Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009

Descobrindo Leiden

 

Ana Gomes|C13


Rotacional
Noordwijk|Países Baixos

Leiden é uma pequena cidade, na província da Holanda do Sul. Desengane-se quem pense que estou a referir-me ao sul da Holanda, coisa que é completamente diferente! Passo a explicar, para muitos de vós que tenham a mesma dúvida, (eu também cometi o mesmo erro, quando cá cheguei): Holanda são apenas duas das doze províncias, Holanda do Norte e Holanda do Sul, dos Paises Baixos, sim este é o nome correcto!

Leiden é uma cidade histórica nos Países Baixos e isso é comprovado pela aquitectura das casas, tendo a casa mais antiga sido construida em 1375-1370, onde é actualmente o American Pilgrim Museum. Os museus em Leiden oferecem uma incrível gama de natureza, arte e cultura, com exposições, workshops e eventos excepcionais que dão vida às colecções.

É conhecida por ter a universidade mais antiga do país, datada de 1575. Foi nesta cidade, a 15 de Julho de 1606, que nasceu Rembrandt, considerado um dos maiores pintores da história da arte europeia. Período que os historiadores chamam: A Idade de Ouro holandesa, que corresponde aproximadamente ao século XVII.

Leiden está, convenientemente, localizado no coração do Randstad, parte ocidental dos Países Baixos, que inclui as quatro principais cidades Holandesas: Amesterdão, Roterdão, Haia (Den Haag, em holandês) e Utrecht. As praias ao longo da costa do mar do Norte são apenas a 10 km de distância e do Aeroporto Schiphol dista apenas 20 km.

  

 

 

The very best of….

 

A solução mais fácil, numa visita a qualquer cidade nos Países Baixos, é alugar uma bicicleta e percorrer a cidade, pois assim entra-se no espírito da verdadeira cultura holandesa e há a possibilidade de percorrer a cidade sentindo os seus encantos. Não há nada mais emocionante do que, num belo dia de Junho, percorrer a cidade, com um mapa com os sítios mais importantes.

Keukenhof é o parque mais visitado na Holanda e onde estão reunidas as mais belas e curiosas tulipas, entre outros variados tipos de flores. Fica a 15km de Leiden e pode ser visitado (2010) entre 18 de Março e 16 de Maio. Pode-se ir de bicicleta ou de autocarro (Autocarro 54 na Centraal Station Leiden)

As tascas a não perder são: Omonia, restaurante grego que fica situado na Haarlemmerstraat (rua das lojas), muito apreciado pelos locais, sendo o Sr. Demitri muito acolhedor. Logo ao lado há o International Pub Bad Habits, onde se pode ver jogos de futebol. Na mesma rua existe a tasca de um Turco, também muito agradável. A não perder na praça Besstenmarket junto à estação, possui dois restaurantes de panquecas, um junto ao Mc Donald’s e outro junto ao restaurante Asian Palace. Nessa mesma zona é agradável ir ao Café Pettersson, situado num Barco, óptimo para passar uma tarde a ler.

 

Os bares mais conhecidos são: Einstein (www.einstein.nu, quarta-feira dia de “International Student Network” www.isn-leiden.nl); Odessa (www.odessa.nl, segunda-feira noite de estudantes); City Hall (www.restaurantcityhall.nl, ideal para um sábado, fica no edifíco da Câmara Municipal); In Casa (www.danssalonincasa.nl, perto do “Valk Windmill”/Estação Central de Leiden, ideal no fim-de-semana); CCO (www.cocleiden.nl, é um bar para gays e lésbicas, onde também se organizam eventos anuais para esta comunidade).

Uma nota importante, todos os bares/discotecas fecham à 1:00h durante a semana e às 2:00h, na Sexta-feira e Sábado, no entanto pode-se ficar lá dentro, apenas quem sai não volta a entrar.

Hotéis em Leiden: Tulip Inn Leiden Centre; Kasteel Oud-Poelgeest; Hotel-Restaurant De Beukenhof; Holiday Inn Leiden; Golden Tulip Leiden Centre; Hotel de Doelen; Hotel Nieuw Minerva; Bastion Hotel Leiden/Voorschoten;  Hotel Leiden; Marienpoel Hotel.

Restaurantes em Leiden: El Gaucho, Asian Palace, Einstein, Buddha's e De Malle Jan, são bastante conhecidos no centro.

Sítios a visitar:

1-      Hortus botanicus Leiden (University Botanical Garden www.hortusleiden.nl)

2-      Rijksmuseum van Oudheden (Museum of Antiquities www.rmo.nl)

3-      Naturalis ( Museum of Natural History www.naturalis.nl)

4-      Museum Volkenkunbde (National Museum of Ethnology www.rmv.nl)

5-      Stedelijk Museum De Lakenhal (Golden Century Art www.lakenhal.nl)

6-      SieboldHouse (Japanese Art www.sieboldhuis.org)

7-      Boerhaave Museu (Science/Medicine www.museumboerhaave.nl)

8-      Valk Windmill (www.molenmuseumdevalk.nl)

9-      American Pilgrim Museum (ww.rootsweb.ancestry.com/~netlapm)

10-  De Burcht (www.deburchtleiden.nl)

11-  Pieterskerk (Oldest city church of Leiden www.pieterskerk.com)

12-  Keukenhof (www.keukenhof.nl)

A não perder o museum night in leiden www.museumnachtleiden.nl (Este ano a 4 de Julho,  desde as 20:00h até à 1:00h, podem visitar 7 museus por 10€)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A não perder:

 

- Mercado que se realiza todos os sábados. Encontra-se de tudo, peixe fresco, queijos típicos de Gouda (cidade próxima), as famosas bolachas holandesas (que, cá para mim são belgas) têm um sabor fantástico a mel e caramelo. Se quiserem uma experiência local a melhor hora é às 10:00h, e aproveitar para beber um coffee (latte macchiato) no café Van Engelen (fica em frente ao V&D, centro comercial) e passado 1h percorrer o mercado. É a não perder quando, pelas 11:00h, se vê holandeses a comer Haring (peixe crú) e Kibbeling peixe frito, bem como as batatas fritas com maionese. Tentem encontrar o Draaiorgel, instrumento musical tradicional holandês. Aqui neste espaço, encontra-se a Coornbrug ou Corn Bridge, primeira ponte do rio Rijin em Leiden. (Fica a 10m a pé, da Estação Central)

 

 

 

 

-Poemas de parede que podem ser encontrados nas fachadas das casas, para mais informações ver o site:

 

 

 

http://www.muurgedichten.nl/wallpoems.html “The Wall Poemas” que fornece todas as informações. (quem me dera ter encontrado este site antes, poupava muito trabalho na procura destes poemas, cansei-me na procura de um português e eis que encontrei só um, Álvaro de Campos (Vliet 46, Leiden NL), apesar de este site indicar três.

 

 

 

 

Espero, com este breve resumo, ter despertado o interesse dos que lêem, para uma visita a esta bela cidade holandesa.

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Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

Uma Viagem entre a Andaluzia e Portugal

Tânia Maia Machado | C13
Turismo de Portugal I.P. - AICEP Portugal Global
Madrid | Espanha
 

Espanha é um país sábio na actividade turística, não sendo por acaso um dos Países mais visitados do Mundo, e que mais receitas gera.

 

A oferta diversificada dos produtos turísticos, a criatividade dos produtos complementares, tal como a Animação Turística, satisfazem as diversas motivações de um turista. Estes, ainda são surpreendidos pela capacidade de improvisação e adaptação do mercado, face à global conjuntura económica.

 

Actualmente a Criatividade e a Inovação são Factores Críticos de Sucesso perante a conjuntura económica. E como o velho ditado diz: “Há males que vêm por bem ”. A crise é uma mudança benéfica que desperta a monotonia do sector, reinventando-se e afirmando-se como nunca antes. É uma luta constante, mas não feroz, na actividade promocional. Os espanhóis não prescindem das férias, dos momentos de evasão, procuram alternativas low cost e experiências nunca antes vividas. Abram alas à imaginação…

Vamos conhecer um pouco a realidade de Espanha, e concretamente da Andaluzia, para descobrir em que pontos Portugal pode aumentar a sua vantagem competitiva como destino turístico por excelência, perante a actual situação económica, aproveitando a proximidade geográfica e virtual.

 

ESPANHA

A maioria das viagens dos residentes foram realizadas em períodos de fim-de-semana e de férias. O próprio país é o destino preferido em 92,9% das viagens realizadas (turismo interno), sendo apenas 7,1% as viagens realizadas ao exterior (turismo emissor).

Uma característica habitual nas viagens dos residentes em Espanha, é a importância do turismo inter-regional. Determinadas comunidades optam maioritariamente por viajar dentro do seu território, a Andaluzia concretamente, apresenta 80,8% do seu turismo interno como intra-regional. Apenas 9,1% dos andaluzes saltam das suas fronteiras à descoberta do estrangeiro.

 

ANDALUZIA

Seguem-se dados importantes para entender a relevância da captação deste mercado:

 

É a Comunidade Autónoma Nº 1 em:

- População.

- Destino receptor de turismo nacional.

