Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007

Polska 2025

   Ricardo Pinho - Mota & Engil, Cracóvia, Polónia.

A indústria ambiental da Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão, ao mesmo tempo que contínua a sua escalada no mercado global, já atingiu o pico de crescimento nestas regiões, chegando mesmo a estagnar. Como resultado, o futuro do negócio do ambiente depende de países em vias de desenvolvimento da Europa do Leste, América Latina e Ásia. Para além disso, a legislação ambiental, um factor vital para o crescimento da indústria, está a ficar cada vez mais restrita na União Europeia (UE). O crescimento desta indústria está em grande parte influenciado pela integração das decisões de gestão com questões ambientais, reduzindo as barreiras ao comércio e aumentando a globalização, logo permitindo uma maior consciência ambiental das mais diferentes problemáticas. Os países da Europa do Leste já avançaram com fortes investimentos em tecnologia ambiental, mecanismos de produção mais limpa no sentido de integração plena com as outras economias da UE.

Apesar de se ter tornado numa economia de mercado, a Polónia teve um árduo trabalho para anular os efeitos ambientais da intensa industrialização da era comunista. Através da adopção de uma política de crescimento económico e desenvolvimento sustentável, a Polónia conseguiu tornar-se numa pujante economia da Europa do Leste com participação na maior parte dos protocolos ambientais. Estas movimentações levaram a que a Polónia se tornasse membro da NATO em 1999 e membro da UE em 2004. Desde a adesão à UE verificou-se a alteração da balança comercial com tendência de crescimento das exportações e maior integração com os países da Europa Ocidental. Uma onda de privatizações trouxe ao mercado um infindável número de pequenas e médias empresas. As exportações e importações aumentaram bruscamente e a taxa de crescimento da economia aponta para um crescimento sustentável de alguns anos. Ao seguir uma política de liberalização do mercado desde 1990, a Polónia tornou-se numa das maiores economias dos países da Europa Central e do Leste com um PIB de 240,4 biliões de Euros em 2005. No final de 1999 a privatização do sector público cobria mais de 60% das empresas que existiam em 1990, permitindo criar emprego para mais de 70% da população activa. No entanto, o sector público ainda tem um grande peso em sectores como a produção de energia eléctrica e gás e também no transporte ferroviário.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável apresentada em 2000, “Polska 2025”, aponta para larga escala de tempo, até 2025, indica o caminho a seguir pela Polónia ao nível social, económico e ambiental. Nesta estratégia manifestam-se as visões para um desenvolvimento sustentável, metas e respectivo enquadramento político; políticas e medidas para a sociedade, com grande enfoque na família, economia e estado polaco, incluindo o estado do ambiente; métodos para implementação e medidas de monitorização. Embora os objectivos não sejam quantificados nesta estratégia, mas em regulamentação anexa, são apresentados apenas alguns objectivos como aumento da taxa de investimento em I&D para 70% do total das despesas do sector. Objectivos como este permitirão à economia um crescimento da ordem dos 4 a 5% ao ano. Estão também definidos objectivos a médio prazo (2010) que permitirão à Polónia enquadrar-se nos standards da UE, e ao mesmo tempo dão oportunidade a empresas da Europa Ocidental a investirem nestes serviços, por aquisições, privatizações ou investimento directo. Estes objectivos definem-se em áreas como consumo de água e produção de resíduos com reduções esperadas de 50% comparativamente a 1990 e consumo de energia com redução em 25% face a 2000.

Estes indicadores mostram claramente o empenho que a Polónia pretende junto da sociedade para estimular um desenvolvimento socioeconómico e ambiental do país. Permitindo a abertura a investimento estrangeiro, seja através de aquisições, participações de empresas estrangeiras, investimento directo ou outras. A concorrência no sector do ambiente é bastante elevada, particularmente no segmento da água e tratamento de efluentes e gestão de resíduos. Empresas estrangeiras desenvolveram parcerias estratégicas com empresas locais e rapidamente penetraram no mercado. Verifica-se também que a urgência no desenvolvimento de infra-estruturas e o apoio dos municípios e organismos governamentais, permitiram o avanço de projectos essenciais e encorajaram a integração com empresas privadas, para fomentar e acelerar o desenvolvimento economicamente sustentável da Polónia.

publicado por visaocontacto às 12:27
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Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

Abertura - Portugal na Presidência da União Europeia.

Por Élia M. J. Rodrigues (*)

 

Neste 2° semestre de 2007 duas figuras portuguesas estarão na mira das atenções de todos os europeus: José Manuel Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia e José Sócrates, Presidente da União Europeia.

Sob o lema «Uma União Mais Forte por um Mundo Melhor», Portugal ocupa a presidência da União Europeia por um período de 6 meses, pela terceira vez desde que entrou para o clube da Europa desenvolvida.

Por esta altura já se conhecem amplamente as três linhas de força  da Presidência Portuguesa da UE: o reforço da integração económica da Europa, uma agenda externa activa e o fortalecimento da reforma política.

Durante este período vão ser tratadas áreas muito importantes: a revisão do mercado único, a preparação do segundo ciclo da “Estratégia de Lisboa”, a estratégia do desenvolvimento sustentável, as iniciativas para as Pequenas e Médias Empresas, o Modelo Social Europeu, a Política Marítima Integrada, uma aproximação global às áreas da Justiça, Liberdades e Segurança e, mais importante, finalizar o Tratado.

Não sendo uma especialista da agenda da Presidência, não irei debruçar-me sobre todos estes aspectos, antes limitar-me, por deformação profissional, às áreas das relações externas, económicas e comercias.

Um objectivo apontado como fundamental é o reforço dos laços entre a União Europeia e África e a criação de um diálogo activo, aberto e equilibrado entre os dois continentes, objectivo este que engloba todos os aspectos das relações Europa-África: política, comércio, ajuda e desenvolvimento.

Portugal já declarou que é necessário implementar a paz e a estabilidade no Sudão e noutros países africanos a fim de tornar possível o desenvolvimento económico.

Na realidade, durante este período, Portugal vai mudar o foco das atenções da política externa da Europa, do Leste para o Sul, iniciativa apoiada por Nicholas Sarkozy, o presidente francês recém-eleito, que já declarou pretender criar uma União Mediterrânica.

Assim, a Presidência deverá ocupar-se em fortalecer os laços políticos e económicos entre a Europa e a África, ao mesmo tempo que prossegue o processo de paz e de cooperação  nos Balcãs.

Está já agendada para 8 e 9 de Dezembro em Lisboa a cimeira EU-África.

De notar que é normal um país aproveitar uma presidência para dirigir a actividade desse período para temas do seu interesse estratégico; a Finlândia também o fez recentemente ao escolher como foco de interesse a dimensão nórdica da Europa.

Assim, além da África, haverá também um especial interesse no Brasil, uma economia em rápido desenvolvimento, com a qual Portugal tem laços culturais e económicos muito fortes, estando já agendada a cimeira UE-Brasil, em Lisboa a 4 de Julho.

Além do Brasil, anunciam-se também cimeiras com a China, a  Índia, a Rússia  e a Ucrânia, novas economias emergentes.

Quanto às questões comerciais, a Presidência Portuguesa marcará um ano desde o lançamento do quadro  global europeu  da política comercial da UE. A Europa Global torna a política comercial da Europa uma parte integrante de uma política mais vasta de aproximação para a competitividade e para as reformas económicas, pois uma economia mais forte em casa tornará a economia da UE mais competitiva no estrangeiro. Precisamos de abrir mercados  e criar novas oportunidades para o comércio a fim de assegurar que as empresas europeias sejam capazes de competir nesses mercados em condições justas.

Assim, a primeira prioridade em termos comerciais,  para a Presidência Portuguesa, será a conclusão com êxito do Doha Round das conversações da OMC, situação que apresenta potenciais ganhos económicos para a Europa.

Incluo aqui uma referência às questões vinícolas, por ser um sector muito importante para Portugal e ao qual  esta Delegação tem dedicado muito trabalho e esforço de promoção, com muito bons resultados. Também  porque este sector na Europa, é líder mundial tanto na produção como no consumo. Representa mais de três milhões de produtores, e muitos postos  de trabalho, além de contribuir de forma muito positiva para a promoção do  turismo, ao mesmo tempo que é uma actividade amiga do  ambiente, contribuindo para a manutenção da paisagem rural.

Assim também durante a Presidência Portuguesa serão debatidas grandes reformas e projectos de desenvolvimento com influência chave no desenvolvimento sustentável deste sector.

A comissária Fisher Boel irá apresentar propostas para a reforma da Organização do Mercado Comum do Vinho, a fim de se caminhar para uma situação que permita a competitividade dos vinhos europeus no mercado mundial, pois o objectivo é o de manter a posição de líderes mundiais, e orientar a actividade viti-vinícola em função do mercado mundial.

Ao mesmo tempo, o comissário Kyprianou lançará um European Alcohol and Health Forum a fim de apoiar os Estados Membros a reduzir a ingestão de álcool.

E já que falamos em vinho, brindemos com vinho português à Presidência Portuguesa desejando que seja um sucesso  e que se consiga chegar a consenso em todos os assuntos.

Para informação: neste último Conselho de 21 e 22 de Julho que encerrou a Presidência Alemã, os vinhos tintos servidos nas três refeições foram vinhos portugueses do Alentejo, do Douro e do Dão, e durante o segundo semestre haverá vinho português nos restaurantes do Conselho.

Alem disso, no Parlamento Europeu vamos abrir a Presidência com uma semana gastronómica, para a qual convidámos um chefe português.

