA

A maioria das viagens dos residentes foram realizadas em períodos de fim-de-semana e de férias. O próprio país é o destino preferido em 92,9% das viagens realizadas (turismo interno), sendo apenas 7,1% as viagens realizadas ao exterior (turismo emissor).

Uma característica habitual nas viagens dos residentes em Espanha, é a importância do turismo inter-regional. Determinadas comunidades optam maioritariamente por viajar dentro do seu território, a Andaluzia concretamente, apresenta 80,8% do seu turismo interno como intra-regional. Apenas 9,1% dos andaluzes saltam das suas fronteiras à descoberta do estrangeiro.

 

ANDALUZIA

Seguem-se dados importantes para entender a relevância da captação deste mercado:

 

É a Comunidade Autónoma Nº 1 em:

- População.

- Destino receptor de turismo nacional.

-  Destino de férias de Verão.

- Receptor líder em excursionismo.

-  Acréscimo de viagens (0,6%).

 

O meio de transporte mais utilizado para aceder ao destino é o carro (89%).

      

O método de organização da viagem independente é o seu preferido (88,1%).

 

Mais de 2/3 dos andaluzes compram o alojamento através da Internet, procuram informações concretas do destino e seus produtos turísticos, e 10,4% reservam outros serviços. A compra de meio de transporte representa 44,7% (preferencialmente voos low cost).

 

Quanto ao alojamento, recorrem em 46,2% a hotéis e pensões. Tão importante como este, é o alojamento não hoteleiro, ou seja, apartamentos, casas, chalets com um peso na ordem dos 43,7%.

 

- O gasto turístico médio por pessoa e por dia ronda os 46,26€.

 

- O gasto dos turistas rurais andaluzes é superior ao da média nacional (165,80€). Nove em cada dez turistas rurais têm a intenção de  conhecer novos mercados.

 

- Os turistas andaluzes apresentam um grau de fidelização elevado (88%).

 

As actividades mais importantes realizadas pelos turistas na Andaluzia foram: compras (71%), passear pelo campo (54%), praia (51,7%), visitas culturais (47%), salir de copas (41,8%), e gastronomia e vinhos (38,6%).

 

Analisado este cenário, verificamos que, este mercado emissor é caracterizado pela autonomia na decisão do destino a visitar e com poder de compra. A proliferação das novas tecnologias, do formato Web 2.0, o uso do transporte privado e a ausência da consulta de intermediários no processo de compra, reforça a importância dos Organismos Oficiais de Turismo para promover o destino, a marca Portugal e captar este segmento de mercado.

 

Por que não seduzir os andaluzes, a saír da sua redoma, a visitar o surpreendente, o moderno, cosmopolita, saboroso, divertido PORTUGAL, aqui tão perto, mesmo ao lado? Portugal Convida… E o Turismo de Portugal, IP tem realizado esforços consideráveis nesse sentido.

 

PORTUGAL

Como consta no Travel&Tourism Competitiveness Report 2009, Portugal assume-se no ranking dos 20 países mundiais, mais atractivos e competitivos, ocupando o 17º lugar, sobressaindo as  excelentes infra-estruturas rodoviárias, a hospitalidade, a óptima relação qualidade/preço das super-estruturas turísticas.

 

Outro facto a destacar: o Turismo de Portugal subiu ao pódio em 1º lugar, com o prémio de melhor Organismo Oficial de Turismo Europeu, na edição de 2008, dos World Travel Awards (WTA), os Óscares do Turismo.

A actividade turística é a única capaz de gerar resultados positivos a curto e médio prazo, na economia. Seguem-se alguns exemplos de actividades que o Turismo de Portugal tem realizado, que contribuem para este efeito, através da divulgação do destino e marca Portugal:

 

-   Quinzena Gastronómica nos El Corte Inglês do país, em Junho.

-   Campanhas Publicitárias em diversos meios, realizadas na Andaluzia, que atraem não só os Andaluzes, como também os turistas estrangeiros que aí veraneiam.

 

As actividades acima mencionadas proporcionam uma experiência vivencial ao turista, pelo que, é fundamental gerar aproximação, para fluir uma boa campanha de Marketing Word of Mouth, com baixos custos associados. Os eventos são um mote de atracção, ajudam a atrair mais turistas, aumentam a sua permanência média no país e são divulgados boca a boca, e através das novas redes sociais.

 

Exemplo de outros produtos que poderão fortalecer a relação turística entre a Andaluzia e Portugal são:

- As Rotas do Legado Andalusí, que percorrem a Andaluzia, passando pelo Algarve e Alentejo – descobrem zonas menos turísticas, aldeias encantadas e desenvolve o efeito económico multiplicador nas regiões associadas.

 - Festivais de Verão, a um preço inferior aos festivais de Espanha, com as mesmas bandas, Por exemplo, um grupo de amigos que venha ao Festival Sudoeste, diverte-se, coloca fotos nas suas redes (Hi5, facebook…), mostrando assim à comunidade internauta o país. Bem como, pode fidelizar-se este segmento, os jovens de hoje são os adultos de amanhã.

 

Portugal é um país a descobrir, com beleza inigualável. Muito mais há a mencionar. Vamos descobrir também nós próprios o nosso Portugal, visitem-no em: http://www.descubraportugal.com.pt/edicoes/tdp/index.asp

 

DESCUBRA UM PORTUGAL MAIOR

-   Presença na FITUR, com o tema: Portugal escenario de grandes eventos.

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Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

Um olhar sobre as Astúrias

Pedro Cadete | C13
Inmofocus / Janela Digital
Barcelona | Espanha
 

Se hoje existe Portugal, podemos agradecer aos povos que outrora habitaram nesta região montanhosa e que iniciaram o movimento cristão no início no século VIII, que visava a recuperação das terras perdidas para os árabes muçulmanos, durante a invasão da Península Ibérica, por parte dos visigodos cristãos.

Aos muçulmanos faltava ocupar a região montanhosa das Astúrias, onde resistiram muitos refugiados; aí surgiu Pelágio (ou Pelaio) que se pôs à frente dos refugiados, iniciando imediatamente o movimento de reconquista do território perdido. Graças a este herói, hoje, podemos orgulhar-nos do nosso pequeno país à beira mal plantado.

O Principado das Astúrias é uma comunidade autónoma uniprovincial de Espanha. É um principado por razões históricas e o herdeiro do trono Espanhol goza precisamente o seu título, Príncipe das Astúrias. A capital das Astúrias é Oviedo mas é Gijón a cidade mais povoada.

A província das Astúrias está situada na costa norte da Espanha. Delimitada, a oeste da província de Lugo (Galiza), a leste pela Cantábria, a sul pela província de León (Castilla y Leon) e ao norte pelo Mar Cantábrico.

Embora o castelhano seja a única língua oficial do Principado, a língua nativa é o Asturiano que, embora não goze de estatuto oficial, é reconhecido como tal pela Organização das Astúrias, de acordo com a sua legislação e estatuto autónomo.

Vários historiadores, psicólogos, sociólogos,… referem que a Cultura Popular não vive em livros ou museus e não necessita de ser protegida e conservada por alguém a tempo inteiro.

A Cultura Popular e milenar que se vive nesta região é uma cultura quase em estado selvagem, que brota em cada rua por onde se passa e por cada paisagem que se fotografa - afinal estamos numa terra de mitos e lendas que deram origem a um mundo de mistérios onde vivemos.

O isolamento secular das Asturias teve a virtude de preservar essa riqueza cultural de um valor incalculável, conservada entre as montanhas, em cada casa que por ali se encontra, e em cada pessoa que se conhece nestas ruas.

A economia da comunidade autónoma das Astúrias, emprega 6% da força de trabalho no sector primário em actividades como a criação de carne de bovino, agricultura (milho, batatas e maçãs) e pesca. O sector secundário emprega 30% da população, através de actividades ligadas ao sector mineiro, siderurgia, energia, construção naval, armas, produtos químicos, equipamento de transporte, etc .

O sector terciário absorve 65% da população e está em  crescimento, o que é sintomático da concentração de população nos centros urbanos e da importância que o turismo adquiriu na região nos últimos anos. Apesar da mudança que atingiu a comunidade industrial nas últimas décadas, a renda per capita tem aumentado acima da média nacional de mudar para 19.868 € em 2006 (89,7% do PIB per capita no país).

A província de Astúrias conta com 1.080.138 habitantes (INE 2008), o que representa 2,38% do total nacional. A densidade populacional é de 101,4 habitantes por km2, sendo ligeiramente superior à média nacional.

Regista a mais alta taxa de mortalidade de Espanha (12 por mil) e a mais baixa taxa de natalidade (6 por mil).

Nos últimos anos temos assistido a um esforço do governo local em “reciclar” pessoas ligadas ao sector mineiro em declínio, para as formar, dando-lhes novas oportunidades no sector do turismo. Mas apesar deste esforço governamental, a população tem migrado para outras províncias em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Os estrangeiros aqui presentes são, em média 2,81% (INE 2006), menos que a média nacional. Sendo perto de 15% de origem equatoriana, 9% colombiana e 7% portuguesa.

Actualmente, a nível individual destacamos o piloto Fernando Alonso, duas vezes campeão do mundo de Formula 1 nos anos de 2005 y 2006 e ainda o ciclista Samuel Sánchez, medalha olímpica de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Sobre a cozinha Asturiana, quem visitar esta região deve provar as comidas típicas daqui, muitas delas receitas milenares. Os enchidos, “chorizo”, a “bolla”,” bollos preñaos”, o pudim de arroz, a “fabada”, entre outros que devem acompanhar com o vinho da região ou então a cidra local.

Porquê escolher as Astúrias para implementar um negócio? Pelos apoios governamentais, por ser uma das regiões que melhor se tem adaptado à evolução dos mercados e sobretudo pelos recursos humanos disponíveis, gente simples, trabalhadora e muito hospitaleira.

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Terça-feira, 26 de Maio de 2009

Espanha – Um olhar sobre La Crisis

André Silva | C13

 

         Centrocar

         Madrid | Espanha

 

Nuestros Hermanos, como carinhosamente os Portugueses se referem aos Espanhóis que a meu ver, só tem esse significado pela proximidade geográfica e por existir também alguma ligação cultural. Na medida em que, se deitarmos um olhar mais atento a este País, apercebemo-nos de enormes diferenças em cada virar da esquina, em cada rua - calle, no Idioma, nos hábitos sociais, formas de pensar, de trabalhar, de atitude para enfrentar as adversidades da vida, até na economia, tudo é diferente. Chego mesmo a concluir que aqui em Espanha a crise é distinta da que se vive, tanto em Portugal, como no resto do mundo.

 

Olhando um pouco para a história recente espanhola, vemos que até há bem pouco tempo, este país era o campeão do crescimento económico. Viveram-se tempos de grande euforia económica, em que tudo se vendia, tudo se comprava, a oferta de trabalho era abundante e variada, os salários eram considerados bons (muito acima dos praticados em Portugal), permitindo a aquisição de todo o tipo de bens, casa, carro e afins… quase toda a gente mostrava poder de compra, exteriorizava bem-estar e aparentava felicidade.

 

Pesquisando o porquê desta euforia económica, somos conduzidos, inevitavelmente, a olhar para dois importantes sectores, considerados os pesos pesados no desenvolvimento de uma economia. O sector imobiliário/construção civil e o sector bancário. Claro que uma economia fluorescente normalmente atrai os olhares de toda a gente, especialmente os da comunidade de trabalhadores de países menos desenvolvidos, onde a precariedade de trabalho e condições de vida são uma constante do dia-a-dia.