-  Destino de férias de Verão.

- Receptor líder em excursionismo.

-  Acréscimo de viagens (0,6%).

 

O meio de transporte mais utilizado para aceder ao destino é o carro (89%).

      

O método de organização da viagem independente é o seu preferido (88,1%).

 

Mais de 2/3 dos andaluzes compram o alojamento através da Internet, procuram informações concretas do destino e seus produtos turísticos, e 10,4% reservam outros serviços. A compra de meio de transporte representa 44,7% (preferencialmente voos low cost).

 

Quanto ao alojamento, recorrem em 46,2% a hotéis e pensões. Tão importante como este, é o alojamento não hoteleiro, ou seja, apartamentos, casas, chalets com um peso na ordem dos 43,7%.

 

- O gasto turístico médio por pessoa e por dia ronda os 46,26€.

 

- O gasto dos turistas rurais andaluzes é superior ao da média nacional (165,80€). Nove em cada dez turistas rurais têm a intenção de  conhecer novos mercados.

 

- Os turistas andaluzes apresentam um grau de fidelização elevado (88%).

 

As actividades mais importantes realizadas pelos turistas na Andaluzia foram: compras (71%), passear pelo campo (54%), praia (51,7%), visitas culturais (47%), salir de copas (41,8%), e gastronomia e vinhos (38,6%).

 

Analisado este cenário, verificamos que, este mercado emissor é caracterizado pela autonomia na decisão do destino a visitar e com poder de compra. A proliferação das novas tecnologias, do formato Web 2.0, o uso do transporte privado e a ausência da consulta de intermediários no processo de compra, reforça a importância dos Organismos Oficiais de Turismo para promover o destino, a marca Portugal e captar este segmento de mercado.

 

Por que não seduzir os andaluzes, a saír da sua redoma, a visitar o surpreendente, o moderno, cosmopolita, saboroso, divertido PORTUGAL, aqui tão perto, mesmo ao lado? Portugal Convida… E o Turismo de Portugal, IP tem realizado esforços consideráveis nesse sentido.

 

PORTUGAL

Como consta no Travel&Tourism Competitiveness Report 2009, Portugal assume-se no ranking dos 20 países mundiais, mais atractivos e competitivos, ocupando o 17º lugar, sobressaindo as  excelentes infra-estruturas rodoviárias, a hospitalidade, a óptima relação qualidade/preço das super-estruturas turísticas.

 

Outro facto a destacar: o Turismo de Portugal subiu ao pódio em 1º lugar, com o prémio de melhor Organismo Oficial de Turismo Europeu, na edição de 2008, dos World Travel Awards (WTA), os Óscares do Turismo.

A actividade turística é a única capaz de gerar resultados positivos a curto e médio prazo, na economia. Seguem-se alguns exemplos de actividades que o Turismo de Portugal tem realizado, que contribuem para este efeito, através da divulgação do destino e marca Portugal:

 

-   Quinzena Gastronómica nos El Corte Inglês do país, em Junho.

-   Campanhas Publicitárias em diversos meios, realizadas na Andaluzia, que atraem não só os Andaluzes, como também os turistas estrangeiros que aí veraneiam.

 

As actividades acima mencionadas proporcionam uma experiência vivencial ao turista, pelo que, é fundamental gerar aproximação, para fluir uma boa campanha de Marketing Word of Mouth, com baixos custos associados. Os eventos são um mote de atracção, ajudam a atrair mais turistas, aumentam a sua permanência média no país e são divulgados boca a boca, e através das novas redes sociais.

 

Exemplo de outros produtos que poderão fortalecer a relação turística entre a Andaluzia e Portugal são:

- As Rotas do Legado Andalusí, que percorrem a Andaluzia, passando pelo Algarve e Alentejo – descobrem zonas menos turísticas, aldeias encantadas e desenvolve o efeito económico multiplicador nas regiões associadas.

 - Festivais de Verão, a um preço inferior aos festivais de Espanha, com as mesmas bandas, Por exemplo, um grupo de amigos que venha ao Festival Sudoeste, diverte-se, coloca fotos nas suas redes (Hi5, facebook…), mostrando assim à comunidade internauta o país. Bem como, pode fidelizar-se este segmento, os jovens de hoje são os adultos de amanhã.

 

Portugal é um país a descobrir, com beleza inigualável. Muito mais há a mencionar. Vamos descobrir também nós próprios o nosso Portugal, visitem-no em: http://www.descubraportugal.com.pt/edicoes/tdp/index.asp

 

DESCUBRA UM PORTUGAL MAIOR

-   Presença na FITUR, com o tema: Portugal escenario de grandes eventos.

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Sexta-feira, 26 de Setembro de 2008

O desafio de um Turismo Sustentável Vs A ameaça de um Turismo INsustentável

   Bruna Galante Santos   |   C12

 

  

 

   Efectivo Consultoria e Investimentos

 

  Cabo Verde

 

 

 

O potencial de Cabo Verde para o desenvolvimento do Turismo, está directamente ligado às boas condições geográficas, humanas, culturais, climatéricas e paisagísticas, associadas à ausência de conflitos políticos e étnicos ou religiosos.

O actual Plano Nacional de Desenvolvimento considera o Turismo como uma das prioridades do Governo, e tem como objectivo criar uma imagem de marca forte e competitiva.

A procura de Cabo Verde como destino turístico aumentou 11,2% em 2007, face ao ano anterior (INE). Entraram nos estabelecimentos hoteleiros de Cabo Verde 312,880 hóspedes, contra os 280,582 de 2006, totalizando 1.432,746 dormidas, mais 4,7% do que em 2006. Sendo certamente o mercado da Macaronésia com mais possibilidades de crescimento, a diversidade do seu território, oferece conjuntamente; Turismo de Sol e Mar, Turismo Cultural e Turismo de Montanha, tornando este pais africano numa enorme e prometedora potência turística.

O Turismo é já considerado o “Petróleo” de Cabo Verde, pelo que se torna imperativo tornar esse “petróleo” renovável, e para isso é imprescindível que se adopte uma estratégia turística sustentável, que envolva responsabilidade social, e um forte comprometimento com o meio ambiente, integrando a população local.

A promoção deverá adoptar uma perspectiva de longo prazo, assente numa estratégia turística ecologicamente equilibrada, numa eficiência económica e numa equidade social. A problemática do ambiente, deverá ser entendida no seu sentido mais amplo, englobando tanto a perspectiva preservacionista como a do desenvolvimento sustentável.

Cabo Verde criou um código de Conduta do Turismo Sustentável, definindo objectivos na Gestão de Recursos e na competitividade do sector. Mas para além da criação de legislação, será necessário que haja capacidade de execução e de fiscalização, bem como um compromisso moral e ético que vá além das leis que regulam esta actividade.

Não se deve esquecer que o turismo é muito mais que uma indústria de serviços, trata-se de um fenómeno com repercussões significativas no meio natural e construído e também no bem-estar cultural das populações receptoras.

A aposta no Turismo Sustentável é, claramente vantajosa para Cabo Verde, tanto para o ambiente como para as populações, pois para além de fomentar a compreensão do impacto do Turismo, também evidência a necessidade de adopção de estratégias de planeamento e ecoturismo, nomeadamente a nível das infra-estruturas.

A utilização sustentável dos recursos associada a uma política racional de conservação desses mesmos recursos, são pré-requisitos essenciais à sua plena exploração. No caso particular do turismo, é essencial apostar num desenvolvimento sustentável.

Entre as medidas mais urgentes estão: a economia da água e a sua reutilização, gestão de recursos energéticos, exploração das energias renováveis, tratamento de resíduos sólidos e líquidos, optimização dos recursos ambientais e naturalmente a consciencialização da população.

Pesquisas recentes demonstram que os turistas escolhem os seus destinos de férias sobretudo com base no Clima, segurança, acessibilidade e preço, porém critérios éticos como a consciência ambiental e as condições de trabalho assumem cada vez mais importância nessa decisão. A tendência é que esses critérios ganhem cada vez mais importância, pelo que a oferta turística deverá adaptar-se a estas novas premissas.

De acordo com a ONOTUR – Câmara de Turismo de Cabo Verde, que se assume como entidade promotora de um turismo sustentável, “os critérios éticos, sociais e ambientais são cada vez mais um factor de decisão para os consumidores do Turismo, em especial os mais esclarecidos, que buscam a qualidade nas suas múltiplas facetas”.

Cabo Verde encontra-se actualmente no momento em que pólos de atracção turística como as Canárias, se encontravam á 20 anos.

Será Cabo Verde capaz de atingir os limiares do exponencial turístico sem incorrer nos mesmos erros que assolam actualmente as Canárias?

Será Cabo Verde capaz de aproveitar a oportunidade de aprender com as fragilidades do Passado? Com os erros de outros? Será Cabo Verde capaz de avançar com uma proposta real e eficaz, salvaguardando o turismo sustentável? Será que todas as ilhas irão sofrer a descaracterização que sofreu o Sal, nomeadamente a Vila de Santa Maria?

