Quinta-feira, 17 de Julho de 2008

Paris dos Filmes

Liliana Monteiro

Magic Fil | Paris | França | C11

 

 

Como cinéfila que me assumo, achei interessante dissertar um pouco sobre a panóplia de filmes que personalizam Paris, aos olhos de cada realizador e do seu público.

Para todos aqueles que ainda não tiveram oportunidade de construir o seu próprio testemunho acerca do encanto desta cidade, vale a pena deixarem-se envolver pelas inúmeras histórias de personagens parisienses, criadas ao longo de vários anos pela 7ªArte.

De realizadores europeus a americanos, todos procuram emprestar ao espectador um olhar particular sobre a cidade da luz, a capital do amor, do glamour, do intelecto sem limites, da infinita oferta cultural...

Em ‘Paris Je T’aime’, alguns dos maiores realizadores internacionais reinventam a cidade da luz, contando cada um a sua história de amor, com lugar nos seus 20 ‘arrondisements’. Procurando uma Paris multicultural e ao mesmo tempo romântica, cada episódio exprime uma faceta da cidade. O público, por sua vez, constrói a sua visão global e ao mesmo tempo pessoal a partir deste ‘filme de retalhos’. Inspira-nos a encontrar aqui o amor ou aquilo que procuramos...

Um dos mais importantes contributos, dado à caracterização desta cidade, é-nos oferecido pelo realizador francês Cédric Klapisch, que em todos os seus filmes transmite uma ‘Paris’ específica, um retrato das pessoas, dos lugares e dos lugares-comuns. Entre as suas obras cinematográficas encontram-se filmes como ‘Paris’, onde na conta a história de um jovem parisiense que gravemente doente, começa a questionar o que o rodeia. Esta personagem desenvolve ao longo do filme um olhar diferente sobre todas as pessoas que cruzam a sua vida e que habitam na sua cidade; ‘Le Bistrot’, história sobre as ligações entre os parisienses, entre estes e os comerciantes e a vida num simples café de Paris; escapadelas multiculturais em barcelona ou em st-Petersbourg, com ‘A Residência Espanhola’ (L’auberge espanhole) e ‘Les poupées russes’ (As bonecas russas); ‘As Catacumbas (Les Catacombes), um símbolo da Paris histórica, onde tudo começa e tudo acaba; ‘A Boulangerie do Bairro’ (La Boulangerie de Quartier), tributo às emblemáticas padarias e suas baguetes, entre muitos outras obras. Klapisch presta, no fundo, uma homenagem à cidade que o viu crescer e a todos os seus habitantes...Um convite para visitar a cidade e um casamento feliz entre o cinema e a capital...

Um outro olhar sobre a cidade, é-nos dado pelo jovem realizador e actor francês, Mathieu Kassovitz, que através do polémico ‘O Ódio’ (La Haine), expõe a violência urbana nos bairros problemáticos dos subúrbios de Paris. As personagens deste filme são 3 jovens de etnias diferentes que e envolvem em conflitos com a polícia francesa. Uma cidade que agrega bem ou mal, culturas e etnias do mundo inteiro...

E quem não se lembra do ‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain’ (Le Fabuleaux destine de Amélie Poulain),de Jean-Pierre Jeunet, fábula moderna sobre uma jovem vinda dos subúrbios para trabalhar num café em Paris. De uma sensibilidade indiscutível, este filme descreve-nos as manias e peculiaridades das personagens e seu quotidiano, através de uma narrativa de tom doce e inocente e de um cenário emprestado pela bela Montmatre. Faz-nos acreditar na magia que aqui se esconde ..

Também Hollywood foi vítima de um dos mais românticos palcos do mundo, onde se contaram histórias como ‘Um Americano em Paris’ (An American in Paris), ‘Antes do Anoitecer’ (Before Sunset), Forget Paris’ (Esquecer Paris), ‘Quando Paris alucina’ (Paris - When It Sizzles), etc.

As fascinantes composições musicais criadas para muitos destes filmes,contribuiran como pano de fundo acústico das inesquecíveis histórias que ilustram Paris, nomeadamente, a banda sonora de Yann Tiersen, em ‘O Fabuloso destino de Amélie Poulain’; as composições de George Gershwin em ‘Um Americano em Paris’ e a voz de Leslie Feist em ‘Paris, Je T’aime’, com ‘La Même Histoire’.

Tal como os retratos que o cinema faz de Paris, que ajudam a promovê-la, que nos convidam a conhecê-la e a amá-la, também Lisboa e muitas outras capitais deviam adoptar este exemplo e servir-se da 7ªArte para viajar além fronteiras. Já é tempo de tranpormos também nós as barreiras da língua, da cultura, das emoções, e emprestar-mos a nossa visão de Portugal ao espectador do mundo...

