Sábado, 20 de Junho de 2009

A Energia Eólica e os mitos na Polónia

 
 
 
Patrícia Silva | C13
 
Martifer Energy Systems
 
Gliwice | Polónia
 
 

O desenvolvimento actual da energia eólica na Polónia face ao desenvolvimento Europeu

 

Muitos países decidiram fixar metas quantitativas ambiciosas para a quota de energia eólica no seu cabaz energético. Actualmente, a geração eólica cobre mais de 20% do sector doméstico de energia na Dinamarca e quase 9% em Espanha, sendo que a demanda coberta pela energia gerada a partir do vento na UE - 25 é de 3,3%.

 

A Alemanha, líder no sector, tem uma capacidade total instalada que excede os 20.600MW; a esta segue-se a Espanha, com mais de 11.500MW. No território da Europa, totalizando, existem turbinas eólicas que perfazem uma capacidade maior que 48.500MW, valor este que tem aumentado consideravelmente a cada ano.

 

A utilização de energia eólica na Polónia ainda se encontra numa fase inicial, sendo ainda um dos países com menor densidade da Europa (capacidade instalada per capita 0,0037 kW, e 0,45 kW/km2).

 

Neste território, actualmente, existem cerca de 142 turbinas, perfazendo uma capacidade de geração de energia total de 463MW no passado mês de Fevereiro. A utilização desta energia no consumo doméstico de energia eléctrica tem vindo a aumentar, como esperado: em 2004 assumia o valor de 0,1% e, em 2008, já conta com 0,51%.

 

De momento ainda não existem projectos de parques eólicos realizados offshore na Polónia, enquanto em países como a Grã-Bretanha, Dinamarca ou Holanda, este investimento offshore é o principal foco no desenvolvimento do sector.

 

 

 

 

Parques eólicos na Polónia

[Imagem: Os parques eólicos distribuem-se mais pela secção Norte, Centro e Sul do país, sendo que as regiões a Este e Sudoeste estão ainda por investir]

 

 

Subsídios para produção de energia eólica na Polónia

 

Actualmente na Polónia, investidores de parques eólicos podem solicitar apoio para a realização dos investimentos da construção destes parques do Fundo da Defesa Nacional de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Poucos parques têm este apoio, pois as regras de concessão de empréstimos e amortização e concessão das garantias, créditos e doações de recursos deste fundo não são especialmente favoráveis para a energia eólica. No entanto, os investidores interessados no financiamento de projectos neste sector podem também inscrever-se nos fundos Europeus 2007-2013, que oferecem a oportunidade de co-financiar projectos em fontes de energia renováveis.

 

Perspectivas de desenvolvimento

 

A necessidade de aumentar a utilização de fontes de energia renovável resulta nas obrigações internacionais da Polónia respeitantes à União Europeia. A adesão à EU e respectivas directivas relativamente a fontes de energia renovável, impõem sobre a Polónia a obrigação de estas participarem com 7,5% no consumo energético nacional bruto em 1010. Por cima de tal valor, está a decisão do Ministério da Economia Polaco, onde consta o aumento desta meta para 10,4% (estes planos dizem respeito à instalação de 2000MW de energia eólica e 2,3% das quotas de produção desta no consumo energético nacional).

 

Futuro mais longínquo

 

Outros objectivos, a longo prazo, após o de 2010, também já estão em curso: a Polónia, à semelhança de outros países membros, trabalha actualmente mediante a determinação de objectivos no âmbito da utilização de energias renováveis para 2020, aprovando (a criação e, consequentemente, negociação com a Comissão Europeia) metas nacionais obrigatórias no âmbito da quota das energias renováveis no cabaz energético até 2020, o que será essencial para o desenvolvimento das FER nos próximos anos.

Apesar de a Polónia estar ainda muito atrás dos grandes (Alemanha, E.U.A., Espanha, Dinamarca...), este país tem um potencial de desenvolvimento significativo. Empresas como a Martifer Energy Systems, Iberdrola Renewables, Invenergy entre outras, estão a apostar nesta região para expandir o seu mercado.