A população local deveria ser a primeira a usufruir do Turismo, com a melhoria das suas condições de vida através da criação de instalações de saúde, educação, arborização, estradas, emprego, etc. Isto seria parte dos “dividendos” de um turismo sustentável. Será que é isto que se passa na Ilha do Sal, a mais turística do Pais? Será isto que se irá passar na Ilha da Boa Vista? Será que a Ilha da Boa Vista irá seguir o modelo de turismo massificado, desordenado, descaracterizado e Insustentável do Sal?

Mais alarmante que isso, será que a Ilha da Boa Vista já não está a seguir esse modelo? Infelizmente, tudo indica que sim. Muito em breve irá ser inaugurado mais um MEGA Hotel, que no Pico do Verão terá diariamente quase metade da população da Boa Vista, o que somado aos hóspedes dos restantes hotéis da ilha, irá totalizar mais turistas que residentes.

Teoricamente até seria bom para a economia local, mas na prática as receitas provenientes do turismo quase nem chegam a sair do hotel, já que à semelhança do que acontece em muitos dos hotéis do Sal, este irá funcionar em regime de “all inclusive”.

Lamentavelmente o impacto que uma infra-estrutura destas proporções terá na vida local, será devastador, não só a nível ambiental, como também a nível social.

O Hotel irá situar-se na primeira linha costeira, destruindo Dunas que deveriam ser intocáveis. Como acontece no Sal, também aqui não há qualquer tipo de preocupação ecológica. A Boa Vista é o local procurado por centenas de Tartarugas Marinhas para a desova. Estas Tartarugas encontram-se actualmente em vias de extinção. Será que este tipo de Turismo não irá ter consequências também neste campo? Seria mais vantajoso para Cabo Verde a adopção de um Turismo de Qualidade em detrimento do actual modelo virado para o turismo de massas, de quantidade.

O Turismo Sustentável é uma excelente fonte de receitas e desenvolvimento, Cabo Verde não deve desperdiçar todo o seu potencial num turismo que beneficia unicamente um grupo restrito de indivíduos e grupos económicos.

Relembrando a conhecida equação do Eco-desenvolvimento discutida no âmbito da conferência de Estocolmo, trata-se de reafirmar a pertinência do triângulo “economia”, “ambiente” e “sociedade”, ou seja, na adopção de uma política de Turismo Sustentável, deverão ser implementadas estratégias de desenvolvimento economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente justas.

 

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Segunda-feira, 11 de Junho de 2007

Portugal - Porta da Europa.

   Isabel Tavares

Grupo Pestana, Madrid, Espanha.

 

 

Quando me foi pedido para participar nesta edição da Newsletter Visão Contacto não levei muito tempo a decidir: gostaria de reflectir sobre as diferenças de atitude perante o turismo entre o meu país, Portugal e o país que me vai acolher durante 9 meses (Espanha). Mas como faze-lo? Foi então que me lembrei do meu primeiro dia de estágio em Madrid e da conversa que tive com Rafael Moreno.
 
Rafael tem 54 anos, dupla nacionalidade (espanhola e francesa) e diz-se apaixonado por Portugal.
Trabalha em turismo há 28 anos. Está desde Janeiro de 2004 no grupo Pestana e Pousadas de Portugal, trabalhou 10 anos nos Paradores de Espanha e 15 anos em França onde passou por várias empresas do sector do turismo. 
Quem melhor do que ele para me responder a algumas duvidas sobre a diferença de actuação entre Espanha e Portugal na promoção turística? 
 
Decidi então propor a Rafael Moreno uma reflexão conjunta sobre este tema. Uma pequena conversa entre duas pessoas com experiências completamente diferentes: uma com uma vasta experiência no sector e outra que começa agora a dar os primeiros passos.
Este profissional da área do turismo falou-me, de forma clara e realista, sobre as diferenças de atitude entre estes dois países, o que acabou por confirmar algumas ideias que já tinha sobre o tema.
 
Primeiro, falámos sobre Portugal. Como está o país em relação ao turismo? Para Rafael, apesar de não ser uma potência turística, o nosso país está numa boa situação.
 
A Espanha apresenta-se por isso como um bom cliente turístico para Portugal. Tem uma população de 45 milhões de habitantes e é neste momento a 7ª ou 8ª maior economia do mundo: “o Espanhol tem dinheiro para gastar e por isso pode escolher qualquer destino de férias”. “A grande conquista de Portugal tem que ser o cliente espanhol”. Mas, Portugal ainda está a dar os primeiros passos nessa conquista, uma tarefa que não se têm mostrado fácil.
Os maiores concorrentes de Portugal são sem duvida a as comunidades autónomas espanholas: só 15% dos espanhóis goza férias fora de Espanha, os restantes optam por visitar as outras comunidades e a escolha de destinos estrangeiro recai sobre países como França, Marrocos e Turquia.
 
Porque é que Portugal não está entre as primeiras escolhas dos espanhóis? Rafael aponta, entre outros, dois grandes motivos. Em primeiro lugar, a proximidade. Portugal estará sempre ali e os espanhóis poderão visitá-lo a qualquer momento, ou seja, a viagem é adiada em detrimento de outros destinos. O outro, é o desconhecimento dos espanhóis sobre o que o nosso país tem para oferecer.
Ora, se quanto ao primeiro motivo a solução passará por nos apresentarmos aos espanhóis como um pais ibérico que partilha a mesma “terra”, a mesma história, parece-me que em relação ao segundo temos uma maior responsabilidade. O que estamos a fazer mal? Ou o que não estamos a fazer? Para Rafael a solução passa pelas seguintes acções: “redobrar a promoção em Espanha, aumentar as parcerias de promoção conjunta do destino Península Ibérica e aprender com o exemplo espanhol”.
Em relação à promoção conjunta da Península Ibérica, já foram dados os primeiros passos na promoção deste destino em países longínquos como Brasil, EUA e alguns países asiáticos. A este propósito, penso que é interessante a imagem usada por Rafael Moreno: “Independentemente de tudo, estamos a falar de negócio/dinheiro, não adianta ficarmos presos ao passado é necessário evoluirmos, saber jogar e para isso a Espanha é o melhor parceiro que Portugal pode ter. É verdade que ao jogar com alguém posso sempre perder uma ou outra partida, mas a realidade é que essa pessoa está em minha casa a jogar comigo”.
 
É apoiado na vasta experiência no sector do turismo que Rafael apresenta sugestões concretas.
Primeiro, as regiões de turismo portuguesas têm que começar a trabalhar melhor em conjunto, ter uma estratégia comum, manter acções independentes, mas coordenadas. Em Espanha, este trabalho começou a ser feito à 15 anos e, neste momento, quando participa em feiras internacionais de turismo, cada uma das regiões tem o seu espaço na feira. Na realidade, são 17 forças de venda a promover um só país.
Segundo, e mais importante, a comunicação do produto “Portugal” tem que melhorar.
Tem que, de uma vez por todas, deixar de passar uma imagem de país triste. É elementar: “o produto pode ser muito bom mas se não tiver uma boa montra, ninguém vai entrar na minha loja para o comprar”.
Novamente, recuperando o exemplo de Espanha, se perguntarmos a um estrangeiro o que se faz neste país, a maioria dirá que se diverte, um país de “Fiesta”.
Durante anos, o nosso vizinho tem apostado em passar a imagem que Espanha é um país alegre e de diversão. Este esforço tem sido reforçado pelos cidadãos. O governo espanhol “montou” uma estratégia forte de consciencializado dos cidadãos espanhóis para que estes sejam abertos ao turismo, para que tenham a noção que são eles o melhor produto que a Espanha tem para oferecer.
 
Em suma, para Rafael Moreno, a mensagem a passar é simples: “É certo que Portugal é um país de mar, mas é necessário mudar slogans como “Profundo” (Go deeper). Esta é uma expressão delicada e com uma conotação algo pesada, a mensagem deve ser mais positiva, mais alegre. Novamente, Rafael dá o mote: “Portugal tem que ser a Porta da Europa, tem que estar de braços abertos para receber os visitantes”. Sobre isto, acrescento que talvez esteja na hora de passar de descobridores a descobertos.
 
Muito ficou por falar, mas a conclusão é simples: na minha opinião, estamos no bom caminho mas temos que mudar o nosso “Fado” e acreditar que somos capazes, tal como outros um dia foram.
Rafael Moreno, termina com o ditado espanhol “ A quién buen árbol se arrima, buena sombra le cobija” – “Quem a boa árvore se encosta, em boa sombra se abriga”.
Eu finalizo com a ideia que não temos que ser os primeiros em tudo. Tão eficiente como descobrir uma nova maneira de fazer algo é aprender com quem já sabe fazer e, quem sabe, até melhorar…
 
Obrigada Rafael e toda a sorte do mundo!
publicado por visaocontacto às 17:08
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Costa do Sol - Qualidade de vida e serviços.