 

Daí, a Espanha ter praticamente sido invadida por uma quantidade razoável de imigrantes, em busca do El Dorado. Esta invasão massiva teve como consequência imediata a procura de habitação e, dado que a procura excedia em larga escala a oferta, motivou a construção exponencial de imóveis, com reflexos imediatos na especulação imobiliária. O sector bancário aparece como agente financiador de todo este mercado emergente que parecia uma fonte inesgotável de proveitos. A procura e a atribuição de créditos bancários para aquisição de bens apontava para ganhos avultados, para os sectores que directamente originaram esta explosão. A Espanha estava para as empresas e negócios como o paraíso para o Homem.

 

Com o despoletar da crise financeira a nível mundial, a Espanha apresentou uma economia em grande parte sustentada pelos sectores imobiliário/construção e bancário, mostrando toda a fragilidade em que a mesma estava sustentada e ressentiu-se disso como nenhum outro país da Zona Euro.

 

Em cerca de um ano e meio, a taxa de desemprego aumentou mais de 50%, cifrando-se actualmente em cerca de 17 %, correspondendo a cerca de 4.000.000 de desempregados.

O sector imobiliário/construção estagnaram e, em efeito “bola de neve”, arrastaram consigo uma boa parte de outros sectores da economia deste País, tais como o do automóvel e das máquinas para a construção, etc., com registo de quebras nas vendas da ordem dos 65% a 80% respectivamente. A economia deste País, neste momento, avança e recua como um motor aos solavancos. Crescimento efectivo, só mesmo na taxa de desemprego e no crédito mal parado, este último com repercussões sociais, com a subsequente venda em hasta pública de imobiliário (habitações, lojas, naves) e de veículos.

 

Reconheço que numa conjuntura como esta, haverá sempre operações cirúrgicas de mercado, as quais resultarão no desaparecimento dos elos mais fracos, sejam eles empresas frágeis, com os consequentes despedimentos, especuladores inveterados ou investidores incautos. No entanto há um sector que tem sentido muito menos os efeitos adversos desta crise - o sector da Restauração.

Os estabelecimentos de restauração, incluindo os de diversão nocturna, (pese embora o facto de existir um decréscimo da procura da ordem dos 10% - 15%), têm reagido bem à situação, oferecendo  redução dos preços, procurando assim atrair mais clientes, que a par de uma cultura de “rua”, contribuem deste modo para que estes estabelecimentos se encontrem sempre cheios de gente pronta a consumir.  

A realidade é que, esta crise, tem provocado uma transformação progressiva da atitude desta sociedade e após o período da euforia económica com taxas de crescimento na casa dos dois dígitos, vivemos actualmente tempos de acalmia, de estagnação, diria mesmo de contracção da economia. A solução tem-me parecido simples e vem directamente da expressão “temos de encarar a realidade e enfrentá-la”.

 

Desta forma, as empresas têm vindo, mais do que nunca, a estudar e analisar as suas fraquezas e os seus pontos fortes, ensaiando métodos de contenção, cortando nas despesas, reestruturando-se, procurando outros mercados e espreitando novas oportunidades, de modo a fortalecerem-se, para assim resistirem à crise e, no futuro estarem mais fortes e mais bem preparadas.

 

É evidente que, analisando esta crise global sob o ponto de vista didáctico, verificamos que da pior forma houve um ganho de “know-how”, quer pela parte empresarial, quer pela parte individual e que, talvez de outra forma, essa aprendizagem fosse bem mais difícil de obter.

 

Olhando de novo para o passado, a história tem-nos mostrado que a Espanha já viveu crises complicadas; no final dos anos 70, após a morte do general Franco, com 2 dígitos de inflação, no fim dos anos 80 quando cerca de 50 bancos tiveram de ser intervencionados pelo Estado e no anos 90 com o desemprego na casa dos 24%. Em todas elas a via foi quase sempre a mesma. O segredo está à vista, um dos grandes recursos do País também tem sido a família, que se desdobra até ao parentesco mais longínquo, dando sempre um ombro para os mais carenciados, até estes encontrarem as condições mínimas de sobrevivência com dignidade.

É um pouco olhando para esse passado e, se a isso juntarmos que a Espanha tem um tecido social modernizado, um sistema de saúde socializado, onde toda a gente tem assistência médica, que tenho a convicção profunda que, embora nada mais seja como dantes, uma vez mais a Espanha encontrará o seu caminho, onde surgirá uma economia mais estável, mais estruturada, fortalecida pela poupança dos recursos monetários de cada família e pela poupança dos recursos energéticos, uma solidez institucional apoiada em valores sociais mais consentâneos com a globalidade em que vivemos, com maior uniformidade de critérios e uma maior defesa e valorização do indivíduo, dentro de uma sociedade, como factor essencial ao desenvolvimento e prosperidade de um País.   

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Sexta-feira, 10 de Abril de 2009

Espanha, a crise e o sector da construção

 

Sofia Viana Carvalho | C13

 

 

 

 

Hoje creio ser um dia curioso para começar a redigir este artigo. Aqui em Madrid é frequente os sul-americanos meterem conversa comigo na rua. Normalmente as senhoras queixam-se do frio, de que estão cansadas e de que esta cidade é uma confusão. Hoje, no metro, foi um senhor equatoriano que puxou conversa enquanto víamos o noticiário: "Só mostram coisas más, só mostram coisas pessimistas, e são eles os intelectuais! Só se fala da crise, as pessoas estão cercadas por uma nuvem de crise e não vêem mais nada."

 

A crise continua a ser o mote do dia desde há mais de cinco anos, tanto nos telejornais, como nos jornais e nas revistas.

Em Espanha, no geral, as classes média e média baixa, vivem com melhores condições financeiras do que as portuguesas mas, na verdade, os semblantes apáticos não são em menor quantidade. Aqui consome-se essencialmente sensacionalismo, desgraças e futebol.

 

Na minha opinião não estamos a enfrentar uma crise, mas sim uma fase de mudança que tem repercussões tanto a nível social, como económico e político. Penso que não há retorno e que estamos a viver um inevitável rompimento com o passado, que exige de nós uma nova dinâmica, uma nova mentalidade e espírito de sacrifício para encontrar soluções.

Infelizmente é um processo doloroso e penso que não há melhores reflexos que os impactos drásticos que foram sentidos por países cujas economias eram consideradas modelos a seguir.

 

 

 

 

 

 

 

Segundo o jornal El Mundo, as previsões da Comissão Europeia para a economia espanhola não são as melhores. Até 2010 prevê-se um novo aumento do desemprego e crê-se que afectará quase 19% da população activa, sendo esse aumento reflexo da falta de crescimento do PIB. O cenário apresentado pela Comissão Europeia é mais pessimista do que o do governo e, para além do mais, prevê-se que Espanha seja o país mais afectado pela recessão até 2010.

 

No sector em que trabalho, mais exactamente o da engenharia e consultoria ambiental, a parte mais afectada é a que está ligada directamente com a construção civil.  Este sector era dos mais rentáveis em Espanha mas, devido a vários factores socio-económicos é, actualmente, dos mais atingidos pela recessão. A Eurostat regista uma quebra de 23,7% dos lucros em Dezembro de 2008, relativamente ao ano anterior (jornal El Mundo).

 

A Fundação OPTI, Observatório de Prospecção Tecnológica Industrial (www.opti.org), concluiu que é necessário investir em novas medidas para a recuperação do sector da construção civil. Um estudo desta fundação sobre a tendência de desenvolvimento deste sector até 2015 foca aspectos que devem ser melhorados:

 

- Redução da sinistralidade e investimento na formação dos trabalhadores;

- Aplicação de métodos de psicologia ao estudo do comportamento dos trabalhadores em condições extremas (acidentes, fogos em túneis, inundações, etc.) e formação dos trabalhadores sobre modos de actuação e medidas a seguir em caso de acidente;

- Desenvolvimento de técnicas para a protecção de aquíferos e águas superficiais (respeito pelos cursos naturais dos mesmos), tal como melhoria das técnicas de prognóstico e desenvolvimento de tecnológicas de depuração e eliminação de águas residuais assim como de barreira de protecção;

- Aplicação de métodos de análise de materiais e de técnicas para a avaliação e protecção de estruturas face ao fogo;

- Desenvolvimento de tecnologias de inspecção e prognóstico que permitam estimativas da vida potencial ou residual dos materiais;

- Desenvolvimento de tecnologias que visem a segurança e protecção, tanto dos trabalhadores, como dos utilizadores finais das infra-estruturas, tais como tecnologias de ventilação e extracção em túneis,  sistemas de ajuda especializados para a gestão de situações de emergência,  sistemas de detecção e análise do ar e de extinção de incêndios;

- Desenvolvimento de tecnologias limpas para a redução das emissões de ruídos, resíduos e vibrações, tal como vigilância ambiental na execução das obras;

- Desenvolvimento de tecnologias que permitam a avaliação, gestão e reutilização de resíduos;

- Utilização de materiais inteligentes com funções de reparação e auto diagnóstico e procura de novas fontes como recurso de materiais de construção.

 

Este mesmo estudo refere futuros cenários socio-económicos a ser tidos em conta e aos quais o sector da construção civil lucraria em adaptar-se, são eles:

 

- O crescimento moderado, mas sustentado da economia.

- A necessidade de internacionalização das empresas para novos mercados como os Países de Leste, Norte de África e América do Sul.

- Aumento das exigências das sociedades a nível de qualidade, meio ambiente e segurança.

 

Pessoalmente, creio que seria também lucrativo, a médio prazo, o investimento na construção de infra-estruturas com aproveitamento de águas residuais para saneamento e rega, e de sistemas de aquecimento e iluminação foto voltaicos.

 

 

 

 

 

 

URS España | Madrid

Espanha

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Sábado, 14 de Março de 2009

La crisis Ibérica

 

Maria Teresa Pinho Peralta | C12

ISA

Espanha

A principal notícia dos dias de hoje chama-se “Crise”. Nem os maiores especialistas conseguem identificar com precisão a origem, extensão e principalmente a duração.

De acordo com os mesmos, a Europa está mergulhada numa profunda crise. E tudo indica que 2009 vai ser mesmo um ano bastante complicado.

No entanto, cabe às várias empresas estudar e preparar o melhor caminho a seguir para fazer face às dificuldades existentes, bem como eventuais contrariedades que ainda possam surgir.

Espanha não foge à regra! A crise da economia espanhola, anunciada há já muito tempo por vários economistas é agora claramente assumida. Um dos seus principais problemas é o sector imobiliário. As famílias espanholas estão altamente endividadas e começam a ter sérios problemas para resistir à alta das taxas de juro e cumprir com as suas obrigações financeiras.

Assim, Espanha acompanha actualmente a tendência da economia europeia.

Olhando para o mercado bolsista, mesmo com os investidores a especularem que os governos vão intensificar os esforços para revitalizar a economia global, encontramos uma instabilidade constante.

Portugal, como é do conhecimento geral, apresenta um elevado grau de dependência económica de Espanha pelo que obrigatoriamente iremos sentir a crise que por lá passa.