Durante todo o período da Presidência, haverá muitas acções de promoção de Portugal, em Bruxelas e noutras cidades da Bélgica: cultura, exposições, música, turismo e provas de produtos.

 

(*) Delegada  - Bélgica e Luxemburgo.

publicado por visaocontacto às 18:58
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Competitividade, Flexigurança e o Modelo Social Europeu.

Por Luís Faria

C8 - Reper

 

 

Em Junho de 2005, o então Primeiro-Ministro Tony Blair, num discurso no PE, perguntou, retoricamente, que tipo de modelo social é o da União Europeia (UE) que deixa cerca de 20 milhões de pessoas desempregadas? Os sistemas sociais na Europa precisam de uma reforma urgente.

 

Um debate recorrente coloca a questão sobre se o Modelo Social Europeu (MSE) confere vantagens competitivas ou se, pelo contrário, representa uma desvantagem do ponto de vista económico. Mas, na realidade, há vários MSE e uns melhores que outros. O MSE não é puramente social uma vez que depende fundamentalmente da prosperidade económica e da concomitante redistribuição de riqueza. Não é um modelo único já que há grandes divergências entre os vários sistemas sociais dos diferentes países europeus.

 

Problemática         O acelerado processo de globalização, a importância da informação global, a redução das actividades de manufactura e novas formas de individualismo e poder de compra não são mudanças temporárias e o seu impacto tende a aumentar. O aumento do comércio internacional de bens e serviços intensificou as trocas comerciais e a especialização local. A competição dos países em desenvolvimento não é mais baseada apenas em bens de baixo custo. A China e a Índia têm feito consideráveis investimentos, especialmente em informação e tecnologia de comunicações (ICT), e formam 4 milhões de licenciados por ano.

O modelo social depende da prosperidade económica para a qual devia contribuir. No entanto, os resultados económicos da UE ao longo dos últimos 20 anos provocaram alguma apreensão. A UE está abaixo dos EUA relativamente às medidas de sucesso económico; a UE que um dia esteve na vanguarda da transformação económica e social deixou-se atrasar e corre o risco de ser esquecida pela História; os progressos que foram a introdução do euro e a consolidação do Mercado Único não tiveram os reflexos desejados na recuperação económica.

Cerca de um terço da diferença do PIB per capita entre UE e EUA deve-se a uma mais baixa produtividade do trabalho; outro terço aos horários de trabalho mais reduzidos; e, a última terça parte, devido à mais baixa taxa de emprego. Por outro lado, a taxa de desemprego é superior na UE que nos EUA; os EUA conseguiram integrar melhor os imigrantes no seu mercado de trabalho; o alargamento aumentou a população da UE em cerca de 20%, mas o PIB apenas em 5%. Todas estas razões trazem problemas de iniquidade e coesão e, consequentemente, afectam o MSE.

 

Globalização          Centrarmo-nos apenas na globalização quando procuramos as forças que afectam os sistemas sociais é um erro. Alguns dos problemas centrais que a Europa enfrenta têm causas endógenas (o envelhecimento da população ou o impacto das inovações tecnológicas que reduzem a necessidade do factor trabalho ou tornam algumas técnicas de produção obsoletas). É a interacção das influências internas e externas à UE que é importante analisar. A inovação tecnológica intensificou-se porque aumentou a competitividade. A competitividade nos mercados globais é essencial para o futuro da Europa e para a sobrevivência do MSE.

A globalização é muitas vezes vista, erradamente, apenas como um fenómeno económico. Repete-se que a UE tem de responder à globalização, mas a UE é hoje um instrumento e uma expressão desse fenómeno. Muitos dos aspectos da globalização têm de ser geridos de uma forma local, nacional e transnacional. Esta análise é verdadeira para a globalização como é para as alterações climáticas ou o terrorismo.

 

Que modelo social?             A ideia inicial que assentava no “trilema” da impossibilidade de ter, simultaneamente, orçamentos equilibrados, baixos níveis de iniquidade económica e altos níveis de emprego foi contrariada pela história recente. O "modelo Nórdico" conseguiu conciliar os três objectivos. Os sistemas sociais que melhor se adaptaram às alterações criaram modelos híbridos e as condições mais adequadas ao seu modelo de desenvolvimento.

Os países que melhores resultados sociais e económicos apresentaram desde meados dos anos 90 (Suécia, Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Irlanda) têm em comum a orientação para empreender reformas necessárias, altos níveis em investimento estrutural e apresentam maior abertura e orientação para o mercado, nomeadamente, a liberalização dos mercados de trabalho.

O sucesso destes países passou por um padrão de investimento social que recaiu sobretudo em investimentos massivos em formas inovadoras de tecnologia e educação. As despesas em I&D são o dobro das verificadas nos países continentais; têm dos mais baixos níveis de iniquidade económica do mundo e de pobreza infantil; e dos melhores indicadores de bem-estar e saúde.

Estes resultados foram alcançados através de uma atitude reformista e, por vezes, experimental:

 

  • Reestruturação do seu mercado de trabalho através da “flexicurity”;
  • Orçamentos equilibrados através de cortes na despesa pública, mas sem impactos na pobreza ou iniquidade;
  • O trabalho foi definido como a prioridade, de forma a atingir uma elevada taxa de emprego e a combater a pobreza;
  • A natureza igualitária destas sociedades advém mais do investimento social nas crianças e no papel das mulheres que propriamente da redistribuição directa;
  • Taxa de natalidade relativamente alta para os padrões da UE;
  • Reforma dos seus sistemas de pensões para os tornarem sustentáveis no longo prazo.

 

Assim, não se coloca qualquer dicotomia ou risco entre um MSE e a necessidade e implementação de reformas.

 

Possíveis Orientações de Política

 

  • Um MSE eficaz terá de privilegiar o crescimento e o emprego como objectivos, tal como fizeram os países com melhores resultados, através de políticas do mercado de trabalho activas e altas taxas de emprego;
  • Mais importante que o tamanho do sector Estado é a sua eficiência e a natureza das políticas económicas e sociais definidas;
  • A flexibilidade do mercado de trabalho não significa a adopção de um estilo americano, mas antes a necessidade de, numa era de aceleradas alterações tecnológicas e num mundo em constante mutação e incerteza, reforçar a importância de conceitos como “empregabilidade” ou “proteger o trabalhador e não o posto de trabalho”;
  •  A “economia do conhecimento e dos serviços” não é apenas um conceito - mais de 80% da população da UE15 trabalha nesta área;
  • O investimento em educação e a difusão das tecnologias de informação e comunicação são partes fundamentais da modernização do MSE;
  •  Qualquer reforma do MSE deve promover os valores da equidade e da inclusão. O investimento em educação e cuidados infantis é um elemento chave;
  • A reforma das pensões é essencial para tornar os sistemas sociais sustentáveis no longo prazo. O Estado deve também incentivar activamente as pessoas a terem mais filhos e os mais idosos a permanecer no mercado de trabalho durante mais tempo;
  • Por último, é fundamental a reforma do próprio Estado e dos serviços públicos.

 

Conclusão

 

Pode a Europa alcançar o seu modelo social? Há hoje uma luta na Europa. Luta no sentido de confronto entre diferentes versões daquilo que representa a União e que forma deve assumir no futuro. Mas há também uma luta que a Europa tem de enfrentar num mundo em constante e acelerada transformação. Os europeístas devem ser ambiciosos na sua luta pela Europa, mas devem lutar com sobriedade. Com eurorealismo – a Europa pode ser uma das maiores forças mundiais, mas dificilmente voltará a ser a maior. Não é suficiente acreditar que a Europa se desenvolverá. É também necessário perceber que esse objectivo não será fácil, não está de forma alguma garantido e requer alterações profundas naquilo que até hoje era considerado como adquirido.

 

publicado por visaocontacto às 18:52
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A Lusofonia no African Development Bank Group

   João Capa, B.A.D, Tunís, Tunisia

 

 (as imagens serão colocadas brevemente - VC)

 

O African Development Bank (AfDB) e uma organização financeira de cariz multi-regional que foi criada em 1964 graças a iniciativa e perseverança de alguns países africanos com o intuito de promover o esenvolvimento e a unidade do continente Africano. Surgiu para fazer face a necessidade de cooperação entre os estados africanos. Actualmente, enquanto uma das maiores instituições regionais de desenvolvimento em Africa, o AfDB necessita de assumir um papel principal na promoção do desenvolvimento africano, quer ao nível da partilha de conhecimentos, quer ao nível da coordenação das iniciativas consideradas como vitais para esse propósito.

Em 1982, apesar de manter a sua natureza e os seus propósitos intactos, o AfDB deixou de ser uma instituição 100% africana ao permitir a entrada de países de outros continentes, designados como ‘non-regional countries’ (NRCs). Em Dezembro de 1982, Portugal, na tentativa de apoio aos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOPs), tornou-se no primeiro NRC. Esta iniciativa do estado Português pode ser explicada, em parte, pelos já longos laços que unem Portugal a este Continente. Posteriormente, Portugal assinou em 1985 um acordo bilateral de cooperação técnica (TCA) e assume, actualmente, uma representatividade na estrutura do AfDB que lhe garante um Voting Power de apenas 0.26% (Dezembro de 2006).