 

Mitos

 

O cidadão comum ainda traz consigo alguns mitos sobre a energia eólica, por exemplo, no que respeita a impactos negativos como o barulho e influência nos pássaros. Claramente, como todas as aplicações técnicas, o funcionamento de uma torre eólica liberta algum ruído (devido à rotação das pás, cada uma podendo chegar aos 45m), mas este, quando as turbinas estão devidamente localizadas, é absorvido pelos arredores (árvores e plantas ao moverem-se com o vento). Estando localizado a 350m de uma turbina em funcionamento, o volume desta poderá chegar aos 40dB. Este valor, comparado com as emissões sonoras do dia-a-dia, é um valor muito reduzido:

Tráfego nas cidades – 80dB

Ar condicionado – 60dB

Restaurante cheio – 70dB

Criança a chorar – 115dB

Aspirador – 70dB

Máquina de lavar – 78dB

 

Por outro lado, existe também o mito de que as torres eólicas em funcionamento são responsáveis pela morte de aves numa grande quantidade. É certo que as turbinas eólicas são um obstáculo para as aves. No entanto, na maioria dos casos as aves conseguem visualizar as torres e adaptar a sua passagem por estes. Também é de ter em conta que as usuais rotas de aves ocorrem a uma altura superior à das turbinas eólicas (150m). De realçar, também, que a influência da energia eólica na mortalidade de aves é ínfima em comparação com outras formas de actividade humana. Em cada 10000 casos, a mortalidade dos pássaros relaciona-se com as seguintes actividades:

Turbinas eólicas - <1

Torres de telecomunicação – 250

Pesticidas - 700

Veículos – 700

Linhas de alta voltagem – 880

Outras formas de actividade humana - 1000

Gatos – 1000

Edifícios – 5500

 

http://www.pnoconsultants.com/http://www.cleantech.com/

http://www.governo.gov.pt/

 

 

http://www.pwea.pl/

 

 

 

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Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007

Polska 2025

   Ricardo Pinho - Mota & Engil, Cracóvia, Polónia.

A indústria ambiental da Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão, ao mesmo tempo que contínua a sua escalada no mercado global, já atingiu o pico de crescimento nestas regiões, chegando mesmo a estagnar. Como resultado, o futuro do negócio do ambiente depende de países em vias de desenvolvimento da Europa do Leste, América Latina e Ásia. Para além disso, a legislação ambiental, um factor vital para o crescimento da indústria, está a ficar cada vez mais restrita na União Europeia (UE). O crescimento desta indústria está em grande parte influenciado pela integração das decisões de gestão com questões ambientais, reduzindo as barreiras ao comércio e aumentando a globalização, logo permitindo uma maior consciência ambiental das mais diferentes problemáticas. Os países da Europa do Leste já avançaram com fortes investimentos em tecnologia ambiental, mecanismos de produção mais limpa no sentido de integração plena com as outras economias da UE.

Apesar de se ter tornado numa economia de mercado, a Polónia teve um árduo trabalho para anular os efeitos ambientais da intensa industrialização da era comunista. Através da adopção de uma política de crescimento económico e desenvolvimento sustentável, a Polónia conseguiu tornar-se numa pujante economia da Europa do Leste com participação na maior parte dos protocolos ambientais. Estas movimentações levaram a que a Polónia se tornasse membro da NATO em 1999 e membro da UE em 2004. Desde a adesão à UE verificou-se a alteração da balança comercial com tendência de crescimento das exportações e maior integração com os países da Europa Ocidental. Uma onda de privatizações trouxe ao mercado um infindável número de pequenas e médias empresas. As exportações e importações aumentaram bruscamente e a taxa de crescimento da economia aponta para um crescimento sustentável de alguns anos. Ao seguir uma política de liberalização do mercado desde 1990, a Polónia tornou-se numa das maiores economias dos países da Europa Central e do Leste com um PIB de 240,4 biliões de Euros em 2005. No final de 1999 a privatização do sector público cobria mais de 60% das empresas que existiam em 1990, permitindo criar emprego para mais de 70% da população activa. No entanto, o sector público ainda tem um grande peso em sectores como a produção de energia eléctrica e gás e também no transporte ferroviário.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável apresentada em 2000, “Polska 2025”, aponta para larga escala de tempo, até 2025, indica o caminho a seguir pela Polónia ao nível social, económico e ambiental. Nesta estratégia manifestam-se as visões para um desenvolvimento sustentável, metas e respectivo enquadramento político; políticas e medidas para a sociedade, com grande enfoque na família, economia e estado polaco, incluindo o estado do ambiente; métodos para implementação e medidas de monitorização. Embora os objectivos não sejam quantificados nesta estratégia, mas em regulamentação anexa, são apresentados apenas alguns objectivos como aumento da taxa de investimento em I&D para 70% do total das despesas do sector. Objectivos como este permitirão à economia um crescimento da ordem dos 4 a 5% ao ano. Estão também definidos objectivos a médio prazo (2010) que permitirão à Polónia enquadrar-se nos standards da UE, e ao mesmo tempo dão oportunidade a empresas da Europa Ocidental a investirem nestes serviços, por aquisições, privatizações ou investimento directo. Estes objectivos definem-se em áreas como consumo de água e produção de resíduos com reduções esperadas de 50% comparativamente a 1990 e consumo de energia com redução em 25% face a 2000.