Espanha é o país com a maior fatia do investimento directo estrangeiro em Portugal; é o nosso primeiro mercado de exportação de mercadorias e o segundo na exportação de serviços. Como é de esperar, o pouco investimento efectuado por empresas espanholas é concentrado no mercado doméstico; e o volume de negócios das empresas portuguesas que internacionalizaram a sua actividade em Espanha vai ser cada vez menor.

ISA - Intelligent Sensing Anywhere, S. L.

No caso da empresa onde colaboro – ISA – Intelligent Sensing Anywhere- o ano de 2008 até não pode ser considerado um ano “mau”. A ISA é uma empresa portuguesa, com sede em Coimbra que opera no sector das novas tecnologias, mais concretamente no mercado M2M (machine to machine).

Precisamos de entender que, neste momento de incertezas, a utilização da tecnologia se torna ainda mais importante, uma vez que permite aperfeiçoar os processos, “virtualizar” plataformas, integrar sistemas e ambientes com o objectivo claro de optimizar o tempo e reduzir os custos.

O sector das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), tanto em Portugal como em Espanha, é um dos poucos que, embora afectado pela crise, ainda se encontra em crescimento. Afinal, numa conjuntura de crise, tanto particulares como empresas, reconhecem a necessidade e a importância das TIC para o desenvolvimento económico.

No mercado espanhol, este sector teve um crescimento de cerca de 6% (2007) face ao crescimento dos últimos anos que se situou entre os 9% e 10%. Mesmo assim, e apesar da crise, Espanha é um dos países europeus mais atractivos e desenvolvidos nesta área.

Contudo, e apesar de o sector ainda apresentar sinais de evolução, o mercado espanhol, tal como o mundial, encontra-se em recessão e é cada vez mais difícil encontrar quem esteja disposto a investir ou mesmo encontrar empresas interessadas em estabelecer parcerias. A desconfiança é grande, o capital disponível para investir é cada vez menor e, sobretudo, a incerteza e a insegurança são cada vez maiores.

Para a ISA o ano poderia ter sido muito mais positivo; afinal o sector não está estagnado. No entanto, o crescimento é tão lento que se torna praticamente impossível sentir a evolução que a empresa poderá estar a ter no mercado espanhol. Isso reflectiu-se, obviamente, no desempenho das minhas funções como estagiária nesta empresa e assistente comercial no mercado espanhol. Porém, com as previsões de uma crise continuada para os próximos anos, resta-nos ser optimistas pois as coisas até poderão não correr muito bem, mas temos de acreditar que é algo apenas temporário.

Assim a melhor forma de superar a crise é continuar a trabalhar e a produzir, sempre na expectativa eminente de uma mudança. Mudança essa que, contrariamente ao provérbio, nos traga “bons ventos e bons casamentos”.

 

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Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Em Espanha, Inovação é factor de competitividade para as empresas

Sofia Pinho da Costa | C12

 

Parque Científico de Madrid

Madrid | Espanha

 

A crescente globalização da economia exige um esforço constante em matéria de inovação. Por isso, a inovação empresarial é hoje vista como um elemento chave no desenvolvimento regional e constitui um dos factores mais importantes no aumento da produtividade e da competitividade da empresa, contribuindo, dessa forma, para a sustentação do emprego e melhoria do bem-estar.

Inovar é um processo que consiste em converter ideias em novos ou melhorados produtos ou serviços que tragam rendimentos para o mercado e para a sociedade e, consequentemente, benefícios para a empresa que leva a cabo o processo inovador. A inovação é um conceito que ultrapassa a evolução da tecnologia, incluindo também a criação de processos inovadores sob uma perspectiva comercial e organizativa.

A importância da inovação é cada vez maior para a empresa devido à situação actual do mercado, caracterizado pela feroz dinâmica da concorrência, que torna impossível a sobrevivência das empresas que não a saibam enfrentar com êxito.

O processo inovador não pode ser considerado como uma moda passageira, ou uma simples opção de mercado, mas sim como um requisito.

Como resposta às constatações e considerandos referidos, surgiu o Sistema Nacional de Inovação Espanhol, para fazer face a estes desafios actuais. Entende-se como Sistema Nacional de Inovação um conjunto de organizações de natureza institucional e empresarial que, dentro do território correspondente, interactuam e interagem entre si, com o objectivo de afectar recursos à realização de actividades orientadas à geração e difusão de conhecimentos sobre os quais se suportam as inovações, principalmente as tecnológicas. Entre estas organizações encontram-se os OPI (Organismos Públicos de Investigação), as Universidades e as empresas inovadoras.

 

Estes sistemas de inovação podem estruturar-se em torno de quatro elementos:

1) O que faz referência ao contexto económico e produtivo em que se inserem as organizações do sistema;

2) O que engloba as actividades de investigação científica realizadas pelos OPI e Universidades;

3) O que alude às empresas inovadoras e ao seu papel no desenvolvimento tecnológico;

4) O que se preocupa com as políticas que corrigem as falhas de mercado que afectam a afectação de recursos às actividades de criação de conhecimento.

Os investimentos e os recursos humanos em I&D, assim como o stock de capital científico e tecnológico acumulado, constituem os meios destinados pela sociedade às suas actividades de criação de conhecimento.

Contudo, esta afectação de recursos às actividades de I+D+i está sujeita a falhas de mercado que obrigam à intervenção pública, exigindo políticas de ciência e tecnologia. Estas orientam-se em duas direcções: para a criação de infra-estruturas e instituições que favoreçam a interacção entre organizações do sistema de inovação e, por outro lado, para a provisão dos meios financeiros necessários a uma investigação científica e tecnológica sustentável.

Em Espanha, a criação do CDTI (Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial) em 1997, o arranque dos primeiros programas de subvenções à I+D empresarial (1985) de iniciativa do Ministério da Indústria, a promulgação da Lei da Ciência (1986) e Planos Nacionais de I+D dela derivados, são exemplos das políticas anteriormente referidas. Políticas mais recentes são o caso do VI Plano Nacional de I+D+i (instrumento de programação com que conta o Sistema Espanhol da Ciência e Tecnologia, no qual se estabelecem os objectivos e prioridades da política de investigação, desenvolvimento e inovação) e a Estratégia Universidade 2015 (iniciativa para uma mudança e modernização das universidades espanholas).

É no contexto referido que surge o Centro de Estudos de Inovação e Tecnologia – CEINNTEC, projecto no qual estou inserida desde Junho de 2008.

Este Centro, criado pela Universidade Complutense de Madrid (UCM) no Parque Científico de Madrid (PCM), tem por objectivo estratégico fomentar o desenvolvimento de actividades inovadoras.

As suas principais funções são promover e impulsionar, de maneira eficaz, a criação e aplicação de conhecimento no âmbito da inovação, particularmente:

- Tornando produtiva a investigação científica e a aplicação do conhecimento acumulado na UCM e nos seus centros;

- Facilitando as interacções interdisciplinares entre ciências experimentais e sociais;

- Apoiando a projecção externa das empresas “incubadas” do Parque Científico de Madrid através de actividades de investigação, formação e assessoria.

 

Este Centro é um exemplo de iniciativas que podem também ser levadas a cabo em Portugal para estimular a necessária cooperação entre Universidades, Empresas e Organismos Públicos, para que juntos concorram para uma significativa melhoria da situação económica do país.

 

 

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Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2009

Centro de Negócios

Alexandra Mota Leite | C12
 
Globally International Consulting
 
Madrid| Espanha
 
Um Centro de Negócios é uma área constituída por escritórios, salas e gabinetes, devidamente mobilados e equipados, dotada de tecnologia moderna e bem localizada, e também composta por áreas comuns, tais como recepção, salas de espera, zona de fotocopiadoras e impressoras, office e “cozinha”, etc.

Normalmente um Centro de Negócios localiza-se no centro económico-financeiro ou histórico das cidades, em zonas de prestígio e representativas. Isto dificulta a procura de locais adequados e implica custos elevados. No entanto, a tendência actual das grandes metrópoles/cidades é para a localização das empresas e de novos escritórios começar a descentralizar-se, situando-se em zonas mais periféricas (parques empresariais).

 

O Centro de Negócios está dirigido fundamentalmente a profissionais liberais, PME’s, empresas recém-criadas, que o utilizam como Sede operativa ou virtual, mas também está dirigido a grandes empresas que pretendam estabelecer as suas delegações

 

Os serviços básicos que um Centro de Negócios pode oferecer consistem em:

·  Distintas modalidades de aluguer de escritórios e gabinetes: aluguer por horas, dias, semanas, meses, ou anos, segundo as necessidades dos clientes;

· Aluguer de salas de reuniões para palestras, reuniões com accionistas, cursos de formação, entrevistas, apresentação de produtos...;

· Domiciliação de sociedades com recepção da respectiva correspondência;

· Serviços de Secretariado e Apoio Administrativo;

· Recepção e reencaminhamento de chamadas telefónicas;

· Recepção de visitas;

· Serviço de mensagens;

 

Para além destes, em alguns casos desenvolve-se também outra actividade paralela ao Centro de Negócios que se apoia na estrutura já montada  em termos tecnológicos, de pessoal e de localização, criando sinergias que se traduzem na possibilidade de oferecer serviços adicionais ao cliente. São exemplo desses serviços: assessoria económico-financeira, fiscal, jurídica, laboral, agência de publicidade e comunicação, organização de eventos, possibilidade de videoconferência, traduções, aluguer de viaturas, apoio informático, criação de páginas web, criação de logótipos, envio de faxes, reserva de voos e hotéis, catering, etc...

 

A eventual diferenciação entre os vários centros de negócios deriva da tipologia de serviços adicionais especializados oferecidos ou mesmo pela categoria do centro (económico, de luxo, com certificado de qualidade ISO...), que se reflecte nos aspectos dos serviços, das instalações, mobiliário, etc.

A forte componente de oferta de serviços é precisamente o que diferencia o Centro de Negócios de uma mera actividade de aluguer de espaços.

  

A principal vantagem para o cliente de um Centro de Negócios reside na possibilidade de iniciar a sua actividade de imediato, sem realizar elevados investimentos iniciais nomeadamente no que respeita a obras, contratação de pessoal e compra de mobiliário e equipamento, minimizando os custos fixos mensais e contando com pessoal qualificado de apoio. Qualquer profissional pode estar operacional em 24 horas a partir de um preço de cerca de 800€ mensais.

 

Em resumo essas vantagens traduzem-se em:

 

a)  Poupança em Investimentos: imobiliário, equipamentos de telecomunicações, fax, fotocopiadora, licenças de obra e construção, obras de adaptação do local;

b)  Poupança em Gastos Gerais: água, luz, aquecimento, ar condicionado, conservação e reparação de espaços e equipamentos, serviços de limpeza, serviços de segurança, apoio informático, etc.

c)  Poupança em Custos com Pessoal: selecção, formação, férias, etc., dado que o cliente paga única e exclusivamente as horas de pessoal que utilize de forma directa (redacção de cartas e apresentações, traduções, etc.)

d)  Poupança em tempo, esforço e preocupações: o cliente pode instalar-se de forma imediata e iniciar, desde logo, a sua actividade e, durante a sua ausência, não tem de preocupar-se com os problemas diários de funcionamento de um escritório. Isto permite-lhe concentrar-se apenas e totalmente na sua actividade.