   Mariana Mesquita, Câmara Hispano Portuguesa de Comercio e Industria, Málaga, Espanha.
No passado dia 8 de Maio fui convidada a assistir a uma mesa redonda sobre “Costa do Sol. Qualidade de vida e serviços” organizada pelo “Grupo SAR”[1] da inauguração do complexo Adorea Benalmádena. por motivo
O objectivo desta mesa redonda foi apresentar as várias opiniões sobre as características e vantagens competitivas da Costa do Sol como destino turístico (convencional e residencial) e reflexões sobre o seu posicionamento no âmbito nacional e internacional. 
Foram oradores o Decano do Corpo Consular em Málaga, Dr. Bruce McIntyre, o Dr. Fernando Fraguas, Gerente do Plan Qualifica, o Dr.Iñigo Orbaneja, Presidente de Honra do Centro de Iniciativas Turísticas de Marbelha, o Dr. Tom McGrath, membro do Conselho do ISEA (Irish Spanish Economic Association) e o Dr. Higinio Reventós, Presidente do Grupo SAR.
 
Bruce McIntyre iniciou a sua intervenção apontando as principais vantagens da Costa do Sol para a comunidade de residentes estrangeiros: um clima temperado, com um elevado número de dias de sol por ano; um nível de vida confortável e mais barato; infraestruturas bem desenvolvidas e serviços de saúde de alta qualidade.
Fez notar que se verificam algumas diferenças relativamente aos anos anteriores. Por um lado, a subida dos preços no mercado imobiliário está a provocar um decréscimo do número de imigrantes. Por outro, está a surgir uma nova geração de empresários jovens que deixam o seu país de origem e as suas empresas a cargo de sócios de confiança e vêm para a Costa do Sol com as suas famílias. Fez igualmente referência ao crescente número de cidadãos pertencentes à União Europeia que vêm para Espanha à procura de novas oportunidades.
McIntyre considera ainda que, aos preços elevados do sector imobiliário, acresce o risco na compra, uma vez que há uma falta de transparência nos contratos e incerteza relativamente à aplicação de determinadas leis.
Por fim salientou dois aspectos: a importância das autoridades competentes facilitarem a domiciliação dos imigrantes, dando-lhes uma oportunidade de utilizar os serviços a que têm direito, e a importância da aprendizagem de idiomas, quer por parte dos espanhóis, quer por parte da comunidade imigrante que muitas vezes se isola.
 
Iñigo de Orbane foi o segundo orador a intervir, iniciando o seu discurso com a apresentação das perspectivas para o turismo na Costa do Sol.
De acordo com o orador prevê-se um aumento do número de imigrantes de nível económico alto e uma diminuição dos imigrantes de nível económico médio, essencialmente por efeito da subida dos preços no sector imobiliário. Podem distinguir-se dois tipos de turismo: o turismo residencial (a tempo inteiro ou por largas temporadas), e o turismo convencional (estadias por curtos períodos de tempo). O turismo residencial garante a sobrevivência de hotéis e restaurantes na Costa do Sol durante as chamadas épocas baixas.
Iñigo de Orbane terminou a sua intervenção referindo que é necessário haver um esforço para não saturar o mercado com os mesmos serviços, apontando o Grupo SAR como um pioneiro neste mercado, oferecendo um serviço de qualidade focado num “target” específico. Considerando o sucessivo alargamento da pirâmide etária nas faixas mais elevadas, este tipo de serviços fará da Costa do Sol um destino cada vez mais atractivo para este mercado.
 
Seguiu-se a intervenção de Tom McGrath, que, para além de Membro do Conselho da ISEA, é advogado especialista em relações internacionais. Numa curta intervenção referiu que se dedicava ao apoio e acompanhamento de cidadãos irlandeses na compra de imóveis não só em Espanha, como por todo o mundo.
Como já foi referido pelo meu colega colega Luís Lima, estagiário na HP em Galway, no seu artigo intitulado “A aposta irlandesa”, a Irlanda tem experimentado um elevado crescimento nos últimos anos, o que despoletou um aumento significativo do investimento nesta área.
Terminou o seu discurso referindo os principais pontos fortes da Costa do Sol no momento da escolha do destino de um investimento, onde uma vez mais referiu o clima, apontando ainda o número de voos directos Dublin - Málaga (4 voos diários), como outro dos factores determinantes.
 
O Plan Qualifica, tema da quarta exposição, foi apresentado pelo Dr. Fernando Fraguas, Gerente do plano.
O Plano de Requalificação de Destinos da Costa do Sol Ocidental da Andaluzia tem como objectivo estabelecer as estratégias, políticas e actuações necessárias para a reconversão e reposicionamento do destino Costa do Sol Ocidental, de forma a aumentar a sua competitividade no contexto turístico internacional e ao mesmo tempo garantir um ritmo de crescimento turístico sustentável. Este plano representa o resultado de uma análise profunda e reflectida sobre os destinos turísticos que definem a situação actual do “destino turístico Costa do Sol”, a sua evolução no tempo, as estratégias a seguir para um desenvolvimento turístico adequado da zona e por fim, formas evitar os desequilíbrios detectados em anteriores estudos.
Este plano actua sobre 11 municípios, sendo 8 costeiros, e a sua elaboração partiu da definição de 9 estratégias distintas, que em determinados casos apresentam sinergias umas com as outras. São elas:
  1. Revitalização de centros e espaços turísticos (ex. criação de passeios marítimos e soterramento de cablagem no centro histórico)
  2. Qualidade meio-ambiental do destino (ex. criação de ciclo-vias e de programa de poupança de energia aplicada ao turismo)
  3. Modernização das empresas e produtos turísticos (ex. programa de inspecção e controlo turístico)
  4. Diversificação e diferenciação de produtos (ex. painéis web cam de apoio a infra-estruturas turísticas, defensor do turista)
  5. Melhoria de serviços e infraestruturais públicas (ex. aeroporto, linha ferroviária, praias)
  6. Estratégia de inovação e novas tecnologias (ex. melhoria e adaptação tecnológica da oferta turística e Prémio para a Inovação)
  7. Estratégia de qualificação do emprego e formação (ex. programa de qualificação do emprego no sector turístico)
  8. Estratégia de comunicação (ex. renovação da imagem da Costa do Sol, programas de sensibilização dos cidadãos)
  9. Gestão do Plan Qualifica (programa de acompanhamento do plano, estudos e relatórios técnicos para execução do plano)
 
Terminou a sua exposição referindo que este plano tem em vista o aumento da rentabilidade das empresas e da qualidade de vida de turistas e residentes.
 
Dr. Higinio Reventós foi o último orador desta mesa redonda e falou da actividade do Grupo SAR, em especial do projecto ADOREA – moradias com serviços. Com centros em Sevilha, Benalmadena, Girona e uma inauguração de um centro em Fuengirola brevemente, este conceito de moradias com serviços para um público sénior, é uma cópia de um modelo norte-americano.
Este serviço tem como objectivo preservar a independência e a intimidade, ao mesmo tempo que proporciona segurança e apoio aos seus clientes. É, assim, uma nova forma de vida para este mercado-alvo, um conceito que permite que se aprecie as vantagens de uma casa particular, tendo ao mesmo tempo uma variedade de serviços personalizados disponíveis, incluídos ou não no pagamento da quota mensal.
Higinio Reventós apontou as razoes que o levaram a escolher a Costa do Sol para os seus centros: uma boa rede de comunicações, com boas estradas, linhas de caminhos-de-ferro e aeroporto; um clima que proporciona “mais de 300 dias de sol por ano”; e todo o conjunto de serviços de qualidade que a Costa do Sol oferece.
 
No cocktail que encerrou o evento tive a oportunidade de falar com algumas pessoas, nomeadamente com Tom McGrath, com quem discuti o tema do investimento imobiliário irlandês em Portugal. Referiu que, um pouco à semelhança de Espanha, os irlandeses continuam a escolher Portugal no momento de eleger um local para comprar a sua “2ª casa”.
Foi-me apresentado igualmente Javier Fernández-Peña, Director Comercial da Imobiliária Confide no Brasil, onde neste momento prepara o projecto do Playa Mansa Resort[2], o primeiro investimento do grupo espanhol fora da Europa.
Curiosamente trabalhou em Portugal, no projecto da Lusort[3], a empresa de promoção e construção imobiliária que tem actualmente a seu cargo um projecto com um investimento directo de 750 milhões de Euros em Vilamoura.
 
Em síntese, a Costa do Sol conta com uma ampla oferta de serviços, nomeadamente, uma rede de infra-estruturas de alta qualidade, uma boa relação qualidade/preço e um clima privilegiado. A actuação conjunta das administrações públicas e do sector privado permitem consolidar o seu posicionamento, seja através de projectos como o Plan Qualifica ou pela oferta de serviços como os do Grupo SAR, tornando a Costa do Sol um produto “apetecível” para um público “diferente”.


[1]    Grupo SAR é líder na gestão de serviços residenciais e pioneiro na oferta de uma moderna e inovadora plataforma integral de serviços para o apoio de idosos e das suas famílias.
[2]          Playa Mansa Resort contará com 2 hotéis, condomínios, campos de golfe, zonas de entretenimento, zonas de desporto e lazer, entre outros equipamentos.
[3]             Anteriormente denominada Lusotur Imobiliária, foi adquirida no início de 2005 pelo grupo imobiliário espanhol Prasa. Em 2006 a Caixa Catalunha compra 50% da Lusort associando-se à imobiliária Prasa.
publicado por visaocontacto às 17:07
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Os Vinhos no país do Tango.