Estes indicadores mostram claramente o empenho que a Polónia pretende junto da sociedade para estimular um desenvolvimento socioeconómico e ambiental do país. Permitindo a abertura a investimento estrangeiro, seja através de aquisições, participações de empresas estrangeiras, investimento directo ou outras. A concorrência no sector do ambiente é bastante elevada, particularmente no segmento da água e tratamento de efluentes e gestão de resíduos. Empresas estrangeiras desenvolveram parcerias estratégicas com empresas locais e rapidamente penetraram no mercado. Verifica-se também que a urgência no desenvolvimento de infra-estruturas e o apoio dos municípios e organismos governamentais, permitiram o avanço de projectos essenciais e encorajaram a integração com empresas privadas, para fomentar e acelerar o desenvolvimento economicamente sustentável da Polónia.

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Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

O Tratado Europeu, a Polónia e o futuro da Europa…

   Tiago Relvão, Delegação, Varsóvia, Polónia

 

 

 

A Polónia, país onde me encontro a estagiar, é um dos casos de sucesso económico da União Europeia. A dimensão do seu mercado interno (38 milhões de habitantes), a sua mão de obra qualificada e salarialmente competitiva, assim como a sua localização geográfica central, servindo como ponte para outros mercados, são as razões normalmente apontadas para explicar o elevado ritmo de crescimento económico, que no ano de 2006 situou-se nos 6,1%.

Porém, esta mesmo prosperidade económica tem vindo a esconder um mal maior de que este país padece, que é a falta de um governo forte, orientado para desenvolver as necessárias reformas estruturais de forma a que o desenvolvimento da economia polaca se possa processar duma forma estruturada e sustentável. Protegido por esta evolução mais que favorável dos principais indicadores económicos o governo de coligação liderado por Jaroslaw Kaczynski, abdicando de reestruturar os seus sistemas educativo, de saúde e segurança social, carentes de reformas urgentes, tem focado as suas políticas populistas em cruzadas contra a liberdade de orientação sexual, contra a interrupção voluntária da gravidez e numa caça às bruxas decretada contra os antigos colaboradores do regime comunista de há 17 anos!

 

Assim, foi com pouco espanto e alguma apreensão que segui os recentes acontecimentos em Bruxelas, onde se decidiram os termos do futuro Tratado Europeu, receando as orientações mais nacionalistas e pouco flexíveis da Polónia no que diz respeito aos processos de decisão no seio da União Europeia.

A delegação polaca liderada pelo presidente da Republica, Lech Kaczynski, irmão gémeo do primeiro-ministro (o que não deixa de ser caricato…), adoptou uma posição euro céptica e intransigente, opondo-se ao mecanismo proposto da dupla maioria, que se baseia na aprovação de leis no caso de apoio de 55% dos países, desde que representativos de 65% da população, evocando que os países mais populosos, particularmente a Alemanha, sairiam beneficiados.

Temeu-se um desfecho idêntico às negociações para o tratado comercial entre a U.E. e a Rússia, onde a Polónia, evocando o embargo à carne polaca por parte da Rússia, inviabilizou todo o acordo. Durante as negociações ainda houve tempo para o controverso comentário do primeiro ministro polaco em Varsóvia afirmando que sem a Segunda Guerra Mundial e os crimes nazis, a Polónia teria agora 66 milhões de habitantes, em vez dos actuais 38, e poderia ter quase o mesmo poder de decisão que a Alemanha.

 

Após ameaças de exclusão da Polónia das negociações e de reduções de ajudas europeias, foi eventualmente atingido um acordo, em que a posição polaca acabou por sair beneficiada, já que assegurou um mecanismo denominado de compromisso de loannina, que permite a um grupo de países, bloquear uma decisão e possa efectivamente levar a que esta seja reexaminada. A Polónia conseguiu ainda que o novo mecanismo de decisão só entre em vigor em 2014, com um período de transição até 2017.

Todo este episódio leva-me a interrogar-me acerca do futuro da União Europeia, que tem vindo a efectuar reformas profundas nas suas instituições e mecanismos de decisões de forma a acomodar o crescente número de países membros. Até que ponto não se deverá reconsiderar novos processos de alargamento nos tempos vindouros? Até que ponto a União Europeia está preparada para lidar com governos euro cépticos e nacionalistas como o Polaco? Até que ponto se deve alargar a influência das políticas de Bruxelas a outras áreas das políticas nacionais, quando as presentes já afectam diversas susceptibilidades?