E porque não um olhar pela lente do cinema..?!

 

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Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

O samba da Presidência Portuguesa

 

 

   Inês Lopes 

C9 – Delegação Portuguesa junto da OCDE - Paris

 

A Presidência Portuguesa da União Europeia, que agora se inicia, será marcada pelas questões institucionais. Depois de ter sido aberto o caminho no último Conselho Europeu, Portugal herda a importante tarefa de elaborar o Tratado que deverá ser aprovado na cimeira a ter lugar em Lisboa de chefes de Estado e de Governo da União (motivo pelo qual já está a ser apelidado, talvez de uma forma precipitada, de “Tratado de Lisboa”).

Apesar de relevante, esta não é a única prioridade da nossa Presidência. A implementação da Estratégia de Lisboa revista, que constitui um elemento fundamental para fortalecer a criação de emprego, a competitividade e o crescimento das economias europeias, é um outro ponto basilar. As discussões sobre uma redefinição do Modelo Social Europeu (que deverá ser entendido como uma mais valia para a sociedade e não como um fardo para as empresas) tal como sobre uma nova Estratégia de Emprego deverão também ter um lugar de destaque.

No que diz respeito à “Agenda Externa” foi sublinhado no último Conselho a relevância da Cimeira UE-África que terá lugar em Dezembro. Mas existe um outro encontro de especial proeminência, a Cimeira UE-Brasil, que marca o início das “relações privilegiadas” com o nosso “país irmão”.

Com mais de 185 milhões de habitantes e o 9° PIB mundial, o Brasil tem um enorme potencial de crescimento que não tem sido aproveitado, em consequência de problemas estruturais. Apesar da estabilidade do quadro macroeconómico, segundo Fabio Giambiagi (economista e antigo Conselheiro do Ministro do Planeamento) “não têm sido feitas alterações fundamentais no código fiscal, lei do trabalho e sistema de pensões” durante a actual administração. Encontros como este, tal como o reforço da cooperação com organizações internacionais como a OCDE, podem pressionar o “gigante” da América Latina a adoptar políticas que levem à consolidação seu desenvolvimento, tal como a uma maior abertura do seu mercado.

A realização deste encontro durante a Presidência Portuguesa também representa o consolidar das relações entre os dois países. Apesar de nós sermos o “parceiro natural”, a nossa posição não é inquestionável e o interesse do Brasil depende da nossa projecção tal como da nossa actuação nos diversos tabuleiros da política internacional. A nossa relevância internacional também resulta, em parte, do nosso papel de facilitador de comunicação com os países de língua oficial portuguesa.

Com eventos como este gera-se um círculo virtuoso.

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Diversas e interessantes mudanças no palco europeu.

   Cristina Brasileiro, Delegação, Paris, França

 

 

O cenário Europeu tem sido palco de diversas e interessantes mudanças.

Após a rejeição da malograda Constituição Europeia, na primavera de 2005, a Europa caiu num impasse político-institucional. Desde então muita tinta tem corrido, fruto da análise da situação e da reflexão sobre a Europa e suas instituições, os objectivos a atingir e o percurso para os alcançar. Sai fortalecida, porém, a importância de uma Europa unida, solidária, capaz de assegurar o desenvolvimento económico e com um papel credível na cena política internacional.

 

Perante o chumbo do projecto da Constituição Europeia, pelos franceses e holandeses, e na tentativa de salvar o mesmo projecto, foram avançados alguns elementos que estariam na origem da discórdia. No entanto, na opinião de muitos o “não” manifestado nas urnas não se dirigia ao projecto de uma Constituição europeia nem ao seu conteúdo, mas representava um sinal de insatisfação face aos respectivos governos. Esta tem sido, aliás, a opinião consensual dos franceses que tenho conhecido durante a minha estadia em terras gaulesas e aos quais relanço a questão. Não posso, porém, daqui tirar grandes ilações devido à reduzida dimensão da amostra mas fica no ar a sensação de descontentamento face ao governo do ex-presidente Chirac e algum desconhecimento face ao texto da defunta Constituição Europeia.

 

Não obstante as várias interpretações possíveis, foi consensual a dificuldade em ratificar um texto desta importância atendendo às diversas constituições e processos políticos dos estados membros. Em resposta ao marasmo, surgiram algumas vozes defendendo um tratado simplificado como resposta ao problema constitucional. Uma delas, possivelmente a mais energética, foi a do presidente francês Nicolas Sarkozy que se desdobrou em encontros e iniciativas com vista a um acordo entre os 27 membros da União Europeia, intensamente noticiadas nos meios de comunicação nacionais. De facto, o mais recente ocupante do palácio do Eliseu está decidido a marcar o regresso da França ao centro político da Europa, pretensão suportada pelo desejo generalizado dos franceses que, de certa forma, lho exigem.