A política externa portuguesa, contempla a cooperação com os outros estados e sustentada pela defesa dos direitos humanos e pelo principio de solidariedade internacional, tendo sempre em vista a adopção de medidas que possibilitem a erradicação da pobreza e promovam o desenvolvimento sustentado. Neste contexto, faz todo o sentido que Portugal seja um membro efectivo de uma organização que promove o desenvolvimento como o AfDB, uma vez que uma das prioridades de Portugal ao nível da cooperação com Africa passa exactamente por apoiar os PALOPs dada a identidade linguística e cultural que mantêm com estes. Simultaneamente, verifica-se uma coincidência de objectivos entre o estado Português e o AfDB: auxilio as infra-estruturas e serviços sociais, nomeadamente a educação e aos cuidados primários de saúde. Os programas de cooperação e os projectos assentam em duas premissas fundamentais: valorizar a formação profissional e garantir a sustentabilidade das instituições locais. Não esquecendo, dadas as especificidades do continente africano, que é fundamental o fortalecimento das democracias, a consolidação do papel activo da sociedade civil e ainda a difusão de boas praticas de governance.

O TCA assinado em meados da década de 85 reforçou a vontade do estado Português e do AfDB em promover a cooperação entre a instituição e os seus ‘regional countries members’ (RCMs). No âmbito deste acordo, Portugal financia serviços de consultoria numa fase de pre-investimento e ao nivel de estudos de viabilidade dos projectos e tambem disponibiliza assistencia tecnica.

No período entre 1987 e Marco de 2007, Portugal promoveu 19 projectos avaliados em cerca de 3.13 milhões de Euros que beneficiaram essencialmente Moçambique, Angola, Guine Bissau e Cabo Verde, em áreas como a Agricultura, a Energia, a Educação e a Saúde. São também prioridades a redução da pobreza e o fornecimento de água nas zonas rurais, o apoio as reformas públicas de forma a promover a iniciativa privada e a competitividade económica e Governance. Moçambique destaca-se no sentido em que e um dos cinco países mais apoiados em termos do African Development Fund. Estas prioridades reflectem-se nos projectos aprovados, como se pode observar no seguinte quadro.

Alguns dados adicionais:

-    o curso de lingua portuguesa teve como objectivo colmatar parte das grandes dificuldades de comunicacao que existem entre os paises de lingua oficial portuguesa e o staff do AfDB;

-    uma missao portuguesa composta por 10 empresas de consultoria com vasta experiencia em Africa, em especial nos PALOPs, visitou o Banco em Junho de 2007 o que indicia a importancia da Lusofonia no continente africano e no AfDB;

-   desde 2001, o AfDB financiou projectos em Angola avaliados em 31.02 millhoes de Euro na reabilitacao de servicos de saude, de apoio a pesca artesanal e na desmobilizacao e reintegracao de grupos vulneraveis na provincia de Huambo;

-    esta previsto o apoio financeiro do AfDB a Cabo Verde no montante de 3.8 millhoes de Euro para efeitos de Governance.

  desde 1976, o Banco colocou a disposicao da Guine Bissau e de S Tome e Principe recursos financeiros no montante de 185.14 e 98.07 millhoes de Euro, respectivamente.

 

publicado por visaocontacto às 18:23
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Marca "Europa".

   Luís Diogo, Delegação, Emiratos Árabes Unidos, Dubai.

 

 

A União Europeia atravessa um período de indefinição na sua história, com a assinatura do novo Tratado da UE, quem vem substituir a malograda Constituição Europeia. Para quem vive na União Europeia, é ainda muito difícil ver uma Europa a 27, homogénea e a navegar na mesma direcção. Como é evidente, não existe um alinhamento dos objectivos a adoptar para esta Europa, resultante dos diferentes estádios de desenvolvimento, dimensão e idiossincrasias culturais dos vários estados.

 Certas decisões, como por exemplo Free Trade Agreements, como o que se está presentemente a negociar com os Emiratos Árabes Unidos, têm um intrínseco trade-off para estados, como Portugal, que vêem grande parte da sua já delapidada indústria ser invadida por produtos provenientes de outros mercados a preços mais competitivos. Na mesma medida em que se abre as portas para exportações portuguesas para um novo mercado, permite-se, no entanto, acesso dos agentes dessa região ao mercado europeu, limitando a margem negocial do estado português aquando da captação de investimento directo estrangeiro. Esta situação, torna países como Portugal menos atractivos, pois a deslocalização para Portugal, era uma forma dos agentes de poderem “exportar” para o mercado europeu ultrapassando as taxas aduaneiras e aproveitando também a competitiva mão-de-obra nacional.

 Num inevitável cenário de liberalização dos mercados globais, fala-se muito de competitividade. Portugal necessita de se tornar competitivo, necessita de se qualificar e de ser eficiente porque estruturalmente esta é a variável que dá sustentabilidade a todo o processo de internacionalização da economia. No entanto, paralela e complementarmente neste mesmo conceito de globalização, surgem aspectos como a imagem que o país transmite aquém e além fronteiras e é sobre esta temática que irei tecer alguns comentários.

Fala-se muito da imagem europeia, do conceito de europeu, mas curiosamente (ou não), apenas a senti realmente nos Emiratos Árabes Unidos. Europa é uma óptima marca nesta região, sinónimo de “consciência” do mundo, de responsabilidade perante os países do terceiro mundo, em contraposição com os Estados Unidos auto intitulados “polícias” do mundo, com uma visão economicista, em papéis que deveriam coincidir, mas que são claramente divergentes.

 No ponto de vista económico, a marca goza de um vasto prestígio e notoriedade, sendo sinónimo de qualidade, fiabilidade e confiança, e mesmo apesar de alguns países terem um evidente ascendente (Reino Unido ou Alemanha). É óptimo para nós, portugueses, sermos vistos como europeus, pois temos produtos que não comprometem os padrões de qualidade da União Europeia, com a vantagem de para o segmento médio alto possuirmos preços mais competitivos, que a generalidade dos concorrentes europeus.

Num momento em que  75% das nossas exportações ainda são direccionadas para a União Europeia, o efeito substituição por parte dos países do alargamento a leste já se faz sentir e Portugal tem de optar por mercados alternativos. A abordagem tem que ser feita não apenas pela promoção da imagem do país, mas sim de a contextualizar e a relacionar com a marca forte que é a Europa. E que melhor altura para o fazer? Neste momento o Presidente da Comissão Europeia é português e Portugal vai presidir à União Europeia, com toda a projecção que as assinaturas do Tratado Europeu e de possíveis Acordos Bilaterais vão garantir. Que melhor oportunidade para passarmos a mensagem e sermos encarados como “decision makers” e peças influentes no xadrez europeu? Demos enfoque aos grandes projectos que se fazem em Portugal, informemos das oportunidades que o país pode oferecer, ponhamos para segundo plano a nossa realidade comezinha e voltemo-nos para o mundo. A imagem vende, que o diga o Dubai. O futuro começa hoje.

 

publicado por visaocontacto às 18:19
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O samba da Presidência Portuguesa

 

 

   Inês Lopes 

C9 – Delegação Portuguesa junto da OCDE - Paris

 

A Presidência Portuguesa da União Europeia, que agora se inicia, será marcada pelas questões institucionais. Depois de ter sido aberto o caminho no último Conselho Europeu, Portugal herda a importante tarefa de elaborar o Tratado que deverá ser aprovado na cimeira a ter lugar em Lisboa de chefes de Estado e de Governo da União (motivo pelo qual já está a ser apelidado, talvez de uma forma precipitada, de “Tratado de Lisboa”).

Apesar de relevante, esta não é a única prioridade da nossa Presidência. A implementação da Estratégia de Lisboa revista, que constitui um elemento fundamental para fortalecer a criação de emprego, a competitividade e o crescimento das economias europeias, é um outro ponto basilar. As discussões sobre uma redefinição do Modelo Social Europeu (que deverá ser entendido como uma mais valia para a sociedade e não como um fardo para as empresas) tal como sobre uma nova Estratégia de Emprego deverão também ter um lugar de destaque.

No que diz respeito à “Agenda Externa” foi sublinhado no último Conselho a relevância da Cimeira UE-África que terá lugar em Dezembro. Mas existe um outro encontro de especial proeminência, a Cimeira UE-Brasil, que marca o início das “relações privilegiadas” com o nosso “país irmão”.

Com mais de 185 milhões de habitantes e o 9° PIB mundial, o Brasil tem um enorme potencial de crescimento que não tem sido aproveitado, em consequência de problemas estruturais. Apesar da estabilidade do quadro macroeconómico, segundo Fabio Giambiagi (economista e antigo Conselheiro do Ministro do Planeamento) “não têm sido feitas alterações fundamentais no código fiscal, lei do trabalho e sistema de pensões” durante a actual administração. Encontros como este, tal como o reforço da cooperação com organizações internacionais como a OCDE, podem pressionar o “gigante” da América Latina a adoptar políticas que levem à consolidação seu desenvolvimento, tal como a uma maior abertura do seu mercado.

A realização deste encontro durante a Presidência Portuguesa também representa o consolidar das relações entre os dois países. Apesar de nós sermos o “parceiro natural”, a nossa posição não é inquestionável e o interesse do Brasil depende da nossa projecção tal como da nossa actuação nos diversos tabuleiros da política internacional. A nossa relevância internacional também resulta, em parte, do nosso papel de facilitador de comunicação com os países de língua oficial portuguesa.

Com eventos como este gera-se um círculo virtuoso.

publicado por visaocontacto às 18:10
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Presidência da UE vista do outro lado do Atlântico

   Guilherme Sousa, Delegação Nova Iorque, E.U.A

 

 

No próximo dia 1 de Julho, Portugal assume a presidência da União Europeia, este facto é importante para o nosso País, mas qual a relevância para o resto do mundo? Há questões importantes a resolver, sendo provavelmente a mais mediática a constituição Europeia. Na agenda, estão ainda, as relações comerciais com o norte de África, as oportunidades comerciais com os BRIC (em particular Brasil e as difíceis relações com a Rússia), além da sempre complicada questão da Turquia.