  

COMPARAÇÃO DE GASTOS ENTRE UM CENTRO DE NEGÓCIOS E UM ESCRITÓRIO TRADICIONAL COM SECRETÁRIA/RECEPCIONISTA

 

INVESTIMENTO INICIAL

 

Tipo de Gastos

Escritório Tradicional com Secretária/Recepcionista

Escritório em Centro de Negócios

Depósito / Caução (a devolver)

1.200€

1.600€

1ª Mensalidade

600€

800€

Obras de adaptação do local

3.000€

0

Gastos de contrato

400€

0

Contratos de linha telefónica e Internet

900€

0

Telefax tradicional

500€

0

Fotocopiadora

3.000€

0

Mobiliário

1.500€

0

Selecção de Secretária

1.000€

0

Computador e impressora

1.500€

0

Total

13.600€

2.400€

 

Poupança de 82% dos gastos de investimento inicial no caso de escritório em Centro de Negócios.

 

 

GASTOS FIXOS MENSAIS

 

Tipo de Gastos

Escritório Tradicional com secretária/recepcionista

Escritório em Centro de Negócios

Mensalidade

600€

800€

Secretária/Recepcionista

1.000€

Conforme consumo

Serviço de limpeza

150€

0

Serviço de mantimento

100€

0

Electricidade

120€

0

Seguros

50€

0

Total

2.020€

800€ + consumos

 

Poupança de 60% dos gastos fixos mensais no caso de escritório em Centro de Negócios.

 

 

OS CENTROS DE NEGÓCIOS EM ESPANHA

 Os primeiros Centros de Negócios em Espanha foram criados nos anos 80 sendo que actualmente existem cerca de 300, segundo estimativas da Associação Espanhola de Centros de Negócios (ACN). Este é um sector atomizado, composto por uma grande maioria de centros independentes, estimando-se que 70% dos mesmos alugue as suas instalações, enquanto os restantes 30% possua instalações próprias.

 

Segundo um estudo da ACN, o tamanho médio de um centro de negócios em Espanha é de 813 m2, com uma média de 26 gabinetes e 50 empresas domiciliadas. Também segundo dados da ACN, a maioria dos clientes dos Centros de Negócios pertencem ao sector de Serviços (30%), seguido por Telecomunicações (19%) e Tecnologias (13%).

 

  

Os centros de negócios constituem uma solução óptima para as empresas já que supõe uma clara poupança de custos e de preocupações, oferecendo serviços e soluções à medida das diversas empresas. Proporcionam um ambiente de trabalho completo e eficiente, em alguns casos prestigioso, dotado de pessoal qualificado e de bons recursos tecnológicos, e oferecem ao cliente a oportunidade de começar a trabalhar de imediato, sem demoras nem elevados investimentos iniciais. Os elevados preços do aluguer tradicional de escritórios tornam-nos a solução mais conveniente para o estabelecimento de uma empresa.

 

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Quarta-feira, 23 de Julho de 2008

Madrid - Uma opção de vida

  

Daniela Mateus

 

Bloom Consulting | Madrid | Espanha | C11

 

 

O ritmo marca as horas da cidade. Em Madrid, todos os dias são dias de festa. José Torres, CEO da Bloom Consulting, disse um dia, à revista Notícias Magazine, que esta é “a melhor cidade para se viver. Aqui, as pessoas estão contentes, genuinamente contentes”. É a cidade de la movida. Sente-se no ar um enorme desejo de celebrar a vida, de disfrutar cada momento como se fosse único. Patrícia Soares da Costa, responsável por Country Branding na Bloom Consulting, revê nesta cidade o lema “work hard, party harder”. Apesar de se trabalhar muito e de haver um grande nível de exigência, as pessoas não hesitam em separar trabalho das suas vidas pessoais. Os bares enchem-se ao final da tarde. A lotação esgotada dura até de madrugada. No dia seguinte é dia de trabalho. Tudo recomeça. Os espanhóis trabalham, ganham e gastam. Cerca de 92% do seu salário é gasto em produtos de consumo final.

 

Para muitos portugueses, esta é a cidade que escolheram para viver. Em 2007, e de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, eram já cerca de 10.000 (cerca de 10% do valor total em Espanha) e esse número não pára de crescer. A falta de oportunidades, os baixos salários, a vontade de progredir são factores incontornáveis que os levam a arriscar. A geração de emigrantes de hoje difere, no entanto, daquela que na década de 50 e 60 decidiu tentar a sua sorte além-fronteiras. São, sobretudo, jovens licenciados, unidos por uma enorme vontade de crescer. Viver no estrangeiro, dizem, aumenta-lhes a percepção do mundo, alarga-lhes as ideias e permite-lhes conhecer novas realidades e pessoas.

Em Espanha, a emigração é uma realidade exponencial. Os portugueses vêm, porque o mercado é maior, mais aberto e com mais oportunidades. Há mais verbas, emprego, diversidade e uma economia mais pujante. Apesar disso, Espanha é, ainda assim, tão próxima de Portugal. A integração está facilitada. Aqui, afirmam José e Patrícia, os portugueses tendem a ser bem vistos, ainda que haja um enorme desconhecimento em relação à cultura portuguesa. Os conhecimentos do mercado global, de línguas e a capacidade de adaptação são elementos valorizados. Por isso, encontrar uma oportunidade de trabalho não é assim tão difícil. Ambicionar a grandes projectos e ascender ao topo de carreira são sonhos, aqui, passíveis de concretizar, enquanto se disfruta da vida.

Mariana Resende, directora criativa da Bloom Consulting, considera que os espanhóis são amáveis, receptivos e privilegiam a integração. Por isso, neste país, os portugueses não se sentem estrangeiros.

 

Portugal é, ainda, sinónimo de baixa capacidade de empreendedorismo. Sente-se o pessimismo no ar, diz José. O poder político interfere em demasia. Talvez seja, também, por isso que as grandes multinacionais estejam a escolher Espanha para instalar as suas sedes no mercado ibérico. Os números demonstram-no. Há 300 empresas portuguesas presentes em Espanha e 3.000 espanholas em Portugal. Talvez não seja por acaso. Portugal quer aproximar-se  deste mercado positivista, sem medo da mudança. É em Espanha que as coisas acontecem. Mesmo em termos culturais, as diferenças são notórias. Patrícia diz que “apesar da proximidade, até mesmo o conceito “latino” se vive de forma diferente. Eles são mediterrânicos e nós atlânticos”.

Ainda assim, os três são consensuais. Não trocariam Madrid por nada. Portugal é um destino longínquo, para onde esperam talvez um dia regressar em final de carreira ou para gozar a reforma. Porque, na verdade, Espanha é, para eles, sinónimo de força, de qualidade de vida citadina, de diversão e de oportunidades. É aqui que está o futuro. Portugal recorda-lhes tão somente a tranquilidade, a segurança, a familiaridade. É a melancolia do espírito português que se sente. A tão nossa “saudade”. Mas que rapidamente passa, porque afinal Portugal está tão somente a uma hora de distância...

 

 

 

 

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Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

A Visão espanhola das empresas portuguesas

 

Pedro Peixoto

SonaeSierra

Madrir - Espanha

 

 

Sendo a Sonae Sierra há vários anos líder de mercado em Portugal na sua área de negócio (propriedade e gestão de centros comerciais), a internacionalização foi um passo evidente aplicando o know-how adquirido a outros mercados. Neste momento encontra-se já em vários países tais como Espanha, Alemanha, Itália, Grécia, Roménia e Brasil. Naturalmente, o país de “nuestros hermanos” é uma forte aposta, gerindo no momento 11 Centros Comercias em pleno funcionamento.
O meu estágio está a ser realizado na equipa de gestão de um centro comercial em Madrid. As equipas de gestão são geralmente reduzidas sendo todos os serviços prestados por empresas subcontratadas cabendo a cada responsável de serviços gerir estes contratos, sempre com o apoio do Backoffice da Sonae Sierra e seguindo directivas gerais da empresa. Devido à minha formação em engenharia naturalmente fui integrado a área de operações que comporta a gestão e manutenção do edifício e coordenação de todos os operacionais do Centro, além de implementação e reporting de medidas meio ambientais.
A equipa de gestão do Centro Comercial em que me encontro é formada apenas por nativos, sendo eu o único português em funções. Desta forma pareceu-me interessante recolher o testemunho de várias pessoas de nacionalidade espanhola sobre a presença de uma empresa portuguesa em Espanha. Seguramente que vários estudos e análises foram realizados de forma a suportar o investimento num país tão próximo de Portugal mas a visão de espanhóis depois de alguns anos de colaboração com uma empresa portuguesa será seguramente distinta e valiosa. Desta forma chega-se a uma análise SWOT sem nunca esquecer que se trata da visão de profissionais espanhóis sobre uma empresa portuguesa a operar em Espanha.
Em síntese, a minha visão sobre a internacionalização de empresas portuguesas incide principalmente na cooperação, formando associações de empresas, clusters ou joint-ventures de forma a vencer o efeito escala da concorrência e retirar desta união sinergias positivas que conduzam a um maior sucesso. Se pensarmos que uma empresa como a Sonae Sierra, apesar do seu notável sucesso fora de portas, tem as suas dificuldades noutros mercados, poderemos imaginar o que sucede com a maioria das PME’s portuguesas que apostam no estrangeiro. O sucesso da internacionalização das empresas portuguesas é e continuará cada vez mais a ser uma realidade abrindo ainda mais as portas a profissionais portugueses num mundo cada vez mais global.
 
Visão espanhola das empresas Portuguesas:

 

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Sábado, 26 de Abril de 2008

Falsos Irmãos

Manuel Rodrigues

Bial

Madrid - Espanha

 

 

Muitas empresas portuguesas vêem Espanha como o país de eleição para o início da sua internacionalização, seja ela realizada através de aquisição, fusão, joint-venture, ou mesmo a simples exportação.

Vários são os motivos da escolha deste destino, entre os quais podemos salientar a sua proximidade geográfica, (originando baixos custos em transporte); a língua, que facilita as relações empresariais; a dimensão do mercado espanhol, um dos que tem mais potencial na Europa, bem como, ambos os países pertencerem à União Europeia e ambos terem aderido ao euro, possibilitando às empresas portuguesas um certo equilíbrio competitivo com as espanholas.

Contudo, existe um ponto importantíssimo em qualquer estratégia de internacionalização, que é descurado muitas vezes por pequenas e médias empresas portuguesas quando falamos do destino Espanha.

O pensamento por parte de alguns gestores de que somos países irmãos e de que a adaptação da estratégia da empresa e das práticas empresariais é muito fácil leva a uma falha que será visível no médio-longo prazo, pois a entrada é fácil, manter-se tendo custos competitivos é que pode ser mais difícil. E tudo isto devido a más interpretações da ideologia da empresa por parte dos seus trabalhadores espanhóis, por má adaptação da gestão portuguesa à cultura empresarial espanhola e/ou por descrédito das diferenças culturais.

Na minha opinião são dois os pontos críticos, originados por este sentimento facilitista baseado na crença de os espanhóis serem “nuestros hermanos”. Um mais estratégico, utilizando a estratégia adoptada em Portugal para toda a Península, outro mais operacional, o qual está relacionado com a Gestão de Recursos Humanos.

O primeiro consiste em utilizar a estratégia de Portugal em Espanha com leves ou nenhumas alterações, isto na minha opinião é um erro crasso, principalmente no que diz respeito a áreas como vendas e marketing. Pois os interesses e a cultura são mesmo diferentes e Espanha tem milhões de cidadãos. Ou seja, fazer uma estratégia para um universo de 45 milhões de pessoas, baseado em 10 milhões, é sem dúvida bastante arriscado.