   Ana Mesquita, Sogrape, Buenos Aires, Argentina.

 

 

 
“Pero siempre he sentido que hay algo en Buenos Aires que me gusta. Me gusta tanto que no me gusta que le guste a otras personas. Es un amor así, celoso”
Jorge Luis Borges
 
Como estagiária do ICEP na Argentina - Buenos Aires, seria impensável falar desta cidade e deste país sem enunciar o grande autor e poeta Jorge Luis Borges que tão bem retratou esta capital no século passado com o seu livro de Poemas “Fervor de Buenos Aires” (1923). E “fervor” será o adjectivo que persiste até hoje nesta cidade considerada a Paris da América Latina, que pela sua diversidade de culturas tem o encanto não só dos argentinos, mas também dos espanhóis, ingleses, franceses, italianos e até judeus que após a Segunda Guerra Mundial se refugiaram neste canto latino-americano. E assim é Buenos Aires, mergulhada num país marcado pela ditadura, pela instabilidade político-social e até recentemente por uma profunda crise financeira. Mas a Argentina é hoje uma roda em movimento a tentar reconquistar o seu equilíbrio e a sua posição na América Latina, estando esse esforço claramente presente num sector que tão bem representa este País: O Sector dos Vinhos.
As “Bodegas” (Caves) Argentinas têm vindo a apostar fortemente no seu posicionamento não só a nível nacional mas também no estrangeiro, sendo em alguns casos o principal mercado, o da exportação.
Considerados como “Vinhos do Novo Mundo”, os vinhos argentinos são sobretudo oriundos da região de Mendoza, localizada nos Andes, e que pela sua especificidade climatérica confere aos vinhos um aroma e sabor inigualáveis.
E será nesta qualidade e tipicidade que as Bodegas alavancam o seu potencial turístico. Com a entrada anual de 3,2 milhões de turistas em território argentino, e com 2% dos visitantes dedicados ao turismo enológico, não será surpreendente o facto de todas as bodegas contarem com um circuito turístico pelas vinhas, pela cave e por fim, com uma prova de vinhos. Mas há bodegas que vão mais longe. Actualmente quem se interessar pela arte do vinho, pode participar na dura jornada das vindimas, na poda das vinhas ou até num curso de vinhos, contando ainda com um restaurante típico da região onde se poderá usufruir dos pratos mais característicos acompanhados pelo vinho ideal para a ocasião. Mas as oportunidades de apreciar esta cultura que é a do vinho, não terminam aqui. Existem inclusivamente bodegas que já contam, entre os seus serviços, com um pequeno hotel, onde na cave, à temperatura e humidade exactas, descansam os melhores vinhos da região. Considerados como verdadeiros “Hotéis do Vinho”, este é já um serviço quase obrigatório para as mais prestigiadas bodegas argentinas, pois é uma excelente forma de, num ambiente cálido e acolhedor, o visitante provar e desfrutar dos melhores vinhos, proporcionando-lhe assim uma experiência única e inesquecível.
Perante todo este esforço de crescimento argentino, será que Portugal pode aprender com os seus exemplos desenvolvendo ainda mais a sua vertente de turismo enológico? Afinal, com a entrada anual de mais 12 milhões de turistas, e sendo o sector dos vinhos um dos mais característicos do nosso país, reúnem-se todas as condições para que sejamos um verdadeiro exemplo nesta área que é o Enoturismo.
publicado por visaocontacto às 17:07
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O sector do Turismo.

   Hugo de Carvalho, Deleg. Icep,  Milão, Itália.

 

O sector do turismo é um dos principais, no que diz respeito ao peso que representa para o PIB nacional e à população activa que emprega, sendo estes pesos de 8 e 10% respectivamente. Estes valores associados a um dinamismo que se tem verificado nos últimos anos no sector do turismo à escala mundial, justificam a atenção que tem sido dada a este sector de actividade económica pelas autoridades nacionais.
 
Nos últimos anos, com o aumento do número de turistas, das receitas que lhe estão associadas, da mão de obra empregue, e os consequentes efeitos multiplicadores que o turismo induz em várias áreas, tem levado os agentes económicos, perante a concorrência internacional, a adoptarem um conjunto de medidas dinamizadoras, especialmente no âmbito da oferta.
A este crescimento não ficou alheio o mercado emissor de turistas italianos para Portugal.
De facto o ano de 2006 foi um dos melhores anos turísticos de sempre para Portugal, tal foi resultado do bom comportamento dos principais mercados emissores, onde se insere a Itália.
Em 2006 o número de dormidas de turistas italianos em Portugal foi o mais elevado de sempre, situando-se nas 945.988 dormidas, o que representou um crescimento de 31% face a 2005.
O caso mais significativo é as visitas de turistas à cidade de Lisboa, uma vez que a Itália é o 3º país com mais dormidas na hotelaria da cidade.
 
É indiscutível que o mercado emissor de turistas italianos para Portugal, actualmente, não pode concorrer com os principias mercados como Espanha, Reino Unido e Alemanha. No entanto, um destino que há uns anos era desconhecido para os italianos, torna-se hoje em dia alvo de grande procura no mercado turístico italiano.
Muito deste sucesso ficou a dever-se à actividade promocional realizada junto do trade e do público em geral. De salientar a relevância dos números atrás apresentados, uma vez que Portugal compete no mercado italiano, com gigantes como a França e a Espanha, que para além de disporem de um orçamento para campanhas de promoção incomparável ao português, beneficiam ainda da proximidade geográfica.
A perspectiva de crescimento do mercado turístico italiano face a Portugal, é um dado adquirido e uma aposta de sucesso, dado que duas das principais barreiras para o seu desenvolvimento, estão praticamente abolidas. São elas, o desconhecimento do país, e a falta de ligações, ou existência mas a preços poucos competitivos, entre os dois países.
Na verdade, não é de estranhar que as regiões que apresentaram um maior crescimento relativamente ao número de turistas italianos, tenham sido Lisboa e a Madeira. Em relação à primeira existem 13 voos diários que partem de 4 cidades italianas para a capital portuguesa, entre os quais um voo de uma companhia low cost.. No que diz respeito à Madeira, existem 2 voos charters semanais que servem a Ilha de Porto Santo.
 
Está prevista até ao final do presente ano a abertura de duas rotas de companhias low cost para as cidades do Porto e Faro.
A existência de boas ligações aéreas entre os dois países ganha especial importância, dado que o turista italiano aprecia as deslocações através das vias terrestres, situação para qual Portugal encontra-se numa posição significativamente desvantajosa, face a concorrentes como: França ,Alemanha, Suíça, Áustria, Espanha, entre outros.
 
Abolida a barreira das vias de comunicação, é possível criar um efeito “passa palavra” que permitirá aumentar a procura turística, não só das principais regiões turísticas portuguesas, mas alargar-se também a outras ainda menos conhecidas do turista italiano.
Portugal dada a sua pequena dimensão, é um mercado ideal para o turista italiano que nas suas viagens ao estrangeiro não circunstancia a sua visita apenas a um lugar ou uma cidade, mas procura sempre um conhecimento mais alargado a nível geográfico e cultural, de tal forma que o Touring constitui a principal motivação para realizar uma viagem.
 
Dentro do turismo dito tradicional, isto é, Sol & Mar, este tipo de motivação para realizar uma deslocação ao estrangeiro não assume pelo turista italiano, um papel tão importante como acontece com os povos do Norte da Europa. Tal conclusão deriva do facto da vasta oferta de localidades balneares existentes no país. No caso português esta realidade também se verifica, em muito devido à inexistência de ligações directas para o Algarve. Situação esta que pode ser alterada ainda até ao final de 2007.
No que diz respeito à experiência profissional desenvolvida na área de turismo da Delegação do ICEP em Milão participei na Bolsa Internacional de Turismo, que decorreu entre os dias 25 e 27 de Fevereiro em Milão. Esta feira sendo uma das maiores da Europa nesta área de actividade, contou este ano com a participação de 120 países e foi visitada por mais de 150 mil pessoas. Portugal fez-se representar pela Delegação do ICEP, pelas Associações de Turismo do Algarve, Lisboa, Norte de Portugal, Direcção Regional de Turismo da Madeira.
Para este ano está ainda prevista no mês de Outubro em Rimini a participação na feira TTG Incontri.
No mês de Maio realizou-se em Milão a apresentação do Algarve como região turística, uma iniciativa do Operador Turístico King Holidays, que contou com a participação da nossa delegação, membros locais da TAP Air Portugal e profissionais de agências de viagens.
No âmbito do trabalho de promoção da Delegação, realizar-se-á no mês de Junho na cidade do Porto, o congresso da Federação Italiana de Agências de Viagem e Turismo (FIAVET) que contará com a participação de 350 agentes do Trade italiano.
No que diz respeito ao trabalho desenvolvido pela área de Turismo da Delegação junto da imprensa até ao momento foram levadas a cabo 16 viagens educacionais pelas várias regiões Portuguesas, estando ainda previstas a realização de um número indeterminado até ao final do ano.
Por outro lado tenho tido contacto com o trade local, uma vez que visitei alguns operadores turísticos no sentido de recolher informações no que diz respeito à situação actual do mercado emissor de turistas italianos para Portugal. De uma forma geral as opiniões são positivas, a tendência é para o crescimento do mercado, traduzido em um aumento da procura quer de produtos quer de regiões, sendo o feedback do turista italiano que visita Portugal, na maior parte dos casos, positivo.