 

Estes são temas relevantes, seguidos com atenção, em todo o mundo, particularmente em Nova Iorque. Nesta cidade as pessoas têm “sede” de informação! Os nova-iorquinos interessam-se pelo que se passa no mundo, algo estranho para aqueles que têm a imagem do Americano ignorante, que só come Hamburgers e conduz a sua “pick-up”. Contudo, Nova Iorque não é a América, é o best of America.

 

A Europa é um mercado seguido atentamente, em particular quando as economias europeias começam de novo a dar sinais de crescimento. Na realidade, as grandes multinacionais Norte-Americanas (com destaque para o sector financeiro) estão a deslocar dirigentes e centros de decisão para a Europa e Ásia. Londres parece já ter destronado Nova Iorque como centro financeiro mundial.

 

Neste contexto, a visibilidade é provavelmente o aspecto mais relevante desta Presidência (relativamente a Nova-Iorque e aos EUA). Portugal será mencionado regularmente nos jornais e entrará nas discussões sobre a U.E.. O País ganhará visibilidade e é importante deixar boa imagem, uma imagem que deverá ser promovida, com uma estratégia, posicionando a nossa Marca e tirando partido desta oportunidade.

 

Contudo, parece faltar uma estratégia abrangente! Não se vislumbram iniciativas de promoção associadas a esta presidência, assim parece que vamos perder uma oportunidade para gerar buzz junto da comunidade nova-iorquina, e por consequência nos EUA.

 

Actualmente, Portugal não é um nome relevante em Nova Iorque, embora reconhecido, há poucas referências!

É surpreendente, mas a marca Magellan (Magalhães), com origem no navegador Português, tem presença em sectores tão variados como artigos desportivos, aparelhos de GPS, hotéis e agências de viagens, mas estas empresas não têm ligação ao nosso país.

 

Durante estes meses em Nova-Iorque, apercebi-me que Itália, França, Espanha e Reino Unido (entre outros), são marcas com valor neste mercado e provavelmente em todo o mundo. O seu reconhecimento permite vender, por vezes, sem grande esforço.

A Marca Itália, hoje, vende por si! Os Wines of Italy, fazem pouco em termos de promoção, mas isso não impede que os seus vinhos sejam os primeiros em volume e valor de importação.

A Espanha, tem vindo a construir uma marca neste país, com uma estratégia coerente e investimento contínuo, apontando para resultados de médio e longo prazo. Actualmente, os produtos Espanhóis verificam um reconhecimento crescente.

Assim, compreende-se que é fundamental transmitir uma ideia/emoção, ter uma Marca! Neste mercado, as empresas e países investem milhões em campanhas de marketing, de forma a transmitir uma mensagem clara, aproveitando todas as oportunidades de promoção.

 

As constantes mudanças de direcção e estratégia fazem-nos perder tempo, energia e recursos! Seguramente há intenção de tomar a opção mais correcta, mas os resultados não são imediatos, a promoção e comunicação têm de ser feitas de forma contínua, visando efeitos de longo prazo.

 

A questão da Marca, e acima de tudo, a comunicação da mesma, não são temas novos nestas newsletters, contudo sabemos que os nossos produtos e serviços têm qualidade, e não podemos deixar de explorar os motivos do nosso insucesso.

Este não é o único problema no nosso País: falta organização, formação e empreendedorismo, contudo os Italianos não são um modelo de organização e, no entanto, VENDEM!

publicado por visaocontacto às 18:06
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A União Europeia em Macau e Hong Kong

 Raquel Fernandes, Delegação Macau, China.

 

Quando cheguei a Macau e iniciei o meu estágio na Delegação do ICEP, fui informada que a pasta da Presidência Portuguesa na União Europeia (UE) seria uma das minhas responsabilidades. Actividade desafiante para uma licenciada em Relações Internacionais, sem dúvida.

O meu primeiro contacto com as instituições europeias em Macau aconteceu numa sessão de discussão das possibilidades de projectos de cooperação entre a UE e Macau promovida pelo Escritório de Representação da Comissão Europeia para Hong Kong e Macau, presidido pelo Sr. Thomas Roe. Só aí é que fiquei informada da importância das Regiões Administrativas Especiais de Macau e de Hong Kong, que são encaradas como uma plataforma importante para o aprofundamento das relações de cooperação entre a UE e a República Popular da China (RPC), e onde a UE irá injectar fluxos significativos de capital em programas para o desenvolvimento e cooperação em vários sectores destas Regiões Administrativas Especiais. Há já vários meses que o meu contacto com a UE passa por reuniões periódicas, pelas celebrações dos 50 anos do Tratado de Roma, e até mesmo por uma ópera. As reuniões normalmente são mensais, com os restantes “Trade

Officers” dos países da UE, presididas pelos representantes da Alemanha, em Hong Kong ou em Macau.

 

Vários assuntos económicos e financeiros são aí debatidos, reflectindo as diferentes  preocupações dos diferentes países ou da própria Comissão Europeia. Grande  parte destas preocupações são resultantes de diferenças entre as politicas europeias e a chinesa.

Neste momento, para além das reuniões com os “Trade Officers”, temos de preparar a transferência da pasta já nos finais de Junho. A partir daí, estas reuniões serão presididas por nós, representando Portugal. Teremos de definir a agenda de cada reunião, e estar em permanente contacto com os restantes representantes dos outros países, promovendo o estreitamento de laços entre estes, e destes com o território de Macau e de Hong Kong.

Estamos já também a preparar a representação da UE na MIF 2007 (Feira Internacional de Macau, a realizar-se em Outubro), tendo tido uma boa aceitação por parte dos países que irão ter o seu próprio stand no pavilhão da UE, de modo a auto promover-se nas áreas que desejam, como o turismo, produtos típicos, indústria, a própria marca do país.

Durante a Presidência Portuguesa da UE, esta zona do globo irá ter bastante actividade, e eu, como estagiária da Delegação do ICEP em Macau, serei uma das pessoas a estar no centro deste movimento, estando envolvida em várias actividades como as já referidas reuniões de “Trade Officers”, conferências, debates e acções de promoção.

 

Visto que a RPC é considerada neste momento como o lugar onde investir e uma das economias do futuro, a UE sob a Presidência Portuguesa deseja estreitar laços com este país.

Devido à presença histórica de Portugal nesta zona do globo, que data de há menos de 500 anos, a Presidência Portuguesa da UE vai beneficiar em muito o estreitamento de laços de cooperação e económicos entre a RPC e a UE no território, fazendo uma ponte e ajudando à concretização do objectivos do uso destes territórios como plataforma de “entrada” da Europa para a mainland chinesa.

publicado por visaocontacto às 17:57
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Diversas e interessantes mudanças no palco europeu.

   Cristina Brasileiro, Delegação, Paris, França

 

 

O cenário Europeu tem sido palco de diversas e interessantes mudanças.

Após a rejeição da malograda Constituição Europeia, na primavera de 2005, a Europa caiu num impasse político-institucional. Desde então muita tinta tem corrido, fruto da análise da situação e da reflexão sobre a Europa e suas instituições, os objectivos a atingir e o percurso para os alcançar. Sai fortalecida, porém, a importância de uma Europa unida, solidária, capaz de assegurar o desenvolvimento económico e com um papel credível na cena política internacional.

 

Perante o chumbo do projecto da Constituição Europeia, pelos franceses e holandeses, e na tentativa de salvar o mesmo projecto, foram avançados alguns elementos que estariam na origem da discórdia. No entanto, na opinião de muitos o “não” manifestado nas urnas não se dirigia ao projecto de uma Constituição europeia nem ao seu conteúdo, mas representava um sinal de insatisfação face aos respectivos governos. Esta tem sido, aliás, a opinião consensual dos franceses que tenho conhecido durante a minha estadia em terras gaulesas e aos quais relanço a questão. Não posso, porém, daqui tirar grandes ilações devido à reduzida dimensão da amostra mas fica no ar a sensação de descontentamento face ao governo do ex-presidente Chirac e algum desconhecimento face ao texto da defunta Constituição Europeia.

 

Não obstante as várias interpretações possíveis, foi consensual a dificuldade em ratificar um texto desta importância atendendo às diversas constituições e processos políticos dos estados membros. Em resposta ao marasmo, surgiram algumas vozes defendendo um tratado simplificado como resposta ao problema constitucional. Uma delas, possivelmente a mais energética, foi a do presidente francês Nicolas Sarkozy que se desdobrou em encontros e iniciativas com vista a um acordo entre os 27 membros da União Europeia, intensamente noticiadas nos meios de comunicação nacionais. De facto, o mais recente ocupante do palácio do Eliseu está decidido a marcar o regresso da França ao centro político da Europa, pretensão suportada pelo desejo generalizado dos franceses que, de certa forma, lho exigem.

 

Durante o último Conselho Europeu (21 e 22 Junho) a União Europeia conseguiu chegar a um acordo sobre a substância do vindouro “Tratado Simplificado” que põe termo à introspecção e às batalhas institucionais dos últimos anos. Abre-se, desta forma, caminho a um mandato preciso e claro para Portugal que assume a presidência da EU a 1 de Julho e da qual se espera a redacção do novo tratado no quadro de uma Conferência Intergovernamental. As expectativas em relação à presidência portuguesa são elevadas. A possibilidade de uma rápida e fácil negociação que porá termo à indefinição na Europa corresponde ao melhor cenário possível para a UE e para Portugal que gostaria de ver materializado o Tratado de Lisboa.