Este erro tem repercussões muito mais severas numa empresa portuguesa do que numa espanhola que decida optar pela estratégia espanhola no mercado português. Tudo isto devido exactamente às dimensões de cada mercado.

Cada empresa deve, consoante os seus recursos, analisar as opções de adoptar duas estratégias distintas ou uma Ibérica (a qual deve ser definida de raiz e não uma mera adaptação da portuguesa como acima referido).

O segundo consiste no modo de gestão dos seus recursos humanos, vitais em qualquer empresa. A cultura empresarial espanhola é bastante diferente da portuguesa.

É muito importante os trabalhadores estarem satisfeitos no seu local de trabalho. Esta satisfação em empresas portuguesas a operar em Espanha pode estar meramente dependente de chamados “pormenores” do ponto de vista português, os quais são pontos inquestionáveis na maioria das empresas espanholas. Refiro-me por exemplo à existência de cozinha nos escritórios, de não trabalhar à sexta-feira à tarde e/ou da não utilização formal e tão portuguesa do “Sr Eng” e “Sr Dr”.

Concluindo, as empresas portuguesas que operam ou estão em vias de operar em Espanha muitas vezes inconscientemente consideram os espanhóis como “hermanos”. É lógico que em muitos aspectos somos parecidos, mas nunca se devem abstrair das diferenças por mais pequenas que pareçam, pois podem ter grandes repercussões no rendimento da empresa. Todos os pontos acima referidos podem ser considerados banais e lógicos por muitos, mas a verdade é que realmente acontecem!

 

A minha opinião está fundamentada na análise das empresas portuguesas em geral, e não na qual estou a estagiar especificamente.

 

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Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

Do Mundo académico ao real

   Nuno Pinto - Cimera Estudios Aplicados SL,  Madrid - Espanha.

 

 

A nova lei do Património Natural e Biodiversidade que acaba de entrar em vigor em Espanha (que advém das imposições da União Europeia sobre conservação da Natureza) na tentativa de redução da actual taxa de perda de biodiversidade, bem como de normas e recomendações internacionais que organismos e directivas internacionais (como por exemplo a Convenção sobre a Diversidade Biológica ou o “Programa de Trabalho Mundial para as Áreas Protegidas”), além de tentar evitar a especulação sobre os solos localizados em espaços protegidos, obriga o Governo a catalogar novas espécies e habitats, como também a melhorar o inventário actual de espécies animais e vegetais protegidas e a sua posterior monitorização, através da elaboração de catálogos nacionais e regionais de espécies ameaçadas e invasoras, definição e gestão de espaços protegidos nacionais e transfronteiriços, inventário nacional de bancos de material biológico e genético de espécies silvestres, elaboração de planos de gestão e ordenação de recursos naturais, entre outros. Todo este trabalho está previsto ser executado no prazo de três anos pela administração com recurso às empresas públicas Tragsa, Tragsatec e Tragsega. No entanto, o volume de trabalho é muito e o tempo disponível reduzido, levando a que exista a necessidade de contratar investigadores/empresas externas.

Aliada a esta nova lei surge o crescente uso das energias renováveis como uma das formas de combater as alterações climáticas, que implica um estudo sobre os espaços e/ou recursos naturais utilizados na produção de energia “verde”, bem como uma eficaz vigilância, fiscalização e monitorização destes mesmos recursos.

É com base nestes pressupostos, e com o apoio proporcionado pelo Parque Cientifico de Madrid (iniciativa em parceria entre as Universidades Complutense e Autónoma de Madrid), que 5 biólogos empreendedores, ligados ao mundo académico/ universitário, criaram a Cimera Estudios Aplicados, S.L. há sete anos atrás, aliando a experiência e o conhecimento cientifico e académico ao investimento e inovação num mercado emergente e em crescimento, factor primordial a qualquer empresa que se queira integrar num Parque Cientifico e Tecnológico Espanhol.

A Cimera Estudios Aplicados, que se encontra instalada no Centro de Inovação e Desenvolvimento Empresarial do Parque Cientifico de Madrid, apresenta-se assim como uma empresa inovadora que oferece produtos e serviços de última geração, desenvolvendo a sua principal actividade no campo do meio ambiente, em especial no sector da água, realizando estudos de caracterização, controlo, gestão e divulgação relacionados com o meio aquático na sua visão mais integral: a limnologia.

Uma constante na linha de trabalho que a Cimera tem levado a cabo nestes últimos sete anos tem sido a divulgação e valorização dos sistemas aquáticos continentais em qualquer das suas formas (rios, lagos, zonas húmidas ou barragens), assim como a busca de novas formulas que permitam à sociedade conhecer, apreciar e valorizar a componente biológica e ecológica deste tipo de espaços.

 

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Quinta-feira, 27 de Março de 2008

La Movida

Dulce Afonso

e

Joana Cruz

Madrid

 

Espanha

 

As Tabernas e as tapas são o mais típico de Madrid e o costume é ir de Bar em Bar e provar as especialidades de cada um. A isto chama-se tapear. Rapidamente nos convertemos a este estilo de vida e já dominamos o menu de tapas e elegemos o Bar com a melhor tortilla e as melhores patatas bravas. Tendo em conta que a vida social madrilena se desenvolve em redor de Bares e Tabernas, a imensa oferta e variedade não é excessiva para todos os madrilenos que, todas as noites, saem para a calle! E, no que diz respeito a tapear, existe mesmo um código de conduta que nós tentamos respeitar: é proibido falar de trabalho, não se pode estar sentado mas sim ao balcão e o número ideal são 5 pessoas! O que ainda não faz parte dos nossos costumes é o pequeno-almoço madrileno, churros (farturas) servidos com uma chávena de chocolate quente. Temos mesmo algumas dúvidas se alguma vez nos habituaremos a tão “nutritivo” pequeno-almoço!

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Quarta-feira, 3 de Outubro de 2007

As relações de trabalho em Portugal e no Mundo

   Sérgio Silva - Logoplaste, Madrid, Espanha.

 

 

Gestores Portugueses

 

Portugal é um país de formalismos. É, provavelmente, o único país do mundo em que os seus licenciados, inseridos num meio empresarial, insistem em ser tratados pelo seu título académico.

Sem querer entrar num enquadramento histórico muito longo direi apenas que antigamente o titulo de Dr. correspondia a um estatuto social elevado destacando-se pela cultura e/ou pela fortuna. Pela raridade de licenciados, na altura, também era atribuído a quem concluísse um curso universitário.

É com este background cultural que temos a ideia generalizada de que o respeito, enquanto trabalhador, provém, não da nossa capacidade profissional, mas sim, do facto de termos ou não o nosso nome antecedido por Dr. ou Eng.

A cultura empresarial portuguesa está, neste aspecto, bastante atrasada comparativamente com, por exemplo, os restantes países europeus. Mesmo em Espanha, país onde estou colocado e onde podemos mais facilmente comparar os gestores de ambos os países, este fenómeno não acontece e chega, inclusive, a ser repudiado. 

Em Portugal chega-se ao exagero de tratarmos todas as pessoas por Dr. pelo simples facto de termos medo de ferir alguma susceptibilidade. É nisto que temos que mudar a nossa mentalidade. Os gestores portugueses não deveriam preocupar-se com simples trivialidades.

Numa empresa, onde todos deveriam estar a contribuir para um objectivo comum e a trabalhar em conjunto para alcançá-lo, este tratamento formal, na minha opinião, apenas serve para manter o distanciamento entre os profissionais de uma empresa, ao “elitizar”, separar e diferenciar.

O que estamos a assistir neste momento é uma desvalorização progressiva dos títulos académicos, sobretudo com a “popularização” da licenciatura e consequentemente a uma mudança de atitude e mentalidade nos futuros gestores portugueses.

Em conclusão, o mundo empresarial português só terá a ganhar com a eliminação destas minudências e a abolição das barreiras formais entre profissionais. Somos capazes de chegar atrasados a uma reunião importante com um cliente estrangeiro mas se uma carta vier endereçada apenas com o nosso nome somos capazes de perder tempo a tentar rectifica-la.

 

Sou da opinião de que primeiro somos profissionais e depois somos licenciados.

 

publicado por visaocontacto às 12:23
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Cultura organizacional Portugal e Catalunha/Espanha

Luis Oliveira - Chamartin, Barcelona, Espanha.

Com este artigo pretendo dar a conhecer algumas das diferenças/similaridades entre a cultura e ambiente de trabalho português e catalão/espanhol. De forma a evitar que este texto seja somente uma compilação de opiniões das minhas experiências em Portugal e no estrangeiro, procurei, entre as bases teóricas dos tempos da faculdade, complementar com: “Adopting or adapting? The tension between local and international mindsets in Portuguese management” de Miguel Pina e Cunha e definições desenvolvidas por G. Hofstede, também citado no trabalho referido.

E de onde surgiram as minhas opiniões? Não esquecendo as experiências profissionais em Portugal, anteriores ao estágio, bem como um período académico no norte da Europa, debrucei-me sobre as componentes do estágio InovContacto: uma primeira fase, de 6/7 semanas na Amorim Imobiliária, em Gaia, seguida de 9 meses na Larry Smith, em Barcelona. A Larry Smith España, consultora imobiliária de cariz internacional, foi adquirida em 2003 pela Amorim Imobiliária para fortalecer a estratégia da empresa em Espanha. Entretanto (12/2006), o grupo Amorim Imobiliária foi adquirido por um grupo de origem espanhola passando a denominar-se Chamartín Portugal. As operações entre as duas instituições (portuguesa e catalã/espanhola) são independentes, não apresentando praticamente qualquer influência cultural - sem ser a minha presença entre elas no espaço de 1 ano.

Assim, para comparar as duas culturas organizacionais usei 4 variáveis de caracterização cultural de Hofstede:

a.       Individualismo/colectivismo: a diferenciação entre cultura individualista e colectivista faz-se essencialmente comparando culturas europeias nórdicas com as latinas; a primeira, competitiva, autónoma, centrada em objectivos e interesses pessoais e incentivada ao nível do indivíduo; na segunda prevalece a colaboração, harmonia de grupo, centrada em objectivos e interesses colectivos e onde impera uma maior distribuição de resultados. Perante estes dois extremos, as culturas ibéricas adequam-se ao colectivismo. A catalã, talvez pela sua maior proximidade geográfica ao centro da Europa e pelo desenvolvimento económico, distingue-se ligeiramente por uma maior mobilidade profissional a nível do indivíduo, menor dependência de comunidade e estímulo para o sucesso individual.

b.       Tratamento da incerteza: a incerteza provoca insegurança e nervosismo; a reacção natural e evolutiva perante situações de incerteza é a criação de estruturas e regras claras de modo a evitar perdas. Neste tópico, o trabalho citado agrupa Portugal e Espanha ao mesmo nível; pela experiência nos dois ambientes, assiste-se a uma crescente diferenciação, e isso faz-se notar, nos horários. Como? O incorrecto planeamento de expectativas e dos objectivos estabelecidos em todas as hierarquias provoca um aumento do incumprimento e, consequentemente, do nervosismo em ambiente profissional. Esta lacuna de gestão pessoal e colectiva característica dos latinos nota-se mais fortemente em Portugal pela necessidade, por vezes exagerada, de estender o horário de trabalho para além do estabelecido. Em contraste, por exemplo, na Catalunha (por empresas catalãs, do resto de Espanha, não-espanholas, mas também se verifica nas restantes regiões) chega a ser praticado a jornada intensiva que consiste na substituição da diária 9h00-14h00/15h30-18h30 pela 9h00-15h00 durante os meses de Julho e Agosto. Esta realidade praticada em parte pela Larry Smith España, tal como o horário de trabalho «normal» no resto do ano, são mais respeitados na Catalunha que em Portugal, origem e consequência de uma melhor e mais eficiente delineação de expectativas. 

