André Leitão
Maine Avenue Technologies
Espanha, Madrid
Quando no dia 15 de Janeiro entrei pela primeira vez no Pabellón C da Universidad Autónoma de Madrid, parte integrante do Parque Científico de Madrid, onde irei trabalhar nos próximos meses (passada a experiência aterrorizante de encontrar casa para alugar em Madrid), a única coisa que tinha tido a preocupação de aprender em espanhol era a diferença entre tu e você, levava então a frase pronta “Buenos dias Don Javier, ¿cómo está usted?”afinal, não é de animo leve que vamos para um encontro com o dono da empresa onde vamos trabalhar, e nosso patrão nos próximos meses. Foi com agradável surpresa que ouvi as suas primeiras palavras, “André, vamos tornar uma coisa clara, tu és o André, eu sou o Javier, a partir de agora não há aqui ustedes”, essa primeira impressão, como eu vim mais tarde a confirmar, estabelece a grande diferença de ambiente de trabalho entre Portugal e Espanha, a hierarquia está definida, sabemos o nosso lugar, mas há um ambiente de trabalho descontraído e de entreajuda vertical.
São normais as pausas descontraídas a tomar um café, onde se brinca entre todos, e em que aproveito para descobrir um pouco das diferenças entre os povos latinos (vantagens de ter um colega francês em Espanha).
O ritmo de trabalho em Espanha é semelhante a Portugal, e no fim do dia os objectivos atingidos são basicamente os mesmos em termos de volume (o tão falado fosso de produtividade entre Portugal e o resto da Europa não é tão grande assim), sendo que a grande diferença é que no final ainda sobram energias para aproveitar a vida e noite madrilena. E aqui reside a outra grande diferença entre “nosotros e nuestros hermanos”, vive-se a vida!
A quantidade de orgulho é igual, a quantidade de energia é igual, até a fisionomia é basicamente igual, mas o pessimismo, esse é somente nosso.
O tempo passado em Madrid não é tanto assim, e as diferenças não são as suficientes para adornar este testemunho com histórias hilariantes ou chocantes, como se estivesse num destino mais exótico, a experiência cultural não é “helada” nem “caliente” é morna portanto.
Espero numa próxima oportunidade falar sobre a experiência de trabalho propriamente dita, que tem sido fantástica, pois estou a trabalhar numa área que adoro, e a empresa é realmente inovadora.