 

Na minha opinião, a Europa precisava de uma constituição que defendesse um conjunto base de direitos e que garanta o Modelo Social Europeu, adaptado ao contexto da globalização. Não se aproveitou o período de reflexão para avançar com reformas mais amplas. O futuro tratado surge como um second-best de aprovação facilitada, quase decalcado da dita Constituição mas desprovido de todos os elementos que lhe conferiam essa característica. Enquanto a Constituição pretendia substituir e concentrar num só texto todos os tratados actuais, o seu substituto limitar-se-á a modificá-los. A meu ver, o processo de integração foi diferido, mas talvez não fosse o momento ideal para dar tal passo.

 

De qualquer forma, ultrapassou-se o imbróglio institucional e foram dados passos importantes para que o resto da agenda europeia possa correr bem. O estado de graça do europeísta Sarkozy e o entendimento, presente, da nova geração de líderes europeus determinados em pôr em prática a sua visão da Europa, podem estar na origem do crescente optimismo europeu que se faz sentir (pelo menos, em França) entre políticos e cidadãos comuns. Polémicas à parte, as dificuldades foram ultrapassadas e chegou-se a um acordo que desbloqueou a situação e do qual se espera uma configuração com bases sólidas, de modo a suportar as reformas futuras necessárias na Europa.

 

publicado por visaocontacto às 17:54
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Uma presidência planeada numa UE em revisão

   Miguel Tolda, Delegação Bruxelas, Bélgica

 

 

A 1 de Julho de 2007, Portugal assume a Presidência da U.E., dando seguimento ao programa tripartido de 18 meses inicialmente apresentado a 17 de Janeiro no Parlamento Europeu pelos respectivos chefes do executivo da Alemanha, de Portugal e da Eslovénia.

 

Dado que apenas são reconhecidos à Presidência, pelos textos e pela prática, poderes de natureza processual como, por exemplo, convocar Conselhos, estabelecer a ordem do dia provisória, organizar materialmente os trabalhos e definir algumas questões de procedimento, o Presidente em exercício do Conselho é essencialmente um formador de consensos sobre tendências que se observam nos vários Estados-membros. Assim, não é de estranhar que, até 31 de Dezembro deste ano, a Presidência portuguesa seja constantemente avaliada pelo seu papel na resolução de temas como o impasse na aprovação do Tratado Constitucional e as respectivas consequências na expansão do espaço comunitário, a política de asilo e imigração, as reformas económicas dos 27 e o aumento do papel da UE no mundo.

 

O actual Programa de actividades do Conselho, que entrou em vigor a 1 de Janeiro deste ano com a Presidência alemã e acabará a 30 de Junho de 2008 com o fim do mandato da Presidência eslovena, é, no seu próprio direito, uma inovação comunitária da responsabilidade do actual “Trio de Presidências”. Este Programa de 18 meses vem substituir os antigos Programa Operacional Anual e o Programa Estratégico Plurianual para três anos. Ao exigir uma maior colaboração não só do actual e do próximo Trio de Presidências mas também da Comissão e do Parlamento Europeu, este documento contribui para um maior grau de continuidade e de flexibilidade do trabalho do Conselho – algo vital numa UE cada vez mais complexa pela expansão do seu papel nos Estados-Membros e no resto do mundo.

 

O trabalho da Presidência portuguesa, tal como o da alemã e o da eslovena, terá quatro prioridades políticas: o futuro da União, a estratégia de Lisboa, a consolidação do espaço de liberdade, segurança e justiça e o reforço do papel da UE no plano externo nas áreas da segurança, do desenvolvimento e das relações económicas. A primeira vertente, e de maior importância, abarca não só o alargamento da UE e, a outro nível, o da UEM, como também o debate em torno do polémico Tratado Constitucional. A 22 de Junho, o Conselho Europeu atribuiu à Presidência portuguesa a responsabilidade de elaborar uma versão rascunho do Tratado Constitucional, que se espera estar finalizada até ao final deste ano e a versão final ratificada por todos os países antes das eleições para o Parlamento Europeu em Junho de 2009.

 

Portugal terá assim, durante seis meses, a oportunidade de deixar um grande contributo na história da construção europeia num ano em que se celebram 50 anos desta mesma. Já o fizemos em 1992 e em 2000. Estou confiante que a diplomacia portuguesa, bem como todos os sectores da administração pública associados ao exercício da Presidência, estarão mais uma vez à altura da ocasião.

 

publicado por visaocontacto às 17:50
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O Tratado Europeu, a Polónia e o futuro da Europa…

   Tiago Relvão, Delegação, Varsóvia, Polónia

 

 

 

A Polónia, país onde me encontro a estagiar, é um dos casos de sucesso económico da União Europeia. A dimensão do seu mercado interno (38 milhões de habitantes), a sua mão de obra qualificada e salarialmente competitiva, assim como a sua localização geográfica central, servindo como ponte para outros mercados, são as razões normalmente apontadas para explicar o elevado ritmo de crescimento económico, que no ano de 2006 situou-se nos 6,1%.

Porém, esta mesmo prosperidade económica tem vindo a esconder um mal maior de que este país padece, que é a falta de um governo forte, orientado para desenvolver as necessárias reformas estruturais de forma a que o desenvolvimento da economia polaca se possa processar duma forma estruturada e sustentável. Protegido por esta evolução mais que favorável dos principais indicadores económicos o governo de coligação liderado por Jaroslaw Kaczynski, abdicando de reestruturar os seus sistemas educativo, de saúde e segurança social, carentes de reformas urgentes, tem focado as suas políticas populistas em cruzadas contra a liberdade de orientação sexual, contra a interrupção voluntária da gravidez e numa caça às bruxas decretada contra os antigos colaboradores do regime comunista de há 17 anos!

 

Assim, foi com pouco espanto e alguma apreensão que segui os recentes acontecimentos em Bruxelas, onde se decidiram os termos do futuro Tratado Europeu, receando as orientações mais nacionalistas e pouco flexíveis da Polónia no que diz respeito aos processos de decisão no seio da União Europeia.

A delegação polaca liderada pelo presidente da Republica, Lech Kaczynski, irmão gémeo do primeiro-ministro (o que não deixa de ser caricato…), adoptou uma posição euro céptica e intransigente, opondo-se ao mecanismo proposto da dupla maioria, que se baseia na aprovação de leis no caso de apoio de 55% dos países, desde que representativos de 65% da população, evocando que os países mais populosos, particularmente a Alemanha, sairiam beneficiados.

Temeu-se um desfecho idêntico às negociações para o tratado comercial entre a U.E. e a Rússia, onde a Polónia, evocando o embargo à carne polaca por parte da Rússia, inviabilizou todo o acordo. Durante as negociações ainda houve tempo para o controverso comentário do primeiro ministro polaco em Varsóvia afirmando que sem a Segunda Guerra Mundial e os crimes nazis, a Polónia teria agora 66 milhões de habitantes, em vez dos actuais 38, e poderia ter quase o mesmo poder de decisão que a Alemanha.

 

Após ameaças de exclusão da Polónia das negociações e de reduções de ajudas europeias, foi eventualmente atingido um acordo, em que a posição polaca acabou por sair beneficiada, já que assegurou um mecanismo denominado de compromisso de loannina, que permite a um grupo de países, bloquear uma decisão e possa efectivamente levar a que esta seja reexaminada. A Polónia conseguiu ainda que o novo mecanismo de decisão só entre em vigor em 2014, com um período de transição até 2017.

Todo este episódio leva-me a interrogar-me acerca do futuro da União Europeia, que tem vindo a efectuar reformas profundas nas suas instituições e mecanismos de decisões de forma a acomodar o crescente número de países membros. Até que ponto não se deverá reconsiderar novos processos de alargamento nos tempos vindouros? Até que ponto a União Europeia está preparada para lidar com governos euro cépticos e nacionalistas como o Polaco? Até que ponto se deve alargar a influência das políticas de Bruxelas a outras áreas das políticas nacionais, quando as presentes já afectam diversas susceptibilidades?

É neste panorama de incerteza que Portugal chega à presidência da União Europeia. Estou confiante que durante o seu mandato conseguirá levar a bom porto o processo de elaboração do Tratado Europeu e da sua posterior ratificação, dando assim um contributo decisivo para um futuro europeu mais risonho...

 

publicado por visaocontacto às 17:46
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Do Banco Mundial para a Europa

   Sara Pais, Banco Mundial, Washington, E.U.A.

 

 

 

Pessoalmente considero este tema muito interessante, não só pela sua pertinência, como também pela sua actualidade. O facto de estar a realizar o meu estágio no Banco Mundial, serviu-me de inspiração para abordar este assunto tendo em conta esta realidade.

Tendo por base as várias alternativas propostas e a liberdade concedida para explorar o tema, da forma que achássemos mais conveniente, decidi reunir com Nuno Mota Pinto, Alternate Executive Director do grupo de países onde se insere Portugal, para ouvir as suas opiniões sobre a presidência portuguesa da UE e de que forma irá influenciar o papel de Portugal dentro do Banco Mundial.