É neste panorama de incerteza que Portugal chega à presidência da União Europeia. Estou confiante que durante o seu mandato conseguirá levar a bom porto o processo de elaboração do Tratado Europeu e da sua posterior ratificação, dando assim um contributo decisivo para um futuro europeu mais risonho...

 

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Segunda-feira, 5 de Março de 2007

Polónia, mais uma jornada

Amyn Mangi

BCP

Polónia, Varsóvia



“A mais longa jornada começa com um único passo”, é uma citação atribuída ao filósofo chinês Lao-Tzu (604 a.C. – 531 a.C.). Apesar de com 23 anos ser ainda novo, o primeiro passo da minha jornada já o dei hà algum tempo, aos 17 anos quando decidi que iria tirar o curso em Bristol, no Reino Unido. Curiosamente foi com um livro que tudo começou. O Fio da Navalha de W. Somerset Maugham conta a história de um jovem aviador da 1ª Guerra Mundial que, chocado com o absurdo e fragilidade da vida humana, embarca numa viagem de procura e descoberta intelectual e espiritual.

 

Penso que todos nos guardamos com afecto a lembrança de um professor que nos marcou, quer seja por despertar em nós o amor sincero pelo conhecimento quer seja por nos mostrar como o intelecto quando posto ao serviço de causas nobres pode conseguir resultados extraordinários, ou ainda, simplesmente por ser uma pessoa capaz de nos inspirar de alguma forma. O curioso é que muitas vezes estas pessoas ficam sem saber quão profundamente afectaram a nossa vida, ás vezes só com uma palavra ou um gesto. O “meu” professor recomendou-me o Fio da Navalha e, ao lê-lo, fiquei com vontade de viajar, de sair e descobrir o mundo, as culturas, as pessoas, as comidas, os risos. Quis experimentar a sensação de fazer parte da Humanidade. Lembrava-me do Fernando Namora, quando entrou um dia na Livraria Bertrand no Chiado e, ao ver-se rodeado de tantos livros, “toda à sua volta do chão ate ao tecto”, só conseguia ter um pensamento: “Não vivo para tanto livro”. Pois, aos 17 anos apercebi-me de que não viveria para tanto mundo. Candidatei-me a faculdades no Reino Unido, fiz as malas e, já com 18 anos, comecei a jornada.

 

Viajar é como uma bola de neve. O que custa as vezes é começar, mas depois de se vencer aquela inércia inicial, as coisas como que tomam o seu próprio rumo, ganham uma energia própria e, com um bocado de sorte, sem nos apercebemos, de repente olhamos para trás e já fizemos mais do que ousaríamos ter sonhado fazer.

 

Fast Forward para Marco de 2007, seis anos depois. 7h da manha. Acordo em Varsóvia. Este é o meu apartamento, na Rua Chmielna mesmo no centro de cidade, Os últimos anos foram passados a viver e a estudar lá fora. Para alem de Inglaterra (4 anos), vivi na Austrália (1 ano) – provavelmente o melhor ano da minha vida -, e viajei extensivamente não só pela Europa mas também pela Ásia.

 

Depois de terminar o curso candidatei-me a um programa de estágios internacionais do Icep, o INOV Contacto, do qual ouvi falar pela primeira vez quando conheci uns ex-contacteantes numa viagem a Copenhaga. Não escolhi vir para Varsóvia. Na realidade só fiquei a saber que vinha para Varsóvia uma semana antes de embarcar, já que o meu destino inicial, que também não escolhi, era Atenas.

 

O INOV Contacto funciona num modelo Kinder Surpresa: o candidato não sabe para onde vai, nem tem voto na matéria. Sabe apenas que participa num programa com boa reputação, e que tende a abrir portas e oportunidades profissionais para alem de oferecer a oportunidade de viver e trabalhar no estrangeiro. Depois de uma entrevista com o Millennium e depois de discutir as minhas aspirações profissionais – Banca de Investimento, mais especificamente Fusões e Aquisições, Corporate Finance e Advisory, mas também Mercado de Capitais – falou-se na possibilidade de ir para Varsóvia onde existe alguma actividade na Banca de Investimento e onde o Millennium até é um dos lideres de mercado em IPO’s (levar empresas para a bolsa), em vez de Atenas onde o estagio seria na Banca de Retalho. E cá estou eu, à já quase um mês. As primeiras semanas foram as mais complicadas, a tentar arranjar casa e instalar-me na minha nova cidade isto tudo sem falar a língua.