 

c.        Masculinidade/feminilidade: uma cultura pode-se definir como mais masculina quando está mais focada na performance, nos resultados; por outro lado, como feminina quando se privilegiam as relações entre as pessoas e entidades, a cooperação e práticas comuns. Segundo o trabalho de Pina e Cunha, os povos ibéricos adequam-se ao carácter mais feminino. Para reforçar, num estudo comparativo sobre o desenvolvimento da carreira por sexos (Internacional Labour Office, 2004) a percentagem de mulheres em funções de gestão é de cerca de 29% e 32% para Portugal e Espanha, respectivamente, e de mulheres em relação à população activa 45% e 37%, enquanto que nos EUA, mais masculino, é de 31% para funções de direcção e 47% em relação à população activa.  

 

d.       Distância hierárquica: esta variável é onde provavelmente se encontram diferenças mais contundentes; aplica-se o exemplo clássico do tratamento entre pessoas de hierarquias (ou idades) distintas. Em Espanha, e reforçado pelo testemunho de colegas espanhóis, utiliza-se o “você” nos contactos telefónicos com novos clientes, fornecedores, etc., e presencialmente, quando se trata de uma pessoa que tem mais de meio século de experiência. Em Portugal ainda é frequente a utilização da terceira pessoa nos meios profissionais entre chefe/membro de equipa (até entre colegas ao mesmo nível), bem como do complexo imbróglio de títulos hierárquicos inerente a todos os que viveram em Portugal. Embora tenham em comum as hierarquias longas (quando em comparação com os países nórdicos ou anglo-saxónicos) por existir uma maior informalidade nas relações profissionais na Catalunha e um nível de formação médio superior (percentagem relativa de licenciados), propensa a coesão interpessoal e diminui assim o «distanciamento» profissional. 

 

As similaridades entre as culturas portuguesas e catalã/espanhola são notórias, quando comparado com terceiras. Contudo, seja devido à manutenção de tradições ou influências culturais exteriores, algumas diferenças acabam por sobressair. Comparando a Catalunha com Portugal, subsiste uma cultura colectivista com crescente tendência para o individualismo, uma maior capacidade para lidar com a incerteza, uma menor presença profissional feminina na sociedade e também uma maior informalidade em ambiente de trabalho. Por fim, o que mais me marca entre as duas realidades é o clima de descontracção e tolerância com que se enfrentam os variados problemas do dia-a-dia profissional e pessoal fazendo com que o stress seja um fenómeno menos conhecido.

publicado por visaocontacto às 12:20
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Segunda-feira, 11 de Junho de 2007

Portugal - Porta da Europa.

   Isabel Tavares

Grupo Pestana, Madrid, Espanha.

 

 

Quando me foi pedido para participar nesta edição da Newsletter Visão Contacto não levei muito tempo a decidir: gostaria de reflectir sobre as diferenças de atitude perante o turismo entre o meu país, Portugal e o país que me vai acolher durante 9 meses (Espanha). Mas como faze-lo? Foi então que me lembrei do meu primeiro dia de estágio em Madrid e da conversa que tive com Rafael Moreno.
 
Rafael tem 54 anos, dupla nacionalidade (espanhola e francesa) e diz-se apaixonado por Portugal.
Trabalha em turismo há 28 anos. Está desde Janeiro de 2004 no grupo Pestana e Pousadas de Portugal, trabalhou 10 anos nos Paradores de Espanha e 15 anos em França onde passou por várias empresas do sector do turismo. 
Quem melhor do que ele para me responder a algumas duvidas sobre a diferença de actuação entre Espanha e Portugal na promoção turística? 
 
Decidi então propor a Rafael Moreno uma reflexão conjunta sobre este tema. Uma pequena conversa entre duas pessoas com experiências completamente diferentes: uma com uma vasta experiência no sector e outra que começa agora a dar os primeiros passos.
Este profissional da área do turismo falou-me, de forma clara e realista, sobre as diferenças de atitude entre estes dois países, o que acabou por confirmar algumas ideias que já tinha sobre o tema.
 
Primeiro, falámos sobre Portugal. Como está o país em relação ao turismo? Para Rafael, apesar de não ser uma potência turística, o nosso país está numa boa situação.
 
A Espanha apresenta-se por isso como um bom cliente turístico para Portugal. Tem uma população de 45 milhões de habitantes e é neste momento a 7ª ou 8ª maior economia do mundo: “o Espanhol tem dinheiro para gastar e por isso pode escolher qualquer destino de férias”. “A grande conquista de Portugal tem que ser o cliente espanhol”. Mas, Portugal ainda está a dar os primeiros passos nessa conquista, uma tarefa que não se têm mostrado fácil.
Os maiores concorrentes de Portugal são sem duvida a as comunidades autónomas espanholas: só 15% dos espanhóis goza férias fora de Espanha, os restantes optam por visitar as outras comunidades e a escolha de destinos estrangeiro recai sobre países como França, Marrocos e Turquia.
 
Porque é que Portugal não está entre as primeiras escolhas dos espanhóis? Rafael aponta, entre outros, dois grandes motivos. Em primeiro lugar, a proximidade. Portugal estará sempre ali e os espanhóis poderão visitá-lo a qualquer momento, ou seja, a viagem é adiada em detrimento de outros destinos. O outro, é o desconhecimento dos espanhóis sobre o que o nosso país tem para oferecer.
Ora, se quanto ao primeiro motivo a solução passará por nos apresentarmos aos espanhóis como um pais ibérico que partilha a mesma “terra”, a mesma história, parece-me que em relação ao segundo temos uma maior responsabilidade. O que estamos a fazer mal? Ou o que não estamos a fazer? Para Rafael a solução passa pelas seguintes acções: “redobrar a promoção em Espanha, aumentar as parcerias de promoção conjunta do destino Península Ibérica e aprender com o exemplo espanhol”.
Em relação à promoção conjunta da Península Ibérica, já foram dados os primeiros passos na promoção deste destino em países longínquos como Brasil, EUA e alguns países asiáticos. A este propósito, penso que é interessante a imagem usada por Rafael Moreno: “Independentemente de tudo, estamos a falar de negócio/dinheiro, não adianta ficarmos presos ao passado é necessário evoluirmos, saber jogar e para isso a Espanha é o melhor parceiro que Portugal pode ter. É verdade que ao jogar com alguém posso sempre perder uma ou outra partida, mas a realidade é que essa pessoa está em minha casa a jogar comigo”.
 
É apoiado na vasta experiência no sector do turismo que Rafael apresenta sugestões concretas.
Primeiro, as regiões de turismo portuguesas têm que começar a trabalhar melhor em conjunto, ter uma estratégia comum, manter acções independentes, mas coordenadas. Em Espanha, este trabalho começou a ser feito à 15 anos e, neste momento, quando participa em feiras internacionais de turismo, cada uma das regiões tem o seu espaço na feira. Na realidade, são 17 forças de venda a promover um só país.
Segundo, e mais importante, a comunicação do produto “Portugal” tem que melhorar.
Tem que, de uma vez por todas, deixar de passar uma imagem de país triste. É elementar: “o produto pode ser muito bom mas se não tiver uma boa montra, ninguém vai entrar na minha loja para o comprar”.
Novamente, recuperando o exemplo de Espanha, se perguntarmos a um estrangeiro o que se faz neste país, a maioria dirá que se diverte, um país de “Fiesta”.
Durante anos, o nosso vizinho tem apostado em passar a imagem que Espanha é um país alegre e de diversão. Este esforço tem sido reforçado pelos cidadãos. O governo espanhol “montou” uma estratégia forte de consciencializado dos cidadãos espanhóis para que estes sejam abertos ao turismo, para que tenham a noção que são eles o melhor produto que a Espanha tem para oferecer.
 
Em suma, para Rafael Moreno, a mensagem a passar é simples: “É certo que Portugal é um país de mar, mas é necessário mudar slogans como “Profundo” (Go deeper). Esta é uma expressão delicada e com uma conotação algo pesada, a mensagem deve ser mais positiva, mais alegre. Novamente, Rafael dá o mote: “Portugal tem que ser a Porta da Europa, tem que estar de braços abertos para receber os visitantes”. Sobre isto, acrescento que talvez esteja na hora de passar de descobridores a descobertos.
 
Muito ficou por falar, mas a conclusão é simples: na minha opinião, estamos no bom caminho mas temos que mudar o nosso “Fado” e acreditar que somos capazes, tal como outros um dia foram.
Rafael Moreno, termina com o ditado espanhol “ A quién buen árbol se arrima, buena sombra le cobija” – “Quem a boa árvore se encosta, em boa sombra se abriga”.
Eu finalizo com a ideia que não temos que ser os primeiros em tudo. Tão eficiente como descobrir uma nova maneira de fazer algo é aprender com quem já sabe fazer e, quem sabe, até melhorar…
 
Obrigada Rafael e toda a sorte do mundo!
publicado por visaocontacto às 17:08
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Costa do Sol - Qualidade de vida e serviços.

   Mariana Mesquita, Câmara Hispano Portuguesa de Comercio e Industria, Málaga, Espanha.
No passado dia 8 de Maio fui convidada a assistir a uma mesa redonda sobre “Costa do Sol. Qualidade de vida e serviços” organizada pelo “Grupo SAR”[1] da inauguração do complexo Adorea Benalmádena. por motivo
O objectivo desta mesa redonda foi apresentar as várias opiniões sobre as características e vantagens competitivas da Costa do Sol como destino turístico (convencional e residencial) e reflexões sobre o seu posicionamento no âmbito nacional e internacional. 
Foram oradores o Decano do Corpo Consular em Málaga, Dr. Bruce McIntyre, o Dr. Fernando Fraguas, Gerente do Plan Qualifica, o Dr.Iñigo Orbaneja, Presidente de Honra do Centro de Iniciativas Turísticas de Marbelha, o Dr. Tom McGrath, membro do Conselho do ISEA (Irish Spanish Economic Association) e o Dr. Higinio Reventós, Presidente do Grupo SAR.
 
Bruce McIntyre iniciou a sua intervenção apontando as principais vantagens da Costa do Sol para a comunidade de residentes estrangeiros: um clima temperado, com um elevado número de dias de sol por ano; um nível de vida confortável e mais barato; infraestruturas bem desenvolvidas e serviços de saúde de alta qualidade.
Fez notar que se verificam algumas diferenças relativamente aos anos anteriores. Por um lado, a subida dos preços no mercado imobiliário está a provocar um decréscimo do número de imigrantes. Por outro, está a surgir uma nova geração de empresários jovens que deixam o seu país de origem e as suas empresas a cargo de sócios de confiança e vêm para a Costa do Sol com as suas famílias. Fez igualmente referência ao crescente número de cidadãos pertencentes à União Europeia que vêm para Espanha à procura de novas oportunidades.
McIntyre considera ainda que, aos preços elevados do sector imobiliário, acresce o risco na compra, uma vez que há uma falta de transparência nos contratos e incerteza relativamente à aplicação de determinadas leis.
Por fim salientou dois aspectos: a importância das autoridades competentes facilitarem a domiciliação dos imigrantes, dando-lhes uma oportunidade de utilizar os serviços a que têm direito, e a importância da aprendizagem de idiomas, quer por parte dos espanhóis, quer por parte da comunidade imigrante que muitas vezes se isola.
 