As representações dos países no Banco Mundial são organizadas da seguinte forma: Os EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, China, Arábia Saudita e Rússia têm representação própria dentro do Banco. Cada um destes países tem um Executive Director e um Alternate Executice Director. Os restantes países accionistas do Banco, que possuam percentagens de capital relativamente mais pequenas, estão organizados por grupos e dentro desses grupos existe um Executive e um Alternate Executive Director. Portugal está no grupo com a Itália, Grécia, Albânia, Malta, San Marino e Timor-Leste.

 

Segundo Nuno Mota Pinto, está em curso um processo de coordenação entre representantes europeus, que passará pela produção de declarações conjuntas no conselho de administração do Banco que representem o consenso dos países europeus. Por outro lado, a UE gostaria que houvesse uma unificação da sua representação nas instituições internacionais, isto é, deveria existir um representante da UE e não um representante para cada país da UE.

 

Esta mudança não se apresenta fácil e é ainda um processo em curso que irá originar alguma controvérsia já que certos países poderão vir a perder a sua posição “privilegiada” pois a sua quota, de uma forma ou de outra, diminuirá. Paralelamente, o processo de construção de um consenso, em relação à unificação da representação da UE no Conselho do Banco, tentando conciliar 27 vozes, será bastante difícil.

Para além disso, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional estão a sofrer uma reestruturação e enquanto este processo não terminar, mudanças a nível de representação de países no conselho de administração do Banco não acontecerão.

 

No que respeita à agenda da presidência portuguesa da UE existem vários pontos que serão muito importantes, tendo em conta a presença de Portugal no Banco Mundial, nomeadamente as cimeiras UE-Africa, UE-Brasil, UE-Índia e UE-China. Todas estas cimeiras não só irão estreitar relações entre as economias, como também irão potenciar novas oportunidades de colaboração.

 

Um outro ponto importante é que, apesar de Portugal deter uma percentagem relativamente pequena do capital do Banco Mundial, a presidência portuguesa da UE permitirá não só uma maior visibilidade, já que dentro do Banco seremos vistos como representantes da voz dos países europeus, como também uma maior participação no processo de decisão.

 

Nuno Mota Pinto acrescentou ainda que, na segunda metade do semestre da presidência portuguesa da UE, irá haver uma grande iniciativa em Lisboa, em parceria com o IFC (International Finance Corporation, World Bank http://www.ifc.org/) e com o BEI (Banco Europeu de Investimento http://www.eib.org/), que visará explorar oportunidades no sector privado.

 

Um outro acontecimento de relevância que irá ter lugar na segunda metade deste ano será o fecho da 15ª negociação com a IDA (International Development Association), que é um dos maiores fundos multilaterais de ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres do Mundo, em que Portugal, enquanto na presidência da UE, terá um papel preponderante na definição de política.

 

publicado por visaocontacto às 17:43
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A Suécia numa Europa a 27

 Beatriz Cardoso, Delegação, Estocolmo, Suécia

 

“ Depois de uma comunidade económica e política, a construção europeia regressa à Cultura como factor de identidade, e por isso a sua maior riqueza, o seu grande desafio, será garantir o pluralismo da diferença. Partindo do horizonte simbólico da Presidência propõe-se uma viagem entre países, cidades, lugares, pessoas e projectos, rumo ao diálogo intercultural.”

Lúcia Marques (colaboradora com o Instituto Camões no âmbito da Presidência Portuguesa)

O diálogo intercultural é, sem dúvida, fulcral nos tempos que correm. É preciso observar e conseguir aproveitar os bons exemplos, sem perder a identidade, sem perder as raízes, mas crescendo e apreendendo aquilo com que de melhor nos vamos deparando.

Mais do que um choque cultural, é precisamente pelo intercultural que nos devemos desenvolver, e neste aspecto muita bagagem tenho para levar aqui da Suécia!

A Suécia apresenta nos dias de hoje óptimos níveis de desenvolvimento e tudo fruto de horários de trabalho que não excedem as 8 horas - até porque se pagam horas extraordinárias a partir das 19h - onde dão sempre a tarde de véspera de um feriado, independentemente de qual este seja; onde os casais têm direito a um ano de licença de parto, que pode e deve ser partilhado pelos dois, e muitos mais exemplos que poderiam ser aqui mencionados. Tudo isto para realçar que a Suécia é um país onde não existe stress, onde as pessoas não se “matam” a trabalhar, mas onde tudo funciona, onde tudo é respeitado, onde há qualidade de vida e dá prazer viver, aprender e consumir com os olhos.

Outro aspecto merecedor de atenção é o facto de este ser um dos poucos países que está a cumprir o compromisso da ONU de dedicar 0,7% do PNB para a cooperação, com o fim de se cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar a educação primária universal, promover a igualdade do género e capacitar as mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o HIV/SIDA, a malária e outras doenças, assegurar a sustentabilidade ambiental e desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento. Para além das suas fronteiras parece que a Suécia se preocupa e se sente também responsável por contribuir para o bem-estar da população desfavorecida do Hemisfério Sul.

Aproveitei o pretexto de ter que escrever para esta newsletter para questionar um amigo grego que fiz aqui em Estocolmo sobre as razões e motivações que o fizeram vir para cá tirar o Mestrado e, que depois, o fizeram permanecer cá a trabalhar. Aqui ficam as conclusões:

“A razão que me trouxe para a Suécia, em especial para Estocolmo, foi basicamente o programa de Mestrado. Existiam à partida dois pré-requisitos para a escolha do sítio. Em primeiro lugar, o curso teria de ser leccionado em inglês. As opções eram limitadas, consistindo no Reino Unido, Escandinávia e Holanda, uma vez que eu não considerava um país não europeu como candidato. Por outro lado, tinha de gostar das disciplinas leccionadas e como tinha uma visão bastante consolidada daquilo em que me queria especializar as opções no meu caso eram menos de 10. Finalmente a reputação e a qualidade da universidade foram também um importante factor. Contudo, apesar da parte educacional, o modo de vida foi um factor igualmente tido em conta, se não o mais significativo.

Depois de dois anos posso afirmar que a vida em Estocolmo tem sido melhor do que o que esperava. Encontro-me numa cidade amistosa, bonita, activa e num país extremamente organizado onde a qualidade de vida é elevada. Existem também imensas oportunidades interessantes de trabalho na minha área (Informática), onde as tecnologias de ponta são utilizadas. Sendo membro activo neste meio, ganho uma elevada experiência que irá sem dúvida projectar a minha carreira no futuro. As condições de trabalho são muito boas, o stress é quase inexistente fruto de um bom planeamento e gestão. Apesar das elevadas taxas de imposto sobre os rendimentos, os salários são bons atendendo ao custo de vida, e a pessoa tem noção de onde o dinheiro está a ser aplicado.”

Penso que por todas as razões que foram aqui evidenciadas, a existência do Programa Contacto permite exactamente este diálogo intercultural, esta busca incessante pelo que ainda não conhecemos e com o qual nos podemos desenvolver, como pessoas e como cidadãos de um mundo cada vez mais global.

 

publicado por visaocontacto às 17:36
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Roménia - Marginalização, Inclusão e Desenvolvimento

   José Dias, Delegação, Bucareste, Roménia.

 

 

 

 

A Roménia foi-se movendo, ao longo da última década, das margens da integração Europeia para a inclusão total na família da UE. Porém, a questão central, prende-se com a efectiva garantia de sucesso e desenvolvimento económico-social, uma vez que parece não ser 100% seguro que tal aconteça. 

O percurso da integração foi árduo, contudo progressos importantes foram alcançados desde o início da década de 90, quando dúvidas permaneciam quanto a um real compromisso com os valores democráticos, do então novo regime. No entanto, persistem actualmente problemas sérios, como é o caso, por exemplo, da corrupção e da baixa produtividade da economia romena, pelo que será justo dizer que muito ainda terá que ser feito. Aliás, esta questão ficou bem explícita nas reservas que a Comissão Europeia colocou quanto ao processo de adesão à UE quer da Roménia, quer da Bulgária. 

A adesão significa e implica um conjunto de reformas internas a nível político, social e económico, de forma a cumprir os critérios definidos pela UE. No entanto, existe um outro conjunto de dinâmicas exógenas, o que faz com que o processo de adesão não seja determinado somente pelo estado de desenvolvimento dos países candidatos. Há todo um conjunto de vertentes às quais é preciso dar particular e detalhada atenção.

 

No caso da Roménia, três aspectos gerais terão que ser levados em conta:

 

·         Desde 1989, as relações que se estabeleceram entre a UE e os Estados da Europa Central e Oriental em termos genéricos;

·         A posição da Roménia foi influenciada por acontecimentos externos, nos quais não teve poder de decisão ou controlo – facto, aliás, que lhe permitiu assegurar a inclusão na “rede” europeia;

·         A sua posição relativamente ao país vizinho, a Bulgária - o que fez com que a UE tratasse os dois países como um “bloco”, razão pela qual a adesão de apenas um não fazia sentido.

 

Após ter-se falado da marginalização e da inclusão, surge a questão do desenvolvimento da sociedade romena.

Se a relação que se estabelece entre as duas primeiras questões – marginalização e inclusão, é unicamente a da mudança de paradigma, já entre o segundo e terceiro – inclusão e desenvolvimento – pretende-se que esta relação seja de efectiva causa – efeito.