 

publicado por visaocontacto às 17:05
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México - Um mercado a descobrir.

   Cláudio Santos, Deleg. ICEP, Cidade do México, México.

 

Há cerca de 11 horas de avião de distância da Europa (sem contar com as escalas que devemos fazer para quem vem de Portugal), a percepção que nós usualmente temos deste país poderia ser resumido a: praias, tequilla, fiesta, carochas e Cancún. Ledo engano, o México é um país bastante industrializado e desenvolvido, apenas vivendo no obscurantismo quando comparado com os seus vizinhos “todos-poderosos” do norte.
 
A oportunidade de poder estagiar numa delegação do ICEP, neste caso no México, se por um lado me privou de conhecer um típico ambiente de trabalho mexicano, por outro permitiu-me adquirir conhecimentos bastante alargados sobre sua economia e seus diversos sectores.
 
Pode parecer um pouco irreal, mas o México possui números realmente importantes: 14º economia mundial, 5º maior produtor de petróleo, crescimento de 3.5% em 2006, principais multinacionais do Mundo presentes no país. Além disso e segundo um estudo divulgado pela reconhecida consultadoria PricewaterhouseCoopers referente a 2005, a Cidade do México figura na 8º posição entre as metrópoles mundiais com o maior PIB em termos de poder de compra,  projectando-se como a 7º em 2020. Impressionante para quem não tem muita informação sobre este país.
 
Outros factores a salientar, o México, comparativamente com os outros países da América Latina, possui uma economia muito mais aberta, traduzida nos inúmeros acordos bilaterais assinados com outros países (inclusive a União Europeia), sendo o segundo país (depois de Singapura) a assinar um tratado de livre comércio com o Japão. É o país, actualmente, com maior número de acordos de livre comércio no mundo. Também é o país da América Latina que mais recebeu investimentos estrangeiros em 2006 (19 mil milhões de dólares), superando o Brasil como destino favorito.
 
Claro que existem pontos negativos importantes a apontar, como a disparidade da distribuição de renda (20% dos mais ricos detém 55% da riqueza nacional) contribuindo bastante para os índices de criminalidade, e mais especificamente na Cidade do México, o completo caos a nível de urbanização, com excepção de algumas áreas, dos transportes e a poluição. E claro, a ainda excessiva dependência da evolução da economia norte-americana constitui um dos principais entraves para o seu desenvolvimento.
 
O mesmo estudo mencionado anteriormente alerta que o peso económico não é necessariamente a solução. "A Cidade do México, a maior economia entre as cidades emergentes, é acometida por problemas de crime, congestionamento e poluição que fazem cidades menores mas de crescimento mais rápido, como Guadalajara e Monterrey, mais atractivas".
 
Um dos aspectos culturais e que de certo modo bloqueia o desenvolvimento do país pode ser resumido numa expressão muito comum por aqui: ahorita. Esta expressão, numa tradução simples, significa “daqui a pouco” ou “já lhe faço”. Mas para efeitos práticos, o ahorita significa uma “eternidade”. Tudo é feito com bastante calma e lentidão para o padrão europeu, pelo que é preciso ter alguma paciência e encarar tudo isto com naturalidade, como um traço característico deste povo.
 
Sobre sectores específicos do mercado mexicano vistos como oportunidades para a oferta portuguesa, podem-se destacar os Vinhos e o Turismo.
 
A indústria vitivinícola mexicana é uma indústria que, contando o facto de não ser de tradição, tem apresentado vinhos de boa qualidade. Até há alguns anos a ideia de produzir vinho no México fosse uma ilusão. Actualmente, o México entra no cenário dos chamados Vinhos do Novo Mundo, provenientes da Austrália, Chile, EUA, África do Sul, Argentina, Nova Zelândia, e começou a participar nos melhores concursos internacionais. Actualmente o México exporta para pouco mais de 10 países, destacando-se os EUA.
 
Apesar disto, o consumo de vinho entre a população é baixo, sendo que a reduzida parcela de cidadãos com altos rendimentos apresenta preferência pelos produtos importados. No entanto, o México dispõe de condições geográficas e climáticas favoráveis para a produção de vinhos de alta qualidade, o que lhe dá vantagens comparativas principalmente para o mercado de exportação. Este mercado, no qual a participação mexicana é ainda incipiente, apresenta potencial dada a boa relação qualidade/preço do produto mexicano.
 
Os vinhos portugueses encontram uma forte concorrência no mercado mexicano. Como noutros sectores, Portugal sofre pela falta de “marca” e reconhecimento que os seus produtos têm nos mercados internacionais. No caso do vinho, a qualidade do mesmo é conhecida pelos profissionais do sector, mas tal não acontece junto dos consumidores e compradores finais, com excepção do vinho do Porto.
 
Além disto que a concorrência em preço é muito forte e os vinhos portugueses são colocados acima da média da concorrência, factor que pode ser explicado por custos logísticos mais altos devidos pelo menor volume de caixas que entram no mercado quando comparado com os vinhos de outros países, sem contar claro com os custos de fabricação.
 
A oferta portuguesa no sector do turismo não pode promover o país como um destino do tipo “praia e sol”, visto que o México é bastante reconhecido a nível internacional nesta área. Pode-se citar como exemplo, Acapulco e Cancún, pelo que o turista mexicano dará preferência a destinos nacionais, considerando a sua qualidade e também pelo reduzido poder de compra de grande parte da população. Outro facto que bloqueia a promoção de Portugal como destino turístico aqui é a inexistência de voos directos entre os dois países.
 
Considerando estes factos, pode-se dizer que a promoção turística no México deve mostrar Portugal como um destino de importância histórica e cultural. Também o turismo religioso, muitas vezes ignorado pelos agentes do ramo, tem um grande potencial aqui, visto que 89% de sua população de cerca de 100 milhões de habitantes é católica e tem grande devoção pela Virgem de Guadalupe (47% da população assiste a missa semanalmente), que assume importância similar a Fátima em Portugal.
 
O México, como referido no título, é definitivamente um país a descobrir pelos portugueses, não apenas como um destino turístico, mas sim como um país em vias de desenvolvimento e com excelentes projecções de crescimento, podendo ser uma alternativa de investimento aos já tradicionais países do BRIC, e mas especificamente no caso português, a Angola. Um país cheio de oportunidades, rico e diversificado culturalmente.
publicado por visaocontacto às 16:50
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Beijing é místico.

   Susana de Sousa, Group FLO, Beijing, China.

Quando cheguei... um frio imenso, olhares espantados e curiosos, expressões idiomáticas totalmente diferentes das que estava habituada, um trânsito caótico e construções totalmente espantosas fizeram-me cair na realidade: estou na China.

Com os problemas por que este país passou, desde o comunismo exagerado até ao rápido crescimento económico, penso que a China é cheia de contradições. Está tão internacionalizada e, ao mesmo tempo, fechada a certos ideais europeus. Caras marcadas pelo sofrimento, pela falta de condições humanas e não só.   O contraste entre os edifícios mais fantásticos e os Hutongs[i] mais pobres. Beijing é místico, uma cidade com uma cultura riquíssima.

A cultura empresarial é totalmente diferente da de Portugal. Adaptei a minha maneira de pensar e de agir à cultura chinesa. Aprendi a ser mais paciente no dia-a-dia profissional e a ter uma visão globalizada do mundo dos negócios. Apercebi-me também que, com um passado recente tão fechado, a China tornou-se numa super potência, que aproveita todas as oportunidade que surgem para crescer economicamente.

Aqui, a indústria do turismo continua a crescer exponencialmente, estando previsto que em 2020 seja um número record neste sector, de acordo com os dados da Organização Mundial do Turismo (OMT). O turismo chinês representa, aproximadamente, 6,1% do PIB e, segundo a Administração Nacional de Turismo da China, a indústria vai continuar a crescer, no mínimo em 10%, nos próximos 5 anos.

Segundo Zhifa Wang, vice-secretário geral da Administração Nacional do turismo da China, em 2006 a China resgistou 50 milhões de dormidas e recebeu cerca de 35 milhões de visitantes estrangeiros, enquanto o número de viagens de turistas domésticos foi de cerca de 1,4 mil milhões.

É de salientar que, em 2008, a China vai receber os Jogos Olímpicos e realizar, também, a Exposição Mundial China Shanghai, o que vai provocar um maior número de entrada de turistas, de receitas, havendo criação de valor para o país.

No caso dos Jogos Olímpicos, dos 2 milhões de bilhetes que estão disponíveis para venda (o total de bilhetes são 7 milhões), já foi vendido, aproximadamente, 1 milhão. Será que a China, mais especificamente Beijing, vai estar preparada para este acontecimento mundial? Com população que este país tem e a falta de condições básicas em muitos locais, será com certeza um desafio que a China vai ter de vencer.