 

O Polaco é uma língua muito difícil de pronunciar – fiz dois níveis de japonês na Austrália e achei muito mais fácil do que o polaco - e não tem qualquer relação com a nossa ou com qualquer outra de que tenha o mais remoto conhecimento, por isso não existe a possibilidade de aprender por associação. Depois isto não é exactamente a Escandinávia, e quem julga que toda a gente fala inglês, terá uma grande desilusão. Os países a leste da antiga “Cortina-de-Ferro” tem como segunda língua o russo, e os polacos quanto muito falam um bocado de alemão. Claro que há sempre quem fale inglês, nos lugares turísticos e no centro da cidade, mas assim que as tarefas tenham que ver com os pequenos nadas que compõem o dia-a-dia, quer seja comprar uma toalha, ligar para o serviço de assistência técnica ou tratar da Internet lá para casa, o polaco torna-se essencial. Resolvi fazer um curso intensivo de polaco, 3h de 2ª a 5ª feira, depois do trabalho.

 

O estágio está a correr bem ate agora e só promete melhorar. Comecei por fazer um estudo do mercado da banca de investimento na Polónia e agora estou a trabalhar sob direcção do director de Research da banca de investimento do Bank Millennium na Polónia, o Millenium Dom Maklerski, ou Casa de Corretagem Millennium. O Marcin ganhou um prémio da Forbes de melhor analista da Polónia em 2005 e terei concerteza muito a aprender com ele.

 

 

Durante os 9 meses espero ainda fazer rotação na área de Transacções de Mercado de Capitais, que faz IPO’s, apesar de isso estar dependente de haver projectos para cotar empresas internacionais na bolsa de Varsóvia, já que os outros projectos são executados na sua quase totalidade em polaco. O mesmo se aplica a área de Fusões e Aquisições onde o Millennium DM tem ainda uma actividade incipiente.

 

Apesar de ter chegado há pouco tempo ao Millennium já sinto que o tempo que tenho para cá ficar é muito pouco em comparação com aquilo que quero e que tem para me ensinar. Sei que esta experiência dotar-me-á da substância teórica e pratica que me falta para começar uma carreira na banca de investimento. As possibilidades de carreira são infinitas, e podem passar por Portugal, pela Polónia ou mesmo por uma grande praça financeira internacional. Mas para já é viver um dia de cada vez e evitar especular (passe a expressão!).

 

No campo pessoal e social as coisas também estão a correr bem. Os polacos são um povo hospitaleiro e afável. Não se importam de perder uns minutos, umas horas ou uns dias para ajudar alguém que saibam que precise da sua ajuda. Têm uma vontade imensa de se superarem, a eles e à sua atribulada história, e emergir na nova Europa como lideres e vencedores. Nesse aspecto inspiram-me e reforçam o meu próprio entusiasmo a cada de dia que me levanto com a consciência de que lhes levo um pedaço do nosso país. Não que eles precisem de ser convencidos: Os polacos adoram Portugal. De acordo com os dados disponíveis, a Polónia foi o país que mais cresceu em importância para o turismo em Portugal o ano passado (aumentou 61%). O concerto da Mariza no Palácio da Cultura no fim de Fevereiro foi mais uma prova da facilidade que o povo português tem de criar pontes e relações com povos com quem partilha muito pouco. Foi também uma prova do afecto que o povo polaco tem por tudo o que é português. Afinal a musica, a arte, a beleza, o amor, o sentimento, são, como a matemática, linguagens universais.

 

Estou aqui á um mês e confirmo aquilo que tenho vindo a constatar os últimos 6 anos. Viajar por lazer e turismo é óptimo, claro. Mas viver nos países, acordar, ir comprar pão, tratar dos recadinhos, trabalhar e socializar num pais é uma experiência incomparavelmente mais profunda, complexa, difícil e enriquecedora do que meramente passar uma ferias e ficar hospedado num hotel. O problema é que nem sempre é possível harmonizar esta vontade de viajar e conhecer o mundo, as pessoas, as línguas e as culturas com os nossos outros objectivos, nomeadamente os profissionais.

 

O Inov Contacto oferece aos jovens portugueses essa possibilidade. Satisfaz-nos a nossa wanderlust ao enviar-nos para lugares inesperados ao mesmo tempo que nos oferece oportunidades e experiência profissional de classe mundial. Eu digo que quem ganha é Portugal.

 

 

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