 

Ora é precisamente neste contexto que Portugal, durante a presidência da UE, no segundo semestre do corrente ano, pode assumir um papel relevante, vejamos como:

 

1)       Primeira fase pós-adesão. Após os primeiros seis meses da Roménia como membro de pleno direito da UE (Marginalização vs Inclusão) é chegada a hora de consolidar a sua posição no seio desta família europeia (Inclusão vs Desenvolvimento) – afastados estarão os primeiros de meses de euforia (ou pessimismo, dependendo da franja da população romena a quem nos referirmos);

2)       Experiência portuguesa. Após 21 anos da adesão de Portugal à UE (antes Comunidade Económica Europeia), é inevitável a acumulação de know-how. Desde modo, e enfrentando no presente desafios importantes e determinantes no processo de desenvolvimento sócio-económico, Portugal poderá (e deverá) servir de “exemplo” à Roménia, quer na implementação de políticas económicas e sociais adequadas, quer no evitar dos erros cometidos, não só pela classe governante, mas por todos os agentes económicos e sociais;

3)       Similaridade do processo de adesão. Há muito de comum nos processos de adesão português e romeno, tais como, consolidação do regime democrático e da economia de mercado; perificidade dos dois países (Portugal na fronteira Ocidental da UE e Roménia na fronteira Oriental) e, ainda, entrada conjunta com um país vizinho (Portugal / Espanha - Roménia / Bulgária).

Com a perspectiva de continuação da construção Europeia e num momento em que se retoma a discussão do Tratado Constitucional Europeu, Portugal, ao assumir a presidência da UE, poderá marcar a História.  Mas para tal, terá sobretudo que saber envolver e comprometer cada um dos parceiros Europeus nesta discussão do futuro comum. Sendo que, a partir de agora, mais dois países terão uma palavra a dizer.

No caso que aqui abordamos, o da Roménia, esperamos que esse comprometimento se inicie, primeira e eficazmente, no plano interno, a fim de que, a médio e longo prazo, este possa funcionar como alavanca para o desenvolvimento do país em diversas áreas...a 100%, porque, sem dúvidas e reconhecidamente, o potencial existe!

publicado por visaocontacto às 17:30
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O futuro da Europa

   Rodrigo Rodrigues, Delegação Oslo, Noruega.

 

 

 

Qual será o futuro da Europa, ou mais especificamente, o futuro da União Europeia?

 

Creio que a resposta à questão supra exposta tem de ser fraccionada em três planos distintos, mas interrelacionados, sendo que o primeiro dos mesmos assume clara preponderância sobre os restantes, sendo inclusive a sua necessária condicionante. Assim, o futuro da União passará pelos planos: 1º Reforma Institucional da União Europeia; 2º A eventual adesão de novos membros à União; 3º A capacidade da União ser um bloco de extrema influência no âmbito internacional.

 

Quanto ao plano da reforma institucional, é obvio que, porque incontornável, estou a referir-me à aprovação pelos Estados-membros do Tratado Constitucional da União. Com o fracasso da primeira tentativa de aprovação (com o “não” expressivo do povo francês e holandês) a União encontra-se numa encruzilhada, pois se a união económica foi já alcançada com um êxito rotundo, a verdade é que os cidadãos da União sentem que a aprovação de uma Constituição Europeia é um passo decisivo rumo à criação dos “Estados Federados da Europa”, dando, dessa forma, uma machadada no reduto da soberania que os mesmos consideram mais sagrado, independentemente das respectivas constituições nacionais. Em suma, seria transformar o que no presente momento é uma organização supranacional, uma supra estrutura, num verdadeiro Estado, do qual a aprovação de uma constituição é o sinal mais fundamental.

 

Não obstante, tal é necessária e, inevitavelmente, o próximo passo da União, pois com a coesão económica garantida, o passo seguinte é a união política, a qual não será verdadeiramente possível sem a aprovação do Tratado da Constituição Europeia. Não que a mesma, em termos puramente jurídicos, traga algo de novo, pois já se encontra devidamente estabelecido o princípio da primazia do direito da União (em virtude da sua autonomia) sobre as ordens nacionais dos países membros (não obstante existirem divergências sobre se o mesmo se sobrepõe às respectivas normas constitucionais, mormente, as respeitantes aos direitos fundamentais). Mas em termos simbólicos e de esclarecimento do que efectivamente é a União, a aprovação é fundamental para a não estagnação (e quiçá extinção) da mesma.

 

Ora, o plano exposto, vai necessariamente condicionar o plano seguinte, ou seja, a eventual adesão de novos membros. Estando a expansão praticamente completa nos Estados que poderíamos classificar de matriz cultural judaico-cristã, o grande problema coloca-se relativamente à eventual adesão da Turquia, um país muçulmano. É neste campo que a influência de uma Constituição da União será decisiva, pois na mesma, ou se define o que é a União com base nos laços culturais comuns que unem os diversos Estados-membros e opta-se ou não por realizar uma menção expressa à matriz cultural cristã, ou opta-se por omitir dar uma definição do que é a União (o que não é de todo congruente com um texto constitucional).

 

Por último, resta dizer que a União Europeia só conseguirá ser uma verdadeira força política no plano internacional se conseguir atingir a almejada união política, para a qual a Constituição Europeia é “conditio sine qua non”. Num mundo globalizado, no qual aparecem novos blocos de influência distintos dos tradicionais, como a China, a Índia ou a América Latina, é imperativo que a União fale como uma única voz e actue como um único corpo. Somente dessa forma, a União Europeia conseguirá ser um “major player”, capaz de equivaler à influência política internacional dos Estados Unidos da América.

 

publicado por visaocontacto às 17:24
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O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento

     Pedro Coutinho, BERD, Londres, U.K.

O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) foi criado em 1991. Desde então financiou mais de EUR 20 biliões no suporte da transição de economias de planeamento central para economias de mercado. Actualmente é o maior investidor individual na Europa Central e de Leste e na antiga União Soviética. Os accionistas do banco são os governos de 65 países, entre os quais Portugal, e duas instituições, a Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento.

A abordagem do banco aos seus projectos e igual à de um banco comercial. Um projecto tem de ser comercialmente viável e assente em sólidos princípios financeiros para ser considerado e o financiamento é fornecido numa base comercial.

O BERD complementa fontes de financiamento privadas, investindo apenas onde pode criar valor acrescentado (projectos que não poderiam ser financiados em iguais circunstancias). O banco atrai outros investidores e serve de catalisador para captar em media o triplo do montante que investe.

Desde que reunida, toda a informação, um projecto, demora em media 3 a 6 meses. O montante médio de investimento do banco e de EUR 25 milhões (variando entre EUR 5 milhões e EUR 250 milhões), correspondendo em media a 35% do total do projecto (a contribuição em capital do Sponsor tem de ser pelo menos igual ao investimento do banco). As maturidades do financiamento variam de 1 ano para projectos com propósito de working capital ou trade financing até 15 anos para infra-estruturas de longo prazo.

O banco trabalha predominantemente com o sector privado, apoiando projectos de investimento através de flexíveis instrumentos de financiamento. A disponibilidade para a partilha de risco com o cliente é uma das características do banco. A forte presença do banco na região através de investimento e de uma rede de mais de 30 escritórios permite ao BERD deter um profundo conhecimento das características sociais, económicas e politicas de cada pais.

 

A 1 de Abril do corrente ano o BERD tinha assinado 529 projectos na Federação Russa, totalizando aproximadamente EUR 8.2 biliões. Este valor ajudou a gerar um montante adicional de EUR 15.2 biliões. Mais de 81% dos investimentos foram no sector privado. Este mercado correspondeu a mais de 1/ 3 dos resultados anuais do banco em 2006.

O banco tem suportado o mercado de capitais russo através de transacções de secuturização e de vários empréstimos denominados em Rublos com bancos locais e estrangeiros. A maioria dos projectos assinados, em 2006, foi de grandes centros urbanos.

O crescimento de longo prazo da economia russa será por via de produtividade e inovação, dependendo assim da vitalidade das reformas em curso. A economia tem encontrado continuadas restrições de capacidade, que justificam o aumento das importações (crescimento real de 20% em 2006). O cumprir das metas para a inflação foi um sucesso para as autoridades em 2006 (apesar do aumento das despesas no final do ano).

Com o aproximar das eleições presidenciais de 2008, o fluxo de capitais e o investimento doméstico podem ficar mais voláteis. O principal risco é o próximo Presidente não conduzir reformas estruturais, diminuindo o crescimento via falta de competitividade, o preço da energia aumentar e restrições de capacidade exercerem seu papel.

A estratégia do banco para a Federação Russa passa por suportar os seguintes objectivos das autoridades russas: diversificação económica, competitividade, enterpreneurship, eficiência energética e desenvolvimento regional. O banco pretende aumentar o rácio de capital no seu portfolio anual neste mercado para 20% e desenvolver projectos com escala que actuem como modelo para outras operações.

 

Apesar dos obstáculos administrativos ainda existentes, principalmente a nível regional e local, num recente inquérito do Foreign Investment Advisory Council 90% dos investidores consideram expandir as suas operações dentro de 5 anos.

Em final de Maio do corrente ano houve uma visita oficial do Senhor PM à Federação Russa. Para além do âmbito da próxima presidência Portuguesa (num contexto da recente difícil cimeira UE-Russia), a visita visou o incremento do fluxo entre os dois países (comitiva integrou mais de 40 empresários). No final de Julho 2006 haverá uma visita oficial do Presidente do BERD a Portugal, com encontros com esferas politicas e principais empresas Portuguesas interessadas em investir nos países onde o banco opera. Estou certo que para as empresas interessadas em investir nestes mercados o BERD é um parceiro privilegiado para o sucesso das suas operações ao mitigar como nenhum outro risco financeiro e político.

 

publicado por visaocontacto às 17:12
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Aspectos relevantes de uma presidência portuguesa. Desafios e oportunidades.

   João Ramalheira, Delegação Seul, Coreia do Sul.