(informações recolhidas da Publituris, Presstur, WTO, Lusa)



[i] Considerados pelos espcialistas como símbolo da cultura da cidade, os Hutongs são pequenos bairros de Beijing onde os habitantes conservam o modo de viver típico e tradicional da China.

publicado por visaocontacto às 15:33
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Buenos Aires é agora!

   Pedro Curral,

Câmara de Comércio, Buenos Aires, Argentina.

 

Se nunca visitaram Buenos Aires, então esta é a melhor altura para o fazerem. A súbita queda do peso em 2001 tornou uma das capitais mais caras do mundo numa das mais baratas, ao que se pode juntar toda uma energia própria de uma cidade e nação que tenta reerguer-se após uma das mais graves crises económicas da sua história.

 

Culturalmente, a cidade fervilha. Exposições de arte, produções teatrais, concertos de música, desfiles de moda e uma das mais activas indústrias cinematográficas do mundo são impulsionadas por uma força criativa que resulta da esperança que existe em cada argentino de melhorar o estado das coisas, e também do dinheiro que é investido dentro da Argentina.

O Tango, um dos grandes ícones da cultura argentina. Espectáculos pela cidade durante toda a semana. Nos bairros mais típicos, como San Telmo e La Boca, pode assistir-se ao tradicional e genuíno tango, em espectáculos de rua. Uma das danças mais sensuais e eróticas que já presenciei, impossível de descrever por palavras, e que para ser entendida precisa de ser vista e experimentada;

A crise económica de 2001 foi como uma bênção para os pintores em Buenos Aires. Os tempos difíceis tornaram ainda mais complicado ganhar a vida a pintar, mas, por outro lado, criaram entre a comunidade artística um espírito de entreajuda que originou um novo fluxo de ideias e projectos. Hoje em dia, podem encontrar-se galerias, exposições e eventos de arte nos lugares mais improváveis e que permitem aos turistas comprar obras de qualidade a preços de saldo.

Buenos Aires é o centro da emergente indústria cinematográfica argentina. Em 2006 realizaram-se 68 filmes que obtiveram um total de 117 prémios internacionais nos mais diversos festivais mundiais. Além disso, durante 2006, 15% das salas de cinema foram ocupadas por títulos argentinos. Também o festival de cinema independente de Buenos Aires mostra a força desta indústria, com os 120 mil espectadores em 2005 e os 234 mil a nível mundial em 2006. 

 

Em termos meramente turísticos não se pode afirmar que Buenos Aires esteja recheada de atracções dessa índole. No entanto, são dignos de realce: os maravilhosos edifícios antigos de estilo europeu do Microcentro; a feira de antiguidades aos Domingos em San Telmo; o El Caminito, a rua mais famosa da La Boca, que se encontra repleto de coloridas e pitorescas casas; o extenso Cemitério da Recoleta, de arquitectura gótica; os imensos jardins e as monumentais estátuas do bairro de Palermo; ou ainda o sub-bairro Palermo Viejo, lugar dos restaurantes e lojas mais in da cidade.

 

Contudo, o verdadeiro fascínio de Buenos Aires não reside nos seus locais mais turísticos ou na sua beleza arquitectónica mas sim no modo como a cidade vive e isso é, sem dúvida, o melhor que Buenos Aires tem para nos transmitir. E os grandes responsáveis por isso são, como não podia deixar de ser, os porteños (designação dada aos habitantes de Buenos Aires). Seja segunda-feira ou sábado, esteja frio ou calor, a partir das 7 da tarde e muitas vezes pela noite dentro, cafés, restaurantes, cinemas, teatros, bares ou discotecas por toda a cidade enchem-se de pessoas que conversam, discutem, riem, choram, abraçam-se, dançam, beijam-se, convivem! E é isso que se pode levar de Buenos Aires. Por isso, venham buscá-lo!

publicado por visaocontacto às 15:21
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A minha cidade é Shanghai.

    Barbara Salgado, Deleg.Icep, Shanghai, China.
“Aconteceu tudo muito repentinamente. Ainda há poucos anos a China pairava, para a maioria de nós, como uma presença grande mas distante. Hoje afecta e influencia tudo. A competição pelos nossos empregos, as nossas economias, as coisas que compramos, o desaparecimento da selva amazónica, o preço do petróleo, o equilíbrio de poderes no mundo e tantas das outras tendências que estão a modificar o mundo têm, pelo menos em parte, o dedo da China.”, James Kynge, A China Abala o Mundo
 
A China, conhecida como o “Centro do Mundo”, e com uma cultura milenar, esteve adormecida durante décadas. No entanto, vinte anos após a implementação da política de reforma e abertura de Deng Xiaoping, permitindo a entrada de turistas, a China permanece ainda sob a aura de mistério e secretismo do século XIX. Todo este secretismo e mistério subjacentes ao maior país do mundo têm levado ao aumento exponencial do número de turistas que visitam a China. A Organização Mundial do Turismo prevê que em 2020 a China se torne no destino mais procurado do mundo. O crescimento económico foi rápido, tendo surgido hotéis de luxo, melhores transportes públicos e excelentes restaurantes. Os principais pólos de atracção são as grandes metrópoles e cidades mais desenvolvidas (Pequim, Xangai e Hong-Kong e Macau, apesar do seu estatuto singular de Regiões Administrativas Especiais), e aldeias históricas, como Suzhou, a veneza oriental, Hangzhou, a conhecida cidade dos lagos, entre outras, como Guilin e a província de Sichuan.
 
Conhecida como a “Paris do Oriente”, Shanghai é agora a minha cidade. Situada no delta do Yangze, é um porto extremamente activo, desde há alguns séculos celebrizando o Império do Meio. Os europeus, a partir de meados do séc. XIX, viram oportunidades de negócio, aí constituindo as chamadas concessões, francesa e internacional (englobando a inglesa e a americana).
Shanghai, uma cidade com 6 mil anos de história, preserva uma cultura ancestral e projecta-se num universo financeiro à escala mundial. Pudong, o maior centro económico da China, impressiona-nos pela velocidade com que se implantou e posicionou na geografia económica planetária. Tornou-se num dos principais pontos estratégicos do mundo. Nascido há uma dúzia de anos, ostenta a mais moderna arquitectura que existe no Mundo, abrigando as empresas em expansão, desde os grandes grupos financeiros nacionais às multinacionais. Estas últimas, ai se estabelecem atraídas pelas potencialidades de uma economia emergente que é a China (1.3 mil milhões de habitantes).
 
Enquanto há algumas décadas o “American Dream” preenchia o imaginário dos homens, a China nestes últimos anos tornou-se numa realidade alternativa. Shanghai oferece inúmeras oportunidades de negócio, seduzindo os Ocidentais pelo espaço existente no tecido empresarial, permitindo desenvolver um leque variado de produtos que vão ao encontro das necessidades dos chineses. Este facto, por si só, justifica o fluxo de turistas a Shanghai. A maioria dos turistas estrangeiros, fascinados pelos encantos da cidade, não fazem apenas turismo histórico, acabando por se integrar no tecido empresarial da cidade.
 
Em Pequim, antiga capital imperial e actual capital administrativa, as centenas de turistas que diariamente visitam a cidade são atraídos por razões histórico-artísticas, pelo que se pode designar de “turismo de visita”, em oposição ao “turismo de estabelecimento” que ocorre em Shanghai. O “turismo de visita” acolhe os estrangeiros que à China se deslocam por pura curiosidade intelectual enquanto que o “turismo de estabelecimento” tem como objectivo a fixação na própria cidade. Comum aos dois tipos de turismo, temos os elementos da tranquilidade e segurança que, em grande medida, contribuem para um aumento de turismo da China nos dias que correm. Para além disto, ainda que a barreira linguística dificulte a comunicação, os chineses são um povo acolhedor.
Estas características de segurança, tranquilidade e afabilidade aplicam-se igualmente a Portugal, pelo que, desde já, existem afinidades potenciadoras de relações turísticas e culturais. São estes elementos, comuns aos dois países, que podem aproximar os povos de modo a consolidar o seu relacionamento e a promover um verdadeiro turismo português e chinês.
A título de exemplo, os franceses têm vindo a procurar cada vez mais Shanghai pela segurança que a cidade oferece, longe da violência e distúrbios que têm ocorrido em Paris, e pelas potenciais oportunidades de estabelecimento de negócio.
Assiste-se, igualmente, a um despertar para um continente que esteve adormecido durante séculos e um crescente interesse por uma civilização milenar, enraizada na cultura do dia-a-dia, sobre a qual ainda se tem pouca informação. Hoje, a China começa a reabrir-se para o mundo e a emergir como uma potência e como maior país do mundo que faz temer com a sua dimensão e força. É interessante pensar na evolução de Shanghai – começa como uma vila piscatória e torna-se no pólo económico e industrial da China, presenciando uma saudável volatilidade diária e um dinamismo progressivo, razões pelas quais também atrai turistas. 
No entanto, o turismo chinês inclui uma componente igualmente importante de turismo interno. A China, sendo o maior país do mundo, tem um mercado interno de turistas de 1.3 mil milhões. O movimento “regresso a casa durante as férias” é de tal modo impressionante que se torna caótico viajar nessa altura. São magotes de chineses a viajar para as suas terras natal uma vez que o regime de férias, sob influência do comunismo, funciona de igual forma para todos, o que significa que os chineses têm todos férias na mesma altura e são obrigados a gozá-las todos ao mesmo tempo. É inegável a dimensão do mercado interno e das leis vigentes que limitam o turismo além fronteiras, não impedindo, contudo, em definitivo, o turismo internacional contribuindo para um aumento do fluxo de turistas na China.
publicado por visaocontacto às 15:10
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Rascunhos de Cabo Verde