Iñigo de Orbane foi o segundo orador a intervir, iniciando o seu discurso com a apresentação das perspectivas para o turismo na Costa do Sol.
De acordo com o orador prevê-se um aumento do número de imigrantes de nível económico alto e uma diminuição dos imigrantes de nível económico médio, essencialmente por efeito da subida dos preços no sector imobiliário. Podem distinguir-se dois tipos de turismo: o turismo residencial (a tempo inteiro ou por largas temporadas), e o turismo convencional (estadias por curtos períodos de tempo). O turismo residencial garante a sobrevivência de hotéis e restaurantes na Costa do Sol durante as chamadas épocas baixas.
Iñigo de Orbane terminou a sua intervenção referindo que é necessário haver um esforço para não saturar o mercado com os mesmos serviços, apontando o Grupo SAR como um pioneiro neste mercado, oferecendo um serviço de qualidade focado num “target” específico. Considerando o sucessivo alargamento da pirâmide etária nas faixas mais elevadas, este tipo de serviços fará da Costa do Sol um destino cada vez mais atractivo para este mercado.
 
Seguiu-se a intervenção de Tom McGrath, que, para além de Membro do Conselho da ISEA, é advogado especialista em relações internacionais. Numa curta intervenção referiu que se dedicava ao apoio e acompanhamento de cidadãos irlandeses na compra de imóveis não só em Espanha, como por todo o mundo.
Como já foi referido pelo meu colega colega Luís Lima, estagiário na HP em Galway, no seu artigo intitulado “A aposta irlandesa”, a Irlanda tem experimentado um elevado crescimento nos últimos anos, o que despoletou um aumento significativo do investimento nesta área.
Terminou o seu discurso referindo os principais pontos fortes da Costa do Sol no momento da escolha do destino de um investimento, onde uma vez mais referiu o clima, apontando ainda o número de voos directos Dublin - Málaga (4 voos diários), como outro dos factores determinantes.
 
O Plan Qualifica, tema da quarta exposição, foi apresentado pelo Dr. Fernando Fraguas, Gerente do plano.
O Plano de Requalificação de Destinos da Costa do Sol Ocidental da Andaluzia tem como objectivo estabelecer as estratégias, políticas e actuações necessárias para a reconversão e reposicionamento do destino Costa do Sol Ocidental, de forma a aumentar a sua competitividade no contexto turístico internacional e ao mesmo tempo garantir um ritmo de crescimento turístico sustentável. Este plano representa o resultado de uma análise profunda e reflectida sobre os destinos turísticos que definem a situação actual do “destino turístico Costa do Sol”, a sua evolução no tempo, as estratégias a seguir para um desenvolvimento turístico adequado da zona e por fim, formas evitar os desequilíbrios detectados em anteriores estudos.
Este plano actua sobre 11 municípios, sendo 8 costeiros, e a sua elaboração partiu da definição de 9 estratégias distintas, que em determinados casos apresentam sinergias umas com as outras. São elas:
  1. Revitalização de centros e espaços turísticos (ex. criação de passeios marítimos e soterramento de cablagem no centro histórico)
  2. Qualidade meio-ambiental do destino (ex. criação de ciclo-vias e de programa de poupança de energia aplicada ao turismo)
  3. Modernização das empresas e produtos turísticos (ex. programa de inspecção e controlo turístico)
  4. Diversificação e diferenciação de produtos (ex. painéis web cam de apoio a infra-estruturas turísticas, defensor do turista)
  5. Melhoria de serviços e infraestruturais públicas (ex. aeroporto, linha ferroviária, praias)
  6. Estratégia de inovação e novas tecnologias (ex. melhoria e adaptação tecnológica da oferta turística e Prémio para a Inovação)
  7. Estratégia de qualificação do emprego e formação (ex. programa de qualificação do emprego no sector turístico)
  8. Estratégia de comunicação (ex. renovação da imagem da Costa do Sol, programas de sensibilização dos cidadãos)
  9. Gestão do Plan Qualifica (programa de acompanhamento do plano, estudos e relatórios técnicos para execução do plano)
 
Terminou a sua exposição referindo que este plano tem em vista o aumento da rentabilidade das empresas e da qualidade de vida de turistas e residentes.
 
Dr. Higinio Reventós foi o último orador desta mesa redonda e falou da actividade do Grupo SAR, em especial do projecto ADOREA – moradias com serviços. Com centros em Sevilha, Benalmadena, Girona e uma inauguração de um centro em Fuengirola brevemente, este conceito de moradias com serviços para um público sénior, é uma cópia de um modelo norte-americano.
Este serviço tem como objectivo preservar a independência e a intimidade, ao mesmo tempo que proporciona segurança e apoio aos seus clientes. É, assim, uma nova forma de vida para este mercado-alvo, um conceito que permite que se aprecie as vantagens de uma casa particular, tendo ao mesmo tempo uma variedade de serviços personalizados disponíveis, incluídos ou não no pagamento da quota mensal.
Higinio Reventós apontou as razoes que o levaram a escolher a Costa do Sol para os seus centros: uma boa rede de comunicações, com boas estradas, linhas de caminhos-de-ferro e aeroporto; um clima que proporciona “mais de 300 dias de sol por ano”; e todo o conjunto de serviços de qualidade que a Costa do Sol oferece.
 
No cocktail que encerrou o evento tive a oportunidade de falar com algumas pessoas, nomeadamente com Tom McGrath, com quem discuti o tema do investimento imobiliário irlandês em Portugal. Referiu que, um pouco à semelhança de Espanha, os irlandeses continuam a escolher Portugal no momento de eleger um local para comprar a sua “2ª casa”.
Foi-me apresentado igualmente Javier Fernández-Peña, Director Comercial da Imobiliária Confide no Brasil, onde neste momento prepara o projecto do Playa Mansa Resort[2], o primeiro investimento do grupo espanhol fora da Europa.
Curiosamente trabalhou em Portugal, no projecto da Lusort[3], a empresa de promoção e construção imobiliária que tem actualmente a seu cargo um projecto com um investimento directo de 750 milhões de Euros em Vilamoura.
 
Em síntese, a Costa do Sol conta com uma ampla oferta de serviços, nomeadamente, uma rede de infra-estruturas de alta qualidade, uma boa relação qualidade/preço e um clima privilegiado. A actuação conjunta das administrações públicas e do sector privado permitem consolidar o seu posicionamento, seja através de projectos como o Plan Qualifica ou pela oferta de serviços como os do Grupo SAR, tornando a Costa do Sol um produto “apetecível” para um público “diferente”.


[1]    Grupo SAR é líder na gestão de serviços residenciais e pioneiro na oferta de uma moderna e inovadora plataforma integral de serviços para o apoio de idosos e das suas famílias.
[2]          Playa Mansa Resort contará com 2 hotéis, condomínios, campos de golfe, zonas de entretenimento, zonas de desporto e lazer, entre outros equipamentos.
[3]             Anteriormente denominada Lusotur Imobiliária, foi adquirida no início de 2005 pelo grupo imobiliário espanhol Prasa. Em 2006 a Caixa Catalunha compra 50% da Lusort associando-se à imobiliária Prasa.
publicado por visaocontacto às 17:07
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"Espanha - oportunidade e não ameaça"

   José Guerreiro, CHP, Madrid, Espanha.
Desde a minha chegada a Madrid, ao abrigo da 10ª edição do Programa InovContacto, que as surpresas se têm sucedido, como um encontro agradável e inesperado. Apesar da proximidade física entre esta cidade e o Porto ou Lisboa, urbes onde vivi alguns anos da minha vida, as diferenças são notórias e, em muitos aspectos, aprazíveis.
 
Tudo se passa num ápice. As pessoas “vivem” mais depressa e com maior intensidade. É uma cidade que parece não parar de dia e de noite, num movimento contínuo. Os madrilenos usufruem bastante dos diversos espaços públicos ao ar livre, especialmente agora com a temperatura a subir. As solicitações são de diversa ordem, sendo de destacar, a vasta oferta cultural de Madrid.
 
Algo que me impressionou foi a interligação dos meios de transporte que permitem deslocações rápidas e com razoável conforto. Utilizando o Metro, chega-se a qualquer parte da cidade, em tempo reduzido. A nível das diferenças culturais com Portugal, gostava de destacar a informalidade no trato, que facilita as relações profissionais e pessoais e também a forma confiante como normalmente encaram os problemas.
 
 
 
Iniciei as minhas funções na Câmara Hispano Portuguesa de Comércio e Industria em Espanha em meados de Janeiro, do corrente ano. Encontrei um ambiente de trabalho muito bom que, devido à sua reduzida estrutura, me permitiu acompanhar as actividades da Câmara em toda a sua amplitude, enriquecendo assim esta experiência profissional.
 
A Câmara Hispano Portuguesa foi fundada em 1971, como uma organização privada sem fins lucrativos, com a finalidade de apoiar as empresas com interesses empresariais no mercado ibérico, fomentando as suas relações económicas e desenvolvendo também laços de amizade entre Portugal e Espanha.
 
A Câmara tem relações privilegiadas com alguns institutos públicos, como o ICEP, contactos regulares com Associações Empresariais, Câmaras de Comércio Espanholas, Câmaras de Comércio dos países da União Europeia estabelecidas em Espanha, entre outras. Neste momento, é constituída pela sede em Madrid e por três delegações, na Andaluzia (Málaga), na Galiza (Vigo) e no País Basco (Bilbao).
 
No intuito de atingir os seus objectivos, a Câmara desenvolve diversas actividades, entre as quais, Seminários, Conferências e Almoços, subordinados a temas de grande importância e actualidade, com vista a identificar oportunidades de negócio no mercado ibérico e impulsionar a actividade empresarial das empresas associadas.
 
Dispõe de serviços de apoio jurídico, fiscal e económico e facilita os contactos profissionais com outras empresas. Promove cursos de português com o apoio dos Serviços de Educação da Embaixada de Portugal em Madrid, sendo um importante veículo de comunicação nas relações comerciais entre os dois países. Participa e promove a participação dos seus associados em Feiras e dispõe de uma bolsa de trabalho com o intuito de optimizar as buscas de candidatos por parte das empresas suas associadas.
 
A Câmara desempenha, assim, um importante papel de promoção dos produtos e serviços das empresas portuguesas em Espanha. Nesse sentido, existem factores importantes que poderão facilitar em larga medida, a entrada de empresas portuguesas no mercado espanhol, destacando-se entre outros a proximidade geográfica, a semelhança linguística e as boas relações existentes entre Portugal e Espanha. Por outro lado, a economia espanhola continua a registar elevados crescimentos económicos, tendo o PIB atingido um crescimento de 4,1%, no primeiro trimestre de 2007, o maior desde o terceiro trimestre de 2001, contrariamente à evolução da economia portuguesa, com crescimentos reduzidos.
 
Considero que ao actuarem no mercado ibérico e com a dinâmica patente da economia espanhola, as empresas portuguesas poderão melhorar a sua competitividade, beneficiando também, investimentos futuros noutros mercados. Julgo, por isso, que não devemos olhar Espanha como uma ameaça, como muitas vezes acontece, mas sim como uma oportunidade.
publicado por visaocontacto às 13:05
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Madrid me encanta.