 

 

 

Com uma População de 49 milhões de habitantes, a Coreia do Sul é a 12ª maior economia do mundo (3ª maior da Ásia logo atrás da China e do Japão). Desde 1945, após a 2ª Guerra Mundial, a Península da Coreia ganhou a sua independência face ao Japão, ficando a parte Norte sob um regime comunista apoiado pela União Soviética, e a parte Sul apoiada pelo Estados Unidos da América. Isto resultou na Guerra da Coreia de 1950 a 1953. Nesse ano foi assinado um armistício, ficando a Coreia dividida em duas partes, considerando a linha imaginária do paralelo 38.

 

Depois de atingida alguma estabilização, a Coreia do Sul alcançou um rápido crescimento económico, atingindo a sua população um elevado nível de literacia, traduzido pela percentagem de 98%, e cujos utilizadores de Internet já ultrapassam os 35 milhões, dando bem uma ideia do potencial intelectual do país.

Com um sistema semi-presidencialista, e integrando o chamado clube dos Tigres Asiáticos, o forte crescimento económico sul coreano em muito se deveu à exportação de produtos manufacturados, contribuindo bastante para esse facto a normalização das relações com o Japão, um dos seus principais clientes, em 1965.

O modelo de encorajar o crescimento de grandes companhias a nível internacional através de financiamento fácil e de bons incentivos fiscais, levou à criação de grandes conglomerados familiares, também conhecidos como Chaebol, em que alguns se tornaram grandes potências internacionais, como é o caso de empresas como a Hyundai, Samsung, LG e Daewoo.

Em simultâneo, verificava-se a expansão não só da indústria pesada, mas também a da alta tecnologia, tornando o país fortemente competitivo em sectores como a electrónica, telecomunicações, indústria automóvel, indústria química, construção naval e indústria do aço.

Como um país 75% montanhoso, e cuja única fronteira terrestre, se situa a norte, precisamente com a Coreia do Norte, a Coreia do Sul foi obrigada a desenvolver uma forte indústria portuária, que faz com que este país possua um dos portos mais avançados e desenvolvidos do mundo, referindo como principais, Busan e Incheon. Em Incheon de resto, é onde também se localiza o aeroporto mais importante do país, e um dos mais modernos e movimentados do mundo.

Gozando de uma total democracia moderna, e ultrapassada a crise que enfrentou no final da década de 90, o cenário económico actual caracteriza-se por uma inflação moderada, baixo nível de desemprego e um saldo excedentário da balança comercial derivado das suas elevadas exportações.

Por tudo isto, a Coreia do Sul, é sem dúvida um mercado que não deve ser de todo descurado, como tem acontecido mais recentemente, em que todas as atenções se têm virado para a China. Os consumidores sul coreanos, possuem um apetite formidável para tudo o que é novidade e que alcançou sucesso no mundo ocidental. Habituados a terem o vizinho Japão sempre um passo mais à frente, no que respeita ao sector do luxo, a classe média-alta e classe alta coreanas não se inibe quando tem de comprar um produto luxuoso e que lhe permite atingir um estatuto social mais elevado.

 

Portugal tem vindo, ao longo dos últimos anos, a exportar produtos de bastante qualidade para a Coreia do Sul, seja no sector dos vinhos, calçado, têxtil, cortiça, tapeçaria, produtos alimentares, entre muitos outros, por vezes bem melhores do que os produtos dos nossos vizinhos e concorrentes europeus como Espanha, França, Itália ou Alemanha. O único grande problema em que Portugal perde para estes países é a nível do marketing. Estes países, através de exposições, eventos e acções de marketing bem conseguidas, conseguem aquilo que é factor capital para este mercado, a notoriedade.

Conseguir captar a atenção dos consumidores coreanos, é factor crucial para alcançar o sucesso porque, para os consumidores, um produto que é bem promovido, que goza de estatuto, e que tem sucesso nos mercados ocidentais, é um produto que eles vão querer por certo adquirir. Porém, um produto que até seja de melhor qualidade, mas que não seja promovido, nunca conseguirá atingir o sucesso pretendido.

 

Deste modo, o facto de Portugal assumir a presidência da União Europeia nos próximos 6 meses, é um factor que pode ser usado como um meio extraordinário de publicitar o nosso país, a nossa indústria e o nosso comércio, pelos inúmeros eventos nos quais Portugal vai participar e que se traduzirá em mais tempo de antena, sendo uma óptima oportunidade para proceder a uma série de eventos promocionais das marcas portuguesas.

Se nos meios políticos e económicos este facto é conhecido, a população em geral desconhece esse facto. Seja em grandes ou pequenas delegações, espalhadas por esse mundo fora, o importante é efectuar eventos promocionais e, neste caso particular da Coreia do Sul, ganhar entre os consumidores com grande apetite consumista, um pequena quota de mercado pela notoriedade da qualidade dos produtos portugueses, porque percepção da marca Portugal já eles têm, citando por exemplo, o futebol, factor esse que poderia também ser usado pelas marcas como forma de introdução ou de expansão de produtos no muito desenvolvido e próspero mercado sul coreano.

A Presidência Portuguesa é uma oportunidade para uma promoção em massa do país, porque, e usando um ditado popular, “quem não é lembrado, não é falado.”

É tudo uma questão de marketing!

               

                                               

 

 

 

 

publicado por visaocontacto às 17:02
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Futuro da Europa – Ponto de vista Europeu na China!

 David Loução, EUCCC, Pequim, China

Futuro da Europa – Ponto de vista Europeu na China!

 

Pela primeira vez na Ásia, “destacado” para “Beijing” (Capital do Norte) de Zhong guó (País central ou centro do Mundo), um país onde tudo gira de maneira diferente dos padrões Europeus aos quais nós estamos habituados, uma cidade que por vezes se esquece que o sol existe, envolta numa densa camada de poluição que equivale a um consumo diário de 40 cigarros.

 

As primeiras impressões, não são as melhores de um País que luta por sair aos poucos do profundo comunismo vivido ao longo dos anos, com costumes e hábitos, por vezes condenados pelos estrangeiros, que tendem a convergir com a cultura Europeia dado o enorme fanatismo deste povo a se igualar com os ocidentais, copiando os costumes e hábitos destes.

Trata-se, sem dúvida, de uma cultura muito longínqua da que todos nós conhecemos na dita civilização, pois nos primeiros dias em Pequim, a ideia que se apreendia era de uma autêntica “Selva Urbana” onde se sentia falta da “Civilização Europeia”, onde é enorme a diferença entre as grandes cidades desenvolvidas e repletas de Ocidentais e os inúmeros locais esquecidos onde um Ocidental é algo desconhecido. Este grande fosso existente entre a Europa e a China espelha-se não só no nosso dia-a-dia mas também no tecido empresarial Europeu, que fortemente Investiu no Mercado Chinês ao longo dos anos que se veio acentuar com a entrada da China na WTO (World Trade Organisation), onde apesar de serem imensas as barreiras há entrada, a balança pesa favorável ao Investimento neste país com cerca de 1.3 biliões de habitantes[1] e com um GDP growth de 10%1 ao ano, que ao se adicionar o factor de baixo custo de produção, é mais que suficiente para a deslocalização de inúmeras Empresas para esta região.

 

Com a tendência do desenvolvimento do sector terciário, serviços, onde o crescimento médio previsto do mercado Chinês neste sector 2010 é de 12%2 ao ano, e onde a Europa tem a vantagem mais significativa, ultrapassando qualquer outro sector (14% ao ano, atingindo em 2010 os 500 Biliões de Euros)[2], a China continua a ser uma grande oportunidade de negócio para empresas que queiram proliferar no mercado.

 

Actualmente, a China vive momentos de mudança, na sua cultura, hábitos e nos mercados também, com maior liberalização e luta à corrupção, o que gere outra visão para as empresas Europeias, que pensam em investir futuramente neste país e outro à vontade para aquelas que já cá estavam e passaram por momentos difíceis na implementação do seu negócio, consolidando a sua posição.



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Segunda-feira, 11 de Junho de 2007

Sim, a Irlanda é diferente.

    João Santos, Deleg.ICEP, Dublin, Irlanda.
Vejo a Europa de hoje como um espaço alargado de confluência de culturas, um pequeno mundo inserido no Mundo. O sentimento europeu parece-me, em grande parte dos casos, sobrepor-se ao tradicional sentimento nacional, tal a integração que se verifica no Velho Continente.
 
Chegado à Irlanda, deparei-me com uma pergunta que imagino comum a muitos outros colegas: o que tem este país de diferenciador face a outros países da mesma área geográfica? Ao fim, de quase quatro meses, julgo ter algumas respostas.
 
O factor mais imediato é o clima: intranquilo, imprevisível, oferece-nos num só dia as quatro estações do ano, tal a sua capacidade para nos surpreender.
 
Um outro aspecto que assume relevância nas relações sociais é a informalidade, visível não só no campo pessoal como na vertente profissional – na Irlanda serão tomadas tantas decisões empresariais num bar como numa sala de reuniões.
 
Um terceiro ponto, este de mais difícil habituação, é o sentido de humor irlandês. Sarcástico, acutilante, quase cínico, deve ser compreendido mas nunca subestimado.
 
Por último, o factor decisivo, condicionador de toda a vida social irlandesa: uma verdadeira pub culture, visível na qualidade e diversidade de bares existentes, na quantidade de cerveja ingerida, na animação dos finais de tarde.
Sim, a Irlanda é diferente!
publicado por visaocontacto às 15:05
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