   Maria Costa, Grupo Pestana, Cidade da Praia, Cabo Verde.
“Se não fores não chegas a voltar”, diz-nos a cidade da Praia assim que saímos do aeroporto e começamos a aventura de viver em Cabo Verde durante nove meses. Há medida que avançamos, as construções começam a surgir, primeiro esparsamente, e depois surge explosivamente o aglomerado que nos faz perceber que há um grande abismo entre a imagem projectada e a realidade. Antes de viajar, já sabia que o país era pobre e tinha carências básicas mas esperava uma paisagem, ainda que simples, bonita, feita de palmeiras e pequenas enseadas de água cristalina e areias brancas. A realidade da cidade da Praia é bem diferente e a minha paisagem idealizada afinal existe mas está na ilha da Boavista, do Maio ou do Sal.
               
À medida que os dias passam, os olhos educam-se e o abismo que se sente no primeiro dia dá lugar ao hábito mas ainda hoje a indiferença não consegue ganhar lugar. Os passeios pela ilha permitem ver um Santiago diferente daquele que a cidade da Praia transmite, com paisagens verdes e vales lindíssimos enquanto que o contacto com os Cabo-Verdianos dá a conhecer uma cultura onde o fundamental é aproveitar o dia de hoje e deixar as coisas acontecerem sem grandes preocupações.
 
Trabalho no Pestana Trópico que me recebe sempre de braços abertos seja para trabalhar, conviver, socializar pois, para além de um Hotel, é também factor de união e de encontro, onde sabemos encontrar sempre um rosto conhecido. As pessoas são simpáticas e afáveis e o trabalho desenvolve-se ao ritmo lento e lânguido dos Cabo-Verdianos.
A realidade da ilha não entusiasma o Turismo de Lazer, que vai aparecendo timidamente, mas que não se consegue desenvolver pois não estão criadas condições para tal. Neste aspecto, a Ilha do Sal é, sem dúvida, a mais preparada para o fazer, pois tem disponíveis os serviços que um turista de lazer procura e precisa. Aqui, trabalha-se sobretudo com Turismo de Negócios, pessoas que transitam continua e repetidamente entre este Pais e os seus de origem, por motivos de negócios, ligados a empresas, organizações não governamentais, embaixadas e cooperações internacionais.
 
Estar em Cabo Verde e trabalhar no Pestana Trópico tem-me proporcionado o privilégio de contactar com pessoas, sempre em trânsito, que não hesitam em desabafar sobre as realidades que vêem e os países que conhecem, ao mesmo tempo que me dá a conhecer a cultura, os hábitos de trabalho deste povo e deste País.
publicado por visaocontacto às 13:00
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La Bella Italia

  Luis Preto, ESViagens, Roma, Itália
A minha ligação com Itália e Roma começou com a passagem de ano para 2006 na Piazza della Republica. Quem diria que nesse mesmo ano ficaria a saber que o regresso à Cidade Eterna estaria mais próximo que o esperado?
 
Itália como país é relativamente recente. A unificação da Itália deu-se somente em 1861 sob os auspícios do Rei Vítor Emanuel II (e do herói Giuseppe Garibaldi), ficando Roma sob o comando do Papado até 1870, quando foi incorporada “à força” no resto do país. Em 1919, a região Trentino-Alto Ádige foi anexada no final da 1ª Guerra Mundial com o desmembramento do Império Austro-Húngaro.
 
Também a língua italiana dos dias de hoje (italiano moderno) só foi difundida pelo país com o advento da televisão. Os dialectos regionais ainda hoje têm um peso enorme e as diferenças entre eles podem ser enormes. Se colocarmos um siciliano e um romano a falarem, cada um no seu dialecto, é possível que não se entendam. Na região de Trentino, é possível encontrar habitantes para quem a 1ª língua seja o alemão e não o italiano.
 
A nível político, é uma República Parlamentar, com duas Câmaras: uma dos Deputados e a outra do Senado. O Primeiro-ministro ou Presidente do Conselho de Ministros é eleito democraticamente. O Presidente da Republica é eleito pelo parlamento. Para além disso, é uma federação de regiões, algumas delas com poderes autonómicos consideráveis.
 
A nível económico, é a 7ª potência a nível mundial, fazendo parte do G8. Em 2004, segundo dados da OCDE, foi o 6º maior exportador mundial de bens manufacturados. É uma economia dominada pelas PME (em termos comparativos com os outros países da mesma dimensão apresenta um menor número de multinacionais).
 
Os italianos são uma massa pouco uniforme. Dizem que os do Sul são mais simpáticos e acolhedores e que os do Norte têm influências alemãs, mais sérios e distantes. A ideia que os italianos falam com as mãos é verdade. Acredito que se lhes prendermos as mãos, não conseguem articular uma palavra. Considero que são muito cordiais e acolhedores (e pacientes, já que todo o ano são invadidos por milhões de turistas).
 
Em traços muito gerais e por aquilo que já pude verificar, 3 temas dominam normalmente a actualidade italiana: a instabilidade politica (existe um pluri-partidarismo que não permite governações estáveis), a dicotomia norte/sul (entre o norte rico e poderoso e o sul pobre e corrupto) e a presença esmagadora da Igreja (dizem que nada é feito sem o consentimento desta e que ganhe quem ganhar nas eleições, quem ganha sempre é a Igreja).
 
Em termos turísticos, Itália é das grandes potências mundiais: 5º lugar a nível mundial no número de turistas (37 milhões em 2005) e 4º em termos de receitas (segundo dados da World Tourism Organization).
 
Em termos de indústria vinhateira, Itália é uma das principais potências. 2º produtor mundial (em 2005), impôs o Chianti (da Toscana) e o Prosecco (de Veneto) como marcas mundiais. O vinho é um traço cultural em Itália. É impensável para um italiano não acompanhar massa ou carne sem o copo de vinho. Por todas as cidades de Itália é possível encontrar enotecas com bons vinhos e acompanhar com pequenos petiscos (no centro de Roma, parece que existe uma cada esquina). Em todas as regiões é possível encontrar quintas e fazer o agora tão em voga enoturismo.
 
Itália é o pais com mais monumentos/locais classificados como Património da Humanidade pela UNESCO (a herança romana e a renascentista criaram dos mais belos monumentos), apresenta uma riqueza geográfica enorme (os Alpes no Norte, as belas praias da Calabria e Puglia no sul, as belas ilhas de Capri e Sardenha são apenas alguns exemplos), é o centro da religião Católica (que continua a ser a religião com mais crentes), “registou” a pizza e a pasta como elementos da cozinha mundial (para além disso, colocou no mapa a comida mediterrânica como uma das mais saudáveis), é o país do Luxo e do Design.
 
Em jeito de conclusão, o que posso dizer é que Itália tem uma marca própria muito forte e que, felizmente para eles, não precisa de ser muito trabalhada.
publicado por visaocontacto às 12:55
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Segunda-feira, 5 de Março de 2007

INOV Contacto na Feira de Turismo em Praga

Tânia Santos

ICEP

República Checa, Praga

Como colaboradora do ICEP/Praga participei na Feira de Turismo Holiday World 2007 que se realizou em Praga de 15 a 18 de Fevereiro de 2007, no Průmyslový palác (Palácio Industrial). Esta é a mais importante feira do sector turístico na República Checa.

 

Foram várias as empresas portuguesas a participar na edição deste ano, algumas com módulos de negócios no stand português, que tinha este ano maior área e maior visibilidade que o do ano passado - a Euromar, os Hotéis Pestana, os Hotéis Dom Pedro e também a Direcção Regional de Turismo da Madeira.

 

Para além destas, estiveram também presentes na Feira a Iberotel, os Hotéis Belver, a Citur, a JCTour, os Hotéis Plátano, a Agência Abreu e a Turangra, aumentando assim para 10 a participação de empresas portuguesas, número superior ao do ano passado.

 

As brochuras da Madeira ganharam o terceiro prémio na categoria de materiais promocionais, ajudando desta forma a evidenciar a presença portuguesa no certame.

 

A edição de 2006 da Feira Holiday World contou com a participação de 50 países, 704 empresas e 39 entidades turísticas estatais (Tourism Boards). Para este ano ainda não estão disponíveis os dados, mas estima-se que a participação não terá sido inferior.

publicado por visaocontacto às 10:57
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