   Pedro Folgado, ESViagens, Madrid, Espanha.

 

 

  

Depois de dois anos e meio a trabalhar em Portugal com um início de carreira (talvez demasiado) estável, o bichinho de mudar definitivamente de vida começou a fazer mais sentido do que nunca. Fosse pela ausência de novos desafios, fosse por estar saturado da estabilidade, fosse pela estranha sensação de não querer lamentar-me de nunca ter embarcado numa aventura rumo ao “desconhecido”, a verdade é que daí a candidatar-me ao Programa Inov Contacto foi um pequeno (grande) passo.

A colocação em Madrid teve um sabor agridoce: por um lado, a capital Espanhola não foi o destino que inicialmente estava previsto, nem o que, por consequência e muito honestamente, mais me estimulava; por outro, a proximidade a Portugal confundia-se com um sentimento de segurança adicional. O resultado tem-se revelado muito “saboroso” e a recompensa maior do que alguma vez esperado, em especial ao constatar o magnífico grupo que me esperava.

A Carlson Wagonlit Travel, empresa que me recebeu, era-me de todo desconhecida e nem o mês de estágio que passei em Lisboa me iluminou particularmente acerca da mesma. No entanto, tudo mudou após a chegada a Espanha e aqui foi-me transmitida não só formação geral acerca da empresa, como também formação específica para as funções que iria desempenhar. Actualmente, encontro-me a estagiar no Departamento de Recursos Humanos e tenho sob minha responsabilidade a gestão do projecto de implementação de um sistema de payroll em regime de outsourcing.

Nunca esperei que confiassem tamanha responsabilidade nas mãos de um mero estagiário, mas essa é, sem dúvida, uma das mais agradáveis diferenças que encontro entre a cultura empresarial espanhola e a portuguesa: uma vez aqui, o tratamento não é excessivamente hierarquizado e o nível de responsabilidade e responsabilização é horizontal, independentemente do nosso background, experiência profissional anterior ou até país de origem.

Outra diferença que desde logo considero relevante notar é uma maior orientação para resultados e objectivos, mesmo que, à semelhança de Portugal, se note uma ligeira tendência para trabalhar sob pressão e deixar tudo para o último “minuto”… 

Sobre a cidade que pela primeira vez me recebe, Madrid é absolutamente fantástica! Desde as famosas tapas y cañas, à diversão nocturna incomparável, passando pela enorme oferta cultural, tudo é pretexto para que nos sintamos bem e (quase) em casa. Se existe alguma coisa em que os Espanhóis nos levam vantagem, só poderá ser o facto de os nuestros hermanos estarem sempre prontos para a movida! Em qualquer dia da semana e a qualquer hora da noite ou do dia, desde que esteja bom tempo, encontra-se a Gran Via, por exemplo, frequentada por pessoas de todas as idades, estatutos sociais e ocupações profissionais. Turistas, madrileños e habitantes mais ou menos ocasionais, cruzam-se assim num dos ex libris da cidade com o mesmo deslumbramento.

Para nós Portugueses, a adaptação ao modo de vida madrileño não é difícil. Também nós partilhamos do gosto por ambientes festivos, as diferenças culturais não são muito acentuadas, a língua é fácil de compreender e falar. Curiosa é a extrema dificuldade que os Espanhóis têm para perceber o Português falado, assim como o desconhecimento que muitos revelam acerca do nosso País. Sempre pensei que os nossos vizinhos estivessem mais informados acerca da nossa realidade actual e tivessem já desmistificado alguns dos estereótipos que associavam(os) a gerações mais antigas.

Não obstante o facto de a experiência profissional ser amplamente positiva e de ser uma óptima oportunidade de desenvolvimento, creio que o mais importante é o crescimento pessoal que se obtém. A descoberta, mesmo que forçada, de capacidades desconhecidas (como a culinária, por exemplo), a partilha de espaço com totais desconhecidos, a vivência diária num ambiente cultural diferente daquele a que estamos habituados, a estranheza de passar dias inteiros sem ouvir falar a nossa língua… são experiências que nos obrigam a crescer e a encarar com maior confiança o futuro.

O que quer que o destino me reserve, tenho hoje a certeza que estarei, se não preparado, pelo menos mais optimista, para o enfrentar.

 

publicado por visaocontacto às 12:56
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Domingo, 13 de Maio de 2007

Entre "nuestros hermanos".

 Luís Ramos, Soft99, Madrid, Espanha.

 

Cinco meses passaram desde o início da minha aventura no programa INOV Contacto.

Cinco meses de novas pessoas, novo emprego e novas experiências.

Cinco meses em que a minha vida mudou por completo.

 

Na atribuição de estágios, fui contemplado com a empresa Soft99. Esta é uma empresa portuguesa de desenvolvimento de software de criação e gestão documental. É uma empresa com representação em vários países europeus através de diferentes parceiros internacionais, a minha colocação recaiu em Madrid, Espanha. A data de partida seria a 14 de Fevereiro, mas entretanto eu e outro colega Contacto iríamos realizar um estágio de formação na Soft99 de um mês. O parceiro no qual estou correntemente a desenvolver o meu estágio é a GEDia Consulting S.L., uma empresa dedicada à gestão documental focalizada na digitalização de documentos e extracção de dados destes. O ambiente de trabalho é bom e jovem, o que facilitou muito a integração no grupo. Aqui os horários de trabalho são totalmente diferentes dos que estava habituado, inicio o dia pelas 08h00 e termino às 16h00, jornada directa com uma pequena pausa pelo meio. Este esquema agrada-me muito, pois fico com as tardes para fazer desporto, desfrutar do bom tempo ou dormir uma sesta. Assim um dia de semana não se resume apenas a trabalho o que eleva a qualidade de vida.

 

Madrid é uma cidade que já conhecia de umas férias passadas. É das poucas cidades que visitei, que me agradou ao ponto de a considerar para uma morada futura, acabando agora por acontecer. Assim que soube da minha colocação, apressei-me a contactar os vários amigos espanhóis que por cá tinha na esperança de estes terem ou conhecerem alguém com um quarto livre para alugar. Com alguma facilidade, consegui arranjar um quarto que iria vagar precisamente no mês seguinte à minha chegada. Acabei por ter mesmo muita sorte em conseguir o quarto dois meses antes de vir para cá, comparando com a dificuldade que os restantes colegas do contacto encontraram neste processo. Estou agora a viver com uma espanhola e um espanhol o que contribui em muito para o meu desenvolvimento da linguagem e integração na cultura.

A zona onde estou a morar, Malasaña, é de si especial, um centro de actividade social, perto de tudo e de todos. Na loja do prédio onde vivo, um florista coloca em alto som variadas bandas sonoras que o ajudam a realizar os seus artísticos arranjos florais, acordar ao som de música clássica ou de uma ópera para um dia de primavera é de si extraordinário. A Plaza del Dos de Mayo é local de encontros e desencontros, um local recorrente para uma tarde de cañas e tapas, um lugar extraordinário para sair à noite, com bares muito diversos, capazes de agradar a todos os gostos. Muito perto encontra-se a Calle Fuencarral com as suas muitas lojas, das mais comuns em qualquer centro comercial às mais alternativas e exóticas, todas fazem jus à zona em que se encontram.

 Madrid é uma cidade de ritmo elevado, não pára. É impressionante o espectáculo a que assisto durante toda a semana, o movimento e o número de pessoas. De manhã o caos nos transportes e a pressa de chegar ao local de trabalho, pela tarde as esplanadas cheias de grupos de amigos ou colegas de trabalho que aproveitam para apanhar um pouco de sol acompanhado de uma cerveja enquanto discutem temas da actualidade. De noite, ruas cheias de pessoas que se movimentam entre casas de tapas, restaurantes, bares e discotecas.

É uma cidade fonte de cultura. Os muitos museus que a compõem, estão repletos de obras de artistas de renome mundial. Nos museus Reina Sofia e Prado, obras de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Joan Miró, Juan Gris, Francisco Goya e Diego Velázquez fazem as delícias de qualquer consumidor de arte. Os museus apresentam regularmente exposições temporárias também de elevada qualidade. Recentemente fui ver uma de Roy Lichtenstein e outra de Chuck Close, maravilhosas. Muitas actividades culturais preenchem o tempo em Madrid, esta semana realizou-se a par do dia internacional do livro, La Noche del Libro en Madrid, em que todas as bibliotecas e livrarias se encontravam abertas até altas horas da noite e várias actividades lúdicas e culturais preenchiam espaços ao ar livre.

 

Já um bom amigo dizia, “Podes trabalhar em qualquer lado, o importante é a maneira como vives o teu tempo livre.” Madrid é sem dúvida uma cidade que me preenche, tanto a nível pessoal como profissional, sempre com algo de novo para ver ou fazer.

 

publicado por visaocontacto às 15:41
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Segunda-feira, 5 de Março de 2007

Primeiras Impressões

André Leitão

Maine Avenue Technologies

Espanha, Madrid

 

Quando no dia 15 de Janeiro entrei pela primeira vez no Pabellón C da Universidad Autónoma de Madrid, parte integrante do Parque Científico de Madrid, onde irei trabalhar nos próximos meses (passada a experiência aterrorizante de encontrar casa para alugar em Madrid), a única coisa que tinha tido a preocupação de aprender em espanhol era a diferença entre tu e você, levava então a frase pronta “Buenos dias Don Javier, ¿cómo está usted?”afinal, não é de animo leve que vamos para um encontro com o dono da empresa onde vamos trabalhar, e nosso patrão nos próximos meses. Foi com agradável surpresa que ouvi as suas primeiras palavras, “André, vamos tornar uma coisa clara, tu és o André, eu sou o Javier, a partir de agora não há aqui ustedes”, essa primeira impressão, como eu vim mais tarde a confirmar, estabelece a grande diferença de ambiente de trabalho entre Portugal e Espanha, a hierarquia está definida, sabemos o nosso lugar, mas há um ambiente de trabalho descontraído e de entreajuda vertical.

 

São normais as pausas descontraídas a tomar um café, onde se brinca entre todos, e em que aproveito para descobrir um pouco das diferenças entre os povos latinos (vantagens de ter um colega francês em Espanha).

 

O ritmo de trabalho em Espanha é semelhante a Portugal, e no fim do dia os objectivos atingidos são basicamente os mesmos em termos de volume (o tão falado fosso de produtividade entre Portugal e o resto da Europa não é tão grande assim), sendo que a grande diferença é que no final ainda sobram energias para aproveitar a vida e noite madrilena. E aqui reside a outra grande diferença entre “nosotros e nuestros hermanos”, vive-se a vida!

A quantidade de orgulho é igual, a quantidade de energia é igual, até a fisionomia é basicamente igual, mas o pessimismo, esse é somente nosso.

O tempo passado em Madrid não é tanto assim, e as diferenças não são as suficientes para adornar este testemunho com histórias hilariantes ou chocantes, como se estivesse num destino mais exótico, a experiência cultural não é “helada” nem “caliente” é morna portanto.

Espero numa próxima oportunidade falar sobre a experiência de trabalho propriamente dita, que tem sido fantástica, pois estou a trabalhar numa área que adoro, e a empresa é realmente inovadora. 

publicado por visaocontacto às 10:56
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