 

Durante o último Conselho Europeu (21 e 22 Junho) a União Europeia conseguiu chegar a um acordo sobre a substância do vindouro “Tratado Simplificado” que põe termo à introspecção e às batalhas institucionais dos últimos anos. Abre-se, desta forma, caminho a um mandato preciso e claro para Portugal que assume a presidência da EU a 1 de Julho e da qual se espera a redacção do novo tratado no quadro de uma Conferência Intergovernamental. As expectativas em relação à presidência portuguesa são elevadas. A possibilidade de uma rápida e fácil negociação que porá termo à indefinição na Europa corresponde ao melhor cenário possível para a UE e para Portugal que gostaria de ver materializado o Tratado de Lisboa.

 

Na minha opinião, a Europa precisava de uma constituição que defendesse um conjunto base de direitos e que garanta o Modelo Social Europeu, adaptado ao contexto da globalização. Não se aproveitou o período de reflexão para avançar com reformas mais amplas. O futuro tratado surge como um second-best de aprovação facilitada, quase decalcado da dita Constituição mas desprovido de todos os elementos que lhe conferiam essa característica. Enquanto a Constituição pretendia substituir e concentrar num só texto todos os tratados actuais, o seu substituto limitar-se-á a modificá-los. A meu ver, o processo de integração foi diferido, mas talvez não fosse o momento ideal para dar tal passo.

 

De qualquer forma, ultrapassou-se o imbróglio institucional e foram dados passos importantes para que o resto da agenda europeia possa correr bem. O estado de graça do europeísta Sarkozy e o entendimento, presente, da nova geração de líderes europeus determinados em pôr em prática a sua visão da Europa, podem estar na origem do crescente optimismo europeu que se faz sentir (pelo menos, em França) entre políticos e cidadãos comuns. Polémicas à parte, as dificuldades foram ultrapassadas e chegou-se a um acordo que desbloqueou a situação e do qual se espera uma configuração com bases sólidas, de modo a suportar as reformas futuras necessárias na Europa.

 

publicado por visaocontacto às 17:54
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Domingo, 13 de Maio de 2007

Magic Fil

 Ângelo Dias, Magic Fil, Paris, França.

 

 

A minha primeira experiência internacional foi, como na maior parte dos contacteantes, no âmbito do programa Erasmus. Nessa ocasião eu já sabia, através de amigos que tinham anteriormente realizado o dito programa, que iria ter contacto com diversas culturas. No entanto, para o Contacto, ao saber que vinha para a Magic Fil (ex-marconi) sediada em Paris, pensei que iria lidar somente com pessoas de origem francesa e portuguesa. Não poderia estar mais enganado…
A actual equipa da Magic Fil conta com indianos, argelinos, congoleses, libaneses, tunisinos, portugueses e em menor número franceses.
Cria-se um ambiente de trabalho dinâmico com diversas influências, culturas, religiões e modos de vida onde todos tentamos coexistir sem interferir com os diferentes ideais e forças de estar que caracterizam cada indivíduo e sua cultura.
Algo de bastante interessante é o facto de o Francês ser a língua escolhida para comunicarmos entre nós já que os franceses ocupam, como já foi referido, a nacionalidade menos representada dentro da empresa.
A Magic Fil é um reflexo da cidade de Paris pois aqui podemos encontrar pessoas oriundas de todos os cantos do mundo. A maior parte dos franceses quando ouvem falar a língua de Camões perguntam se é o espanhol, no entanto, após mencionar Portugal podemos ouvir logo falar do Pauleta e do Tiago, jogadores de futebol com uma camada impressionante de fãs em terras Gaulesas.
 
Num local onde existem tantas culturas e influências diferentes, é normal observarmos hábitos que nos parecem estranhos e partilhá-los com os outros contacteantes. No entanto com o tempo começamo-nos a habituar e deixamos de reparar em todas as diferenças que distinguem as diversas culturas existentes e agimos como uma verdadeira equipa em que todos puxam para o mesmo lado.
 
Trabalhar numa empresa cujo público-alvo é, na sua maioria, portugueses emigrados neste país e empresas pertencentes a emigrantes ou luso-descendentes dá-me uma noção do grande número de pessoas do nosso país que escolheram a França para local de emigração. Estamos presentes e representados nesta lindíssima cidade com cerca de um milhão de portugueses o que, após viver aqui durante 3 meses, me deixa bastante orgulhoso.
 
Quanto à cidade de Paris, confesso que me impressionou pela positiva, pois para além de já conhecer a Paris turistíca com todos os locais emblemáticos e com tantas histórias para contar e que merece sem dúvida uma visita, vou conhecendo aos poucos uma outra cidade que se esconde por detrás dos grandes monumentos e que é tão ou mais bela que a Paris que todos conhecem.
publicado por visaocontacto às 15:44
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